domingo, 12 de julho de 2020

Rede Globo deve pedir perdão ao povo brasileiro

"É impossível avaliar o atual cenário político sem apontar as responsabilidades da Rede Globo com este quadro trágico. Globo, Lava Jato e o governo Bolsonaro integram um mesmo e único processo de esmagamento do projeto democrático dos governos petistas", diz o colunista Milton Alves

Brasil 247, 12/07/2020

 Lula, William Bonner e Renata Vasconcellos (Foto: Brasil247 | Reprodução)

O artigo “É hora de perdoar o PT” do articulista Ascânio Seleme no jornal O Globo, neste sábado (11), apresenta argumentos em defesa da necessidade de um “pedido de perdão” ao Partido dos Trabalhadores. Segundo Seleme, o PT já foi punido com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, e castigado com a prisão de Lula e de outros destacados líderes da legenda.

O jornalista reconhece a força e relevância do partido quando diz: “Esse agrupamento político, talvez o mais forte e sustentável da história partidária brasileira, tem que ser readmitido no debate nacional. Passou da hora de os petistas serem reintegrados. Ninguém tem dúvida de que os malfeitos cometidos já foram amplamente punidos. O partido teve um ex-presidente e seu maior líder preso e uma presidente impedida de continuar governando”.

Porém o articulista continua sustentando a narrativa da participação do PT no esquema que ele chama de “roubalheiras”, com “desvios de dinheiro público nas gestões de Lula e Dilma”. Ascânio ainda desenvolve um argumento de cínica benevolência quando afirma que o petismo não é o malufismo. Quanta consideração do Sr. Ascânio ao PT!

Ascânio mais adiante também afirma “que o ódio dirigido ao PT não faz mais sentido e precisa ser reconsiderado se o país quiser mesmo seguir o seu destino de nação soberana, democrática e tolerante”.

O que articulista não diz que foi exatamente a Rede Globo a patrocinadora e condutora de uma violenta campanha de ódio contra um partido e uma governante eleita de forma legítima, após a derrota do então candidato preferido da família Marinho nas eleições presidenciais de 2014. A Rede Globo atuou como uma coluna avançada na ofensiva golpista contra presidenta Dilma, estimulando os movimentos de rua e o golpe parlamentar – com um impeachment sem crime de responsabilidade.

A campanha da Globo pela destruição do PT foi mais além após a queda da presidenta Dilma. O alvo do grupo de comunicação da família Marinho passou a ser o ex-presidente Lula, que foi vítima de uma orquestrada e sem precedente ação de lawfare, o que culminou com a sua prisão em 2018 pela fraudulenta e criminosa operação Lava Jato.

Com Lula preso, o PT criminalizado pelo ex-juiz Sérgio Moro, os petistas demonizados, a Globo facilitou o caminho para a vitória de Jair Bolsonaro, inaugurando um período político de retrocesso democrático, de desmonte do estado nacional e de desastre econômico e sanitário no país.

É impossível avaliar o atual cenário político sem apontar as responsabilidades da Rede Globo com este quadro trágico em que o Brasil mergulhou. Globo, Lava Jato e o governo Bolsonaro integram um mesmo e único processo de contenção e esmagamento do projeto democrático e de inclusão social representado pelos governos petistas. Foi contra isso que o andar de cima se levantou com todo apoio da Rede Globo.

A Globo deve mais um pedido de perdão ao povo brasileiro. Será que vai demorar quarenta anos para reconhecer o novo erro? Tempo que levou para fazer a autocrítica pelo apoio dado ao golpe militar de 1964…

Milton Alves é jornalista e sociólogo, ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (Kotter Editorial).

domingo, 5 de abril de 2020

Bolsonaro tornou-se um presidente decorativo!

Mello Franco: general Braga Netto assumiu o papel de interventor 

Conversa Afiada, 05/04/2020 

O Conversa Afiada reproduz trechos de artigo de Bernardo Mello Franco no Globo deste domingo 5/IV: 

(...) "Os fatos dos últimos dias reforçam a impressão de que Bolsonaro deixou de governar. Na crise do coronavírus, uma junta de ministros passou a tomar as decisões que importam. Enquanto os auxiliares trabalham, o presidente se ocupa em animar a claque do Alvorada e esbravejar contra as medidas de distanciamento social. 

Na segunda-feira, o general Braga Netto assumiu o papel simbólico de interventor. Recém-nomeado para a Casa Civil, passou a comandar entrevistas diárias com grupos de ministros no Planalto. A maioria dos participantes só faz figuração, mas transmite-se a ideia de que há alguma coordenação no governo. 

O general também ajudou a montar um cordão sanitário em torno do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O objetivo é impedir Bolsonaro de demiti-lo às vésperas do pico da epidemia. Os ministros Sergio Moro e Paulo Guedes, que não integram a ala sectária da Esplanada, juntaram-se ao esforço de blindagem. “Estamos sob orientação do ministro Mandetta”, disse Guedes na terça. (...) 

No duelo entre o médico e o capitão, só restou a Bolsonaro o apoio dos filhos. Governadores, parlamentares e ministros do Supremo se alinharam abertamente a Mandetta. A opinião pública caminha no mesmo sentido. (...) 

O isolamento de Bolsonaro tem produzido situações inusitadas. Na quinta, os presidentes da Câmara e do Senado ignoraram um convite para encontrá-lo no Alvorada. Preferiram jantar com Mandetta, alvo da ira do capitão. Na manhã seguinte, Rodrigo Maia tripudiou: “Ele não tem coragem de trocar o ministro”. O capitão deve ter espumado de raiva, mas o médico continua onde estava. 

Apesar das aparências, Bolsonaro ainda é capaz de notar o que acontece à sua volta. Na terça-feira, ele passou novo recibo de esvaziamento. “O presidente sou eu!”, bradou. Há controvérsias. Para boa parte do meio político, o capitão já está fora do jogo. Virou uma peça de decoração, que poderá ser varrida do palácio quando a epidemia acabar." 

Gostou desse conteúdo? Saiba mais sobre a importância de fortalecer a luta pela liberdade de expressão e apoie o Conversa Afiada! Clique aqui e conheça! 

Leia também : 

sábado, 4 de abril de 2020

Jornal italiano confirma ‘golpe branco’ e Braga Netto como ‘presidente operacional’ no lugar de Bolsonaro

Reportagem de Daniele Mastrogiacomo, do La Reppublica, diz que um acordo envolvendo o próprio Bolsonaro foi feito para que o ministro da Casa Civil, Braga Neto, assumisse o cargo de "Chefe do Estado Maior do Planalto"

Brasil247, 4 de abril de 2020, 16:03 h Atualizado em 4 de abril de 2020, 16:03
(Foto: Fábio Pozzebom /Agência Brasil)

Fórum - Em extensa reportagem na edição deste sábado (4), o jornal italiano La Repubblica fala de um “suposto golpe de estado” no Brasil e confirma a informação divulgada nesta sexta-feira (3) pelo jornalista investigativo argentino Horacio Verbitsky de que o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, é o “presidente operacional”, em um acordo feito pelas Forças Armadas diante da crise provocada por Jair Bolsonaro com a pandemia do Coronavírus.

“Nesse clima de tensão e medo, as notícias do suposto golpe “institucional”, com a passagem de entregas operacionais ao ministro da Casa Civil, uma espécie de primeiro ministro, se ampliam. Jornais e sites brasileiros não mencionam isso”, diz Daniele Mastrogiacomo, jornalista do La Reppublica, que cita um artigo divulgado pelos site “Defesa.net, vinculado ao Ministério da Defesa, que relata essa estranha história com um serviço exclusivo”.

Leia a íntegra na Fórum.

Procurador eleitoral aceita processo para cassar o registro do PT

Mais uma ameaça à democracia: procurador quer impedir que o Partido dos Trabalhadores participe de eleições no Brasil

Brasil247, 4 de abril de 2020, 15:30 h Atualizado em 4 de abril de 2020
Urna Eletrônica (Foto: ELZA FIUZA/ABr)

Da revista Fórum – O vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés deu parecer favorável a um processo que pede o cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores – isto é, a extinção do PT.

De acordo com a coluna de Fausto Macedo, do Estadão, a ação tem como base depoimentos colhidos pela operação Lava Jato contra o partido que dariam conta de que a legenda recebeu recursos ilícitos de origem estrangeira, o que violaria o inciso I do art. 28 da Lei dos Partidos Políticos

“Diante de tal contexto, forçoso reconhecer a existência de indícios suficientes do recebimento, por parte do Partido dos Trabalhadores – PT, ora requerido, via interpostas pessoas, de recursos oriundos de pessoas jurídicas estrangeiras (Keppel FELS e Toshiba), inclusive para pagamento de despesas contraídas pelo próprio Partido, a evidenciar, em tese, interesse direto da instituição partidária e não apenas de dirigente seu, circunstância que autoriza o prosseguimento do feito quanto à hipótese do inciso I do art. 28 da Lei dos Partidos Políticos, com a inauguração de sua fase de instrução”, escreveu o vice-procurador.

sábado, 7 de março de 2020

XP, de Guilherme Benchimol e do Itaú, será processada nos Estados Unidos por fraude contra investidores


Advogado já reúne investidores lesados para ação coletiva. Revelação sobre fraude contábil da empresa que se tornou símbolo dos "farialimers" derrubou as ações. Recentemente, a empresa afastou a economista Zeina Latif, que pretendia alertar clientes sobre o mau desempenho da economia

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Minha vitória está agendada!


Adriano: Bolsonaros dão um banho no governo da BA na guerra de informação


  Embora principal beneficiário objetivo da morte de Adriano, Flávio acusa o governo da Bahia... E, pela primeira vez, vemos alguém da família referir-se à tortura de modo negativo... Parece que pegaria mal na Zona Oeste do Rio não defender um "parça"...  Imagem: Reprodução do Twitter 

O governo da Bahia protagoniza um desastre de relações públicas — ou de relações com o público — no caso da operação que resultou na morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, ligado a Flávio Bolsonaro. O estrago é de tal monta que deu ao presidente e a seu filho senador a oportunidade de sair por aí a acusar queima de arquivo. Ocorre que os principais interessados num eventual arquivo queimado são os próprios Bolsonaros... É um espanto! 

Nesta quarta, o presidente afirmou ter tomado as devidas providências legais para que seja feita uma "perícia independente" no corpo do miliciano. É mesmo? Com que autoridade? Flávio — que queria tudo, menos que Adriano fosse preso com vida e pudesse virar, por exemplo, um delator — recorreu às redes sociais para, a exemplo do presidente, acusar uma execução. 

Como o senso de limite não é exatamente o que move a família, o parlamentar postou um vídeo com aquele que seria o suposto cadáver de Adriano 

Adriano, que exibiria o que ele chamou de marcas de tortura. O corpo é filmado de lado, e não é possível afirmar se ali está mesmo o cadáver do amigão dos Bolsonaros. Nota: se estiver, quem passou as imagens a Flávio? Existe gente sua infiltrada na área de segurança do Estado da Bahia? 

Nesta quarta, às portas do Alvorada, o presidente indagou a quem interessaria a morte de Adriano... Embora o miliciano fosse do círculo de relações de Flávio — que empregou em seu gabinete a mãe e a mulher do ex-policial —, Bolsonaro mandou bala: sugeriu que o beneficiário com o fim de um dos chefões da milícia é o PT. Por quais caminhos? Ele não disse. Nem teria como.

Ainda mais espetacular: o advogado do presidente e do senador também veio a público. E com uma reivindicação nada sutil: a federalização do caso. Transcrevo trecho do "Painel", da Folha: 

O advogado de Jair Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, defende que a investigação sobre a morte do ex-PM Adriano da Nóbrega seja federalizada e que o Ministério da Justiça seja acionado. Ele afirma que o ex-capitão do Bope era um cidadão inocente e que o caso é "muitíssimo mais grave" do que o de Ágatha Félix, de 8 anos, morta por um tiro de um PM no Complexo do Alemão no ano passado, assunto sobre o qual o presidente não se manifestou até hoje e que gerou comoção no país.

Está espantado, leitor? Wassef falou mais. Definiu Adriano como "um cidadão inocente que foi brutalmente torturado e posteriormente assassinado, com a conivência de, certamente, altas autoridades". E ainda sobrou tempo para alguma poesia: 

"A vida humana é preciosa, e ninguém vale mais do que ninguém. Mas o que estou dizendo é que é absolutamente impossível e incomparável uma cena de perseguição policial em favela carioca e troca de tiro com uma situação de uma diligência com autorização e participação do governo da Bahia". 

Eis aí. Até o advogado de pai e filho vira seu dedo acusatório para o governo baiano, que foi engolfado pela falta de explicações razoáveis para o desastre da operação. Observem que a fala dessa turma, a uma só tempo, busca três efeitos: 

a: fingir que a morte de Adriano não atende a seus interesses objetivos; 

b: demonstrar solidariedade com a, digamos, "categoria" dos milicianos. Afinal, são todos da mesma "famiglia"; 

c: fazer proselitismo político contra a gestão petista. 

FEDERALIZAÇÃO? 

Que coisa, né? Federalizar agora? Moro nem sequer havia incluído Adriano na lista dos bandidos mais procurados do país. E, no que concerne ao governo federal, não era mesmo. Tudo o que se pretendia por ali era que Adriano jamais fosse encontrado -- razão por que não seria... procurado! 

O glorioso ministro da Justiça, ao deixar Adriano fora da lista, estava a anunciar que as milícias não chegam a ser um caso que preocupa a sua pasta. Eis a verdade inequívoca. Agora, o próprio Bolsonaro defende a federalização. Estaria querendo uma investigação, digamos, mais segura? 

MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA 

A pedido do Ministério Público da Bahia e de familiares de Adriano, o juiz Augusto Yuzo Jouti determinou que o corpo do miliciano seja submetido a uma nova perícia, a ser realizada pelo Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, não podendo ser cremado até a realização do exame. Trata-se de uma decisão prudente e necessária. Jamais um cadáver procriou tanto! 

Enquanto isso, parece, o governo da Bahia segue perdido. Em vídeo que circula na Internet, Maurício Barbosa, secretário de Segurança, e Mário Câmara, diretor do IML, asseguram a correção da perícia feita, mas não conseguem, por exemplo, negar que seja de Adriano o corpo exibido, de modo indecoroso e imoral, por Flávio. Diz, por exemplo, Câmara: 

"Hoje nós fomos surpreendidos por essas imagens que estão circulando na Internet. Nós não temos como analisar um vídeo que não foi autenticado pela perícia. 

Não sabemos se foi adulterado, onde foi feito, não sabemos nem se aquele corpo é realmente do senhor Adriano. Então não faremos comentários sobre o vídeo (...)". 

Não seria uma tarefa complexa demais comparar a imagem apresentada com a do corpo, que não foi cremado e será submetido a nova perícia. 

Na guerra de informação, os Bolsonaros estão dando um banho. De empulhação, inclusive! É impressionante que os principais beneficiários objetivos da morte do miliciano — o presidente e sua família de políticos — apontem o dedo contra o governo baiano, que, por óbvio, nada teriam a ganhar. 

Para sair da sinuca, o governo da Bahia teria de reconhecer o óbvio: dadas as circunstâncias, Adriano deveria ter sido capturado vivo. Houve, portanto, quando menos, um erro. E a operação deveria ser submetida a uma profunda investigação. Tendo a achar que isso não será feito porque governos não gostam de comprar uma encrenca desse tamanho com a sua área de segurança. 

A gestão de Rui Costa está sendo vítima, na melhor das hipóteses, de uma ação desastrada. Mas isso permite que Bolsonaro a coloque na sua mira — e, claro, ao PT —, ao mesmo tempo em que ele, filho e advogado dão as condolências à família. Qual família? A de Adriano? Não! À enorme "famiglia" dos milicianos. 

Imaginem! Bolsonaro até se referiu com viés negativo à tortura! Afinal, "capitão Adriano", como ele chama, não era um esquerdista... Assim, não é o caso de evocar o espírito de seu autor de cabeceira: Carlos Brilhante Ustra.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Greenpeace rebate Bolsonaro: "Incômodo de quem destrói meio ambiente soa como elogio"

"O Greenpeace Brasil lamenta que um Presidente da República apresente postura tão incondizente com o cargo que ocupa", disse a organização em nota, após Jair Bolsonaro chamá-la de "lixo"

Brasil 247, 13/02/2020, 18:02 h Atualizado em 13/02/2020, 20:25
...Protesto do Greenpeace contra Bolsonaro em Jerusalém (Foto: Greenpeace/Divulgação)

A organização Greenpeace Brasil respondeu ao ataque de Jair Bolsonaro feito nesta quinta-feira, 13, a ONG de "lixo". 

"Somos uma organização sem fins lucrativos, com independência financeira e política, e continuaremos trabalhando incansavelmente na defesa do meio ambiente, da democracia e dos direitos das populações. Irrite a quem irritar", afirmou Greenpeace. 

A fala de Jair Bolsonaro aconteceu em reação às críticas do Greenpeace sobre a reformulação do Conselho Nacional da Amazônia Legal. A ONG havia afirmado que o Conselho da Amazônia "não tem plano, meta ou orçamento" (leia mais no Brasil 247). 

Confira a nota do Greenpeace na íntegra:

O Greenpeace Brasil lamenta que um Presidente da República apresente postura tão incondizente com o cargo que ocupa.

A organização existe há quase meio século e está presente em 55 países. No Brasil, atua há 28 anos defendendo o meio ambiente e colaborando, inclusive, com autoridades na denúncia de crimes ambientais.

Ao longo da história, nossa postura crítica a quem promove a destruição ambiental já causou muitas reações desequilibradas dos mais diferentes personagens. Estamos apenas diante de mais uma delas. Nestes casos, o incômodo de quem destrói o meio ambiente soa como elogio.

No Brasil, temos criticado e combatido as políticas do governo que levaram ao aumento do desmatamento e ao desmantelamento dos órgãos de fiscalização, além de nos posicionarmos contra os absurdos ataques aos direitos dos povos indígenas.

Somos uma organização sem fins lucrativos, com independência financeira e política, e continuaremos trabalhando incansavelmente na defesa do meio ambiente, da democracia e dos direitos das populações. Irrite a quem irritar.

Bolsonaro ataca o Papa Francisco: "o papa é argentino, mas Deus é brasileiro"

Crítica foi feita após pedido do pontífice por proteção à floresta amazônica em seu texto sobre o Sínodo da Amazônia. "Pegou fogo na Austrália toda, ninguém fala nada. Cadê o sínodo da Austrália? O papa Francisco falou ontem que a Amazônia é dele, do mundo, de todo mundo"

Brasil 247, 13/02/2020, 19:56 h Atualizado em 13/02/2020, 20:01
Papa Francisco e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Agência Brasil)

No dia em que o Papa Francisco se encontrou com o ex-presidente Lula, Jair Bolsonaro desferiu ataques contra o pontífice por sua defesa pela preservação da floresta amazônica. 

A manifestação do Papa se deu em seu texto sobre o Sínodo da Amazônia, publicado nesta quarta-feira 12, no qual, sem dizer o nome de Bolsonaro, classifica como "injustiça e crime" o desmonte da agenda ambiental, como a exploração mineral de terras indígenas e a legalização do garimpo.

Bolsonaro criticou ambientalistas e lembrou dos incêndios da Austrália, onde o fogo destrói as florestas por conta das condições climáticas. “Não pega fogo floresta úmida. Ninguém fala na Austrália. Pegou fogo na Austrália toda, ninguém fala nada. Cadê o sínodo da Austrália? O papa Francisco falou ontem que a Amazônia é dele, do mundo, de todo mundo”, disse.

Em seguida, disparou: “Por coincidência, estava aqui com o embaixador da Argentina [Felipe Solá] eu disse: O papa é argentino, mas Deus é brasileiro”.

O posicionamento do Papa foi publicado poucos dias depois de o governo Bolsonaro ter apresentado um projeto de lei que propõe que as áreas indígenas sejam abertas à exploração de mineração, petróleo e agricultura, entre outras indústrias extrativas. A questão ambiental também foi um dos temas de conversa entre Lula e o pontífice.

Lula exalta a disposição do Papa Francisco para "mudar o mundo"

Principal item da pauta foi a desigualdade social

Conversa Afiada, 13/02/2020


    (Crédito: Lula Livre)
O presidente Lula concedeu na tarde desta quinta-feira 13/II uma entrevista coletiva a veículos internacionais após ser recebido pelo Papa Francisco, no Vaticano. Ele revelou os principais temas debatidos no encontro.

"A minha visita teve como objetivo principal discutir com o Papa Francisco a questão da desigualdade e a questão da sua luta na defesa de uma boa política ambiental. Todo mundo sabe que o mundo está ficando mais desigual, todo mundo sabe que na grande maioria do mundo os trabalhadores estão perdendo direitos e que conquistas estão sendo derrubadas pela ganância dos interesses empresariais e financeiros".

"Então eu vim, fiquei muito satisfeito com o encontro com o Papa Francisco. Acho que, se todo ser humano, ao atingir 84 anos, tiver a força, a disposição e a garra que ele tem de levantar temas instigantes para o debate, eu acho que a gente pode encontrar soluções mais fáceis", prosseguiu.

Lula disse ainda que, "quando o Papa Francisco toma a atitude de fazer um encontro em Assis para discutir a desigualdade, chamando milhares de jovens para debater a nova economia do mundo, eu acho que é uma decisão alentadora, que toca num assunto vital para o futuro dos trabalhadores do mundo inteiro”.