segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Argentina entre a crise de governabilidade e a ditadura mafiosa

Se trata da formação de um sistema ditatorial guiado pelos EUA
(Imagem: de dona Mancha)

O Conversa Afiada reproduz, da Carta Maior, texto de Jorge Beinstein:


Se trata da formação de um sistema ditatorial com rosto civil que tem claros antecedentes internacionais e é guiado pelo aparato de inteligência dos EUA

Já se destacou até o cansaço que, pela primeira vez em um século, no dia 10 de dezembro de 2015, a direita chegou ao governo sem ocultar seu rosto, sem fraude, sem golpe militar, através de eleições supostamente limpas, se trata de um grande novidade.

Mas é necessário esclarecer três coisas:

Em primeiro lugar, é evidente que não se tratou de “eleições limpas”, mas sim de um processo assimétrico, completamente distorcido por uma manipulação midiática sem precedentes na Argentina, ativada há vários anos e que finalmente derivou num operativo sofisticado e avassalador. Consumada a operação eleitoral, a presidenta que saía foi destituída poucas horas antes de entregar a faixa presidencial através de um golpe de Estado “judiciário”, demonstração de força do poder real que estabelecia, desse modo, um precedente importante, na verdade o primeiro passo do novo regime.

Isto nos leva a um segundo esclarecimento: o kirchnerismo não produziu transformações estruturais decisivas do sistema, introduziu reformas que incluíram vastos setores das classes baixas, saciou demandas populares insatisfeitas (como o julgamento de protagonistas da última ditadura militar), implantou uma política internacional que distanciou o país do submetimento integral aos Estados Unidos e outras medidas que se impuseram às estruturas e grupos de poder pré existentes. Mas não gerou uma avalanche plebeia capaz de neutralizar as bases sociais da direita, não quebrou os pilares do sistema (seus aparatos judiciais, midiáticos, financeiros, transnacionais, etc) não desarticulou a ofensiva reacionária. A alternativa transformadora radicalizada estava completamente fora do script progressista, a astúcia, o jogo hábil e seus bons resultados em curto e médio prazo maravilharam o kirchnerismo, o levou por um caminho sinuoso, acumulando contradições marchando rumo a uma derrota final. O governo que terminou nunca propôs uma transgressão dos limites do sistema, um salto por cima da institucionalidade elitista-mafiosa, das panelinhas judiciais influenciadas pelo partido midiático, pelos personagens destacados de uma lúmpen burguesia que aproveitou o restabelecimento da governabilidade pós 2001-2002 para curar suas feridas, recuperar forças e renovar seu apetite.

Como era previsível, as classes médias, grandes beneficiárias da prosperidade econômica dos anos do auge progressista, não tiveram uma reação de gratidão para com o kirchnerismo, e sim o contrário. Incentivadas pelo poder midiático, ela retomou os velhos preconceitos reacionários, sua ascensão social reproduziu formas culturais latentes provenientes do velho gorilismo, do desprezo à “negrada”, sintonizada com a onda regional e ocidental de aproximação dessas classes médias ao neofascismo. Não se tratou, portanto, de uma simples manipulação midiática, manejada por um aparato comunicacional bem organizado, mas sim do aproveitamento das irracionalidades ancoradas no mais profundo da alma do país burguês.

A terceira observação é que o fenômeno não é tão novo. É verdade que o processo de manipulação eleitoral se insere no declínio do progressismo latino-americano, o que foi realizado de forma impecável por especialistas de primeiro nível, certamente monitorados pelo aparato de inteligência dos Estados Unidos, não deveríamos esquecer que antes da chegada do peronismo, em 1945, a sociedade argentina foi moldada durante cerca de um século de república oligárquica (que não foi abolida durante o período dos governos radicais, entre 1916 e 1930), deixando rastros culturais e institucionais bem profundos, atravessando as sucessivas transformações das elites dominantes, como uma espécie de referência mítica de uma época onde supostamente os de cima mandavam através de estruturas autoritárias estáveis.

Nesse sentido, é uma curiosa casualidade, carregada de simbolismo, o fato de que foi o presidente “cautelar instantâneo”, Federico Pinedo imposto pela máfia judicial, o encarregado de entregar o bastão presidencial a Macri. Federico Pinedo: neto de Federico Pinedo, uma das figuras mais representativas da restauração oligárquica dos Anos 1930, bisneto de Federico Pinedo Rubio, intendente de Buenos Aires no final do Século XIX e depois deputado nacional durante um prolongado período, representante do velho partido conservador. Seguir a trajetória dessa família permite observar a ascensão e a consolidação do país aristocrático colonial, construído desde mediados do Século XIX. O longínquo descendente daquela oligarquia foi o encarregado de entregar os atributos do mando presidencial a Mauricio Macri, que por sua parte é herdeiro de um clã familiar mafioso de raiz ítalo-fascista, instaurado por um “governo de gerentes”. Os avatares de um golpe de Estado instantâneo, estabelecendo um vínculo histórico entre a lúmpen burguesia atual e a velha casta oligárquica.

Para ler a matéria toda, acesse o link: Argentina entre a crise de governabilidade e a ditadura mafiosa

Para que lado penderá esta história? A resistência popular terá a resposta.

Tradução: Victor Farinelli

Constatação

Temer encerra o ano com dois desempregados na mão - Moreira Franco e Eliseu Padilha - e nenhuma ideia na cabeça.

Palmério Dória

PT, CUT e MST empurram Dilma para a esquerda


Depois de debelar a batalha do impeachment com a ajuda da militância petista e de movimentos sociais, como a CUT e o MST, a presidente Dilma terá, agora, que administrar as cobranças; nesta segunda-feira, a central sindical comandada por Vagner Freitas divulgou uma pesquisa apontando que 90% dos trabalhadores são contra a reforma da Previdência.

O líder do MST, João Pedro Stédile, afirmou que o movimento não aceitará "nenhum desempregado a mais" e para completar, o presidente do PT, Rui Falcão, cobrou "ousadia" da área econômica.

Até agora, o discurso de Dilma e de seu novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, mantém a defesa do ajuste fiscal. No entanto, os aliados que foram às ruas em defesa da legalidade condicionam seu apoio e querem um governo mais à esquerda.

Governadores se unem contra o arrocho fiscal


Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, recebeu nesta segunda-feira, 28, propostas de dez governadores, aliados e de oposição, para o governo federal ajudar os estados a superar a crise financeira; entre outros pontos, os governadores querem que a União volte a autorizar operações de crédito pelos estados.

Um fundo garantidor para que os estados e municípios possam firmar parcerias público-privadas; a regulamentação dos novos indexadores das dívidas dos estados e que estados e municípios possam cobrar dos planos de saúde o atendimento de conveniados que procuram o SUS.

Participaram do encontro Geraldo Alckmin (PSDB- SP), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Rui Costa (PT-BA), Ivo Sartori (PMDB-RS), Marconi Perillo (PSDB-GO), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Wellington Dias (PT-PI) e Paulo Câmara (PSB-PE)

FHC ou a tragédia da elite brasileira


"FHC tornou-se a triste caricatura desse fracasso da velha elite brasileira. De teórico da transição conservadora e de presidente de uma nota só – a estabilidade monetária -, de social democrata a um reles neoliberal -, tornou-se um golpista sem ideias e sem apoio popular", diz o colunista Emir Sader.

"A tragédia da trajetória de FHC resume, de forma exemplar, o fracasso da elite tradicional brasileira diante de um pais que teve revelado todo o seu potencial com o governo Lula e que busca seu reencontro com esse caminho, derrotando, uma vez mais, a FHC e a direita brasileira".

O desemprego no mundo

Os piores e os ainda piores de 2015


Pior ator: Michel Temer. Depois de ter se destacado por muitas temporadas no papel de “Mordomo de filme de terror” atraindo atenção para a verossimilhança com a sua vida real, decepcionou seus fãs partindo para um papel cômico em “Trair e coçar é só começar”, no qual não convenceu nem o público nem a crítica.

Pior cantada: “Dizem por aí que você é muito namoradeira”. Foi com essa que Dom Juan levou todo aquele mulherio para cama.

Pior vinho: o que Katia Abreu jogou na cara do Serra. Ninguém desperdiça um bom vinho nem com a pior cantada do mundo.

Melhor figurino: Supremo Tribunal Federal. Meu Deus, quem corta aquelas capas? Batman morreria de inveja.

Pior figurino: Sérgio Moro. Continua tentando combinar gravatas pretas com camisas idem.

Pior novela: “Impeachment”. Autoria de Eduardo Cunha (sob pseudônimo), direção de Eduardo Cunha (completamente sem direção), com Eduardo Cunha no papel principal. Motivos do fracasso: um enredo inverossímil, sem consistência, péssimos atores, muitas brigas nos bastidores derrubaram o ibope de capítulo para capítulo até ser retirado do ar

Pior Suplicy: Marta Suplicy

Exportador do ano: Eduardo Cunha. Em plena crise mundial conseguiu vender para a África, sem fazer o menor alarde e sem ajuda do BNDES muitas toneladas de carne em lata e nem precisou matar os bois ou emitir notas fiscais.

Pior roteiro de fuga: Delcídio do Amaral, que planejava tirar Nestor Cerverò do Brasil pelo Paraguai e depois largá-lo na Espanha onde seria confundido com um quadro do Picasso.

Melhor gravação: Bernardo Cerveró

Pior troca de partido: Marta Suplicy, que, não suportando mais a companhia de envolvidos da Lava Jato no seu partido trocou-o pelos envolvidos na Lava Jato do outro partido

Troféu Bola de Ouro: José Maria Marin - as bolas acorrentadas a seus pés são de ouro maciço cuja origem está sendo investigada pela Interpol

Pior enredo: “Vai indo que eu não vou”, de autoria de Aécio Neves, criado especialmente para os desfiles de rua pela volta de Dom Sebastião os quais estimulava, mas não ia

Pior pássaro: Hélio Bicudo que, na muda, não canta

Pior cidade do mundo: Curitiba

Pior lugar para curtir um porre: Leblon

Troféu Vivo Sem: Lula, que nunca teve, não tem e nunca terá telefone celular

Pior strip-tease: Maytê Proença – ou não fala que tira e não tira ou fala que tira e tira, mas falar que tira e não tirar é caso para anular todo o campeonato da série B e começar tudo de novo

Drama do Ano: Esperando Janot. Quando ele resolveu agir, o ano acabou.

Pior ex-presidente com mais de 80 anos: Fernando Henrique Cardoso. Levou a melhor porque Sarney passou o ano calado.

O PSDB vai desmoralizar Janot como desmoralizou Moro

Basta o Janot seguir o "método de Grandis"

A reportagem do DCM que o Conversa Afiada reproduziu é a comprovação inequívoca da deslavada roubalheira que os tucanos construíram em torno de Furnas, sob a batuta do Aecim, o pior e mais nefasto homem público do ano, segundo a judiciosa avaliação do Paulo Nogueira.

Faz tempo que o Procurador Geral recebeu de políticos mineiros o dossiê completo sobre a roubalheira de Furnas, de onde segue a reportagem do DCM.

Não há um único motivo a justificar a passividade de Janot diante de provas muitas vezes confirmadas e ratificadas por exaustivos trabalhos na Justiça.

Janot já exibe em seu morinho currículo ter esperado Cunha perder a serventia.

Enquanto Cunha foi útil ao Golpe, Janot não o importunou.

Agora, Janot se prepara para macular o Ministério Público com o mesmo partidarismo que manchou irremediavelmente o trabalho do Dr Moro, que se notabilizou por aplicar um " não vem ao caso", diante do mais tênue indício de que se aproxime de uma roubalheira tucana.

É a síndrome do notável Procurador de Grandis: quando vem ao caso, a gente esquece o tucano na gaveta!

O Cerra do trensalão lá adormece !

Janot argumenta que o depoimento do Youssef não basta para incriminar Aecim.

Youssef só serve para denunciar roubalheira de petista.

É o método morinho de Guantánamo.

Mas, e os documentos que Rogerio Correia e agora o DCM revelam?

Esquece o Youssef.

Faz de conta que as delações dele não prestam.

O que dizer dos juízes e promotores que comprovaram repetidamente, inequivocamente a deslavada roubalheira tucana?

Viva o Brasil !

O Brasil do Moro, do Janot e do Gilmar (PSDB-MT).

Se o Moro não prender o Lula com a ajuda da PF do , a história lhe reservará o papel dos salvadores da Pátria: será um tuiteiro ilustre.

Moro não quebrou a Petrobras, a engenharia pesada nem derrubou a Dilma.

A Casa Grande espera dele prender o Lula, como a última e derradeira missão.

Se fracassar é como se nem tivesse feito a prisão do preso José Dirceu.

Do Janot a Casa Grande espera passar a mao na cabeça do Aecim.

Basta não fazer nada.

Mandar o dossiê do Rogerio Correia ao Procurador de Grandis.

E Janot entrará à História pela mesma porta por que passaram seus ilustres antecessores.

Antonio Fernando de Souza, o do Ali Babá e os 40 ladrões, que depois se dedicou à enobrecedora tarefa de defender Daniel Dantas !

Janot também se encontrará no vale do opróbrio com o Gurgel, de saudosa memória !

É o Brasil que o Chico Buarque definiu: em que um dos partidos se compõe de bandidos .- bandidos impunes.

Paulo Henrique Amorim, em Conversa Afiada, 28/12/2015

Ponte para o futuro vai do nada a lugar nenhum

Barroso defende seu voto e critica "paixão cega"


Autor do voto que foi seguido pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso critica distorções que políticos e a mídia têm feito de seu posicionamento sobre o rito do impeachment proposto contra a presidente Dilma Rousseff.

Segundo ele, o entendimento da corte 'não mudou uma linha sequer' do processo contra o ex-presidente Fernando Collor: "O noticiário tem sido pouco factual nessa questão do impeachment, muito opinativo, em que as pessoas misturaram um pouco fato com opinião, e acho que apresentaram erradamente a decisão final do Supremo nessa matéria. O problema é que as pessoas se apaixonaram, e a paixão cega. E aí as pessoas começam a ver de um ângulo errado, houve muitas notícias erradas, as pessoas que ficaram infelizes com a decisão gostam de truncar as coisas também", diz Barroso.