segunda-feira, 27 de junho de 2016

Requião: Temer quer comprar o Senado


Sem os votos necessários para consolidar o impeachment, o interino Michel Temer vem reforçando o assédio sobre senadores indecisos quanto à condenação da presidente Dilma Rousseff.

“O Temer está comprando a bancada. É uma compra explícita de apoio”, denuncia o senador Roberto Requião (PMDB-PR).

Na luta para conseguir votos, Temer já nomeou o filho de Zezé Perrella (PTB-MG), dono de um helicóptero apreendido com 450 quilos de cocaína, prometeu uma secretaria a Romário (PSB-RJ) e negocia apoios a parlamentares em disputas municipais, como é o caso de Omar Aziz (PSD-AM).

Ele também recebeu pedidos inusitados, como o de Hélio José (PMDB-DF), que queria a presidência de Itaipu e dos Correios.

Janot pede virada histórica e nova representação politica


No mais político discurso de sua carreira, o procurador-geral Rodrigo Janot bradou contra praticamente toda a elite política brasileira, nesta segunda-feira (27), durante a abertura de um seminário que vai discutir os grandes casos criminais do Brasil e da Itália.

Ele disse que movimentações de políticos tentam frear as investigações da Lava Jato e afirmou que o Ministério Público "não se sujeitará à condescendência criminosa" em favor de uma" pseudo estabilidade destinada a poucos".

Para Janot, a operação revelou que políticos e empresários transformaram "o Estado em um clube para desfrute de poucos".

"Chegou a hora de quebrarmos também os grilhões do patrimonialismo, de nos libertarmos de um modo de ser que não nos pertence, daquele malfadado jeitinho associado à corrupção da lei que não traduz nossa verdadeira natureza. É hora de nos desvencilharmos da cultura de espoliação e do egoísmo. O país fartou-se desse modelo político", disse.

Glesi: ação da PF foi tentativa de afetar processo do impeachment


Em sua primeira fala após a prisão do marido, Paulo Bernardo, na última quinta-feira, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) discursou em plenário nesta segunda, quando classificou a Operação Custo Brasil como "surreal", pelo uso "desnecessário" de "helicóptero, força policial armada e muitos carros" e a prisão do ex-ministro de "abusiva" e fomentada para intimidar a atuação dos senadores contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A senadora também procurou relacionar o juiz que determinou a prisão, Paulo Bueno de Azevedo, com a advogada Janaína Paschoal, que conduz os trabalhos da acusação na Comissão Processante do Impeachment no Senado.

"O que aconteceu com a isenção que exige-se da Justiça?", questionou, criticando a "pré-condenação em praça pública antes de julgamento".

Temer te encontro secreto com Cunha


Poucos dias depois da sessão do STF, que, por 11 a zero, transformou Eduardo Cunha réu em um segundo processo na corte, o interino Michel Temer decidiu recebê-lo no Palácio do Jaburu para "avaliar o quadro político atual".

Cunha não confirmou o encontro, que acabou sendo confirmado por assessores de Temer; com a filha e a esposa nas mãos do juiz Sergio Moro e prestes a ser cassado na Câmara, Cunha, que foi o responsável principal pelo impeachment sem crime de responsabilidade, apela a Temer para tentar sobreviver.

Perícia do Senado mostra que não houve crime, diz Dilma

Do UOL, 27/06/2016

Roberto Stuckert Filho - 22.jun.2016/Divulgação

A presidente afastada, Dilma Rousseff, declarou nesta segunda-feira (27) que a perícia feita a pedido da comissão do impeachment do Senado mostrou que ela não cometeu crime de responsabilidade, o que torna o processo de afastamento um "golpe".

Dilma sofre duas acusações na denúncia que a afastou do cargo: a edição desses decretos sem aval do Congresso e de ter cometido "pedalada fiscal" com o atraso do repasse de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Banco do Brasil para o Plano Safra.

A perícia diz que não há "controvérsia" sobre o fato de Dilma ter agido para liberar créditos suplementares sem o aval do Congresso através de decretos. Por outro lado, o laudo afirma que não foi identificada ação dela nas chamadas pedaladas fiscais.

Em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, Dilma voltou a dizer que não há base jurídica para um impeachment.

"Hoje, por exemplo, ficou caracterizado, pela própria perícia feita pelo Senado da República, que os motivos pelos quais eles me acusam não caracterizam crime. No que se refere ao Plano Safra, a minha presença em nenhum ato foi constatada. Portanto, consideraram que eu não participei em nenhum momento do Plano Safra porque isso não é papel do presidente da República. Nós viemos dizendo isso há muito tempo, mas agora a própria perícia do Senado constatou isso", afirmou.

Perdeu ou gostaria de ouvir novamente a entrevista que a presidenta Dilma concedeu à @RdGuaibaOficial? Está aqui:https://goo.gl/XZi9xQ 

Sobre os decretos, a perícia diz que três dos quatro decretos de crédito eram "incompatíveis" com a meta fiscal do ano passado. A perícia afirma: "Há ato comissivo da exma. Sra. Presidente da República na edição dos decretos, sem controvérsia sobre sua autoria".

"Nós começamos sendo acusados de seis decretos (...) Agora, a própria perícia do Senado diz que não são seis decretos, são três decretos. E nesses três decretos, também não foi constatada nenhuma participação minha dolosa. Ou seja, não há em nenhum momento um alerta ou um parecer técnico ou uma avaliação que diga: 'Presidenta, se você assinar esse decreto, você estará comprometendo a meta fiscal'. Não houve isso", disse Dilma.

"Então, cada dia que passa, fica mais claro que esse é um processo de impeachment sem base legal. E por isso, se caracterizaria como um golpe", afirmou a presidente afastada.

Escuta essa! Isolados, xingados e acusados, a dura vida dos políticos

Essa foi a semana da Justiça, através do STF (Supremo Tribunal Federal), tornar réus parlamentares. O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ficou quase arrependido de ter ofendido a deputada Maria do Rosário (PT-RS). 

Já o antes sempre bem acompanhado, presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi "sozinho", reafirmar que não mente. 

O Paulinho da Força, por sua vez, também sozinho num voo comercial, ficou quietinho enquanto os passageiros atrapalhavam sua leitura.

Acesse e confira esse vídeo:

Isolados, xingados e acusados: a dura vida dos politicos

Reforma de Temer prevê aposentadoria aos 70 anos de idade



De acordo com a proposta de reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso pelo governo interino de Michel Temer, a partir da aprovação do texto, a idade mínima para aposentadoria passaria a 65 anos, e uma segunda faixa, de 70 anos, seria aplicada daqui a 20 anos para uma futura geração.

Hoje, a idade média das pessoas se aposentarem é de 54 anos; centrais sindicais resistem à mudança; querem a manutenção da regra 85/95 (soma entre idade e tempo de contribuição para mulheres e homens, respectivamente) e pedem, em vez de mudanças estruturais no sistema, que o governo faça uma fiscalização rigorosa nos gastos com os recursos previdenciários.

“Queremos que o governo abra a caixa-preta da Previdência. O trabalhador não é o responsável pelo déficit que existe no sistema”, disse ontem o vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Pesquisa Ipsos: Temer já e rejeitado por 70%


Divulgada pelo colunista José Roberto de Toledo, a primeira pesquisa sobre a imagem do interino Michel Temer mostra resultados muitos ruins; ele é rejeitado por 70% da população brasileira, num empate técnico com a presidente Dilma Rousseff (75%), uma vez que a margem de erro é de três pontos percentuais.

No entanto, enquanto a imagem dela vem melhorando, a dele piora; o levantamento do instituto Ipsos também revela que a classe política foi dizimada, pois nomes como Lula, Aécio, Marina, Serra e Alckmin têm rejeição superior a 50%.

Salvam-se apenas candidatos a "salvadores da pátria", como os juízes Sergio Moro e Joaquim Barbosa.

Ciro: Temer é "chefe da bandidagem"


Em entrevista ao DCM na TVT, ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes atribui ao ex-presidente Lula a responsabilidade por ter levado Michel Temer a ser vice em 2010. “É testa de ferro da bandidagem corrupta. Como pode botar um cara desse de vice?”.

Sobre FHC, disse que, para se manter no governo, o ex-presidente "deu rasteira" no hoje senador Tasso Jereissatti, ex-governador do Ceará, que caminhava para a candidatura presidencial tucana em 1998.

Segundo Ciro, FHC promoveu um processo de privatizações que foi uma “imundice” e fez acordo com o PFL para emplacar a emenda da reeleição – “num processo em que se soube quem vendeu, quem comprou e nada se fez”.

“Velha política ameaça a Lava Jato”, diz Transparência Internacional


Para o presidente da Transparência Internacional, organização voltada ao combate à corrupção de influência mundial, José Ugaz, "na ausência de novas lideranças, existe um risco real de que a velha política consiga sabotar os avanços da luta contra a corrupção".

Questionado sobre ministros do governo interino de Michel Temer citados na Lava Jato, afirma que, “lamentavelmente, não vemos melhora substancial com a mudança de autoridade no mais alto nível, e isso mostra um problema de corrupção estrutural”

Ele cita ainda um agravante: "Há sinais preocupantes de desmobilização da cidadania".