sábado, 5 de março de 2016

Depoimento de Lula é ‘tendência’ global, e mídia vê risco de violência

Brasilianismo/Daniel Buarque, 04/03/2016


Notícias internacionais sobre investigação relacionada ao ex-presidente Lula chegaram ao topo do Google Trends

Menos de uma hora depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido levado para depoimento na Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, na manhã desta sexta-feira (4), o Brasil já se tornava uma “tendência'' internacional – um dos temas mais lidos e comentados na internet de todo o mundo. Centenas de notícias sobre a nova fase da operação Lava Jato e a condução coercitiva do ex-presidente foram publicadas em diferentes idiomas na imprensa internacional, e é fácil imaginar que o mundo está atento ao momento turbulento por que passa o país.

Às 9h da manhã, a publicação quase simultânea de mais de 400 reportagens publicadas em inglês mencionando o ex-presidente fizeram com que Lula chegasse ao topo das “tendências'' de navegação do Google, o “Trends'', que indica temas mais buscados e lidos na internet (não apenas no Brasil). Em inglês, o Google destacava reportagens que relatavam a investigação contra ele. Alguns desses textos mencionavam erroneamente que Lula havia sido “detido'' – o que na verdade não ocorreu, pois foi apenas levado para prestar depoimento.

O termo 'Lula' no topo dos assuntos mais
comentados no Twitter global
O tema também dominou as redes sociais. Durante todo o dia, o nome do ex-presidente foi a palavra mais usada do Twitter global. “Lula'' apareceu desde cedo no topo dos Trending Topics de todo o mundo – o que foi impulsionado tanto por mensagens de críticas quanto de apoio a ele.

O tom inicial da repercussão internacional sobre o depoimento do ex-presidente foi seco, mais noticioso de que analítico. É normal que a cobertura internacional dê atenção primeiro aos fatos, para depois começar a publicar análises mais aprofundadas.

Isso é o que se pode ver na cobertura dos portais dos principais veículos internacionais. Em sua reportagem sobre o depoimento de Lula, o “New York Times'' explica que o Brasil está vivenciando uma onda de investigações contra corrupção em meio a uma grave crise econômica e política. “A ação contra Lula levanta questões sobre seu futuro político e as ambições do Partido dos Trabalhadores de se manter na Presidência'', diz. O espanhol “El País'' informou que foram feitas buscas na casa do ex-presidente a rede britânica BBC chegou a dar uma notícia como urgente: “Polícia do Brasil faz buscas na casa de Lula''.

Além das acusações, a importância política de Lula para o país e sua popularidade ganharam destaque na maioria das publicações internacionais.

O site da rádio pública dos Estados Unidos, NPR, destacou que a investigação “tocou no homem que já foi chamado de 'político mais popular da Terra'''. A rede de TV CNN se referiu a Lula como “ex-presidente incontrolavelmente popular'', e destacou que o PT acusou a ação de ser motivada por interesses políticos. Na rede de economia Bloomberg, o comentarista John Fraher disse que é muito difícil subestimar a dimensão da importância do ex-presidente. “Ele é a figura mais importante da política brasileira nas últimas duas décadas'', explicou, chamando o depoimento de uma virada “dramática'' para o Brasil.

A revista norte-americana “Americas Quarterly'' foi uma das
primeiras   a fazer uma avaliação mais ampla da nova fase
da Lava Jato envolvendo  o ex-presidente
Em meio a uma onda de reportagens mais noticiosas de que analíticas, a revista norte-americana“Americas Quarterly'' foi uma das primeiras a fazer uma avaliação mais ampla da nova fase da Lava Jato envolvendo o ex-presidente. Apesar de ter uma tendência mais liberal, a avaliação inicial foi equilibrada a respeito dos possíveis efeitos da ação contra Lula, e demonstra preocupação a respeito dos efeitos disso para a democracia brasileira.

“A detenção de Lula mostra que ninguém está acima da lei, mas também traz o risco de violência nos próximos dias''. A preocupação está no título do texto escrito por Brian Winter, editor-chefe da “AQ'' e autor de quatro livros sobre a América do Sul: “Não deixem o Brasil se tornar a Venezuela''.

Segundo a “AQ'', revista editada pela Americas Society and Council of the Americas, as próximas 72 horas vão ser críticas para o futuro da democracia brasileira, enquanto manifestantes denunciam “golpe'' e prometem “guerra''.

“O Brasil não é a Venezuela – é um país grande com instituições democráticas fortes e em funcionamento, uma grande valorização do pluralismo e pouca história recente de violência política. Mas também é verdade que Lula não é um político comum. Mais de que isso, ele é um símbolo que muitas vezes é difícil para estrangeiros (e até alguns brasileiros) entenderem'', diz a publicação.

As suspeitas contra Lula e a defesa do ex-presidente ponto a ponto

(Um esclarecimento muito claro e a prova que Lula está sendo perseguido politicamente)

Wellington Ramalhoso/Do UOL, em São Paulo, 04/03/2016

Juca Rodrigues/Framephoto/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Lula recebeu apoio de militantes do PT após depor à Polícia Federal

Investigado na 24ª fase da operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nega que tenha se beneficiado do esquema de desvio de recursos da Petrobras. Nesta sexta-feira (4), ele teve de depor à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. Havia contra ele um mandado de condução coercitiva, quando o investigado é levado a depor por policiais.

Segundo o próprio Lula e o advogado Cristiano Zanin Martins, que o representa, o ex-presidente respondeu a perguntas idênticas às feitas para ele em outros depoimentos que deu à Polícia Federal. Confira as suspeitas contra ele e os argumentos de sua defesa ponto a ponto.

Apartamento no Guarujá (SP)

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Procuradores investigam a propriedade do apartamento tríplex no Guarujá

O ex-presidente vem declarando à Receita Federal e à Justiça Eleitoral a posse de uma cota da cooperativa referente ao condomínio Solaris, na praia das Astúrias, no Guarujá (litoral de São Paulo). Lula alega que isso não significa que seja o proprietário de um apartamento tríplex no local, como suspeita o Ministério Público.

A construção do prédio era uma iniciativa da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), e Marisa Letícia, mulher de Lula, comprou uma cota da cooperativa por cerca de R$ 286 mil em valores corrigidos. A cooperativa entrou em crise e repassou o empreendimento à OAS em 2009.

No fim de janeiro, a assessoria de Lula informou que a cota da família correspondia ao apartamento 141, uma unidade padrão com 82,5 metros quadrados. O casal perdeu, porém, a reserva da unidade. O 141 foi, então, vendido a outra pessoa. Como ainda detinha a cota, a família poderia adquirir outro apartamento no prédio.

O Ministério Público Federal afirma que há "evidências de que o ex-presidente recebeu, em 2014, pelo menos R$ 1 milhão sem aparente justificativa econômica lícita da OAS, por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento tipo tríplex, número 164-A".

Lula diz que não é dono da unidade e ironizou a suspeita ao fazer um pronunciamento na sede do PT em São Paulo nesta sexta. "Eles dizem que o apartamento que é meu, mas não é meu. Eu quero saber quem é que vai me dar esse apartamento quando esse processo terminar porque o apartamento não é meu", declarou.

"Dona Marisa tinha uma cota parte de uma cooperativa, fez pagamentos de várias parcelas. Depois, quando houve a transferência do empreendimento para a OAS, ela poderia optar entre comprar um apto da OAS usando aquele crédito ou pedir o resgate. O que ela fez? Ela foi ver o apartamento, decidiu não comprar o apartamento e pediu o resgate da cota, pediu de volta o valor que ela havia investido. E até hoje ela ainda não recebeu. Então, ela só investiu dinheiro, não recebeu dinheiro desse empreendimento", afirmou nesta sexta o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o ex-presidente.

Sítio em Atibaia (SP)

Jefferson Coppola/Revista Veja
Sítio em Atibaia (SP) frequentado por Lula e familiares

A família de Lula tem usado um sítio em Atibaia (SP) para lazer e descanso. A propriedade está em nome de Fernando Bittar e de Jonas Suassuna, sócios de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente. Fernando é filho de Jacó Bittar, antigo amigo de Lula.

O Ministério Público suspeita que Lula comprou a propriedade, em 2010, por R$ 1,5 milhão "mediante interpostas pessoas" e diz que há "fortes indícios de que, entre 2010 e 2014, recebeu pelo menos R$ 770 mil sem justificativa econômica lícita de José Carlos Bumlai e das empresas Odebrecht e OAS, todos beneficiados pela corrupção no esquema Petrobras".

O advogado Zanin Martins alega que Bittar e Suassuna compraram o sítio com recursos próprios. "A propriedade do sítio de Atibaia pertence a dois empresários que têm lastro econômico e financeiro e fizeram o pagamento [da compra] com cheque administrativo. Não tem como fugir desses fatos. Não há nenhuma razoabilidade se cogitar que o ex-presidente teria a propriedade desses imóveis".

Em nota, o Instituto Lula rebateu as acusações relacionadas aos imóveis e disse que a operação Lava Jato força a inclusão do nome de Lula entre os suspeitos. "É de pleno conhecimento, não só dos investigadores da Lava Jato, mas da imprensa e da sociedade brasileira, que nem o apartamento do Condomínio Solaris nem o Sítio Santa Bárbara em Atibaia pertencem ou pertenceram, direta ou veladamente, ao ex-presidente Lula. A persistência nessa tese, desmontada pelos documentos e pelos fatos, é um atestado da parcialidade que orienta a investigação, claramente voltada para ´encaixar´ o nome do ex-presidente nas teses dos procuradores, mesmo que seja na marra".

Instituto Lula e palestras

Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Instituto Lula, criado em 2011

O Ministério Público afirma investigar "pagamentos vultosos feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras, em razão de suspeitas levantadas pelos ingressos e saídas dos valores".

Os procuradores detalharam o peso dos repasses dessas empresas nas contas do instituto e da empresa. "A maior parte do dinheiro que ingressou em ambas as empresas, ao longo de 2011 a 2014, proveio de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. No Instituto Lula, foram 20,7 milhões dentre 35 milhões que ingressaram. Na LILS, foram 10 milhões dentre 21 milhões".

O Instituto Lula alega que seu financiamento é "semelhante ao de instituições ligadas a outros ex-presidentes no Brasil e em outros países, exceto por jamais recebido doações de empresas públicas".

Também afirma que não há problema com os valores repassados ou pagos pelas empresas investigadas. "A informação de que palestras contratadas por estas empresas e doações feitas ao Instituto Lula têm os valores apresentados pela Lava Jato é sensacionalista, (...) não há crime algum nesses valores. Todos os valores foram recebidos com o devido registro e impostos pagos".

A empresa LILS Palestras e Eventos, diz o Instituto, "foi criada em 2011, tendo como sócios o ex-presidente Lula e Paulo Okamotto, para gerenciar, dentro da lei, as atividades do ex-presidente Lula como palestrante".

De acordo com o Instituto, "desde que deixou o governo, Lula fez 72 palestras para 40 empresas do Brasil e do exterior, dos mais diversos setores". A assessoria do ex-presidente reconhece que ele foi contratado para dar palestras em empresas investigadas, mas afirma que o mesmo aconteceu com "outros ex-presidentes da República no Brasil".

Mudança e acervo de Lula

Jonathan Ernst/Reuters
Lula e o presidente Barack Obama durante encontro em 2009, na Casa Branca

O Ministério Público afirma que há "fortes indícios de pagamentos dissimulados de aproximadamente R$ 1,3 milhão pela empresa OAS em favor do ex-presidente, de janeiro de 2011 a janeiro de 2016, para a armazenagem de itens retirados do Palácio do Planalto quando do fim do mandato". O contrato, prosseguem os procuradores, foi feito entre a construtora OAS e a empresa armazenadora, "falsificando-se o documento para dele constar que se tratava de 'armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS´".

Lula diz que foi o presidente que mais recebeu presentes [objetos] na história, o que compôs o acervo de sua gestão. O Instituto Lula alega que a mudança de Brasília foi providenciada pela Presidência da República, "da mesma forma como procedeu com seus antecessores, nos termos da lei 8.394/91 e do decreto 4.344/2002".

O instituto nega que a mudança tenha sido paga pela OAS. "É absolutamente falsa a informação de que a mudança do ex-presidente Lula de Brasília para São Paulo teria sido paga por uma empresa, e que parte dos objetos teria sido levada para o apartamento do Guarujá que não pertence e nunca pertenceu ao ex-presidente Lula".

A assessoria de Lula também declara que o acervo foi dividido em partes. "A maior parte foi levada para uma empresa de guarda-móveis, parte para o apartamento de Lula em São Bernardo e parte para o Sítio Santa Bárbara [em Atibaia], com anuência dos proprietários. Parte deste acervo está em processo de catalogação e tratamento para cumprir a legislação, em projetos coordenados pelo Instituto Lula, a exemplo do que é feito com o acervo privado de outros ex-presidentes brasileiros".

sexta-feira, 4 de março de 2016

Dilma condena coerção de Lula

Ela desmonta delação que Delcidio não delatou


A Presidenta Dilma Rousseff manifestou, nesta sexta-feira (4), o que chamou de "absoluto inconformismo com o fato de Lula, que várias vezes compareceu de forma voluntária para esclarecimentos, seja submetido a uma desnecessária condução coercitiva".

De acordo com a Presidente, "o respeito aos direitos individuais passa pela adoção de medidas proporcionais, que não impliquem em providências mais fortes que as necessárias para esclarecer os fatos".

Mais cedo, o próprio Presidente Lula comentou a 24a fase da Operação Lava-Jato de que é o alvo. (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/lula-nao-vai-abaixar-a-cabeca)

Na entrevista de hoje, a Presidenta repetiu os argumentos do Advogado-Geral da União, José Eduardo Cardozo, sobre a suposta delação do senador Delcídio Amaral.

"Eu quero me manifestar não só meu inconformismo com o vazamento da suposta delação do Delcídio. Em 2014, prestei informações sobre Pasadena com base em documentos das reuniões. Com base nos documentos, o Produrador Geral da República determinou o arquivamento da investigação. Isso foi noticiado pelos jornalistas", reforçou.

Delegado da PF espinafra Moro

Condução coercitiva? Qua qua qua!



No GGN:
por Armando Rodrigues Coelho Neto

Está em curso uma guerra ao PT vendida ao grande público como combate à corrupção. Mentira. Na prática existe a preparação da sociedade, sobretudo os setores menos esclarecidos, para aceitaram qualquer medida truculenta ou raivosa contra o direito, contra o ex-presidente Lula. Serve de exemplo a operação de hoje.

Em mais de 30 anos de Polícia Federal, nunca vi uma condução coercitiva sem ser precedida, no mínimo, por duas intimações não atendidas. Querem a cabeça do Lula para ser exibida em praça pública ou seguir a escrita de produzir capa para a revista Veja no final de semana, melhorar a audiência do decadente Jornal Nacional e ou outras razões inconfessáveis.

Um linchamento moral está em curso e medo de urna não se explica. Operadores do Direito, alguns dos quais muito falantes e requisitados para programas de televisão, têm estado silentes quanto à arbitrariedades. Não sei como se comportarão na de hoje. Tudo em nome do “bem maior” revelado ou implícito: “Fora PT”.

Em nome desse “bem maior”, as camadas mais pobres vem sendo preparadas pela dita “grande mídia” para aceitar a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Hoje teve “test drive”. Insatisfeitos com a verdade formal, a pretexto de buscar a verdade real, o que seria razoável, partiu-se pro vale tudo.

Vale tríplex, barquinho de lata, pedalinhos, qualquer coisa que possa alimentar à caça ao Lula. Pouco importa que o tríplex tenha vínculos similares com a mansão dos Marinhos. Pouco importa que a custa disso outras personagens queiram aparecer. 

A situação é tão esdruxula, que recentemente um site jurídico advertiu ironicamente os advogados: cuidado! Uma batida de trânsito em frente do prédio da Petrobrás, no Rio de Janeiro, pode ter a decisão deslocada para a cidade de Curitiba. Pela camaleônica labilidade, o foro exclusivo já se permite a terceirização, de maneira que, do mesmo modo que nunca ficou muito clara a figura de Sérgio Moro como juiz natural de tudo. Do mesmo modo, não soa cristalina a intervenção do Ministério Público de São Paulo, que a propósito não parece sequer fazer o seu dever de casa.

A rigor, não se pode dizer que a sociedade esteja sendo informada, mas sim insuflada a compactuar com a guerra ao Partido dos Trabalhadores, até em programas de culinária. Vale depoimento de MMA derrotado ou roqueiro decadente. Vale insuflar com notícias não claras, dirigidas, seletivas.

Alguns observadores mais ousados já haviam chamado a atenção para excessos, como a coação nos depoimentos. Conforme a conveniência da investigação da PF, supervisionada pelo Ministério Público e chancelada pela Justiça Federal primária, prisões cautelares ou preventivas são realizadas com ou sem vazamento. Ambas, segundo rumores, acabam tendo uma consequência comum: prende-se, dá uma canseira e os presos começariam a receber visitas de “aconselhadores” para que aceitem fazer “delação premiada”. Vale vazar uma acusação sem prova, desde que sirva de manchete para a mídia porca de plantão.

Aos mais novos posso lembrar “pau-de-arara”, “maricotas”, “cadeira de dragão”, métodos pródigos em confissões viciadas. Hoje, o pau-de-arara é light e invisível, de onde brotam controvertidos atos de contrição.

Não se trata de ser contra a Lava Jato. Nem de desqualificar meus colegas de trabalho. Não lhes posso atribuir a vergonhosa arbitrariedade de hoje, pois devem estar cumprindo ordem, ainda que revestida de certa tirania.

O espectro restrito das ações, a obsessão por um só partido, uma só época, o vazamento seletivo, as exceções, as postagens de delegados federais nas redes sociais tudo isso macula um trabalho, que se sério fosse, se ocuparia da corrução.

A aparente falta de isenção faz a Lava Jato tem um quê de jogar para a plateia. Consta que seu condutor-mor faz palestras, nas quais pede que o povo vá para as ruas protestar. Consta ter recebido prêmios de instituições que estariam sob supostas investigações, e até participado de lançamento de candidaturas.

Na esteira dessa anomalia e estado de exceção, “Medalhões da Advocacia” estão levando chocolate de um juiz de primeira instâncias, enquanto as instâncias revisoras estão acuadas pela mídia visivelmente partidarizada.

Enquanto isso, milhares de inquéritos sobre crimes de monta claudicam nas delegacias de crimes financeiros da Polícia Federal, em todo o Pais. Quem são os acusados? Qual o valor das fraudes? Qual o exato tamanho do roubo? Ninguém sabe. Certamente fraudes imensas que correm em sigilo sem cobertura da imprensa, sem que se saiba quantas intimações deixaram de ser atendidas e ou se foram ou não conduzidos coercitivamente.

Quantos processos fiscais aguardam indefinidamente decisão para serem convertidos em processo ou não ninguém sabe. Fraudes bravas e impunes que mofam nos escaninhos da Receita Federal sujeitas a recursos e mais recursos.

Não. Depois de hoje, mais que nunca ficou claro. Não há combate à corrupção e sim guerra ao PT. Vejo o estado aparelhado ao contrário, enquanto as instituições envolvidas na Operação Lava Jato estão perdendo a oportunidade de fazer uma efetiva limpeza no País. Certamente entrará para história. Não como uma operação que livrou o pais da corrupção, mas de haver atuado como força auxiliar de um golpe de estado ensaiado desde o fechamento das urnas nas últimas eleições presidenciais.

A Operação Lava Jato, com seu pau-de-arara invisível, caçam Lula como não caçam Chicos, Cunhas, Marinhos, HSBC, envolvidos na Operação Zelotes e outros. Hoje, exatamente hoje, ficou bem claro que a roupa preta do juiz Sérgio Moro desbotou de vez e já exibe, descaradamente, os seus 45 tons de cinza.

Armando Rodrigues Coelho Neto - Delegado de Polícia Federal aposentado e jornalista, ex-representante da Interpol em São Paulo

Lula depõe no circo, FHC, em casa


"Enquanto Lula foi submetido a um ritual que lembra a 'prisão para averiguações', tratamento bruto que o país reservava aos brasileiros antes da democratização, Fernando Henrique Cardoso também foi chamado a dar explicações sobre um escândalo de seu governo - mas o fez em segredo, no conforto de casa", compara Paulo Moreira Leite, colunista do 247.

"O principal ensinamento do episódio não envolve culpas e suspeitas contra cada um, mas o tratamento diferenciado entre Fernando Henrique e seu sucessor. FHC foi ouvido em casa sobre um depoimento ao qual não poderia se furtar, pois era testemunha. Também pode alegar razões patrióticas para fazer segredo sobre o conteúdo de contas secretas no exterior. Empregou um diretor-geral da PF para ter certeza de que não haveria vazamentos e ninguém achou que deveria dar maiores explicações a respeito", lembra o jornalista.

Em carta a Moro, Fernando Morais se prontifica a provar palestras de Lula


"Há alguns anos venho acompanhando o ex-presidente em suas viagens pelo Brasil e exterior para levantar informações para o livro que estou escrevendo sobre um período de sua vida pública. Acredito tê-lo acompanhado em mais de dez viagens internacionais. De memória, lembro-me de ter estado com o ex-presidente no México, Portugal, África do Sul, Moçambique, Etiópia, Índia, Alemanha, França, Espanha e Cuba", diz Fernando Morais, em carta a Sergio Moro.

"Em todos os casos ele realizou, sim, as palestras para as quais havia sido contratado. Em alguns dos referidos países, mais de uma".

Requião vê “molecagem” da parceria Globo-Moro


"Condução coercitiva desnecessária, absurdo BBB da Globo, MP e Justiça Federal. Molecagem festejada por alienados e prejudicial ao direito", publicou o senador Roberto Requião (PMDB-PR) em sua conta no Twitter.

"Eu, Lula e qualquer cidadão devemos responder por nossos atos. Mas o espetáculo midiático da Globo, MP e juiz foi ilegal e fere o direito", acrescentou o parlamentar.

O fósforo foi riscado



A colunista Tereza Cruvinel avalia que a força-tarefa da Lava Jato decidiu cruzar o Rubicão, com sua ação contra o ex-presidente Lula.

"As chamas vão subir, é possível que haja confrontos físicos, podendo até correr sangue. Já nesta sexta-feira os dois lados em que o Brasil foi dividido vão se defrontar em manifestações. O balanço deve ser enviado ao juiz Sergio Moro, dono da caixa de fósforos", diz ela.

"A 'solução final' está em curso mas não será uma solução, assim como as câmaras de gás não acabaram com os judeus nem garantiram o poder eterno ao nazismo. É possível que estejamos mesmo diante de uma nova era, mas não porque será o fim do PT ou de Lula ou de Dilma. Será uma nova era porque estaremos, como já escreveu Janio de Freitas, de volta aos anos 50 ou anteriores, em que os golpes comandavam a história pela força das baionetas. Hoje, pela força judicial de uma Lava Jato, dos procuradores e de uma PF que tem bandeira politica, não tarefa de Estado".

Lula: “antes deles já éramos democratas”


Ex-presidente Lula chora e desabafa ao comentar a operação da Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal; "Não precisava ter mandado coerção na minha casa hoje de manhã, na casa dos meus filhos. Mas lamentavelmente eles preferiram utilizar a prepotência, a arrogância, e fizeram um show, um espetáculo de pirotecnia. É lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a imprensa", disse.

"O que aconteceu hoje era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça", declarou, em coletiva transmitida na televisão. 

Mais cedo, em um vídeo divulgado na internet, Lula criticou o juiz Sérgio Moro: "Se o juiz Moro, se o Ministério Público quisesse me ouvir, era só mandar um ofício", afirmou.

Ao falar sobre Marisa, ele disse: "ela merecia respeito".

Raull Santiago: O alvo não é Lula, são todos os pobres


O integrante do Coletivo Papo Reto Raull Santiago afirmou em suas redes sociais: "LULA não é o alvo, mas todos nós da base de resistência popular, os que vivem o lado desigual no que diz respeito à desigualdade social. Nós que fomos olhados não apenas como parte do povo em sua gestão do país, mas também como humanos, aqueles que com os direitos violados durante anos, enfim puderam dar um passo, onde deixariam para traz o extremo, do extremo do submundo onde existe, por exemplo, a fome". Raull conclui: "Mas uma população que aplaude o derramamento de sangue nas favelas não irá se importar quando o alvo é um ex-presidente, por este ser LITERALMENTE popular e por isso ser perseguido"