quarta-feira, 29 de março de 2017

Aliados blindam Serraglio de convocação à Câmara

Mesmo diante de todas as evidências de mais um ministro desonesto no governo Temer


A bancada governista na Câmara conseguiu maioria para reprovar o requerimento que convidava o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, a prestar esclarecimentos na Comissão de Fiscalização Financeira sobre as escutas da Operação Carne Fraca.

A votação realizada nesta quarta-feira terminou com sete votos contrários e quatro favoráveis ao requerimento de autoria do deputado baiano Jorge Solla (foto).

"É paranoica a tentativa de inviabilizar a presença de um ministro aqui que tem a obrigação de esclarecer as acusações que foram feitas contra ele. Se vieram a ser confirmadas, inviabilizam a autoridade dele de ocupar um posto como este de ministro da Justiça", disse Solla.

Lula: Quem mente? O delagado da PF, Igor Romário ou o ator Ary Fontoura


Ex-presidente reúne versões de delegados da Lava Jato e integrantes da equipe do filme "Polícia Federal - A lei é para todos" para questionar quem não está falando a verdade no caso da filmagem ilegal da condução coercitiva contra ele em março do ano passado.

Em reportagens divulgadas na imprensa, há revelação do ator Ary Fontoura, que faz o papel de Lula, sobre as cenas gravadas pela PF no dia da ação. Ele confirmou a existência dessas imagens.

O produtor do filme, Tomislav Blazic, primeiramente disse que a ação foi filmada, depois negou suas próprias declarações.

Já o delegado Igor Romário de Paula, em resposta ao juiz Sergio Moro, admitiu que as cenas foram feitas, mas não vazadas.

A defesa de Lula pede na Justiça para que elas não sejam divulgadas nem no filme, nem na imprensa.

Temer cassado, mas elegível: suprema esculhambação


Se o procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, "acolhendo o parecer do relator Herman Benjamin, deve pedir a cassação do mandato de Temer e a inelegibilidade de Dilma. Isso significa que, se acolher tal proposição, o TSE punirá duplamente Dilma, que já foi cassada pelo Congresso, mas deixará Temer elegível, tornando viável a extraordinária hipótese levantada pelo ministro Gilmar Mendes: a de que, sendo cassado, Temer venha a ser eleito presidente pelo Congresso em eleição indireta", analisa a colunista do 247 Tereza Cruvinel.

"Aí teríamos a suprema esculhambação política, algo que espantará o mundo. Mais que república bananeira, teríamos o Brasil transformado num bananão, apelido que por muito menos lhe deu Paulo Francis na infância da Nova República, hoje moribunda", prevê.

Entidade empresarial já prevê demissões em massa com arrocho de Temer


Primeira entidade a bater duro em Michel Temer, a Confederação Nacional do Transporte afirma em comunicado que "a reoneração da contribuição previdenciária, se aprovada pelo governo federal, vai gerar demissão em massa no setor transportador, que, no ano passado, teve que fechar mais de 90 mil postos de trabalho devido à grave crise econômica do país".

"A retração no PIB do transporte foi de 7,1% em 2016, sendo o pior resultado entre os setores produtivos", destaca a entidade.

Além disso, a medida vai gerar aumento significativo da inflação, principalmente na área de mobilidade urbana, acrescenta a CNT.

"Na avaliação do presidente da CNT, Clésio Andrade, "a reoneração penaliza o setor produtivo, que é fundamental para a reativação da economia brasileira".

Polarização entre petistas e tucanos é positiva


"Passou a ser moda fazer a crítica do Fla x Flu que seria a polarização entre PT e PSDB. Alguns abordam, de maneira vulgar, a necessidade de superar essa polarização, como se ela fosse artificial". 

"Na política, a divisão entre PT e tucanos tem sentido, porque os tucanos representam o modelo neoliberal no governo de FHC, enquanto o PT representa o antineoliberalismo, nos governos Lula e Dilma", explica o sociólogo Emir Sader, que defende essa divisão principalmente nas campanhas, por trazer clareza.

"Marina Silva, em particular – mas outros políticos também – afirma que é necessário romper a polarização entre PT e PSDB, que seria negativa, que estreitaria as possibilidades e aponta para uma 'terceira via'", lembra.

Sader defende, porém, que "a melhor polarização é em torno do neoliberalismo, porque é o tema central do nosso tempo. Marina tenta disfarçar isso, o PMDB esteve de um lado, agora está do outro. Mas a linha divisória é essa: a favor ou contra o modelo neoliberal"

Temer é o que há de melhor para levar o país até as eleições de 2018

Folha, 29/03/2017 

Jorge Araujo/Folhapress 
O presidente da República, Michel Temer

Depois do fracasso das manifestações de domingo e do bate-boca do procurador-geral Rodrigo Janot com o ministro Gilmar Mendes, Michel Temer é o que há de melhor para levar o país até as eleições de 2018.

Ele foi eleito na chapa de Dilma Rousseff, conhecendo a mecânica de suas obras e suas pompas. Desde que assumiu a Presidência da República, Temer empenha-se num projeto de reformas que traem o mandato das urnas de 2016 e nessa reencarnação patrocina uma agenda que jamais explicitou em sua vida pública. Pode-se não gostar da reforma da Previdência ou da nova ordem trabalhista, mas é indiscutível que, sem o Congresso, nenhum dos dois projetos iria adiante.

O mandato de Temer está pendurado numa decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Admitindo-se que ele venha a ser deposto, será substituído por uma pessoa eleita indiretamente pelo Congresso encalacrado na Lava Jato. Se essa eleição viesse a ocorrer sob a influência da pressão das ruas, seria possível que Temer fosse substituído por alguém parecido com D. Eugenio Salles, que se juntou ao Padre Eterno em 2012.

Essa carta saiu do baralho porque depois de ter assombrado a oligarquia nacional durante três anos, as manifestações de rua desmilinguiram-se. Hoje quem elegerá o novo presidente será o Congresso, influenciado pelos constrangimentos e culpas expostos pela Operação Lava Jato.

Temer ofereceu-se para o lugar de Dilma Rousseff como um governo de salvação e união nacional. Em menos de um ano o presidente formou uma poderosa bancada parlamentar mais interessada em salvar a si própria. Ainda assim, quem ia para rua gritando "Fora, Temer" deve reconhecer que as coisas pararam de piorar. A inflação de dois dígitos sumiu da agenda e a recessão econômica pode ter chegado ao fundo do poço. Se a sua política merece apoio, ou mesmo tolerância, essa é uma questão que pode ser decidida em 2018, na eleição presidencial. A alternativa a esse cenário seria o culto ao "Fora, Temer".

Para o seu lugar iria uma pessoa eleita pelo Congresso. Atire a primeira pedra quem puder dizer que os parlamentares elegerão alguém que mereça mais confiança, mesmo que seja pouca a que se deposita no doutor. Indo-se um passo adiante: atire a segunda pedra quem for capaz de garantir que esse novo presidente respeitará o calendário eleitoral que prevê uma eleição presidencial para 2018.

Nas duas últimas vezes em que se mexeu com a legitimidade de um vice-presidente, o Brasil acabou metido em memoráveis encrencas. Assim se deu em 1969, quando os "três patetas" (na expressão de Ulysses Guimarães e do general Ernesto Geisel) dispensaram o vice Pedro Aleixo, e em 1961, quando tentou-se impedir a posse de João Goulart.

(Nessa ocasião Ulysses não chamou os ministros militares de patetas, mas Geisel lembrava-se que o adjetivo já circulara.) Quando o vice foi deixado em paz, Itamar Franco deixou o país no porto seguro de Fernando Henrique Cardoso.

Sem a rua, o "Fora, Temer" é uma delegação de poderes para a oligarquia parlamentar que luta pela vida sonhando com o fim da Lava Jato, com o voto de lista e com a eleição indireta de um napoleãozinho civil. Solução oligárquica, ela terá inevitavelmente uma agenda secreta: o fim da eleição presidencial de 2018.

Ruiu o Podre Reino de Golpenhague


"O pânico chegou ao governo e a seus apoiadores. Como na trama dinamarquesa de Hamlet, rui em enredos escabrosos o reino brasileiro de Golpenhague. Apesar do apoio da mídia, que tenta criar um clima artificial de otimismo, com o seu patético 'parou de piorar', não se pode mais esconder que o golpe fracassou em todas as frentes", escreve Marcelo Zero.

Ele lembra que, com a saída de Dilma Rousseff, segundo os golpistas, a crise econômica se resolveria, a sangria da Lava Jato seria estancada, o governo manteria uma "monolítica e ampla base parlamentar" e os "manifestantes neoudenistas de classe média se encarregariam de dar sustentação social ao governo sem votos", as reformas seriam realizadas sem resistência e a liderança de Lula seria neutralizada.

"Pois bem, nenhum desses pressupostos se sustentou", conclui.

Presos cinco dos sete conselheiros do TCE do Rio


Deflagrada na manhã desta quarta-feira no Rio, uma nova etapa da Lava Jato tem como alvo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).

A delação premiada do ex-presidente do órgão Jonas Lopes de Carvalho Filho levou à ação contra cinco conselheiros em pelo menos dois esquemas de arrecadação de propina para fazer vista grossa para irregularidades praticadas por empreiteiras e empresas de ônibus que operam no estado.

São alvos de prisão preventiva os conselheiros Aloysio Neves (atual presidente), Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar e José Maurício Nolasco.

O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), é alvo de condução coercitiva. 

A força-tarefa batizou a operação de "O Quinto do Ouro".

Ministério Público Eleitoral pede a cassação de Temer


Procuradoria-Geral Eleitoral pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a cassação de Michel Temer e a inelegibilidade da presidente deposta Dilma Rousseff; informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo

A manifestação do Ministério Público foi encaminhada na noite desta terça-feira (28) ao TSE.

O presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, já anunciou que a cassação de Temer começará na próxima terça-feira, 4.

A estratégia do peemedebista para permanecer no poder é fazer chicanas, tanto no TSE quanto no STF, para tentar arrastar uma decisão final para 2018.

Com 5 ministérios, o PSDB agora omite acusações que fez a Temer no TSE


Principal aliado da administração de Michel Temer e comandando cinco ministérios em seu governo, o PSDB mudou o discurso quanto à responsabilidade de Temer e do PMDB nas irregularidades da campanha presidencial de 2014.

Os tucanos, autores da ação que pede a cassação da chapa, hoje já não têm interesse em derrubar o peemedebista, e isso se reflete nas alegações finais do processo.

A comparação entre o pedido de abertura e as considerações finais evidencia a mudança: na peça inicial, pedia-se a punição aos beneficiários das irregularidades, em clara referência a Temer e, no documento final, o PSDB faz questão de ressaltar que não houve envolvimento do peemedebista em práticas ilícitas.