sábado, 17 de junho de 2017

OAB volta a pedir saída de Temer e critica cinismo de Rodrigo Maia


O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, voltou a pedir a queda de Michel Temer, após a bomba deste fim de semana, em que ele foi acusado pelo empresário Joesley Batista de comandar a "maior e mais perigosa organização criminosa" do Brasil.

Segundo Lamachia, o Brasil não pode continuar pagando a conta por "atitudes pouco republicanas tomadas pelos ocupantes do Poder".

Ele também criticou o "cinismo" do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que estaria ignorando os pedidos de impeachment já apresentados – um deles, pela própria OAB.

Lamachia, no entanto, não se desculpou por ter apoiado o golpe parlamentar de 2016, que derrubou Dilma Rousseff, a presidente legítima e honesta, instalando uma quadrilha no poder.

Nassif diz que prisão de Aécio será choque de realidade para o PSDB


"Se não há motivos para manter presa Andrea Neves, existem motivos sólidos para a prisão de Aécio Neves. Solto, ele ficará articulando com colegas do Senado e com o Ministro Gilmar Mendes maneiras de impedir as investigações", diz o jornalista Luis Nassif, editor do jornal GGN.

"Sua provável prisão finalmente trará o PSDB para a realidade política, constatando a impossibilidade total de bancar uma organização presidida por Temer. Mais relevante: quebra o elo da possível parceria com o Judiciário e fecha a porta para o que parecia ser a saída planejada do impeachment".

Dilma foi vítima da quadrilha mais perigosa do Brasil


A entrevista explosiva do empresário Joesley Batista, que apontou Michel Temer como chefe da maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil, explica por que Dilma Rousseff, a presidente legítima e honesta, foi derrubada.

Acusada de ser "inábil politicamente", Dilma era apenas refratária à corrupção endêmica do PMDB.

De um lado, Moreira Franco operava nos aeroportos.

De outro, Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima atuavam na Caixa Econômica Federal.

Em paralelo, Michel Temer e Eliseu Padilha conspiravam no Congresso, enquanto Henrique Eduardo Alves recolhia propinas numa das arenas da Copa do Mundo.

Com o golpe dos corruptos contra a presidente honesta, o Brasil passou a ser comandado diretamente pelo crime e milhões de pessoas perderam seus empregos.

Clementino, o herói anônimo do Brasil

São tantos Clementinos,
Mas somente ele perde um olho
Ao tiro do policial
E do Estado estressado.

Emprestado à luta por um Brasil igual,
O homem volta a seu lar,
No interior dos Goyazes,
Onde outros Goyazes também foram
[ mutilados.

Clementino está menos completo:
Parte de seu corpo foi arrancada por um
[ projetil displicente;
Parte de seus direitos,
Arrancada por um
[ projeto indecente;
Parte de seus sonhos,
De uma vida melhor a todos,
Arrancada
Por despostas que elegemos
A nos matar pouco-a-pouco,
Arrancando parte
Do sonho ou do corpo;
Nossas oportunidades
[ e de nossos filhos.
Seja como for,
Clementino é um herói anônimo
E merece nossa solidariedade.

Clementino perdeu um olho
No campo de batalha covarde,
Na luta incansável,
Por mais que a dor e a sensação
Seja de impotência
Diante dos representantes da Nação.

Foi no histórico dia 24 de maio,
Na sequência das lutas
E da Greve Geral de Abril.
Abriu uma fenda sem fim nesse
[ atual ridículo Brasil.
E abriu uma fenda na face
[ do nosso herói gentil.

Clementino,
Que enfrentava o Presidente Cretino,
E nos inspira jamais recuar
Dessa luta por um Brasil
Que nossos filhos possam se orgulhar.

É desse herói o simbólico bradar.
Não há o que Temer.
(Fora!)
Vencer e avançar,
Mesmo quando a carne treme;
Mesmo quando nos rasgam a face
E nos rasgam a Constituição.
[ Relegando-nos à opressão.

Clementino,
Somente digo-te duas causas:
Meu menino,
Franzino e indefeso,
Saberá de seu peso ao Brasil.
Sua importância diante da implicância
Dos malditos que elegemos ontem.
E esse guri,
A partir de teu ato heroico,
Votará melhor que eu
E lutará tão mais que eu
Por uma nova civilização,
Digna.
E ouviremos, enfim, uma única canção,
Justa.

A outra é:
Muito obrigado!
Homem de pé e de fé,
Obrigado – e me desculpe
Por sofrer tamanha violência por nós.
(Como Cristo!)
Ao perder parte de sua visão,
(Sinto muito!)
Devolveu a nossa,
Há tanto perdida
[ pelas mentiras da televisão;
[ pela dissimulação de nossos patrões;
[ pela hipocrisia dessa ou daquela instituição.

Força, guerreiro!
Que a vida,
Clementino,
Tenha a ti outro destino.
O da paz.
O da certeza que você
Veio fazer em Brasília
(Vencer!)
Ser para sempre o nosso herói.

Carta do médico do Hospital de Base de Brasília sobre um manifestante baleado

Clementino finalmente recebeu alta hoje, sábado. Depois de 10 dias internado, ontem a noite foi submetido a um procedimento cirúrgico. Partiu, com um olho a menos, acompanhado de sua humilde esposa, sacola de plástico na mão, chinelo de dedo, a pé, em direção ao metrô. Fará uma escala na Ceilândia, na casa de um familiar, até conseguir pegar o ônibus para Goianésia, a mais de 200 km de Brasília.

Ontem levei-lhe duas camisas, porque já não tinha roupas limpas. O Estado? A Defensoria Pública? A OAB? A Secretaria de Direitos Humanos? Os moralistas? Nunca apareceram! Alguém da polícia para ao menos pedir-lhe desculpas? Quem vai devolver-lhe esse olho?

Quem vai arcar com os prejuízos materiais, físicos, psicológicos e morais desse cidadão, cujo único crime foi vir a Brasília manifestar-se por seus direitos?

Chorei ao sair do hospital: pela hipocrisia, a ignorância e a desumanidade do cidadão médio brasileiro. Não se trata de ideologias, de partidos políticos, mas de respeitar a condição humana, a dignidade. Sinto aquela impotência que rasga a carne. A esperança se esvai.

Só me resta uma certeza: são esses heróis anônimos que fazem a História, enquanto vocês ficam sentados no sofá assistindo televisão chamando-os de baderneiros.

(Relato do Dr. Daniel Sabino, médico que cuidou de Clementino durante toda a sua internação no HBB.)

Joesley, da J&F diz que Temer é o chefe da maior e mais perigosa quadrilha do Brasil


O Brasil é hoje presidido por seu maior e mais perigoso criminoso, chamado Michel Temer. Quem afirma, em entrevista concedida à revista Época, é o empresário Joesley Batista, do grupo J&F.

"O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto". 

"Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites". 

"Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida", afirma.

Morais: O alvo de Trump é o petróleo da Venezuela


Ao comentar a nova doutrina dos Estados Unidos para a América Latina, pela qual os norte-americanos se sentem autorizados a intervir no continente para "garantir a democracia", o escritor Fernando Morais afirma que Cuba é apenas uma cortina de fumaça.

O alvo real dos Estados Unidos, diz ele, é o petróleo venezuelano.

"Trump diz que os Estados Unidos têm obrigação de garantir a democracia na América Latina e citou Cuba, obviamente. Mas fez referências repetidas à Venezuela, dizendo que se não houver democracia na Venezuela, os Estados Unidos terão que intervir de alguma maneira", afirma.

Ele lembra, no entanto, que a Venezuela tem um exército coeso, equipado pelos russos e diz que os americanos estão "caçando encrenca".

Quanto ao Brasil, desde o golpe de 2016, o país optou por uma submissão voluntária ao Império e adotou como uma de suas primeiras medidas a entrega das reservas do pré-sal.

Temer é rechaçado por líderes globais como um cão pulguento, diz Fernando Brito


"A Ansa lembra que o Papa Francisco cancelou a viagem que faria pelos 300 anos da festa de Nossa Senhora Aparecida e que governantes europeus, como Francois Hollande e Angela Merkel vieram à América do Sul sem fazer escalas no Brasil. Rechaçado como um cão pulguento, Temer não recebe visitantes nem mesmo aqui no Brasil", diz Fernando Brito, editor do Tijolaço.

Para sorrir: Coletivo de pobre



Geddel intermediava silêncio de Cunha, diz Joesley

Danilo Verpa/Folhapress 
Joesley Batista, dono da JBS, na sede da empresa, em São Paulo


Folha, São Paulo, 16/06/2017

O empresário Joesley Batista, sócio do grupo J&F, disse que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) era "o mensageiro" do presidente Michel Temer, responsável por informá-lo sobre a situação de supostos pagamentos feitos para silenciar o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos presos desde o ano passado pela Lava Jato.

A informação faz parte da entrevista que Joesley concedeu à revista "Época", divulgada nessa sexta (16).

O ex-ministro, segundo Joesley, mantinha contato quinzenal com ele para saber sobre os repasses.

"E toda hora o mensageiro do presidente me procurando para garantir que eu estava mantendo esse sistema", disse o empresário.

"Geddel [era o mensageiro]. De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu", declarou.

Joesley disse não ter dúvidas de que Temer estava consciente do esquema. "Sem dúvida [Temer sabia dos pagamentos]. Depois que o Eduardo foi preso, mantive a interlocução desses assuntos via Geddel. O presidente sabia de tudo", disse.

"Eu informava o presidente por meio do Geddel. E ele sabia que eu estava pagando o Lúcio e o Eduardo. Quando o Geddel caiu, deixei de ter interlocução com o Planalto por um tempo. Até por precaução."

O empresário disse que Temer tinha ascendência sobre Cunha e o acusou de chefiar uma organização criminosa. "A pessoa à qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer", disse o empresário, na entrevista.

"O Temer é o chefe da Orcrim [sigla para organização criminosa] da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique [Alves], [Eliseu] Padilha e Moreira [Franco]. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles", prosseguiu o empresário.

Joesley afirmou que recebia pedidos do presidente. "O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro", disse. "Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele -e fazer esquemas que renderiam propina."

O empresário citou um caso específico na entrevista. "Teve uma vez também que ele me pediu para ver se eu pagava o aluguel do escritório dele na praça [Panamericana, em São Paulo]", disse.

Joesley diz que na ocasião se fez de desentendido e não atendeu à solicitação.

Joesley afirmou que recebia pedidos de dinheiro de Cunha e Funaro vinculados a vários assuntos e citou como exemplo uma solicitação de Cunha de R$ 5 milhões para evitar a abertura de uma CPI que atingiria a JBS. Na ocasião, o empresário disse que não pagou.

Os pedidos de propina, segundo ele, continuaram mesmo depois da prisão do ex-deputado.

ACORDO POLÊMICO

Joesley Batista assinou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, que foi homologado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Lava Jato no tribunal.

O acordo recebeu críticas por conta dos benefícios concedidos ao empresário, que não cumprirá pena nem mesmo será processado. Ele e a família tiveram autorização para viajar aos EUA em jatinho da empresa.

A JBS, frigorífico do grupo J&F, está sendo investigada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em cinco processos administrativos para apurar supostas irregularidades, como o uso de informações privilegiadas em negociações de dólar futuro e ações.

Na entrevista, o empresário diz que não manipulou o mercado: "A CVM pode investigar e temos tranquilidade em responder. São operações feitas absolutamente dentro das regras", declarou.

Ele também afirmou que se viu forçado a gravar Temer para provar que estava sofrendo achaques, e refutou que o áudio tenha sido alterado. "Zero. Zero. Gravamos e entregamos. Podem fazer todas as perícias do mundo", afirmou.

PT E PSDB

Na entrevista, Joesley também faz acusações ao PT, que, segundo ele, inaugurou o esquema que perdurou sob Temer. Seu interlocutor para o pagamento de propina seria o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

"Quando era efetivado o negócio, saía uma parcela, eu creditava o valor da propina na conta do Guido na Suíça", declarou. A diferença, segundo ele, era que a abordagem do PT era "menos agressiva".

Ele poupa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que nunca teve conversa "não republicana" com o petista.

Explica também por que gravou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), hoje afastado do cargo por decisão do Supremo.

Aécio, segundo ele, era a alternativa de poder. "Teve 48% dos votos dos brasileiros [na eleição de 2014]. E tinha entrado no governo do Temer", afirmou.

O empresário declarou ainda que não tem mais revelações a fazer e que prestaria depoimento a uma CPI para investigar suas acusações.

Nenhum dos citados por Joesley na entrevista quis se manifestar até o momento.