segunda-feira, 2 de abril de 2018

Jejum de Dallagnol para pressionar ministros do STF, anunciado publicamente, causa reações ácidas: contraria a Bíblia, diz deputada que foi freira

01 de abril de 2018 às 21h59

Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não parecer aos homens que jejuas, e sim, a teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. Mateus 6.16-18
Da Redação

A decisão do procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, de fazer jejum — e anunciá-lo publicamente — causou reações ácidas.

“Deltan PowerPoint Dallagnol é uma figura patética. Um procurador do MP que anuncia jejum contra a Constituição nem disfarça o seu ativismo cretino”, escreveu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O procurador anunciou o jejum no twitter, diante da iminente decisão do STF, que pode confirmar ou não a possibilidade de prisão de réus condenados em segunda instância ao julgar o habeas corpus do ex-presidente Lula, na próxima quarta-feira.

Em duas mensagens disparadas na rede social, o procurador explicou que não busca a prisão de Lula, mas combater a impunidade.

Primeiro, ele escreveu:

“4ª feira é o dia D da luta contra a corrupção na Lava Jato. Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”.

Em seguida, emendou:

“Quem acha q nosso alvo é colocar pessoas na cadeia erra o ponto. Trabalhamos p/ reduzir a corrupção e o sofrimento que ela gera: doenças, mortes, fome, desigualdade. É uma questão de justiça social e de realização de direitos humanos. Agora, isso passa pela redução da impunidade”.

Em resposta, o juiz Marcelo Bretas, que cuida dos casos da Lava Jato no Rio, escreveu: “Caro irmão em Cristo, como cidadão brasileiro e temente a Deus, acompanhá-lo-ei em oração, em favor do nosso País e do nosso Povo”.

Além do jejum, Dallagnol anunciou orações e promoveu um abaixo-assinado para que o STF mantenha seu entendimento de outubro de 2016 quando, por 6 a 5, “legislou” que a prisão antecipada, antes do trânsito em julgado, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência.

O abaixo-assinado, com mais de 4 mil adesões do Ministério Público e da Justiça, será entregue ao STF nesta segunda-feira, 2.

“Sinceramente, esse senhor faz uso impróprio da religião nas atribuições profissionais de uma carreira de estado, portanto laicas. A publicidade desse uso só comprova que seu objetivo não é cristão, mas alimentar sua vaidade”, escreveu a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

A deputada Manuela, pré-candidato do PCdoB ao Planalto, retuitou mensagem da colega acreana, a ex-freira Perpétua Almeida (PcdoB-AC), que lembrou Mateus 6.16-18, segundo o qual o jejum deve ser secreto.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, lamentou a manifestação do procurador da Lava Jato nas redes sociais:

“Onde chegamos com a midiatização do Processo Penal e com a Justiça-Espetáculo? No fundo do Poço”.

Apresentando-se como “seguidor de Jesus” no twitter, Deltan Dallagnol tem mais de 400 mil seguidores e é um procurador de forte militância nas redes sociais: compartilhou, por exemplo, o texto de José Padilha sobre o seriado O Mecanismo, da Netflix, e acrescentou: “Nosso desafio é impor a ele [mecanismo], em 2018, a maior derrota da história, nas eleições”.

Nem todos concordam com tal ativismo.

“Deltan Dallagnol, o criador do famoso powerpoint, faz jejum para prisão de Lula. Além de Procurador da República, ele encontra tempo para dar palestras pagas, praticar coaching milagrosoe pressionar o STF pela internet”, comentou o pré-candidato do Psol ao Planalto, Guilherme Boulos.

O coaching milagroso mencionado por Boulos se deve ao fato de que Dallagnol é integrante da Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, e fez um tour para vender a campanha das 10 Medidas Contra a Corrupção, que encabeçou no MPF, com um tom um tanto messiânico (ver vídeo acima).

Por outro lado, segundo o Valor Econômico, só em 2016 Dallagnol recebeu R$ 219 mil por palestras.

O ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, chegou a acusar Dallagnol de comerciar com bem público:

“É claro que seu sucesso no show business se dá porque é membro do Ministério Público, promovendo sua atuação como se mercadoria fosse. Um detalhe parece que lhe passou talvez desapercebido: como funcionário público, lhe é vedada atividade de comércio, a prática de atos de mercancia de forma regular para auferir lucro”, escreveu.

Dallagnol disse que sua atividade como palestrante era “legal, lícita e privada”. O Conselho Nacional do Ministério Público arquivou por unanimidade representação contra ele dos deputados Wadih Damous e Paulo Pimenta, alegando que as palestras são consideradas “docência”, o que está previsto em lei.

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Palmas para Manuela, que ensinou Dallagnol o que é ser cristão

DCM, 02 de abril de 2018
Manuela deu uma aula de Bíblia ao evangélico Dallagnol

Palmas para Manuela d’Ávila.

De pé.

Candidata a presidente pelo PCdoB, ela precisou de 36 palavras para desnudar a hipocrisia do procurador da república Deltan Dallagnol.

O procurador recorreu ao Twitter para trombetear que faria jejum para que Deus interfira no STF, e este negue ao ex-presidente Lula o habeas corpus que impedirá sua prisão até que a sentença que o condenou transite em julgado, ou seja, até o último recurso, como assegura a Constituição Federal.

Manuela usou o Twitter para ensinar Dallgnol sobre o que é ser cristão: Se vai jejuar, o faça com discrição, em secreto, para não se parecer com os fariseus (aqueles que, segundo a Bíblia, conspiraram para a morte de Jesus): que só faltavam tocar trombetas para mostrar como eram religiosos.

A candidata do PCdoB cita o capítulo 6 do livro Mateus da Bíblia, versículos 16, 17 e 18.

Marcelo Bretas, o juiz que já se declarou em cruzada, fez eco ao “irmão” Dallagnol. Também se colocou em oração.

A atitude de ambos prova que, se sabem de Direito tanto quanto conhecem de Bíblia, pobres de seus jurisdicionados.

Na Bíblia, Jesus se refere a hipócritas em termos duros — religiosos hipócritas talvez sejam o único tipo de ser humano por quem o fundador do Cristianismo nutre profundo desprezo.

Em João, capítulo 8, Jesus define os religiosos como filhos do diabo:

Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.

Se, ao levar o processo de Lula para o campo religioso, Dallagnol pretendia interferir na opinião pública, ele se deu mal.

Não apenas pela resposta cirúrgica de Manuela — talvez ateia —, mas porque, no contexto bíblico, as comparações não lhe são favoráveis.

Diabo significa acusador —uma espécie de procurador que, segundo a Bíblia, fica, dia e noite, dizendo a Deus que ninguém presta.

Jesus foi condenado sem prova — obviamente, Lula não é Jesus, mas, leia-se o processo do triplex em que ele foi condenado e, se nele encontrar prova de que cometeu crime, avisem-se os juízes, porque não há nada parecido com prova nos autos.

Dallagnol é fruto de uma geração que perverteu o Evangelho com uma militância política que se tornou explícita em 2010, quando um conterrâneo de Dallagnol, o pastor Paschoal Piragine disse que quem votasse no PT estaria atraindo a ira de Deus sobre a Terra.

O vídeo do pastor da Primeira Igreja Batista de Curitiba, uma espécie de mãe de todas as denominações batistas, inclusive a de Dallagnol, viralizou com a campanha que Silas Malafaia fez na televisão para divulgá-lo.

Segundo Piragine, quem votasse no PT estaria atraindo o juízo de Deus sobre a Terra. “E seu Deus julgar a nossa Terra, isso vai acontecer na tua vida e na minha vida, porque eu faço parte desta Terra. Porque Deus não tolera iniquidade. Amém?”

O vídeo de Piragine foi divulgado pouco tempo antes do eleição de 2010, em que José Serra levou a disputa para o terreno da religião, numa tentativa desesperada de evitar a derrota para Dilma Rousseff.

Pela ação dos procuradores, a disputa política que se acirrou naquela época se prolonga.

E, nessa disputa, os procuradores já ultrapassaram o limite da decência ética há muito tempo, com uma atuação em que há indícios de uso de provas forjadas e delações dirigidas para perseguir uns e proteger outros, e até vantagens indevidas em troca de favorecimentos.

Nenhum desses indícios levantados contra setores do Ministério Público Federal avançou para uma necessária investigação, porque, entre outras razões, os procuradores contam com a proteção e promoção da velha imprensa, empenhada na campanha para destruir um partido politico e suas principais lideranças.

Ambos estão do mesmo lado.

Por exemplo, salvo uma ou outra referência na Folha de S. Paulo e Veja, o nome do advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo de Moro e acusado de pedir propina para conseguir vantagens na Lava Jato, não é citado.

Imagine o que ocorreria na imprensa se, em vez de Moro, Zucolotto tivesse Lula como amigo. Haveria páginas e páginas de reportagens, perfis, plantão da TV em frente a seu escritório em Curitiba e manchete no Jornal Nacional.

Isso não ocorre porque estamos em guerra, e na guerra a imprensa do establishment detona a verdade.

Mas a verdade, como ensina o Cristianismo, não é algo que se derrota. Cedo ou tarde, prevalece. É o que liberta:

— Se você permanecer na verdade, pode ter certeza: ela te libertará — disse Jesus, que Dallagnol afirma seguir, com trombetas à sua frente.

Golpe derruba crédito imobiliário pela metade


O golpe parlamentar de 2016, que retirou uma presidente legítima e honesta e pôs em seu lugar um político prestes a sofrer a terceira denúncia criminal, teve um efeito desastroso sobre o financiamento de imóveis no País.

Segundo dados do Banco Central, em 2017, o montante para financiar a compra e a construção da casa própria em foi de R$ 83 bilhões, bem abaixo dos R$ 168 bilhões de 2014, já considerada a inflação.

O desemprego, hoje em 13%, é apontado como um dos fatores que mais atrapalham a alta do crédito e o outro é o enfraquecimento da Caixa Econômica Federal, provocada pelo governo de Michel Temer.

Governo continua desmonte na Educação e fecha campus em Brasília


Governo Michel Temer publicou portaria - assinada pelo ministro da Educação, Mendonça Filho - que extingue o campus de Sobradinho do Instituto Federal Tecnológico de Brasília; com a portaria, o instituto é o primeiro a ser fechado, abrindo caminho para o plano de desmonte da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica.

No fim do ano passado, o governo Temer já havia reduzido as verbas destinadas ao Instituto gerando preocupação dos estudantes quanto ao término dos estudos.

Manuela critica extravagância de Dallagnol: jejum se faz em segredo

Esse procurador é um hipócrita, um crente que não obedece os preceitos bíblicos!

A pré-candidata à presidência da República, Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), usou as redes sociais para ironizar a extravagância do procurador da República Deltan Dallagnol, que pretende fazer um jejum na próxima quarta-feira (4), data que o STF irá julgar o Habeas Corpus do ex-presidente Lula. No twitter, Manuela ironizou. "Jejuar em secreto. Não no Twitter", disse.

Boulos prevê arrecadar até R$ 100 bi com imposto sobre lucros e dividendos


"O Joesley Batista recebeu R$ 100 milhões de lucros e dividendos da Friboi e pagou R$ 300 mil de imposto, menos de 1%. É escandaloso! As faixas mais baixas do trabalhador da classe média pagam até 17%. Hoje, o pobre paga mais imposto do que o rico", diz o candidato do Psol à presidência da República.

Flávio Dino: Estranho só fazerem jejum quando Lula é julgado

De crente desse jeito o inferno tá cheio

Governador do Maranhão criticou a conduta seletiva do procurador Deltan Dallagnol, que promete fazer um jejum na próxima quarta-feira (4), data que o Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar o Habeas Corpus preventivo do ex-presidente Lula.

"Ministros do Supremo já deram várias liminares sobre condenados em 2ª instância. Nunca houve passeatas, protestos irados, farisaísmo. Nada. Aí fica estranho só fazerem quando o caso do ex-presidente Lula vai ser julgado", disse Dino pelo Twitter.

Mídia pressiona Rosa Weber a votar contra Lula


O jornal Folha de S. Paulo, que deseja a prisão do ex-prisão Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu colocar a "faca no pescoço" da ministra Rosa Weber, nesta segunda-feira, às vésperas do julgamento do pedido de habeas corpus de Lula, que será julgado na quarta-feira.

A Folha lembra que Rosa já negou liberdade a 57 condenados em segunda instância, pontuando que, embora tais decisões firam suas convicções pessoais, ela acompanhou a maioria do tribunal.

No entanto, como o STF está disposto a voltar atrás e garantir novamente a presunção de inocência, Lula deve conseguir seu HC.

Fariseus transformaram o Judiciário em reino da demagogia


Deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, fez duras críticas aos "fariseus" do sistema Judiciário brasileiro.

"Fariseus hipócritas transformam o sistema judiciário brasileiro no reino da seletividade e da demagogia. Com seus milionários salários e todo tipo de privilégios, se negam a cumprir a CF. Constituintes foram eleitos pelo povo, não foram fruto da meritocracia, esse é o ponto!!", disse Pimenta, pelo Twitter, ao compartilhar o anúncio do jejum pela prisão do ex-presidente, feito pelo procurador Deltan Dallagnol, e que recebeu apoio do juiz Marcelo Bretas.

domingo, 25 de março de 2018

Ruralista pró-Bolsonaro, candidata do MBL, ativista pró-armas… quem está organizando os ataques a Lula no Sul

Esse tipo de comportamento vai mudar o Brasil pra melhor?

Por Joaquim de Carvalho25 de março de 2018
Ruy Irigaray e seu candidato

Esta reportagem faz parte da séria sobre a Caravana de Lula no Sul, financiada pelos leitores através de crowdfunding. As demais estão aqui

POR VINÍCIUS SEGALLA

A Caravana Lula pelo Brasil, em sua atual passagem pela região Sul, tem sido marcada pelas características que a acompanham por todo país: a aproximação aso pinto do contato físico intenso de Lula com apoiadores, o franco diálogo e troca de carinho entre o ex-presidente e aqueles que vão a praças, auditórios, universidades e parques para ouvi-lo, tocá-lo, tirar foto, abraçar, beijar.

Em cada município por que passa Lula, a cena se repete.

Um fato novo, porém, surgiu no Rio Grande do Sul, no município de Bagé, na fronteira com o Uruguai: ação orquestrada e violenta de grupos milicianos de extrema-direita, organizados em torno de sindicatos e associações ruralistas e do MBL, grupelho de jovens de direita que lança mão da proliferação de notícias falsas, perseguição em redes sociais e na vida real e campanha difamatórias como forma de fazer política.

Por onde passa, Lula arrasta milhares de pessoas que o adoram e centenas – às vezes dezenas – de eleitores de Jair Bolsonaro que decidiram não medir esforços para impedir o direito de ir e vir, de expressão e de reunião daqueles que discordam de seu ponto de vista.

O resultado foram as cenas tristes que se viram nos últimos dias, que chegaram ao cúmulo de uma pessoa chicoteando outra pessoa. Conheça, abaixo, quem são as pessoas e instituições que estão organizando os ataques. 

Roberto Borba Moglia, presidente do Sindicato Rural de Bagé, usa a entidade para atacar Lula

Roberto Borba Moglia, presidente do Sindicato Rural de Bagé

O presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé tomou a frente das manifestações anti-Lula em seu município desde semanas antes da chegada do ex-presidente por lá.

Emprestou a sede para servir de ponto de encontro e organização dos manifestantes contrários a Lula: todos proprietários rurais identificados com a candidatura a presidente de Jair Bolsonaro. Deu entrevistas a rádios e jornais do município e região antes, durante e depois da passagem da caravana pela cidade, conclamando a todos para participar dos protestos que organizava.

Sua entidade pagou outdoors que foram colocados em pontos-chave do município, contendo ofensas ao ex-presidente. Em nenhum momento se preocupou em esconder o fato de que estava organizando os atos contra Lula, utilizando, para tanto, a estrutura da associação patronal que preside.

De resto, sua atuação política não teve início hoje ou ontem. Sua página no facebook é recheada de posts com ofensas a políticos e partidos de esquerda, divulgação de notícias falsas e postagens em defesa do uso de agrotóxicos no cultivo alimentar.

Em agosto e setembro do ano passado, liderou uma campanha em apoio ao ex-sargento da Brigada Militar Alexandre Curto, como mostra a foto acima. Afirmou em entrevistas e em sua rede social que prestava “incondicional apoio ao militar e sua família”.

E qual era a questão com Alexandre Curto? Ele foi condenado, em setembro do ano passado, a 12 anos de prisão em regime fechado por homicídio doloso (com a intenção de matar). É que, no ano de 2009, ele atirou, atingiu pelas costas e matou o militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Elton Brum da Silva, durante desocupação de terra no município gaúcho de São Gabriel.

Sobre o caso, em setembro de 2017, em palestra a centenas de produtores rurais, Moglia afirmou: “Não queremos entrar no mérito da questão, se o que ele fez foi intencional ou não, mas a pergunta que fazemos é que justiça é essa, que tira de um homem com exemplar atuação frente a Brigada Militar, com 20 anos de dedicação, o direito de liberdade, pelo simples fato de estar fazendo seu trabalho, recebendo, como bem sabemos, muito pouco para isso? Essa é segurança e a justiça que queremos?”

Gedeão Silveira Ferreira, presidente da Farsul, um forte ativista contra Lula e o PT


Ex-presidente do Sindicato Rural de Bagé (1992-98) e à frente da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) desde o início deste ano. Antes e durante a passagem de Lula pelo estado, reuniu-se com outros líderes rurais para organizar os protestos contra o petista. Assinou, no dia 21 deste mês, em nome da Farsul, uma nota de repúdio ao ex-presidente. 

Muitos antes de sua atuação política nos últimos dias, Gedeão ganhou notoriedade nos anos 1990 como um dos grandes defensores dos ruralistas gaúchos nos embates com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na época, defendia abertamente a formação de milícias entre os produtores rurais, tanto para evitar invasões de terra como para combater o abigeato (roubo de gado).

Orgulha-se de ter descumprido ordens judiciais e impedido técnicos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de entrar em propriedades rurais para realizar medições de produtividade: “Implementamos uma filosofia que vigora até hoje, que chamamos de Novo ruralismo, e enfrentamos fortemente MST (Movimento Sem Terra) e Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) contra as invasões de terra e as vistorias que visavam a tirar as propriedades do produtor rural”.

Em 2002, foi condenado por incitação ao crime e desobediência à Justiça pelo programa que criou, chamado “Vistoria 0”, que consistia em montar barreiras para impedir que técnicos do Incra, munidos de ordem judicial, entrassem nas fazendas do estado para realizar seu trabalho. No ano seguinte, foi absolvido em segunda instância pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o mesmo que condenou Lula a prisão pela suposta propriedade de um apartamento de que nunca teve as chaves ou a escritura. 

Na exótica decisão, o tribunal admitiu que Gedeão havia cometido crime: “Premidos por todos os setores, de repente os fazendeiros se viram acuados por nova investida: os técnicos do governo, sempre pressionado pelo MST, decidiram avaliar terras para desapropriação utilizando-se de índices para medir a produtividade das mesmas reputados absolutamente falsos. Nessa dimensão é que armou-se o movimento de reação, fazendo-se barreiras para impedir o controle dos técnicos do INCRA, forçando-se com isso uma discussão política a respeito dos medidores de produtividade das áreas rurais. E, para garantir o sucesso desse propósito, os pecuaristas inclusive ignoraram ordens judiciais.”

Apesar disso, decidiram por absolver o ruralista: “A atividade delituosa não foi culpável, porque inexigível uma conduta adequada à norma. Se tivesse havido derramamento de sangue aí, então, a conclusão poderia ser diversa. No nível em que praticada permite entender que se manteve na esfera política de negociação, sem adentrar no universo da reprovação da norma penal. O comportamento não deixou de ser típico e ilícito, mas não foi culpável porque, nas circunstâncias especiais, não era exigível conduta adequada.” A íntegra da decisão está aqui

Rodinei Candeia, procurador do estado do Rio Grande do Sul, também engajado na luta contra Lula

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O servidor gaúcho ganhou maior fama entre os eleitores de Jair Bolsonaro nos últimos dias, após publicar um vídeo que se espalhou pelas redes sociais da direita gaúcha em que conclama, diretamente de uma praça no centro de Passo Fundo (RS), a população a tentar impedir a passagem de Lula pelos municípios do estado.

Diz ainda que a caravana de Lula é provocativa, que o ex-presidente trouxe ao Brasil o que existe de pior no mundo, que as universidades e institutos federais abertos no estado durante o governo lula servem para propagar o socialismo no país e que Lula é um mentiroso que deveria ficar quieto em casa. 

Suas teses e posicionamentos heterodoxos são conhecidos. O procurador mantém um site na internet para expor ao mundo seu pensamento vivo. Entre os artigos que lá estão constam alguns cujos títulos são os que seguem: “Novas evidências do PT na Igreja”; “Eu vou implantar o comunismo no Brasil, diz Lula”; “A Igreja Católica e o Comunismo Chinês”.

O procurador também posta mensagens de apoio à candidatura do deputado federal Luís Carlos Heinze (PP/RS) ao governo gaúcho. O parlamentar, durante discurso proferido em 2014, afirmou que o governo Dilma era cheio de “gays, lésbicas e essa porcariada toda”

Irigaray, outro ativista, criou o Grupo Armas S.A.


Na cidade de São Miguel das Missões (RS), foi o empresário e ativista Ruy Irigaray quem comandou as manifestações das dezenas de pessoas que, dirigindo seus tratores e máquinas agrícolas, agrediram apoiadores de Lula e gritaram em favor de Jair Bolsonaro. 

Irigaray é o criador do Grupo Armas S.A., que luta para derrubar o Estatuto do Desarmamento e pelo livre comércio de armas no Brasil. Sua entidade patrocina eventos e outdoors pró-Bolsonaro como este que pode ser visto acima. Os outdoors chamando Lula de ladrão que foram colocados em alguns municípios gaúchos também foram financiados em parte por sua entidade pró-armas. 

MBL e Paula Cassol, pré-candidata a deputada federal 

O Movimento Brasil Livre é velho conhecido divulgador de fake news e mensagens e campanhas de ódio pelo internet e pelo país. A entidade e seus membros já foram objeto de inúmeras reportagens de diferentes veículos de comunicação, que mostram como agem propagando notícias falsas contra partidos e políticos de esquerda, como recebem verbas de partidos de direita e como mantém sob espessa cortina de fumaça as contas e os doadores do movimento.

Além da campanha intensa nas páginas da internet para que as pessoas fossem aos locais por onde passava a caravana, para impedir seu deslocamento, o MBL destacou a pré-candidata da deputada federal Paula Cassol (PP-RS) para perseguir a caravana realizando transmissões ao vivo. 

No vídeo abaixo, é possível ver a militante e pré-candidata informando que irá perseguir a caravana por onde ela passar, conclamando as pessoas a fazerem o mesmo, mostrando pessoas portando ovos para atirar na caravana e, finalmente, correndo das bombas que a polícia atirou na tentativa de desobstruir a estrada. A militante, porém, afirma que as bombas de efeito moral não estão sendo atiradas pela polícia, mas sim por militantes petistas.