sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Convulsão no ES pode deflagrar intervenção militar no país, diz especialista


Especialistas entrevistados pela Rádio França Internacional temem que a convulsão social se degrade ainda mais e se alastre por outros estados, resultando em um conflito civil ou até mesmo em uma intervenção militar.

"Se esse movimento se generalizar por todo o país, provavelmente poderemos assistir a uma espécie de golpe militar, no qual o exército ocupará as ruas de todas as capitais brasileiras", prevê o coordenador do Mestrado em Geografia da UFES, Cláudio Luiz Zanotelli.

"Tudo isso acontece devido a um governo incompetente, incapaz, que cruza os braços e propõe como alternativa convocar o Exército para proteger a população", avalia.

Clima de 1964


"Não falta mais nada para lembrar o clima de 1964. O governo do Espírito Santo acabou de anunciar ultimatum à PM: ou o motim acaba às seis da manhã de hoje ou dará início aos trâmites para 'restabelecer a ordem'. 

Na minha interpretação isso quer dizer que se o ultimatum não for obedecido as tropas do Exército que se encontram no estado receberão ordem de invadir os quartéis. 

As consequências desse confronto, se houver, são imprevisíveis", diz o colunista Alex Solnik; "Marx vaticinou que a história não se repete, senão como farsa. Daqui a pouco veremos se ele estava certo".

"Quem manda no Brasil é a Globo"


Uma das mais carismáticas apresentadoras do "Fantástico", Doris Giesse revela ao jornalista Alex Solnik como a Globo manipula a opinião pública para impor ao país ou destruir pessoas e ideias que a família Marinho deseja, como ocorreu no episódio do impeachment de Dilma.

Ela afirma que Aécio Neves, com quem conviveu em 1985, é a pessoa errada no lugar errado e não mudou nada de lá para cá: "O talento dele é o blábláblá e não ser o herdeiro de Tancredo. Ele é o playboyzinho do Brasil, um papagaio de pirata".

Doris também conta como foi usada para ajudar a eleger o Collor e a diferença de tratamento entre os dois candidatos que disputaram o segundo turno em 1989.

Para ela, "o Brasil continua sendo uma colônia": "A gente não é guiado por nada que é genuinamente nacional. Isso está na cara. Só não vê quem não quer"

Historiador diz que o que está acontecendo no Espírito Santo é uma alerta para barbárie que pode estar se avizinhando


Em vídeo, o historiador Leandro Karnal diz que a elite brasileira "perdeu a noção de perigo", assim como a elite francesa em 1789 e a russa em 1917.

"Eles não estão sabendo lidar com o caldeirão que estourou neste momento no Espírito Santo, está prestes a estourar no Rio de Janeiro e continuam indicando amigos, compadrios como se nada houvesse."

Justiça barra feirão de Parente e trava venda de gasodutos


Justiça Federal em Sergipe suspendeu a operação de Pedro Parente, que vendia 90% da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), empresa que opera a malha de gasodutos da Petrobras na Região Sudeste, ao consórcio liderado pelo grupo canadense Brookfield, por US$ 5,19 bilhões, após ação movida pelo Sindicato dos Petroleiros Alagoas Sergipe (Sindipetro AL/SE).

Questionada pelo 247, a Petrobras se negou a informar como tem feito a avaliação das empresas que estão sendo vendidas.

A história acontece como tragédia e se repete como farsa!

Nas Asas da PANAIR

Conversa Afiada/A Odebrecht vai fechar como a Panair, 10/02/2017

O dia 10 de fevereiro não poderá ser esquecido e deve ser profundamente investigado. Necessita, também, de uma comissão da verdade. Tratou-se da maior violência perpetrada contra um grupo de empresas e de empresários brasileiros pelo golpe militar de 64 em conjunto com o Judiciário. Nesse dia, no ano de 1965, “enterrou-se” a maior companhia aérea que o Brasil já teve em todos os tempos.

Tão importante foi a Panair no mundo que até hoje não conseguiram enterrar seu nome. Basta ouvir a música “Conversando no Bar” de Milton Nascimento e Brant, imortalizada na voz de Elis Regina. Mesmo quem não conheceu a companhia chama a música de “Nas Asas da Panair”, que só não teve esse título para ultrapassar a censura, pois, se, de fato a música se chamasse como todos pensam que se chama, não seria liberada tamanha a sanha dos militares contra ela e seus proprietários – até que desaparecessem.

Uma atitude de perseguição política com a colaboração do Judiciário que afetou literalmente da noite para o dia a vida das 5.000 famílias de seus funcionários além de gerar uma indignação pública. Um roubo realizado com a ajuda reconhecida em mea culpa pelo próprio Judiciário. Roubou-se a companhia, seus proprietários, funcionários, o Brasil por assim dizer, mas não o nome – PANAIR – e nem o dito “Padrão Panair” que afirmam por ai nunca mais ter sido atingido por companhia alguma ao redor do planeta. Aliás, até hoje seus funcionários se reúnem regularmente e, solidários, acompanharam e combateram mesmo a arbitrariedade praticada. Lhes roubaram o sonho.

Pois bem, como a ditadura “cassou” as rotas da empresa e assim ela ficaria sem a maior parte do seu faturamento, a Panair imediatamente ingressou com pedido de concordata, equivalente da época para a atual Recuperação Judicial. Digo a maior parte e não todo o faturamento uma vez que a Panair ainda teria receita por ser proprietária de diversos aeroportos como o de Belém, Recife e outros, balcões, guichês, aviões, hangares, imóveis em Paris, Londres, Nova Iorque e etc.

Ela detinha as linhas de comunicação aeronáutica de toda a América do Sul, além de redes telegráficas e, ainda, a CELMA, empresa que fabricava peças e fazia manutenção nos equipamentos da Panair e das empresas congêneres, para não dizer das concorrentes. A CELMA foi cercada e literalmente tomada pelos militares no mesmo dia.

Pois bem, impetrada a concordata, em poucos dias, após a visita do Brigadeiro Eduardo Gomes, Ministro da Aeronáutica da ditadura, ao Juiz da causa, a Justiça decretou a falência da companhia, que não tinha um único título protestado ou cobrança judicial. A justificativa – a FUTURA insolvência por falta de rotas...

No vai e vem judicial todos os ativos da Panair foram leiloados liquidando-se a companhia, numa velocidade processual histórica, nunca antes vista e que jamais o será. O ridículo é que o síndico encarregado de vender os ativos e pagar o passivo apresentou um saldo a época de 500 libras.

Isso, considerando que a companhia, após dois anos da decretação de sua falência, pagou com recursos próprios a demissão de todos os seus funcionários - e em dobro!

Além disso seu débito com a União foi quitado com a “desapropriação” de seus aviões, posteriormente vendidos a preço de banana para a Varig.

Nesse período, 1964/1965, os militares afirmavam que devolveriam o país à democracia com eleições presidenciais e que o AI-5 só foi instituído em 13 de dezembro de 1968, ou seja, a conivência do Judiciário não foi por conta de “pressões” - foi combinada mesmo.

A VARIG, que na época era 5 vezes menor que a Panair em número de funcionários e não detinha praticamente nenhuma rota internacional, imediatamente assumiu o “controle” da companhia.

Tanto que, no fatídico dia 10 de fevereiro de 1965, no início da noite, a Varig já realizou o vôo Panair programado do Rio para Frankfurt com sua própria tripulação. Os passageiros que estavam no avião da Panair, na pista do Galeão, foram deslocados para o da Varig, ao lado, onde já eram esperados !

E, para arrematar, a falência da Panair, num caso único, foi decretada novamente por ato do Executivo. Assim matava-se a maior companhia aérea nacional e criava-se um “filhote”, não da Panair...

Como se não bastasse, em 1969 proibiu-se por decreto a possibilidade de qualquer companhia aérea pedir concordata, talvez para impedir a vitória de qualquer dos recursos legais contra a falência da Panair. O ato ficou conhecido como “Decreto Panair”.

A ironia é que a VARIG faliu pelos meios legais, porque foi obrigada a aguardar, agonizando, a promulgação da nova lei de Recuperação Judicial que lhe permitisse a “concordata”, dado que a legislação então vigente criada pela ditadura lhe impedia de utilizar esse benefício, e em 1995 a falência da Panair foi revogada na justiça.

É óbvio que na situação atual a Panair dificilmente voará novamente, mas essa conta ficará para o Governo pagar mais uma vez e será bem salgada. Tudo isso é fruto da irresponsabilidade dos administradores públicos, e do conluio com o Judiciário.

Se, por um lado, a decisão judicial que devolveu a empresa à “normalidade” não terá efeito prático, teve e terá um efeito brutal na honra de seu “comandante” da época, Paulo Sampaio, que, se não pode lavar a sujeira da época, pode pelo menos lavar a honra da companhia, de seus funcionários e a sua própria, além de lavar-lhe a alma depois de quase meio século de incansável e quase solitária luta pelo direto da empresa. Servirá também de exemplo no momento em que for determinada a indenização. Nesse momento os brasileiros verão quanto custa a irresponsabilidade do administrador público e do Judiciário que age por vendeta ou perseguição. E a conta?

Inegavelmente justa e devida, certamente será paga pelo contribuinte, ou seja, por todos nós. Mas cuidado, a história acontece como tragédia e se repete como farsa!

Parabéns a Paulo Sampaio e à Panair!

Aroldo Camillo Joaquim Filho, advogado

A Odebrecht vai fechar como a Panair

Foi o conluio dos militares com o Judiciário!

Conversa Afiada, 10/02/2017

No dia 10 de fevereiro de 1965, o ministro da Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes fechou a Panair do Brasil.

E deu a preço de banana para a Varig, de indisfarçável origem nazista.

O Brigadeiro perdeu duas eleições presidenciais.

Um mau, péssimo perdedor.

Era um santarrão.

Ídolo das mal-amadas do Lacerda, as coxinhas de Higienópolis.

Solteirão, como o filho do Yves Gandra, de saudosa memória.

A Panair foi um de muitos empreendimentos de um gênio brasileiro, Mario Wallace Simonsen!

Era o maior comerciante de café do mundo e, em cima do café, construiu um império que ia de supermercados à TV Excelsior, do embrião da Embratel ao maior centro de mecânica de aviões das Américas, em Petrópolis, no Rio, que, já, já, o gatinho angorá venderá à American Airlines a preço da banana, com correção cambial.

Mario Wallace cometeu um pecado mortal.

Apoiou Jango.

A TV Excelsior segurou Jango no poder quando Jango não estava mais em Brasília!

E com o mestre Janio de Freitas, Wallace começou - no inicio de 1964 - a montar um jornal nacional, impresso, para enfrentar o PiG.

O Golpe militar precisava destruí-lo.

E abriu duas frentes.

Uma CPI do Café, na Câmara, sob a liderança de Herbert Levy, um dos santarrões da UDN de São Paulo, mancomunado com o Estadão e o cerco implacável à Panair - com a ajuda do Judiciário.

É a estrategia da destruição da Odebrecht e toda a engenharia pesada brasileira.

Norberto, Emilio e Marcelo Odebrecht podem não ser santinhos do pau oco.

Mario Wallace Simonsen era um homem de bem, corretíssimo.

Mas, se o Capitalismo só se construísse em cima de homens de caráter, os Estados Unidos eram uma Jamaica!

O que há de significativo nessa narrativa é a repetição da técnica de destruição de um conglomerado brasileiro de ponta, de padrão internacional.

Que será entregue na bandeja aos chineses, aos americanos - a quem aparecer primeiro.

E como é o nome do Juizeco de primeira instância que decretou a falência da Panair?

O amigo navegante se lembra?

Nem eu.

(A historia de Mario Wallace Simonsen, da TV Excelsior e da Panair está, em minucias, no best-seller "O Quarto Poder - uma outra história")

Hacker preso por Moraes ameaçou jogar nome de Temer "na lama"

A permanência de Alexandre de Moraes na Justiça, mesmo após as decapitações de presos, e sua ida para o Supremo Tribunal Federal podem ter outra explicação: a prisão de um hacker que invadiu o celular de Marcela Temer e ameaçou jogar o nome de seu marido na lama. Entenda esse enredo!

247 - A permanência de Alexandre de Moraes na Justiça, mesmo após as decapitações de presos, e mais recentemente sua indicação para o Supremo Tribunal Federal podem ter outra explicação: a prisão de um hacker que invadiu o celular de Marcela Temer e ameaçou jogar o nome de seu marido "na lama".

No processo, que teve seu sigilo levantado agora, o hacker dizia ter fotos, contas de e-mail e também um áudio que arruinaria a reputação de Temer, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. A mensagem de voz, que teria sido obtida pelo hacker após clonagem do celular de Marcela, foi enviada por ela ao irmão, Karlo Augusto Araújo.

"Pois bem como achei que esse video [na verdade, áudio] joga o nome de vosso marido [Temer] na lama. Quando você disse q ele tem um marqueteiro q faz a parte baixo nível... pensei em ganhar algum com isso!!!!", escreveu o hacker a Marcela, que pediu R$ 300 mil para não divulgar o arquivo.

Moraes, então secretário de Segurança Pública de São Paulo, comandou o caso pessoalmente e, sem alarde, prendeu o hacker em 40 dias. Foi criada na Polícia Civil uma força-tarefa com cinco delegados, 25 investigadores e três peritos para investigar o caso.

Ao prender o hacker, Moraes se tornou credor de quem agora o indicou ao STF, a despeito de todas as suas polêmicas. A mais recente foi a sabatina informal com senadores num barco-motel.

Com bens declarados de R$ 1,8 mi, Barros virou sócio de área de R$ 56 mi

Mais um ministro de Temer que não deveria ser ministro. Na época da Dilma não podia! Se fosse do PT, nem pensar!

Rubens Valente/Folhapress 
Área de projeto de condomínio em que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, adquiriu imóvel no Paraná

Folha, 10/02/2017

Com bens declarados de R$ 1,8 milhão, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), adquiriu, em 2014, metade de um terreno de R$ 56 milhões em Marialva (PR), segundo documentos obtidos pela Folha em cartórios.

O ministro disse à Folha que fez um empréstimo de R$ 13 milhões de seu sócio na transação, uma empresa do setor imobiliário, para bancar o negócio.

Naquele ano, Barros era secretário de Indústria e Comércio do Paraná, disputou uma vaga de deputado federal e declarou à Justiça Eleitoral o seu patrimônio.

Em 2015, na condição de deputado, ele apoiou, por meio de um requerimento, a liberação de R$ 450 milhões de emenda da União para a construção de uma rodovia de 32 km que passa a 3 km do terreno.

A emenda havia sido apresentada um ano antes pela bancada de parlamentares do Paraná, que incluía a mulher do ministro, a então deputada federal Cida Borghetti (PP), hoje vice-governadora do Estado e sócia dele na compra da propriedade. Na eleição de 2014, Cida declarou um patrimônio de R$ 805 mil.

A emenda de R$ 450 milhões chegou a ser incluída na previsão de gastos do Executivo de 2015, mas depois foi congelada em razão do ajuste fiscal.

Indagado pela Folha como conseguiu comprar metade de uma propriedade de R$ 56 milhões, Barros respondeu, por meio da assessoria, que usou o empréstimo de R$ 13 milhões da empresa Paysage, sócia dele na aquisição.
Editoria de Arte/Folhapress 

O valor serviu, na versão do ministro, para dar o seu sinal na compra, que seria feita em três parcelas. O terreno foi adquirido de duas famílias de Maringá.

Para comprar sua parte, Barros usou duas empresas, a MRC e a RC7, com um capital social de R$ 10 mil cada. Elas foram criadas em outubro de 2013 e maio de 2014 em nome dele e da mulher.

A MRC, sediada no escritório político do ministro em Maringá, foi montada 20 dias antes da divulgação do estudo de impacto ambiental da rodovia pela prefeitura.

O prefeito de Maringá na época do negócio era um aliado de Barros, Roberto Pupin (PP). Ele havia sido vice-prefeito do irmão do atual ministro, Silvio Barros, que administrou Maringá de 2005 a 2012.

A nova rodovia, batizada de Contorno Sul Metropolitano, faria uma ligação mais rápida da propriedade com outras localidades.

Um condomínio de alto padrão está previsto para ser construído no local, de 1,3 milhão de metros quadrados.

FIADOR

Em dezembro de 2014, já como deputado eleito, Barros assinou um documento de reconhecimento de dívida.

A partir de 2016, ele e sua mulher passaram a aparecer como "fiadores" e não mais como proprietários, ou seja, responsáveis por dívidas não pagas pelo responsável direto.

À Folha o ministro disse que vendeu à Paysage suas duas empresas, o que levou, segundo ele, à "quitação" do empréstimo de R$ 13 milhões. Ou seja, as microempresas recém criadas foram dadas em troca do empréstimo.

Em janeiro, as famílias Faion e Dada, que venderam o terreno, ajuizaram uma ação para cobrar uma dívida que, em valores atualizados, atingiria R$ 7,5 milhões.

Pelo acordo feito entre Barros e a Paysage no final de 2015, a empresa também assumiu esse pagamento, segundo o ministro. Se fosse mantido o primeiro arranjo, de compra meio a meio entre as duas partes, Barros teria de pagar R$ 3,7 milhões.

Ao final da operação, ele teve dois ganhos: deixou de ser responsável direto pela dívida e não arcou com o prejuízo de um possível insucesso do empreendimento, cuja execução começou a dar problemas.

'NÃO USUAL'

Sem conhecer os nomes dos compradores, falando do negócio em tese, dois especialistas em contabilidade disseram à Folha que se tratou de uma "operação incomum", ressaltando que não podem assegurar, sem verificar os documentos, que se trate de algo ilícito.

Eles destacam o fato de uma incorporadora ter emprestado R$ 13 milhões a duas empresas que, somente pelo capital social, não possuíam capacidade financeira para honrar o compromisso.

"É uma operação não usual, muito estranha. A incorporadora ter passado o dinheiro e ter recebido a empresa de volta sugere que ela aceitou um prejuízo. É uma operação que revela uma relação de amizade", disse o vice-presidente do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), Zulmir Ivânio Breda.

"O montante emprestado é atípico. Você cria uma empresa de R$ 10 mil para montar uma lojinha, um carrinho de cachorro quente, não para comprar um imóvel de mais de R$ 50 milhões. Não é comum no mercado", disse o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, Idésio Coelho.

OUTRO LADO

O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou à Folha, por meio da assessoria, que o apoio à obra na região em que negociou a compra em 2014 de um terreno de R$ 56 milhões começou em 2011, portanto, três anos antes da transação.

"A obra do contorno Sul de Maringá é fruto de um convênio entre a prefeitura municipal de Maringá e o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte] firmado em 2011, três anos antes da compra do terreno. Ou seja, no período da compra, a eventual valorização do terreno já teria ocorrido", afirmou.

"Como se sabe, o valor do capital social de qualquer empresa não limita seus negócios", disse o ministro sobre a afirmação de que entregou duas firmas dele e de sua mulher, ambas com capital social de R$ 10 mil cada, em troca da quitação do empréstimo de R$ 13 milhões com a empresa Paysage, sócia dele na transação de 2014.

O dinheiro, segundo o ministro, foi usado para ele entrar no negócio na época. Segundo Barros, o empréstimo foi feito com juros.

"O imóvel foi comprado para pagamento em três parcelas anuais. Para a parte que caberia a MCR e RC2 (as duas empresas dele), foi negociado um empréstimo", ressaltou sua assessoria.

A RC2 trocou de nome depois para RB01, as iniciais do ministro da Saúde.

"Em 3 de dezembro de 2015, a totalidade das quotas das empresas MCR e RC2 –RB01 foram transferidas à Paysage, em troca da quitação do empréstimo. A Paysage assumiu também os compromissos financeiros correspondentes à MRC e RC2 –RB 01", diz a assessoria.

Sobre a dívida de R$ 7,5 milhões cobrada pelos vendedores do terreno, a assessoria de Barros respondeu: "Eles [Barros e Cida, sua mulher] não têm mais participação nas empresas e, por consequência, na compra do terreno. Estão seguros de que a empresa Paysage cumprirá seus compromissos, quitando a dívida".

Com a emenda de R$ 450 milhões bloqueada pelo governo, o Dnit buscou verbas próprias e incluiu a obra no Orçamento de 2016. Em dezembro, o órgão anunciou que abrirá a concorrência no próximo dia 17. O órgão informou à Folha que não há data prevista para o início da obra "pois o edital está em aberto". "Não houve gasto, nem contratação, pois o processo licitatório está em andamento."

Procurada, a empresa Paysage, sediada em Curitiba (PR), informou que não iria se manifestar sobre o negócio feito com o hoje ministro da Saúde. A Folha manteve contato telefônico com a assessoria jurídica da empresa, mas não houve resposta.

Apesar da venda de mais de 60 lotes, hoje o terreno continua sem a infraestrutura básica e a divisão por lotes –a Paysage promete entregar a primeira etapa até o final do ano. Os lotes custavam de R$ 140 mil a R$ 168 mil por unidade, porém houve atraso nas obras de urbanização.

A reportagem esteve na residência de uma das famílias que movem a ação de cobrança de dívida contra Barros e a Paysage. Foram deixados recados, mas não houve resposta até a conclusão desta reportagem. O advogado das duas famílias que movem a ação também foi procurado e não se manifestou.

Foram deixados recados em sua casa e em seu escritório.

CRONOLOGIA

10.out.2013: Barros e sua mulher, a atual vice-gover- nadora do PR, Cida Borghetti (PP), abrem a empresa MRC

30.out.2013: Divulgado o estudo de impacto ambiental com o traçado da rodovia Contorno Sul, obra de 32 km na região de Maringá, reduto eleitoral de Barros

24.dez.2013: Empresa de Barros faz com outros #empresários um contrato de compra de lote de terras para criação de um condomínio fechado em Marialva

02.mai.2014: Barros e mulher criam outra empresa, a RC2

17.dez.2014: Barros assina escritura de reconhecimento de dívida, na qual se informa que suas empresas MRC e RC2 adquiriram 50% dos lotes da gleba, avaliada ao #todo em R$ 56 milhões

Dez.2015: Segundo o ministro, ele vende para a Paysage #as suas firmas MRC e RC2, "quitando" o empréstimo de R$ 13 milhões

10.mar.2015: Barros apresenta ao Senado um requerimento #para pedir a liberação da emenda de R$ 450 milhões para a obra do Contorno Sul

1º.mar.2016: DNIT anuncia edital para a construção #do Contorno Sul

27.Jan.2017: Ex-donos dos terrenos processam #o ministro, a mulher dele e empresários, cobrando #dívida de R$ 7,5 milhões. O casal é citado na ação #como 'garantidor e fiador' do negócio

Mídia pró-Temer omite inquérito contra o golpe

Não é a primeira vez que ela age assim e vai continuar sendo assim tendo em vista os acordos espúrios entre as partes

Os veículos de comunicação que promoveram o golpe parlamentar de 2016, responsável pela maior tragédia política, econômica e social da história do Brasil, decidiram esconder de seus leitores o inquérito aberto ontem no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Luiz Fachin, em que políticos do PMDB são acusados de derrubar a presidente Dilma Rousseff com a finalidade de obstruir a Lava Jato.

Na Folha, a notícia mereceu apenas uma nota de rodapé. No Globo, uma nota discreta, com um parágrafo sobre a natureza da obstrução judicial (derrubar Dilma para estancar a sangria) e no Estado de S. Paulo, o impeachment fraudulento foi chamado de "supostas manobras" legislativas.