segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Ao contrário de Bolsonaro, Mourão rebate Trump e diz que ato reflete tensão geopolítica



Ao contrário de Bolsonaro, Mourão rebate Trump e diz que ato reflete tensão geopolítica"Isso [o ato de Trump] é uma característica da tensão geopolítica que estamos vivendo, que gera protecionismo e é anticíclica em relação à globalização", disse Hamilton Mourão sobre o tarifaço sobre o aço e o alumínio de Brasil e Argentina por parte do governo dos EUA. Mourão considera que a medida é resultado do conflito comercial entre Estados Unidos e China.

Superação!

A amadora diplomacia brasileira é duramente golpeada

Numa mensagem em seu twitter nesta manhã de segunda-feira, Donald Trump escreveu o que praticamente todos sabem: na Casa Branca, "America First" significa exatamente o que o slogan diz. Primeiro, defendemos os nossos interesses e qualquer aliança tem de estar disposta a entender que serve aos nossos objetivos. 

Só o governo brasileiro e a nova chancelaria brasileira pareciam não querer acreditar. Ou não entender, o que é mais grave. 

Numa resposta à desvalorização do real, que torna as exportações agrícolas mais competitivas e podem afetar os produtores dos EUA, o governo americano anunciou a imposição de tarifas sobre a siderurgia brasileira. Uma retaliação ilegal e que repete com o Brasil o mesmo comportamento que Washington vem mantendo com a China. 

Mas a decisão vai muito além dos metais. Ela golpeia o centro da política externa de Bolsonaro, que fez questão de anunciar sua admiração pelo presidente americano e, ao longo dos meses, repetiu como estava sendo tratado como um aliado especial pelo chefe do Salão Oval. 

Um primeiro sinal claro do "desencanto" ocorreu quando o governo americano mandou uma carta oficial para OCDE para apontar quais países teriam preferências para aderir à instituição, sem citar o nome do Brasil. O governo Bolsonaro, nos bastidores, pediu explicações. Mas, oficialmente, os dois "parceiros" reiteraram que aquela carta não era importante e que o que interessava era o compromisso público de Trump com a adesão do país, o que jamais se transformou em realidade. 

Um segundo desencanto veio quando o governo brasileiro não conseguiu obter as autorizações para voltar a exportar carne bovina ao mercado americano. 

Em política externa, não existem amigos. Apenas interesses. Tampouco há espaço para declarações de amor - muito menos num segundo encontro. 

Trump mergulha em sua campanha eleitoral e, para obter um segundo mandato, não poupará ninguém. Muito menos um governo que já lhe entregou tudo e praticamente não pediu nada de volta. Com a medida anunciada nesta segunda-feira, o americano tentou agradar seus fazendeiros e seu setor siderúrgico. E parece não se importar se o dano colateral significará que ele não mais ouvirá uma declaração de amor do Brasil. 

Em 2017, Ernesto Araújo publicou nos Cadernos de Política Exterior do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), uma defesa das políticas de Donald Trump e seu papel em "salvar" o Ocidente. 

"Só quem ainda leva a sério a história do Ocidente, só quem continua sendo ator e não mero espectador, são os norte?americanos, ou pelo menos alguns norte?americanos. Hoje, é muito mais fácil encontrar um ocidentalista convicto no Kansas ou em Idaho do que em Paris ou Berlim", escreveu. 

Um ano depois de comandar o Itamaraty, ou ele entende que Trump apenas tem o interesse de salvar seu mandato, ou está na hora de buscar uma função em algum think-tank financiado pelos ultra-conservadores americanos. 

Quanto ao presidente Bolsonaro, um admirador convicto da Ditadura Militar, ele poderia passar mais seu tempo estudando o fato de que nem seus generais de cabeceira se entregaram aos EUA e, ouso dizer, não bateram continência à bandeira americana.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Ética

Salmo do dia

Pense nisso!

O risco é real: todo o cuidado com Lula

Não há democracia possível no Brasil sem que o legítimo representante e encarnação do rosto do homem brasileiro, pobre e excluído, esteja livre e dispondo de seus direitos políticos

9 de novembro de 2019, 22:39 h
Gleisi Hoffmann (Foto: Paulo Pinto / Fotos Públicas)

A soltura de Lula não termina com a perseguição política ao campo progressista brasileiro que o toma como exemplo maior, malgrado setores equivocadamente entendam que não há necessidade de mobilizar-se radicalmente em sua defesa. Não há democracia possível no Brasil sem que o legítimo representante e encarnação do rosto do homem brasileiro, pobre e excluído, esteja livre e dispondo de seus direitos políticos. Sem este pré-requisito a democracia brasileira não será retomada, mas o problema, grave, é que temos um amplo e poderoso coletivo de indivíduos que dispõe de armas nas mãos que nem apreciam as instituições democráticas e tampouco o próprio povo brasileiro, a quem reservam a antiquada crítica já percebida pelo brilhante texto de Darcy Ribeiro, que ao destinar seu olhar analítico sobre a elite percebia como ela continuava a repetir velhos chavões de que o atraso brasileiro se devia a fatores climáticos, culturais e raciais, assim como, por outro lado, reconhecendo aos agentes estrangeiros o papel de civilizadores de um território de bárbaros.

A liberdade de Lula impunha-se como estratégia para as estruturas de poder, mais do que como mera concessão, exceto para a tigrada que todavia corre solta pelos porões, e em certos lugares também à luz do sol. Estamos entrando em território minado, e não sabê-lo será fatal, não reconhecê-lo pode implicar um grave retrocesso no projeto progressista de restaurar a soberania e, por conseguinte, a democracia no Brasil. A grave ameaça para a qual chamo a atenção é o real risco de vida imposto ao Presidente Lula. Forjar personalidades desarvoradas, doentias e fanáticas não será uma dificuldade para grupos foras-da-lei que não hesitarão em lançar mão de absolutamente todos os recursos para assegurar o projeto de extração das riquezas do país.

A América Latina deveria conhecer melhor as suas experiências e como tantas lideranças populares foram assassinadas de diversas formas para travar o desenvolvimento das nações a partir de projetos soberanos e comprometidos com a sua gente. Os tempos são outros, e por isto as medidas de segurança de outros tempos já não são suficientes para assegurar a vida ao Presidente.

Textos como este se tiverem alguma importância será, digamos, por cumprirem o seu objetivo de alertar para o risco a ponto de causar arranjo eficiente para evitar a consumação do fenômeno para o qual alerta. Acaso tenha êxito no mundo material, portanto, terá fracassado no plano teórico, pois não terá sido confirmado pelos fatos. Sinceramente espero que seja esta última a segunda opção, pois bate no coração das gentes a esperança no futuro a partir da soltura de Lula, mas assegurar-lhe a vida é uma medida essencial. Ninguém elogia a morte como prática política e nem reúne 117 fuzis (localizados) por mera casualidade.

Pannunzio propõe que Lei de Segurança Nacional seja usada contra filho de Bolsonaro


"Vamos usar primeiro contra o filho dele, que claramente violou o Art. 22 da LSN ao pregar a volta do AI5". provocou o jornalista Fábio Pannunzio, em relação às ameaças ditatoriais de Jair Bolsonaro

12 de novembro de 2019, 07:46 h
Que vergonha, Bolsonaro, diz Fábio Pannunzio

247 – O jornalista Fábio Pannunzio ironizou a ameaça feita por Jair Bolsonaro de implantar uma ditadura no Brasil, com uso da Lei de Segurança Nacional contra o ex-presidente Lula. "O ar no continente está ficando irrespirável. Nosso ditador caminha a passos largos para construir sua ditadura. A democracia está enferma e a doença é epidêmica. Não é apenas o pior do ranço reacionário mandando. Junto com ele vem o crime organizado", afirmou. Em seguida, ele sugeriu o uso da LSN contra o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, que propôs a volta do AI-5.

Embraer perde US$ 77 milhões depois de ser entregue por Bolsonaro à Boeing

A Embraer registrou prejuízo de US$ 77,2 milhões no terceiro trimestre, de acordo com resultado divulgado nesta terça-feira. O governo Jair Bolsonaro entregou a empresa para a Boeing, num acordo superior a US$ 4 bilhões. Entreguismo já dá sinais de fracasso

12 de novembro de 2019, 09:36 h
(Foto: Marcos Correa/PR | Reuters)

SÃO PAULO (Reuters) - A Embraer (EMBR3.SA) registrou prejuízo de 77,2 milhões de dólares no terceiro trimestre, de acordo com resultado divulgado nesta terça-feira, que foi afetado por custos relacionados à finalização de um acordo de 4,2 bilhões de dólares com a Boeing (BA.N).

A fabricante brasileira de aeronaves disse que o acordo na área de aviação comercial de passageiros com a Boeing, que deve ser concluído no início de 2020, representou custos de 34,8 milhões de dólares no trimestre.

O maior escrutínio coloca nova pressão sobre o plano da Boeing de ficar com uma participação de 80% em uma nova empresa com o controle da divisão de aviação comercial e de serviços da Embraer.

"Ciro deveria ter ficado calado e pode ter problemas até no PDT"

"Críticas a Lula, divergências e animosidades nunca foram raras dentro do PDT. Brizola e ele trocaram muitos impropérios e alguns eu assisti, pessoalmente. Mas nunca na 'hora H', quando os destinos do povo brasileiro estava em jogo", lembra Fernando Brito, editor do Tijolaço

12 de novembro de 2019, 07:00 h
Ciro Gomes e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – Certo que muitos “históricos” do PDT e até pré-históricos, como este blogueiro, estão afastados do partido, embora mantenham, como se mantém dos grandes amores, o respeito que silencia críticas e que jamais admite enxovalhar a quem tão bem se quis.

Os leitores sabem que, pelos 23 anos por lá, em geral conservo um silêncio obsequioso e, confesso, carinhoso.

Mas, por tanta história, permanece algo denso no partido, ainda que sem aqueles brizolistas.

E isso faz com que a velha sigla de Brizola mantenha uma sintonia com o espírito popular.

E não há dúvidas de que houve, no campo popular, alegria e esperança com a libertação de Lula vista, como de fato é, uma imenso reforço na luta contra o desvario em que foi lançado o Brasil.

Vi e li inúmeras saudações de ex-companheiros pedetistas na sexta-feira e no sábado, e assisti a declaração do presidente do partido, Carlos Lupi, saudando a sua libertação e dizendo que isso “prova que ainda há esperança em meio a tanta sujeira do atual governo”.

Ciro cria, com as declarações que deu a O Globo, de que “não quero mais andar com o lulopetismo corrupto nem para ir para o céu”, um constrangimento imenso para o presidente do seu partido, duas vezes ministro do governo petista, principalmente porque não se serviu dos mesmos vetos quando se tratou da tentativa de obter apoio do DEM e do PP na campanha, o que acabou não se concretizando. E fez bem em conversar, seriam menos forças no campo conservador.

Tenho certeza que Lupi, por sua natureza, seria – ou será, quem sabe? – um dos primeiros dirigentes partidários a desejar conversar com Lula, como compete a qualquer presidente de partido do campo popular, ainda que isso não implique em restrições à candidatura Ciro, tão legítima quanto a de Lula, ainda que hoje vetada pela lei da Ficha Limpa, mas não em 2022, justo porque o líder petista luta, legalmente, por sua absolvição.

Criar este constrangimento é injusto com Lupi e com todos os pedetistas que abriram o partido a Ciro e não podem e não devem ser manietados por ele. A luta, citava sempre Brizola o ditado gaúcho, “não quita a fidalguia”,

Conversar é da essência da política e só energúmenos, como o que hoje nos preside, fogem disso.

Críticas a Lula, divergências e animosidades nunca foram raras dentro do PDT. Brizola e ele trocaram muitos impropérios e alguns eu assisti, pessoalmente.

Mas nunca na “hora H”, quando os destinos do povo brasileiro estava em jogo.

Talvez seja o melhor sinal de que, entre um e outro, o tamanho é muito diferente.