terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Deboche no TCU: ministro impedido se desimpede

Para salvar deboche no Senado

Conversa Afiada, 18/12/2018
Cedraz, o desimpedido, e o ladrão presidente. Iguais até como se vestem (Foto: Palácio do Planalto)

Amigo navegante do Conversa Afiada parou para ouvir a CBN, a rádio que troca notícia, na hora do almoço desta terça-feira 18/XII.

Naquele momento, um certo apresentador falava sobre o escândalo protagonizado pelo Ministro Aroldo Cedraz no Tribunal das Contas.

O apresentador se horrorizou ao falar sobre o incrível caso do desimpedimento de um Ministro do Tribunal das Contas.

Tudo começou quando o TCU concluiu que entre 2005 e 2009 o Senado contratou uma empresa de informática por R$ 1,1 milhão por mês, sendo que o contrato anterior era de R$ 300 mil mensais.

A auditoria dos técnicos do TCU apontou que o prejuízo foi superior a R$ 13 milhões. E foram responsabilizados por esse buraco o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, hoje deputado em Brasília, e o então primeiro-secretário da casa, Efraim Morais, que era senador pelo DEM-PB.

O apresentador lembrou que os ministros invariavelmente são políticos indicados por outros políticos. Normalmente, parlamentares em fim de carreira que veriam o TCU como, digamos, um prêmio.

Em dado momento, a condenação de Agaciel e Efraim parecia fato consumado na semana passada. E foi aí que o eminente Ministro Aroldo Cedraz entrou em cena: ele perguntou a outro Ministro qual era o placar naquele momento. A resposta foi: "Olha, tá 4 x 3 pela condenação". Cedraz, que havia se declarado impedido - por já ter trabalhado com Agaciel Maia na mesa do Senado - disse "não, mas agora eu não tô mais impedido. Eu vou me desimpedir!"

Ele "se desimpediu" e votou pela absolvição dos dois.

O presidente do Tribunal das Contas, Ministro Raimundo Carreiro, fez o mesmo: havia se considerado impedido por manter relações de amizade com os acusados (e por ter sido secretário-geral da mesa do Senado no mesmo período em que Agaciel Maia era o diretor-geral), mas decidiu se desimpedir e votar pela dupla absolvição.

O apresentador da CBN lembrou que outro Ministro, Walton Alencar, disse: "nunca vi um juiz que se declarou impedido ou suspeito verificar para onde estava indo a votação, voltar atrás, se 'desimpedir' e votar para absolver"...

Em tempo: esse Cedraz tem um filho, o Thiaguinho, amigo do Pauzinho do Dantas, que é uma fera - PHA

Em tempo²: esse TCU foi o tribunal das contas que disse que a Dilma pedalou - PHA

Em tempo³: o tribunal das contas tem entre seus exemplares fazedores de conta o ministro Augusto Nardes. Esse relatou as pedaladas da Dilma e hoje pedala freneticamente para se livrar da cadeia - PHA

Membro da Assembléia de Deus, Bolsonaro se diz católico e que foi 'surpreendido' pela mulher

Fomos vítimas de um estelionato eleitoral?


247 - Diante da repercussão negativa da decisão de Michelle Bolsonaro de retirar peças de arte sacrado Palácio do Alvorada, seu marido, Jair, disparou um tweet na manhã desta terça-feira (18) dizendo-se "surpreendido" pela notícia. O tweet (veja abaixo) tem redação que deixa em dúvida o sentido da surpresa. Bolsonaro foi surpreendido pela decisão da mulher ou pela notícia e, neste caso, insinuaria que ela é falsa?

Fui surpreendido com a notícia que minha esposa retiraria imagens católicas da futura residência oficial devido sua religião. Ela evangélica e eu católico, ambos temos objetos que lembram nossa fé em nossa casa! Não por acaso, criam narrativas para nos desgastar a todo custo!— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 18 de dezembro de 2018

O texto é propositadamente confuso ou apenas mal escrito? Bolsonaro não se arriscou a acusar a notícia de mentirosa, pois ela foi confirmada por três funcionários do Palácio do Planalto e pelo general Hamilton Mourão, futuro vice-presidente (aqui). No mesmo tweet, Bolsonaro afirmou ser "católico", o que é uma falsificação grosseira, pois foi batizado na Assembleia de Deus em 2016.

Chega a ser surpreendente que Bolsonaro declare-se católico. Em 2016 Jair Bolsonaro foi até o rio Jordão, em Israel, para ser batizado pelo pastor Everaldo, candidato a presidente pelo PSC em 2014 e atual presidente do partido -o PSC é uma das nove siglas às quais Bolsonaro já foi filiado. Em 2013 quem oficiou seu casamento com Michelle foi o Silas Malafaia, o pastor mais conhecido da Assembleia de Deus e um dos maiores líderes do fundamentalismo no país.

O presidente eleito parece manter propositadamente uma ambiguidade em torno do tema da religião, apresentando-se ora como evangélico ora como católico conforme a ocasião se apresente. 

Ele não falou em seu tweet sobre a situação mais grave no imbroglio em que se transformou: a remoção da obra "Três Orixás", da pintora Djanira da Motta e Silva, do Palácio do Planalto. Os fundamentalistas brasileiros têm sido especialmente agressivos com as religões afro e seu locais de celebração nos últimos anos, com dezenas de ataques e agressões registrados.

O vôo sem volta da Embraer





Para o professor e jornalista Gilberto Maringoni, do Jornalistas pela Democracia, os pontos de destaque do governo Temer "estão na desnacionalização da produção energética, através do desmonte da área de refino da Petrobrás e do fim do regime de partilha, e na desnacionalização da Embraer".

A venda da Embraer à Boeing representa um passo decisivo no desmonte produtivo/tecnológico do país.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Temer reconhece que derrubou uma presidente honesta


Michel Temer concedeu entrevista na madrugada desta segunda-feira ao programa Poder em Foco, no SBT.

Denunciado por corrupção e como chefe de quadrilha, Temer acabou reconhecendo no programa que derrubou uma presidente honesta: "Eu tenho a impressão de que ela é uma senhora correta, honesta. Eu não tenho essa impressão de ela seja alguém que chegou ao governo para se apropriar das coisas públicas", disse. "Nunca tive essa impressão e confesso que continuo não tendo".

Venezuela e Itamaraty provam: Chanceler de Bolsonaro mentiu

Mais um deslize!

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, comprovou com documentos oficiais do próprio governo brasileiro que o futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, mentiu ao afirmar neste domingo que o presidente Nicolás Maduro não teria sido convidado para a posse de Bolsonaro.

O Itamaraty soltou nota oficial na manhã desta segunda informando que a Venezuela havia sido convidada para a posse a pedido da equipe do futuro governo.

O governo venezuelano mostrou com documentos como havia notificado oficialmente o Brasil da recusa de Maduro de participar da cerimônia muito antes de haver partido um "desconvite" a pedido de Bolsonaro-Araújo.

sábado, 15 de dezembro de 2018

O que eles disseram

50 anos depois de 1968, França retoma vanguarda mundial ao questionar a Globalização valorizando Agenda Local - A série de protestos na França em 2018 refaz a história do país e poderá influenciar os vários continentes do Ocidente, como se deu 50 anos atrás, com a disseminação das manifestações culturais de vanguarda que repercutiram em todo o Mundo e propiciaram uma época de renovação de valores.

Por que alimentamos covardemente o ódio religioso? Por que não chamamos o que aconteceu em Campinas de atentado terrorista?O que aconteceu em Campinas foi um atentado TERRORISTA e não foi o primeiro cometido por um homem nascido em uma família cristã tradicional, como a minha ou a sua família, um homem que estudou em ótimos colégios católicos, morava em um condomínio de classe média alta, vinha de uma família com prestígio em sua comunidade, assim como eu e talvez você.

O Inverno está chegando - Em resumo, nada do que a Autoridade Palestina fizer, ou deixar de fazer vai mudar o cenário e eles já se deram conta disso. O governo israelense quer que o problema palestino desapareça. Que seja ignorado a qualquer custo.

A arrogância estúpida e insensível contra os direitos trabalhistas - O TST e a justiça trabalhista são essenciais ao cumprimento das cláusulas pétreas da Constituição Federal e vamos defender esses instrumentos. Os sindicatos reagirão às perseguições com mais luta. E figuras como Clésio, que aposta no governo eleito pelas falsas postagem algoritmos robotizados, verão que apostar na truculência e na selvageria nas relações de trabalho só leva à destruição da riqueza nacional e da eficiência econômica.

Sinais são de que Bolsonaro terá o mesmo fim de Collor e Jânio Quadros - O que impressiona neste momento é que Jair Bolsonaro, que se elegeu com a mesma agenda e narrativas de Jânio e Collor, vive antes mesmo de sua posse um desgaste tão grande que sequer terá a famosa lua de mel, que quando curta, dura até a semana santa.

Como evitar um novo AI-5? - O Brasil não tem mais espaço para governos autoritários. Não permitiremos retrocessos e estaremos em constante vigilância para que aquele dia de 50 anos atrás não volte a se repetir.

Fascismo, estado de exceção e direito de resistência - Esse Estado de Exceção episódico ou permanente se manifesta na aberta criminalização dos movimentos sociais, do movimento sindical, do MST e MTST, dos movimentos das minorias pela afirmação de suas identidades, pela criminalização da liberdade de opinião e a liberdade de cátedra e contra o laicidade do Estado republicano no Brasil. Suas intervenções policiais são seletivas.

Mensalinhos dos Bolsonaros, uma velha prática do parlamento brasileiro - Se o fio da meada, que hoje envolve a família parlamentar do presidente eleito Jair Bolsonaro, fosse esticado pela mídia nacional, seria capaz de dar várias voltas ao redor do planeta tal o gigantismo desse tipo de corrupção praticado pelo poder legislativo ao longo de todo o território brasileiro. 

Eunice Paiva: ela sempre estará aqui - Eunice Paiva sempre estará aqui com a gente. Sempre será um dos retratos do que a ditadura fez com pessoas como ela e, mesmo com muitos não percebendo, o que fez com o povo brasileiro em sua totalidade.

Soledad, a mulher que aprendemos a amar - Ela foi a mulher do Cabo Anselmo, que ele entregou a Fleury em 1973. Sem remorso e sem dor, o Cabo Anselmo a entregou grávida para a execução. Com mais cinco militantes contra a ditadura, no que se convencionou chamar "O massacre da granja São Bento".

Não se pode negligenciar a Democracia - Se é por uma sociedade mais justa que lutamos, nosso dever é pregar a democratização das liberdades. Daí a necessidade de o fascismo ser amplamente derrotado e, para isso, a primeira regra deve ser a de não negligenciarmos a democracia em hipótese alguma.

O capitão do mato do mundo moderno - O capitão do mato vai abrindo caminho para o colonizador, que de longe aguarda as riquezas dessa terra e mais uma continência. Agora, ao povo dessa terra, não tardará muito para que o efeito entorpecedor venha passar. Quando a lucidez chegar, com sorte, ainda, não tenhamos caído no precipício.

Virada intelectual e a história do fracasso - É sintomático o fato de que mesmo depois da maior expansão do ensino superior da história do país tenhamos escolhido exatamente o candidato mais avesso aos valores culturais e intelectuais que prosperaram nos últimos anos.

Bolsonaro quer a volta da escravidão - O eleitor do Bolsonaro, assalariado, que não vive do rentismo e nem tem helicóptero, será o primeiro na fila do abate. Sentirá o cantar do chicote nas costas, num retorno claro aos tempos escravistas.

Horrível é o desemprego, Bolsonaro - O presidente eleito Jair Bolsonaro disse: “Quero cumprimentar quem votou na reforma trabalhista. Devemos aprofundar isso daí. É horrível ser patrão no Brasil"; “Não, Bolsonaro, horrível é ser empregado num país com essa classe patronal que está aí. Horrível, é ser desempregado, Bolsonaro”.

A geografia excludente da República de Curitiba - Em muitas metrópoles brasileiras, comunidades populares explicitam a desigualdade social, como no Morumbi ou na Zona Sul carioca. Por isso Curitiba faz tanto sucesso entre os planejadores urbanos. Aqui, a separação atingiu seu grau mais acabado entre as grandes cidades brasileiras.

O recado de Putin a Bolsonaro - Colunista Guilherme Coutinho destaca que "a política internacional não é jogada com blefes e fake News e o governo eleito precisa aprender isso muito antes que coloque a soberania e o povo brasileiros em risco"; "Os bombardeiros russos vieram mostrar que a Venezuela ainda tem aliados importantes, não importa o quão grande seja o novo aliado dos EUA no continente. A autodeterminação dos povos ainda é um princípio universal e está cravada como cláusula pétrea em nossa constituição. Afinal, não se pode agir como os EUA, com orçamento e exército de Brasil. Digam para o presidente eleito, Putin mandou avisar", escreve ele.

Catedral de Campinas e as armas de Bolsonaro - O triste episódio do atentado na Catedral de Campinas ainda exigirá investigação e dará muita audiência aos programas sensacionalistas e policialescos de rádio e tevê. Ele também podia servir a uma reflexão mais séria sobre a proposta de Jair Bolsonaro de liberação do porte de armas no Brasil.

O Mito comeu a língua do Moro - Moro, antes falastrão em um cargo jurídico, onde atuava de forma política, cala-se ao alçar voo para um cargo político de indicação política, onde teria toda a liberdade do mundo para opinar sobre o que bem entendesse; O presidente eleito Jair Bolsonaro vai embebedar o Juiz com o poder que ele tanto anseia e seu destino no STF mas, para isso, o Mito comeu a língua do Moro.

Os motivos que podem fazer o STF anular todo o processo contra Lula e tirá-lo da prisão - O placar do julgamento do Habeas Corpus em favor do Lula está 2 a 0 no momento, estando suspenso por um pedido de vistas do Ministro Gilmar Mendes; assim, além do voto de Gilmar Mendes, ainda restam mais 2 votos com tendência de vitória do ex-Presidente, devido a uma enorme combinação de fatores e de fundamentos jurídico-constitucionais favoráveis a anulação do processo inteiro.

A história foi assim, mas não terminou e nunca esqueça de perguntar por quê - O Brasil chegou ao ponto de eleger um fascista tresloucado, o extremista à direita, o capitão de carreira vergonhosa e fracassada, além de odiado nas décadas de 1980 e 1990 pelos chefes do Exército, que antes de assumir a Presidência está a responder a um monte de denúncias de corrupção contra sua família e seus assessores e subordinados.

Mais uma vitória contra o Escola da Mordaça - Tanto na Câmara dos Deputados quanto na Assembleia Legislativa de São Paulo – onde também derrotamos o Escola da Mordaça no âmbito da Comissão de Educação, essas proposituras vão voltar à pauta. E teremos de combatê-las de modo inteligente, levando o máximo de esclarecimento à população.

Damares Alves e a insistência no padrão feminino - Damares representa o retrocesso. É preocupante que a futura ministra indicada para criar e fortalecer projetos para a defesa da mulher compartilhe dessas ideias e propague tantas outras inaceitáveis. Ela apresenta dados muitas vezes equivocados em suas falas e faz análises descoladas da realidade.

O labirinto da estupidez - Nunca um governo eleito teve tantas evidências de que será uma catástrofe, como é o caso do governo de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, nunca um governo foi eleito com tanta consciência, por parte de seus eleitores, de todo o mal que ele representaria.

Os motivos que podem fazer o STF anular todo o processo contra Lula e tirá-lo da prisão

Brasil247, 12 de Dezembro de 2018

Existem grandes chances de o STF anular por completo todo o processo judicial de condenação do ex-Presidente Lula por violações constantes do dever de imparcialidade do juiz Sérgio Moro. É o mesmo processo do famoso tríplex do Guarujá, que resultou na sua prisão e na sua retirada das eleições presidenciais.

O placar do julgamento do Habeas Corpus em favor do Lula está 2 a 0 no momento, estando suspenso por um pedido de vistas do Ministro Gilmar Mendes. Assim, além do voto de Gilmar Mendes, ainda restam mais 2 votos com tendência de vitória do ex-Presidente, devido a uma enorme combinação de fatores e de fundamentos jurídico-constitucionais favoráveis a anulação do processo inteiro.

Falo isso por quê?

Para o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, a imparcialidade do magistrado deve ser vista sob duas perspectivas: uma subjetiva e outra objetiva.

A perspectiva subjetiva da imparcialidade obriga o magistrado a julgar sem inclinações pessoais, preconceitos ou preconcepções a respeito de determinado caso.

Já a perspectiva objetiva obriga o juiz a parecer imparcial para um observador razoável, tomando cuidado com seus atos externos e fornecendo à sociedade garantias suficientes de que os acusados serão julgados por um juiz sem paixões e sem inclinações pessoais e políticas.

Essa linha de raciocínio também é adotada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

Igualmente, a Suprema Corte dos Estados Unidos também possui inúmeros precedentes que apontam o preenchimento da imparcialidade com a necessária distância do juiz do clamor público.

É também importante destacar que não é só o sistema democrático e constitucional que está em questão, mas também a confiabilidade do Poder Judiciário perante os jurisdicionados.

Diante disso, as perguntas que se fazem são: a) o juiz Sérgio Moro, com seus próprios atos, aparentou imparcialidade para um observador razoável? b) o juiz Sérgio Moro ofereceu garantias à sociedade de que o ex-presidente Lula estaria sendo julgado por alguém imparcial?

As circunstâncias apontam para repostas negativas, não sendo as decisões dos tribunais superiores que confirmaram as decisões do 1º grau que irão apagar do mundo os fatos reais ensejadores da nulidade do processo.

Enfim, vamos aos fatos:


Fato 1: a arbitrária intercepção telefônica contra o ex-Presidente e de seus familiares.

O juiz Sérgio Moro, desnecessariamente, interceptou e divulgou conversas íntimas de Lula e de sua família, passando por cima da lei, especificamente a Lei nº 9.296/96, que prescreve que a interceptação telefônica somente tem cabimento para fazer prova em investigação criminal e em instrução processual penal.

Ou seja, além de passar por cima da legislação, Sérgio Moro violou, desnecessariamente, a privacidade de quem não era investigado, causando exposição e humilhação públicas de Dona Marisa, Lula e seus filhos. Pergunta-se: qual o motivo dessa divulgação?

Fato 2: interceptação e divulgação de conversas telefônicas entre Lula e a então Presidente Dilma Rousseff

No auge da tensão política e social, o magistrado Sérgio Moro divulgou indevidamente um áudio de conversa entre a então Presidente da República Dilma Rousseff e o ex-Presidente Lula, gravada após decisão judicial que determinou o encerramento do monitoramento telefônico de Lula.

Nesse caso, mesmo que houvesse a permissão judicial para a gravação, não poderia haver a referida divulgação quando se constatasse a presença da Presidente da República no ato, uma vez que lhe faltava competência para prosseguir nas investigações.

É fato que a divulgação dessa específica gravação causou um clamor público de gravidades pouco vistas antes na história do Brasil, fazendo confundir uma decisão judicial com um ato puramente político.

O correto seria que, deveria o magistrado, constatada a presença da Presidente da República na gravação, em nome da preservação da imparcialidade da magistratura, ter enviado imediatamente o conteúdo para o STF.

Posteriormente, em ofício enviado ao STF, que reprovou tais divulgações, Sérgio Moro admitiu que a divulgação dos áudios nada teve a ver com processos criminais de sua alçada de competência, mas sim, derivou-se de sua preocupação pessoal com a nomeação de Lula como Ministro de Estado do governo Dilma Rousseff.

Fato 3: interceptação de conversas de Lula com seus advogados

A interceptação de conversas de Lula com seus advogados, fato reprovado publicamente pelo Conselho Federal da OAB, também revela mais uma afronta à equidistância da magistratura em relação as partes do processo, deixando transparecer predileção por uma das partes na demanda judicial, no caso o Ministério Público, quebrando a parcialidade do juiz.

Em um país culturalmente mais avançado como na Espanha, um juiz foi condenado pela Suprema Corte a 11 (onze) anos de suspensão da magistratura por ter realizado interceptações telefônicas entre clientes e advogados.

Aqui no Brasil, Sérgio Moro grampeou o escritório de advocacia do ex-Presidente Lula, sob a desculpa de que imaginava se tratar de uma empresa (LILS Palestras), mesmo sendo alertado pela companhia telefônica, por mais de uma vez, que se tratava de um escritório de advocacia.

Posteriormente, Sérgio Moro alegou que o erro decorreu do excesso de trabalho.

Esse fato isolado, por si só, já ensejaria a completa nulidade do processo.

Fato 4: a condução coercitiva do ex-presidente Lula

A condução coercitiva do ex-presidente Lula, em março de 2016, para prestar esclarecimentos sob a justificativa de que seria para evitar "possíveis tumultos" e "confrontos entre manifestantes" deixou dúvidas quanto à legitimidade, uma vez que o ex-Presidente Lula jamais se recusou a comparecer em juízo para tanto (muito pelo contrário, compareceu 4 (quatro) vezes até aquele momento). E mais: qualquer observador razoável sabia que a condução coercitiva não iria evitar tumultos e que somente iria proporcionar um espetáculo midiático e político degradante ao ex-Presidente Lula, como de fato ocorreu.

No caso específico, não houve qualquer intimação prévia, não houve qualquer fato novo que justificasse a feitura desse novo ato processual e sequer houve comparecimento perante o magistrado no dia da condução.

Não custa nada recordar que, em dezembro de 2017, as conduções coercitivas foram declaradas inconstitucionais pelo STF (ADPF nº 444).

Vale também destacar que, embora o instrumento da condução coercitiva tenha sido utilizado em muitas outras ocasiões pela operação lava-jato, a sua utilização contra o ex-Presidente Lula é cercada de particularidades, uma vez que se trata de uma pessoa que provoca grave polêmica em meio a sociedade e pelo próprio contexto político da época, exigia precauções. Sua condução coercitiva causou grande tumulto no aeroporto para onde ele foi levado, com inflamações de ânimos de manifestantes anti-PT que passaram a levantar bonecos do Lula com roupa de presidiário pedindo sua prisão.

Enfim, queira ou não o magistrado, o ato foi muito mais político do que processual.

Fato 5: a atuação do juiz Sérgio Moro para impedir uma ordem de soltura em favor do ex-Presidente Lula depois de encerrada sua competência

Sérgio Moro interrompeu suas férias para interferir em atos processuais que nada tinham a ver com a alçada de sua competência jurisdicional, trabalhando no sentido de impedir o cumprimento de uma ordem de soltura em favor do ex-Presidente Lula no dia 08 de julho de 2018.

Na ocasião, o Desembargador Federal, Rogério Favreto concedeu habeas corpus em favor do ex-Presidente Lula.

Certa ou errada, a decisão era para ser cumprida e, caso alguém quisesse questioná-la, deveria procurar seguir os instrumentos processuais corretos e cabíveis da legislação brasileira.

Surpreendentemente, mesmo não tempo qualquer jurisdição sobre o caso e, o que é pior, em gozo de férias, o juiz Sérgio Moro atuou para impedir a soltura do ex-Presidente Lula, chegando ao ponto de telefonar para o Diretor-Geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, no sentido de atuar no caso e de impedir o cumprimento da decisão judicial.

Foto 6: divulgação da deleção de Antônio Palocci na semana na eleição

Na semana que antecedeu as eleições do primeiro turno, o juiz Sérgio Moro levantou o sigilo da deleção premiada feita por Antonio Palocci. Mais um ato que, repita-se, queira ou não o magistrado, foi muito mais político do que processual.

Fato 7: juiz Sérgio Moro torna-se Ministro de Bolsonaro

É evidente que Jair Bolsonaro não iria nomear alguém para um dos cargos políticos mais estratégicos de seu governo, caso estivesse inseguro quanto ao posicionamento ideológico e político do nomeado.

Afinal, o cargo de Ministro da Justiça é político e de livre nomeação do Presidente da República justamente para que a predileção político-ideológica do eleito seja atendida.

Considerações gerais sobre a imparcialidade do magistrado

É importante observar que não é somente um fato isolado que conduz à suspeição do magistrado Sérgio Moro, mas sim, vários fatos, ou melhor dizendo, uma combinação de fatos justamente em um momento de tensão política eleitoral que resultou na eleição de um Presidente da República que, coincidentemente, nomeia justamente o magistrado em questão para um dos cargos mais relevantes do governo.

Mesmo ignorando o contexto político e social da época e até mesmo ignorando a nomeação como Ministro da Justiça, os demais fatos mostram que não houve o cuidado necessário para a preservação da imparcialidade objetiva do Poder Judiciário brasileiro.

Enfim, como já foi dito, a imparcialidade de um juiz não deve somente ficar no âmbito presunção, no sentido de presumir que ele seja imparcial, mas também no âmbito objetivo, uma vez que o juiz deve fornecer à sociedade garantias suficientes de que os acusados estão sendo julgados por um juiz sem paixões, sem inclinações pessoais e sem quaisquer condutas com um mínimo de suspeição.

Não custa nada lembrar, que publicações das revistas VEJA (10 de maio de 2017) e da ISTO É (05 de maio de 2017) colocaram em suas capas imagens que mostravam um clima de disputa entre dois rivais: Moro versus Lula. Por cautela, no sentido de se adequar à perspectiva objetiva da imparcialidade e fornecer à sociedade segurança quanto a sua imparcialidade, deveria o magistrado tomar posição pública contra tais capas, o que jamais foi feito.

Destaque-se que se extrai do espírito da Constituição o mandamento democrático no sentido de que o juiz tem a obrigação de fornecer para a sociedade garantias que retirem quaisquer dúvidas a respeito de sua imparcialidade, justamente no sentido de garantir a segurança democrática e a independência do Poder Judiciário.

De toda forma, se não for o caso de o STF anular todo o processo que resultou na prisão e na retirada do líder das pesquisas das eleições presidenciais, é muito provável a condenação do Brasil por organismos internacionais em curto espaço de tempo.

Por tudo isso, percebe-se que as eleições de 2018 poderão entrar para a história como o pleito que mais gravemente violou premissas básicas de um Estado Democrático de Direito. Violações essas perpetradas justamente pelo Poder Judiciário brasileiro.

Queiroz precisa reaparecer e indicar para quem repassou R$ 1,2 milhão


Colunista Jeferson Miola destaca que "o assessor Fabrício Queiroz é a pessoa mais habilitada – além, naturalmente, dos próprios Bolsonaro – para esclarecer o escândalo do R$ 1,2 milhão".

"As versões apresentadas pelos Bolsonaro sobre as falcatruas, além de estapafúrdias, revelam muitas contradições, bem como predizem que eles terão enormes dificuldades para apresentar explicações convincentes e mesmo conter novas revelações que deverão surgir", escreve; para ele, "o constrangimento dos Bolsonaro, nesse sentido, tenderá a aumentar, assim como as dificuldades políticas".

Constatação dolorosa!

55% dos eleitores brasileiros entenderam que Bolsonaro, com mandato de deputado federal há 28 anos; integrante do PP, partido de Paulo Maluff, quase 10 anos e votando no Congresso, contra a maioria da sociedade brasileira, fosse puro, verdadeiro, diferente. Quebraram a cara!

Estadão: funcionária repassa 99% do salário a Bolsonaro

E ai, Moro? Vem ao caso?

Conversa Afiada, 15/12/2018

Do Estadão:


Uma análise na movimentação financeira de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, mostra indícios de que pelo menos uma funcionária pode ter depositado em sua conta o equivalente a quase tudo que recebeu na Casa no período agora sob investigação. Foi esse o caso de Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-servidor que, no período investigado, repassou a ele R$ 97.641,20, hipotético crédito mensal médio de R$ 7.510,86.

A quantia equivale a 99% do pagamento líquido da Alerj a Nathalia em janeiro de 2016, segundo a folha salarial do Legislativo fluminense. Como não há dados sobre a movimentação financeira total de Nathalia, não é possível dizer com certeza que o dinheiro teve como origem exclusivamente os pagamentos da Alerj.

Os cálculos são por aproximação. Para fazê-los, o Estado usou o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Operação Furna da Onça e consultou a folha salarial da Casa.

O órgão federal mostrou que no período investigado Nathalia transferiu os R$ 97.641,20 para a conta do assessor de Flávio. A cifra foi dividida pelos treze meses investigados para obter a média mensal, que foi comparada com três valores. Um foi o pagamento líquido recebido em janeiro de 2016 por Nathalia na Alerj: R$ 7.586,31. No confronto com o bruto, R$ 9.835,45, chegou-se a um repasse de 77,14%. Cotejada com a renda usada pelo Coaf, R$ 10.502,00, o porcentual foi de 72,23%.

A renda considerada pelo Coaf, possivelmente, incorpora valores que não constam da folha de janeiro da Alerj ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras fontes. Todos as cifras, porém, mostram porcentuais altos de repasse.

Nathalia trabalhou na Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois foi trabalhar como assessora no gabinete parlamentar do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na Câmara dos Deputados. Foi exonerada em 15 de outubro, mesmo dia em que seu pai foi desligado do gabinete de Flávio. Oficialmente, o motivo foi a aposentadoria de Queiroz como PM. Reportagem publicada nesta sexta-feira, 14, pela Folha de S. Paulo mostrou que Nathalia, enquanto era funcionária, trabalhava como personal trainer no Rio. 

O deputado tem se defendido, afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente eleito já disse que caberá a Queiroz explicar sua movimentação financeira – de mais de R$ 1,2 milhão no período.

(...) Outra servidora que repassou a Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia Oliveira de Aguiar, mulher do ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 – uma média (total dividido por treze meses) de R$ 4.009,23. Isso não quer dizer que tenham sido feitos rigorosamente repasses mensais – o documento do Coaf não traz esse detalhe –, mas permite afirmar que Márcia repassou porcentuais que equivalem de 31% a 46% do que recebeu por mês no período.

Outra servidora, Luiza Souza Paes, fez transferências equivalentes a porcentuais que variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de R$ 3.479 mensais e a transferência média era de R$ 863,53. Já Jorge Luís de Souza, que tinha salário bruto de R$ 5.486,76, fez depósito mensal médio de R$ 1.573,46 – porcentuais respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%.

O Estado mostrou que 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada pelo Coaf ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período investigado, ou até três dias úteis depois. 

(...)

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