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domingo, 30 de agosto de 2015
Acusação contra Aécio: pau que bate em Chico bate em Francisco?
Acusação a Aécio Neves foi completamente ignorada pelos jornais
No caso de Aécio Neves, o silêncio da imprensa ensurdece
Na batalha de Itararé, confronto inexistente, em que se transformou sua sabatina no Senado, o procurador-geral Rodrigo Janotrecorreu a um surrado ditado para jurar isenção e senso republicano: “Pau que bate em Chico bate em Francisco”. Foi uma resposta às provocações inúteis do senadorFernando Collor, denunciado no escândalo da Petrobras por Janot, a quem chama de Janó.
Reconduzido a mais dois anos de mandato por 59 votos a 12, o procurador negou um acordão com o Palácio do Planalto para denunciar Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e assim liquidar uma pedra no sapato do governo. Na longa sessão, driblou a oposição, ainda em busca de elementos para tentar derrubar Dilma Rousseff, e escapou dos petistas que reclamaram da seletividade do Ministério Público nas denúncias, pois próceres oposicionistas implicados no esquema têm sido solenemente ignorados, caso do senador tucano Aécio Neves.
No dia anterior, em depoimento à CPI da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef voltara a afirmar que o presidenciável do PSDB recebia propina de Furnas, estatal do setor elétrico, conforme lhe relatara o falecido José Janene, ex-deputado do PP, compadre do contraventor e sócio no esquema. Youssef foi bem detalhista: seriam 150 mil reais por mês, repassados à irmã de Aécio Neves. É um relato muito mais preciso do que as referências ao ex-presidente Lula e a Dilma. Nesses casos, o doleiro afirmou acreditar que, dadas as circunstâncias e a magnitude da roubalheira, eles deveriam saber do esquema.
Ao menos em relação ao comportamento dos meios de comunicação, está provado: pau só dá mesmo em Chico, nunca em Francisco. Se as ilações contra Lula e Dilma mereceram extensa cobertura midiática às vésperas das eleições do ano passado, a acusação contra o tucano foi completamente ignorada pelos jornais. Silêncio ensurdecedor.
Fonte: Carta Capital, 29/08/2015
Globo ataca Lula, criminaliza suas ações, vive na Guerra Fria e inferniza o Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva, a maior personalidade política da América Latina e a liderança mais popular e reconhecida em âmbito mundial é aqui, no Brasil, tratado como criminoso por grupos empresariais, a exemplo das Organizações(?) Globo, que desde a década de 1920 inferniza a rotina política, econômica e social do povo brasileiro, bem como o atrasa em seu desenvolvimento e luta contra sua emancipação, cujo propósito fundamental é não permitir a plena cidadania da maioria do povo brasileiro.
| Davis Sena Filho Articulista  | 
Useira e vezeira em cometer ilegalidades políticas e criar crises ou superdimensioná-las, a família Marinho não se faz de rogada e, para ter seus interesses empresariais e políticos concretizados, ataca violentamente qualquer pessoa que seja considerada sua inimiga, e por causa disto tal adversário tem de ser destruído, desqualificado, incriminado, desconstruído e humilhado.
Muitos políticos e empresários cederam e abaixaram a cabeça, o que não é o caso de Lula, porque este político de caráter moral ilibado e ideologicamente socialista e trabalhista não foi cooptado pela casa grande, ou seja, pelo status quo. De forma alguma, como não o foram, Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes e tantos outros, que não sucumbiram ao canto de sereia da direita brasileira, uma das mais perversas e violentas do mundo, de essência escravocrata e princípios sectários e elitistas.
Lula vai ser atacado e desrespeitado violentamente pelos magnatas bilionários das Organizações (nome sugestivo) Globo, um truste midiático poderoso, a serviço dos interesses internacionais e que não bate prego em estopa, porque, na verdade, esses empresários são mancomunados com a plutocracia, que domina os meios de produção, em todos seus matizes e segmentos, principalmente no que tange a apoiar e se aliar aos bancos internacionais, às grandes petroleiras e aos grupos comerciais, em todas suas diversificações, no sentido de abrir e conquistar os mercados internos dos países pobres e em desenvolvimento, notadamente aqueles, como o Brasil, que possuem legislações que protegem seus mercados e seus produtos.
Não é à toa que tais organizações(?) defendem, sistematicamente, a mudança de modelo do Pré-Sal, bem como a abertura do mercado para as construtoras internacionais, após os diretores, executivos e presidentes de empreiteiras brasileiras serem envolvidos e punidos pela Justiça por causa da Operação Lava Jato, controlada por um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, que ganha salários pornográficos de R$ 70 mil, além de atuar e agir de forma seletiva e imprudente, pois política.
Atos e ações de tal magistrado que fazem milhões de brasileiros, que não votaram no PSDB, a desconfiar seriamente de um Judiciário que faz politica, tem lado, preferências, cor ideológica, além de vazar inquéritos, documentos e filmagens, ao invés de se orientar e se ater aos autos dos processos, bem como ter o silêncio como sua profissão de fé. Mas, o que esperar de juízes, promotores e delegados que se comportam como astros e estrelas que iluminam seus sapatos, que trilham por caminhos que não se sabe onde vão dar, a não ser ao vazamento criminoso e anticonstitucional de informações, que deveria estar em segredo de justiça, porque muitos dos acusados não tiveram suas culpabilidades comprovadas, além de não terem sido julgados e, quiçá, condenados.
Eis que uma parte da população brasileira age dessa forma irresponsável e criminosa, a imitar as más ações e as péssimas condutas dos magnatas bilionários de imprensa ao inflar um boneco gigante com o presidente Lula a lembrar um presidiário, sem, no entanto, o líder trabalhista não ter incorrido em crimes, não responder a processos e não ser acusado nos tribunais brasileiros de qualquer malfeitos ou ilegalidades.
Quem comete crime contra a honra, pois difama, calunia e injuria, são os responsáveis por colocar o boneco infamante nas ruas e considerar que é "normal" e "justo" afrontar com virulência um cidadão que foi presidente da República, sem observar se está a cometer crimes ou não. Cidadãos de perfis conservadores, eleitores de partidos de direita, que apresentam como proposta o modelo neoliberal para a economia, que foi derrotado na América Latina e que afundou os países deste continente em dívidas, porque levou suas economias à bancarrota, além de aumentar exponencialmente a miséria em quase todos os países, inclusive os europeus e os Estados Unidos, que desde 2008 lutam para superar a crise econômica e o desemprego.
O neoliberalismo é excludente para os povos de diferentes nações, pois privilegia apenas os bolsos dos ricos. Este é o problema e a verdade das derrotas eleitorais da direita e de grupos radicais e reacionários como as Organizações(?) Globo, que se colocam como linha de frente no combate político e agridem, sem parar, o ex-presidente Lula. E por quê? Porque Lula representa a continuidade do desenvolvimento brasileiro de caráter nacionalista. Ponto. Não interessa a esses empresários riquíssimos e moralmente apátridas que o Brasil efetive uma diplomacia independente e não alinhada aos Estados Unidos e aos grandes países europeus.
Programas e projetos desenvolvimentistas do Governo Federal, como os dos setores de energia, nuclear, espacial, construção civil, químico, petrolífero, banda larga, agropecuário, naval, dentre muitos outros nunca avançaram tanto, como ocorreu nos governos dos presidentes trabalhistas, Lula e Dilma, que deram uma outra dinâmica ao País, ao investir pesadamente na economia interna e conquistas novos parceiros comerciais, a exemplo dos países africanos, sul-americanos, latino-americanos, oriente médio, asiáticos e europeus, notadamente os da região leste da Europa.
Esta magnífica colcha de retalhos diplomática é obra do presidente Lula e de seu chanceler, Celso Amorim. Nem o grande estadista Getúlio Vargas, que também efetivou uma diplomacia arrojada, ao ponto de industrializar o Brasil, que deixou de ser rural, realizou uma diplomacia tão ampla e independente, o que levou o Brasil a ser, pela primeira vez em termos mundiais, um importante protagonista, de língua portuguesa, e um dos criadores dos Brics, do G-20, da diplomacia Sul-Sul, da Unasul, além de fortalecer o Mercosul, bem como defenestrar e eliminar as pretensões da Alca, dominada pelo governo dos Estados Unidos e defendida no Brasil pelos políticos do PSDB e do DEM — o pior partido do mundo. Sempre os tucanos e os demos, a nadar contra a maré e a trair os interesses legítimos do Brasil e de seu povo.
Agora a família alienígena e apátrida dos Marinho coloca a presidenta Dilma Rousseff um pouco para escanteio, mas sem deixar de desqualifica-la, e mira suas baterias sórdidas a um alvo maior, porque a mandatária está no seu último mandato, e Lula é virtual candidato do PT à Presidência da República. E se tem alguma coisa que este grupo midiático, cúmplice e agente do golpe de 1964 e aliado, inconteste, da ditadura militar tem pavor é de presidentes trabalhistas no poder. Desde 1930...
As ilações, "denúncias" e acusações veiculadas pelos O Globo, Época e Jornal Nacional é um acinte e desrespeito à inteligência e à sensatez alheia. Mesquinhos e medíocres, os jornalistas desses verdadeiros partidos panfletários de direita e de oposição fazem o jogo sujo de seus patrões, sem ao menos avaliar a bagunça que podem causar à política brasileira, que se encontra em crise, porque o PSDB ainda não desceu do palanque após dez meses do fim das eleições, vencidas por Dilma Rousseff, bem como a família Marinho e suas congêneres ainda estão inconformadas e continuam encolerizadas por não mais influenciar quanto às políticas públicas, os programas de governo e os investimentos determinados e definidos por quem ganha as eleições, no caso Lula e Dilma — do Partido dos Trabalhadores.
Depois de O Globo e Época tentarem escandalizar a simples compra de apartamento por parte da esposa de Lula, dona Marisa Letícia, bem como criminalizar as palestras do líder petista, agora a revista Época, panfleto incendiário e ordinário, que no passado usou os serviços do bicheiro e presidiário Carlinhos Cachoeira para desestabilizar os governos Federal e do Distrito Federal, resolve, por intermédio da edição de ontem do Jornal (anti)Nacional dedicar seis minutos virulentos contra o ex-presidente Lula. O motivo da agressão foi o Porto de Mariel, em Cuba. A Odebrecht, empresa que é dez vezes maior que as Organizações(?) Globo, é a responsável pela construção da obra.
A questão principal da reportagem repleta de patifarias, distorções, meias-verdades e mentiras do Jornal Nacional é que Lula fez gestões para que o porto fosse construído. O JN se baseou para fazer a matéria mequetrefe e rastaquera na revista Época, que neste momento está a ser processada pelo petista, que respondeu por meio do Instituto Lula que "Os jornalistas da Época deveriam saber que todos os grandes países disputam mercados internacionais para suas exportações. E que não fosse o firme empenho do governo brasileiro, para o qual o ex-presidente Lula contribuiu, talvez o estratégico porto de Mariel fosse construído por uma empresa chinesa, ou os cubanos estivesses assistindo novelas mexicanas".
E complementou: "Neste momento histórico, em que EUA e Cuba reatam relações e o embargo econômico americano está prestes a acabar, a revista Época {e o Jornal Nacional} volta no tempo a evocar velhos fantasmas da Guerra Fria e títulos de livros de espionagem". É verdade. A direita brasileira e os porta-vozes da casa grande escravagista são extremamente ideológicos e, indubitavelmente, queriam um Brasil pequeno, a servir a poucos e ser um País meramente exportador de matéria prima. Depois a burguesia provinciana, amante do retrocesso, de alma reacionária e atrasadíssima socialmente passaria suas férias no exterior, e pronto. A vida seria muito melhor, um deleite para essa gente politicamente subalterna ao establishment mundial, sem escrúpulo e que odeia o Brasil.
Nada é aleatório quando se trata dos magnatas bilionários, os donos da Globo, de passado e presente golpistas e ideologicamente direitistas, que não aceitam os resultados eleitorais, pois inconformados que estão porque mandatários trabalhistas administram o Brasil há 13 anos, com competência maior do que a deles e de seus candidatos tucanos e aliados, que venderam irresponsavelmente o patrimônio do País, ao tempo que quebraram o Brasil três vezes, porque foram ao FMI três vezes, além de deixarem as nossas reservas internacionais em frangalhos.
A quem interessar, as Organizações(?) Globo, inclusive, não respeitam seus "princípios" jornalísticos tão amplamente divulgados. Nunca vi escorpiões com princípios. Quem tem um pingo de discernimento e sobriedade sabe disso. E dou um exemplo. No passado, demitiram um dos empregados mais influentes das organizações(?) — o Ricardo Boechat. Em 2001, o jornalista foi acusado de estar envolvido em grampo, segundo matéria da Veja — a Última Flor da Fascio. Boechat foi gravado a conversar com Paulo Marinho, ex-assessor do empresário Nelson Tanure, atual proprietário do Jornal do Brasil online.
O diálogo gravado era sobre uma disputa empresarial com o pessoal do Daniel Dantas. A "reportagem" de Veja acabou com a carreira de Boechat no O Globo. Sua conduta foi criticada duramente pelo "imortal" Merval Pereira, tucano e conspirador de carteirinha, que até hoje nada diz sobre a conduta de Eumano Silva, editor da revista Época, publicação que supostamente se envolveu com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, como o fez a Veja, por intermédio de seu editor Policarpo Jr.
A verdade é que Cachoeira subsidiava informações à Época (Globo) e à Veja (Abril), porque o bicheiro exercia a função de pauteiro "informal" dessas duas publicações de péssima qualidade editorial, pelo motivo de serem autoras de um verdadeiro e autêntico jornalismo de esgoto. Agora, vamos a pergunta que não quer calar: a moral, os bons costumes e o combate à corrupção dessas velhas mídias são seletivas? Respondo: são! Só não vê quem não quer.
Quem não quer ver são as pessoas que concordam com a moral, os valores e os princípios da família Marinho e de seus empregados de confiança. Lula iniciou sua via crucis quando anunciou, em Minas Gerais, sua intenção de concorrer à Presidência do Brasil. Definitivamente, o líder trabalhista virou alvo. Porém, ele está correto em deixar claros e evidentes seus propósitos políticos e eleitorais.
Afinal, Lula era alvo até quando estava quieto. Mais do que isto. O petista foi alvo da direita, e de forma cruel e impiedosa, até quando foi vítima de câncer. Já que o atacam por nenhum motivo, melhor é ser alvo dos conservadores com motivos. É isto mesmo: quem está na chuva é para se molhar. Nada melhor do que entrar no ringue e também poder bater. Oficialmente... PS: Alguém tem que avisar à família Marinho que a Guerra Fria acabou. Depois os esquerdistas são os dinossauros. Que o digam as passeatas em prol do golpe militar dos coxinhas paneleiros de barrigas cheias. É isso aí.
Fonte: Brasil 247, 30/08/2015
Pedalada no Senado prejudica Petrobrás
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acolheu pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA) e encerrou a comissão especial que teria 45 dias para debater o projeto de lei de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que derruba a exigência de a Petrobrás atuar como operadora única dos campos do pré-sal. Com isso, o texto segue para votação no plenário, como desejavam os parlamentares entreguistas, favoráveis ao fim da exigência de participação mínima de 30% da companhia nessas áreas.
| Renan Calheiros, sono proposital | 
Os governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, foram à Brasília participar da sessão, mas, pela terceira vez consecutiva, a reunião foi cancelada por falta de quorum. Com o fim da exigência de participação mínima da Petrobras nos campos do pré-sal, empresas privadas que atuam no setor poderiam também ser operadoras (líderes de consórcios).
O vice presidente da AEPET, Fernando Siqueira, alerta para o alto risco que a Petrobrás está correndo. “O PMDB já convidou o Serra para ser o candidato pelo partido em 2018. Portanto, apoia o projeto Serra. Já Renan, entregando o pré-sal e o País, fica bem com o cartel e com a mídia”, resume.
Fonte: Rogério Lessa/AEPET, 27/08/2015
sábado, 29 de agosto de 2015
Pixuleco e a humanização dos desalmados
Acordo com uma enorme vontade de fazer nada. abro a janela e o mar me convida. lá embaixo, estranhos pedestres.
O meu vizinho, grave e sisudo, destes que não dão bom dia, sempre com uma gravata a enforcá-lo, atravessa a rua com chinelos de dedo, bermudão e camiseta branca. 
Lépidamente.
| Lelê Teles Articulista  | 
A filha pequena brinca com o cãozinho; a esposa, sempre elegante - chapéu enorme - carrega uma bolsa de palha de coco: imagino o que vai dentro: cangas, protetor, livro, baldinho e pá para coletar os excrementos do shitzu. 
Sorriem como gente humana. 
É sempre assim. nos finais de semana, aquelas máquinas burocráticas voltam a ser gente. 
Pisam na areia, gargalham, compram fuleiragens dos ambulantes para a filhinha e sorriem até para aqueles vendedores de queijo sapecado na brasa.
Olho pro meu pranchão, olho pra mesa do escritório, tem lá uma caneca de chá fumegando e pão integral. 
Decido ler e escrever. 
A praia que se dane, que se danem aqueles humanos de fim de semana.
Abro o note e vejo uma foto linda, mas muito linda mesmo da cartunista Laerte, sentada num sofazão, ao lado do neurocientista dread Carl Hart.
Sorrio.
Corro a minha timeline e, pelas barbas de Bin Laden, pululam imagens de Pixuleco. 
Há uma espetacular, o âncora da Globo fecha as persianas para que o Boneco Inflado não apareça, mas o sacana bota a cabecinha por trás do ombro do cabra.
Gargalho.
Fico sabendo, olhos ainda com remela, de que uma jovem estudante mitou ao desinflar aquele acinte. 
Um furico e Pixuleco desabou na frente dos retardados online.
Lembrei-me de Merval Pereira. 
Quando atacaram o Instituto Lula - reparem que a casa leva o nome do cabra - o imortal desumanizou o ato. disse que se tratava de um mero artefato inócuo que provocara apenas um furico numa parede externa do edifício.
Lembrei, na crônica que escrevi sobre o caso, que bastava um mero furico na testa de Merval e ele deixaria de ser imortal.
Antes de começar a escrever esta crônica, vejo esse print no site do Azenha. o print dizia exatamente o que eu pensava em escrever. 
Para a moçada do Globo, Pixuleco não era somente um bonecão abjeto que mostrava Lula como um prisioneiro; era o próprio Lula cativo, sob a guarda dos Retardados Online. 
Por isso as expressões superlativas: esfaqueou, armaram uma emboscada, polícia pericia...
Por incrível que pareça, os Revoltados, sempre altivos, estavam de cabeça baixa, tristes, olhando para o boneco murcho, como se chorassem a morte do único Lula que aprenderam a amar, um suposto Lula prisioneiro.
Essa era uma espécie de humanização daquela aberração. todo mundo precisa de um Lula para chamar de seu.
No entanto, o Lula de Manu era outro. carne e ossos. mas que também tinha suas representações simbólicas.
Manu era do tipo que sabia que abraçar o Instituto Lula era como dar um abraço no ex-presidente. e atacar o Instituto era atacar o seu homônimo.
Por isso, Manu desejou a morte simbólica daquela aberração. porque ela ia se impondo na mídia marrom, a substituir o Lula real. 
Ao "matar" Pixuleco, Manu desumanizou o godzila da direita. era como se dissesse: vejam, isso é apenas um boneco inflado, não é Lula, Lula é esse que aparece sorridente comigo aqui no meu Facebook.
Fiquei com uma vontade danada de abraçar Manu. 
Olho para o meu pranchão, estico as canelas, alongo a espinha. é, acho que vou à praia. lá, fagueiro, abraçarei meus vizinhos agora humanos. 
E direi entre prantos e sorrisos:
Mataram Lula, Lula está vivo.
Fonte: Brasil 247, 28/08/2015
O dia em que um senhor de 80 anos reacendeu uma chama na esquerda
José Mujica, ex-presidente do uruguai, falando na Concha Acústica da UERJ
As nuvens cinza que se aglomeravam no céu carioca previam a vinda de uma chuva das fortes, na tarde desta quinta (27). Apesar disso, desde as 14h, a Concha Acústica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), um local sem cobertura, começava a se encher de pessoas. Até o fim da tarde, o espaço, que comporta seis mil pessoas, já estava lotado.
Os desavisados poderiam apostar que todo aquele público estava ali para ver uma celebridade internacional da música ou do cinema, mas não imaginariam que o motivo era político: quem apareceria era o ex-presidente do Uruguai, José Mujica.
E o que nem mesmo as pessoas que estavam ali imaginavam era que, em pouco mais de uma hora, aquele senhor de 80 anos reacenderia uma chama na esquerda carioca.
Com jeito simples e olhar pacato, Mujica inflamava o público com suas falas, destoantes do clássico discurso político pré-moldado e decorado. Mujica falava de suas experiências de vida mais do que de práticas políticas. E falava de política, aplicada à vida.
O ex-guerrilheiro tupamaro aplicava em seu discurso a verdadeira práxis revolucionária teorizada por Marx. “Nunca vamos ter um mundo melhor se não lutarmos para mudar a nós mesmos”, “temos que viver como pensamos, porque, se não, acabamos pensando que vivemos” dizia Mujica.
O público, formado majoritariamente por militantes de movimentos de esquerda, ouvia atentamente cada fala, preenchendo suas pausas com aplausos ou palavras de ordem. Ouviu-se seis mil vozes gritarem “não à redução”, “não vai ter golpe” e “se cuida imperialista, a América Latina vai ter toda socialista”.
Assim, em uma única noite, o ex-presidente de um país centenas de vezes menor que o Brasil conseguiu unir diversos movimentos e mostrar a força da esquerda quando unida e ciente de suas pautas. Todos ali presentes gritavam por pautas específicas e convergentes. Todos gritavam contra a redução da maioridade penal, a favor da democracia, pelo fim da guerra às drogas e, acima de tudo, por uma sociedade mais humana e menos materialista, por uma alternativa à selvageria que o capitalismo impõe.
A água da chuva, por fim, não veio. O que surgiu ali foi fogo. Pepe Mujica se despediu com um pedido: “eu não quero aplausos. Quero apenas manter a chama da luta acesa em todos vocês. Lutem, porque a vida é luta”.
Abaixo, algumas das falas de Mujica:
"O alimento para o desejo permanente de transformação da alma vem de dentro da gente".
"Queridos, a nossa crise é de valores e se queremos mudança precisamos mudar a cultura. Não há mudança sem que mudemos a cultura da ética e da economia".
"Não vale a pena viver para pagar contas. Vivam para que possam beijar e caminhar com os seus filhos".
“Não há homem imprescindível, há causa imprescindível. Sem a força coletiva não somos nada”.
“Esta democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”.
“Meus queridos, ninguém é melhor do que ninguém. Tenho que agradecer a sua juventude pelas recordações de tantos e tantos estudantes que foram caindo pelos caminhos de nossa América Latina. Vocês têm que seguir levantando a bandeira. Na vida, temos que defender a liberdade. E ela não se vende, se conquista. Fazendo algo pelos outros. Isto se chama solidariedade. E sem solidariedade não há civilização.”
"Não devemos deixar de nos ver brasileiros, mas temos de nos entender como latino-americanos".
“Temos que pensar como espécie não só como país. Os pobres da África não são da África, são também nossos.”
“Não temos que imitar a Europa ou ao Japão. Não podemos querer o desenvolvimento com dor e angústia, desenvolvimento com felicidade para todos. A generosidade é o melhor negócio para a humanidade e o pior dos negócios são os bancos.”
“Essa etapa da sociedade capitalista tem que ter uma cultura que permita o seu desenvolvimento. Não podemos confundir o consumo com felicidade.”
“Eu creio que estão em crise os valores da nossa civilização. Essa etapa do capitalismo não gera puritanos, mas gera corrupção. Não estamos numa idade de aventura, mas uma idade de sepultura.”
“Os únicos derrotados no mundo são os que deixam de lutar, de sonhar e de querer! Levantem suas bandeiras, mesmo quando não puderem levantar!”.
Fonte: O Cafezinho, 28/08/2015
Política econômica do Levi só beneficia os bancos
| Miguel do Rosário Blogueiro  | 
As grandes fortunas, a CPMF e a batalha da comunicação
Quando eu falo que o maior problema do governo é a comunicação, imagino as pessoas torcendo o nariz. Uma logo pensa em rebater: não, não é! É a política! Outro se indigna: claro que não, o principal problema é a corrupção!
O próprio governo parece não saber o que é comunicação, o que significa que também esqueceu como fazer política.
Comunicação não pode ser confundida com a sua prima ordinária, a propaganda, nem com sua tia esnobe, as relações públicas. 
Pensada no sentido mais pleno, mais profundo, a comunicação é alma que dá vida às línguas, à política, à arte.
A comunicação tem o poder de transformar o mundo.
Hoje os maiores lucros do planeta estão em mãos de empresas de comunicação, tanto as ligadas às novas tecnologias (Google, Facebook, Apple), quanto àquelas do setor de telefonia e celular (Nokia, Motorolla, etc).
O setor de entretenimento, uma das áreas mais nobres da comunicação, já se tornou a atividade econômica mais importante dos Estados Unidos, e o seu segundo maior gerador de divisas.
No setor militar da potência número 1 do planeta, a área de comunicação é uma das mais estratégicas e que mais recebe novos investimentos.
A CIA foi engolida pela NSA, a agência secreta americana especializada em espionar o mundo inteiro usando tecnologias de comunicação.
O grande capital mantém a sua hegemonia ideológica no mundo através dos meios de comunicação, que formam hoje uma vasta rede internacional.
Lembro-me quando o editor da Época, Diego Escosteguy, publicou uma mentira sobre Lula na revista, e foi rapidamente desmentido pelos fatos, ele procurou se apegar ao fato de sua mentira ter sido reproduzida ad infinitum por dezenas, quiçá centenas, de órgãos de imprensa mundo afora.
São todos submetidos ao mesmo padrão editorial, determinado pela matriz.
Se a ordem, por exemplo, é disseminar clichês mentirosos sobre a Venezuela e o Irã, é incrível como todos se engajam com disciplina.
A mentira da Época repercutiu lá fora, e com isso, voltou para dentro do país com força para se tornar uma verdade. Mais tarde, tornou-se efetivamente uma verdade: o ministério público do Distrito Federal abriu um inquérito sobre Lula.
Vamos trabalhar um caso concreto, aqui no Brasil.
O Cafezinho apoia o imposto sobre grandes fortunas e a volta da CPMF, dois tributos que estão na pauta do debate público.
A CPMF foi derrubada essencialmente pela Globo, que publicou inúmeros editoriais e matérias manipuladoras e mentirosas, várias das quais foram inclusive lidas por senadores na tribuna. Desde sua derrubada até hoje, a ausência do imposto retirou centenas de bilhões de reais da saúde pública.
Seguramente, a aprovação do governo e a popularidade da presidenta estariam bem melhores hoje se a CPMF houvesse sido mantida.
Muitos casos de corrupção, além disso, teriam sido combatidos na raiz, visto que a CPMF permitia um monitoramento minucioso, por parte das autoridades, da circulação de dinheiro entre os agentes econômicos.
Ficamos ainda mais contentes em saber a CPMF será destinada, em boa parte, diretamente aos municípios.
Isso daria a autonomia financeira que as cidades mais precisam - paralelamente, claro, ao aumento na transparência no uso desses recursos, para que não sejam escoados no ralo dos gastos inúteis, ou desviado para o bolso de políticos e empresários.
Felicitamos, portanto, a presidente e o governo por decidir abraçar essas duas ideias, a CPMF e o imposto sobre grandes fortunas.
Ambas são medidas racionalmente impecáveis, tanto do ponto-de-vista fiscal e como do social.
Concordamos, no entanto, com o presidente do senado, Renan Calheiros, que afirmou que a iniciativa sobre a CPMF pode ser um tiro no pé.
Eu diria que ambas podem ser.
Não no pé de Renan, claro. Ao contrário, a discussão pela volta da CPMF serviu de bola para Renan cortar.
Ele tem a chance de aparecer na capa do site do Senado, e em toda a parte, como um heroi da economia.
Sem resolver o problema da comunicação, tudo que o governo faz é, por essência, errado.
Errado e/ou destinado à derrota.
Errado inclusive politicamente. O debate sobre a CPMF irrita os grandes industriais, o setor que, ao lado da Globo, patrocinou uma agressiva campanha para derrubar o imposto.
Ou seja, justamente no momento em que industriais e bancos dão uma mão ao governo em sua luta para não ser derrubado por um golpe paraguaio ou hondurenho, o governo apoia duas iniciativas tributárias que os irritam profundamente.
E isso num momento em que o governo parece mais distante do que nunca dos movimentos sociais.
Pior, num momento em que os movimentos sociais encontram enorme dificuldade para mobilizar o povo em apoio ao governo.
O que fazer, diria Lenin?
Sem querer parecer pretensioso, mas já sendo um pouco, eu respondo: comunicação.
Antes de tomar qualquer iniciativa, o governo deveria lançar um grande programa de comunicação.
O "Dialoga" é uma iniciativa importante, mas, francamente, eu não entendi o que se trata. Ninguém entendeu. Então não é um programa de comunicação muito bom, certo? Pode ser um caminho, mas é preciso uma estratégia maior, e que envolva diretamente toda a população.
Reduzir e organizar os custos de telefonia e internet, e ao mesmo tempo melhorar sua qualidade, por exemplo, poderia ser uma medida justificável junto ao poder econômico, para elevar a produtividade no país. Com internet mais barata, as pessoas poderão comprar mais.
Afetaria a vida de cada um dos brasileiros, reduzindo o custo de vida e abrindo, com isso, o caminho para a recuperação econômica.
O Estado poderia oferecer uma quantidade enorme de serviços via internet, reduzindo seus custos.
O Judiciário poderia reduzir o custo em quantos bilhões, se uma série de atividades presenciais fossem substituídas por operações feitas à distância?
O apoio do governo à taxação das grandes fortunas, para ser efetivo, para não soar como um projeto demagógico, uma cortina de fumaça lançada apenas para agradar um setor do movimento social, deveria se materializar através de uma grande campanha de esclarecimento à população sobre a questão tributária.
Precisamos saber como a coisa é feita em outros países, em especial no mundo desenvolvido.
Se o governo quiser aprender como se faz uma campanha, pergunte ao Ministério Público Federal, que tem várias campanhas no ar. Eles fazem hotsites, comerciais de TV, seus membros dão entrevistas sobre o assunto.
O MP, que não é um órgão político, faz muito mais política que a Presidência da República, que é um órgão puramente político.
O brasileiro precisa de informação.
Falar "imposto sobre grandes fortunas" deixa entrever uma falsa fumaça revolucionária, o que pode ser perigoso para um governo que não tem, efetivamente, nenhuma energia ou discurso revolucionários.
Qualquer iniciativa do governo, para ser bem sucedida, precisaria ser acompanhada de um grande esforço de comunicação, e não há nada de revolucionário, comunista ou bolivariano nisso.
Ao contrário, com uma grande reforma de comunicação, o governo teria mais instrumentos para lutar pela estabilidade e isso ajudaria a resolver uma série de problemas econômicos.
Por falar em problema econômico, o governo registrou um pesado déficit de R$ 7 bilhões em julho. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o déficit é de R$ 9 bilhões.
O ajuste fiscal, que foi uma estratégia econômica e política (o governo escolheu falar apenas disso) resultou no fracasso que se esperava.
Ao deprimir a economia, reduziu-se a arrecadação. Ou seja, o Estado aumentou juros, cortou despesas, e o resultado foi mais inflação, menos arrecadação, deterioração fiscal, declínio da aprovação do governo,  instabilidade política, produzindo um ciclo negativo vicioso.
Em Souvenirs (Recordações de 1848), Tocqueville, então deputado, lembra que alertou seus pares sobre os perigos que pairavam sobre a França, caso o governo não mudasse de atitude. Vale repetir um trecho aqui, porque é parecido com o que eu tenho dito ao governo:
"Senhores, eu vos suplico não agir assim; eu não peço, eu suplico; eu me ponho de joelhos perante vocês, tanto eu creio que o perigo é real e sério, tanto eu estou convicto de que meus alertas não são uma vã forma de retórica. Sim, o perigo é grande! Afastem-no, enquanto ainda há tempo; corrijam o mal por meios eficazes, não atacando seus sintomas, mas o mal em si mesmo".
Em seguida, Tocqueville explica que, apesar da importância de mudanças legislativas, ou da conveniência de se mudar alguns quadros governamentais, isso ainda não é o essencial. O essencial é mudar o espírito do governo.
"Por Deus, mudem o espírito do governo, porque, eu reitero, esse espírito vos conduzirá ao abismo."
Tocqueville estava certo. Alguns dias ou semanas depois, a monarquia francesa seria - desta vez para sempre - derrubada por uma revolução. Uma revolução que começou muito mal, com a eleição de um demagogo reacionário, Luis Bonaparte, o qual, logo em seguida, dá um golpe de Estado e instaura uma sinistra ditadura, que censurou a imprensa e aboliu a liberdade política na França.
A mesma história é contada por Marx, sob outro ponto-de-vista, em seu genial "O 18 de Brumário de Luis Bonaparte".
Se Dilma não mudar o espírito de seu governo, se não fizer um grande mudança na comunicação de governo, se não mudar uma política econômica completamente esquizofrênica, baseada num ajuste fiscal que provoca, ao contrário do que ele busca, um déficit fiscal crescente, na qual apenas os grandes bancos, e só eles, aumentam seus lucros, ela não será derrubada por tucanos golpistas, e sim por seus próprios eleitores.
Fonte: Brasil 247, 28/08/2015
Após uma década de avanços, a economia brasileira corre risco, segundo Marcelo Neri
Um dos maiores especialistas do país em distribuição de renda, o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, diz que o Brasil vive um "filme dramático" após uma década de avanços. "Nossa trajetória positiva dos últimos anos está em risco."
| Ex-ministro e economista da  FGV, Marcelo Neri  | 
Ex-presidente do Ipea e ex-ministro da SAE/PR, Neri diz que os mais pobres vinham "bombando" por conta do mercado de trabalho até o governo Dilma 2, que agora entra em uma espiral de rápido aumento do desemprego.
"Quando analisamos os motivos de a renda ter crescido e a desigualdade caído, não é tanto por causa do Bolsa Família ou do impacto do salário mínimo sobre a Previdência. O principal foi o peso da renda do trabalho, formal e informal", afirma.
O quadro nesta página mostra o peso da renda do trabalho e de outras fontes entre 2001 e 2013. A renda do trabalho foi preponderante entre os 40% mais pobres e na média da população.
"O pobre da última década não foi uma cigarra consumidora. Mas um trabalhador que teve grande evolução em sua renda por meio do seu esforço." Leia a entrevista:
Folha - Entre 2003 e 2013, o PIB per capita no Brasil cresceu 30% e a renda média, 58%. As chamadas classes A, B e C incorporaram cerca de 56 milhões de pessoas. Para este ano há uma projeção de queda de 2% do PIB e de 0,15% em 2016, com perspectiva de baixo crescimento no futuro. Qual o impacto disso sobre os avanços conquistados?
Marcelo Neri - Nesse período da última década houve uma combinação de elementos que a tornaram especial. Não foi tanto o crescimento do PIB, mas o fato de ele ter crescido de maneira relativamente contínua, o que não acontecia há muito tempo.
O segundo componente é que a renda das pessoas cresceu bem mais do que o PIB. O terceiro é que esse crescimento se deu mais forte na base da distribuição, com a redução da desigualdade.
A combinação dessas três coisas por um longo período gerou esse boom social. É o que a gente pode chamar de um "caminho do meio". Não foi só crescimento, mas houve redução da desigualdade e aumento do bem-estar.
Quando analisamos os motivos de a renda ter crescido e a desigualdade caído, não é por causa do Bolsa Família, que foi importante, mas significou menos de 20% de efeito sobre a desigualdade. Também não foi por causa do impacto do salário mínimo sobre a Previdência, que desempenhou algum papel. O principal foi a renda do trabalho, formal e informal.
O que é mais surpreendente é que desde 2011, quando o PIB parou de crescer, a renda média das pessoas continuou subindo acima do PIB, de maneira até mais forte.
O ano de 2012 foi o do Pibinho. Enquanto a renda per capita subiu 7,5%, o PIB per capita cresceu menos do que 1%. No biênio 2012 e 2013, a renda cresceu 5,5% per capita ao ano, já descontando a inflação, enquanto o PIB andou bastante de lado.
Estamos no final desse ciclo. Vamos voltar para trás agora? Certamente, mas não voltaremos para o começo nem para o meio do caminho, espero. Teríamos que passar por uma crise muito forte, com desajustes crescentes.
Entramos na crise com uma taxa de desemprego bem menor do que em outros momentos ruins, como em 2003 e 1999. Com mais empregos formais e mais gastos sociais. Isso impedirá que a desigualdade aumente drasticamente?
Exatamente. É verdade que a taxa de desemprego está subindo muito rapidamente. Voltamos cinco anos nesse item. Foi uma reversão muito rápida, que veio acompanhada de redução de salários, o que teve um impacto maior na queda da renda.
A fotografia de hoje é mais ou menos a de 2010, quando se cogitava se iríamos entrar ou não em uma situação de pleno emprego. E estamos indo para o outro lado, passando por uma reversão grande e rápida. Mas, levando em conta os níveis das séries, ainda não é muito ruim. O problema é se entrarmos em uma situação de crise crônica.
Estamos vivendo um filme dramático, com reversão de tendências muito rápidas.
Mas ainda temos uma fotografia razoável. É como se o sujeito achasse que tinha ganho na loteria e descobrisse que não, que os números sorteadores eram outros. Ele achou que tinha ido para o céu, mas continua na terra. Não é que ele tenha ido parar no inferno.
O problema é que renda e emprego são os fundamentos da segurança familiar. E estão caindo. Ir do céu à terra pode parecer, para alguns, como ir da terra para o inferno.
Muitos economistas afirmam que a geração da nova classe média foi baseada em mais renda e consumo. Mas que o aumento do crédito foi o grande combustível do processo, que se esgotou agora.
O crédito ajudou nesse ciclo de expansão, mas houve aumento na renda das pessoas. É aquela brincadeira: classe C de "crédito"? De "consumo"? É muito mais de "carteira de trabalho assinada", que foi o que segurou as pessoas. Esse processo continuou até 2014, com alguma flutuação. Vale lembrar que a renda em dezembro de 2014 ainda crescia 2,5% per capita reais (acima da inflação).
Além do aumento da renda entre os mais pobres e da sua melhor distribuição, o que mais houve de avanços nesses 13 anos?
Houve outras mudanças. Em 2000, 45% dos municípios brasileiros tinham um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) abaixo de 0,5. Em 2010, estavam perto de 0,6 (quanto mais próximo de 1, melhor). Houve, portanto, uma transformação profunda. E não é só renda.
Há mais expectativa de vida, mais crianças na escola, etc. Essas mudanças incluíram trabalho formal também. E essa é uma característica fundamental, além da redução da desigualdade com crescimento.
Mas em termos de produtividade o Brasil não fez seu dever de casa. Essa é uma agenda fundamental e é consenso entre os economistas que precisamos dar saltos de produtividade para crescer.
O Brasil também precisa de uma série de reformas, macro e microeconômicas. Outra agenda que encontra muita resistência é da poupança. No Brasil não se acredita muito nas virtudes da poupança. E perdemos uma grande oportunidade de que a crise fosse menos sentida pela população por conta disso. A poupança brasileira hoje equivale a um quarto da das famílias chinesas.
O sr. ainda estava no governo durante a campanha eleitoral de 2014. Ficou claro que houve uma fraude eleitoral, já que Dilma fez tudo ao contrário do que prometeu. Qual sua avaliação?
Não gostei da campanha e isso foi particularmente duro para quem estava lá dentro. Houve um erro na campanha. Até mesmo da própria ótica de quem quer se manter no governo. Não vejo sentido em anunciar que você vai ser expansionista e depois virar conservador de uma hora para outra. Você acaba não ganhando nada com isso. O resultado foi o pior dos mundos.
Entramos em uma grande armadilha. E o problema é que agora estamos em um momento diferente de um debate acalorado e violento de uma campanha eleitoral, que tem uma duração limitada. Ainda faltam três anos e meio até o final do mandato e isso me preocupa muito.
Vai depender das expectativas e da capacidade das pessoas de perceberam que, se não for achada uma solução conjunta, a gente pode acabar perdendo muito mais tempo do que deveria.
Hospital Regional do Tapajós está em construção graças a verba da Taxa Mineral
Hospital Regional do Tapajós, obra do Governo do Estado, na cidade de Itaituba
De acordo com pessoas que tratam do setor, o valor arrecadado pelo governo do estado no ano de 2014 com a cobrança da taxa mineral foi de R$ 361.180.000,00 (trezentos e sessenta e um milhões cento e oitenta mil reais).
A Taxa Mineral foi criada em 2011. Na época até os deputados de oposição elogiaram a iniciativa do governador Simão Jatene de buscar compensações pelo que a atividade mineral do estado deixa de recolher em impostos.
E como grande produtor mineral do estado, o município de Itaituba se beneficia da Taxa Mineral e o retorno desta taxa está vindo através da construção do Hospital Regional, portanto o problema no atraso da construção do HR do Tapajós não é por falta de recursos.
Fonte: Weliton Lima/Blog do Jota Parente, 28/08/2015
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