quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

EUA e Cuba vão reatar relações após meio século

Obama anuncia fim de uma "abordagem ultrapassada" e um "novo capítulo" nas relações com o país vizinho. Anúncio é precedido de uma troca de prisioneiros.

O presidente Barack Obama anunciou nesta quarta-feira (17/12) o início de um processo de normalização nas relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, afirmando que que um "novo capítulo" foi aberto nos laços entre os dois países.

Segundo Obama, é hora de encerrar uma "abordagem ultrapassada", baseada numa política rígida cujas raízes estão em eventos que aconteceram "muito antes de a maioria de nós ter nascido". Essa abordagem não conseguiu trazer avanços às relações entre os dois países, disse.

"Através dessas mudanças, pretendemos criar mais oportunidades para as populações americana e cubana e começar um novo capítulo", disse Obama.

O presidente declarou ainda que pretende ter um "debate honesto e sério" com o Congresso sobre as perspectivas de um total levantamento do embargo comercial que já dura mais de meio século, reconhecendo que com o regime de Havana "o isolamento não funcionou".

Antes do discurso do presidente americano, um alto funcionário da administração americana, citado pela agência de notícias AFP, indicara que ambos os países preveem a retomada de relações diplomáticas e o alívio das sanções econômicas impostas desde 1962.

O funcionário também afirmou que Washington voltará a ter uma embaixada em Havana nos próximos meses. As informações foram divulgadas após o anúncio da libertação do americano Alan Gross, que estava detido há cinco anos em Cuba por espionagem, por razões humanitárias. Os cubanos também libertaram um espião dos EUA e, em troca, os americanos libertaram três prisioneiros cubanos.

Em discurso transmitido simultaneamente ao de Obama, o líder cubano Raúl Castro disse que continuam existindo diferenças entre os dois países, mas saudou a retomada das relações diplomáticas. "Esta decisão do presidente Obama merece o respeito e reconhecimento do nosso povo."

Os dois presidentes haviam conversado por telefone nesta terça-feira, após mais de um ano de conversas secretas entre os dois governos.

Washington e Havana não têm relações diplomáticas oficiais desde 1961. O embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba foi imposto em 1962, depois do fracasso da invasão da ilha para tentar derrubar o regime de Fidel Castro em 1961, que ficou conhecida como o episódio da Baía dos Porcos.

O mesmo responsável, citado pela AFP, afirmou que o papa Francisco e o Vaticano desempenharam um papel fundamental como intermediários para essa aproximação histórica. Castro confirmou a informação e agradeceu ao papa e também ao governo canadense pelo papel fundamental no processo.

Fonte: DW, 17/12/14

Mulher de Lula pegou as chaves de tríplex no Guarujá em junho

Agência O Globo, 16/12/14

Dona Marisa Letícia Lula da Silva, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pegou pessoalmente, no último dia 5 de junho, as chaves do apartamento tríplex que o casal comprou no Edifício Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá, avaliado entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão. A informação é de moradores do condomínio, que também pegaram as chaves de seus apartamentos naquele dia, distribuídas pela OAS, a construtora que finalizou as obras do empreendimento. O edifício foi construído originalmente pela Cooperativa dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que, inadimplente, contratou a OAS para terminar o prédio, com 112 unidades, incluindo a do casal Lula da Silva. Acusada de irregularidades, a Bancoop deixou três mil associados sem receber os apartamentos.

— Todos pegamos as chaves no dia 5 de junho, inclusive dona Marisa — disse ao GLOBO ontem Lenir de Almeida Marques, casada com Heitor Gushiken, primo do ex-ministro Luiz Gushiken, morto em 2013 e que foi também presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Lenir é proprietária de um apartamento no segundo andar, no mesmo Edifício Solaris, onde Lula tem o tríplex. Funcionários do empreendimento também confirmam que dona Marisa já está de posse das chaves.

No dia 7 passado, O GLOBO publicou reportagem mostrando que o casal já tinha recebido o imóvel, no qual fazia obras. Ouvido, o Instituto Lula disse que Lula declarara ao TSE, em 2006, ter adquirido cotas do apartamento. Na sexta passada, porém, o instituto divulgou outra nota com uma versão diferente do que dissera uma semana antes. A nova nota dizia apenas que a obra foi entregue pela construtora em 2013, e que dona Marisa teria adquirido o apartamento numa cota da Bancoop, não tendo decidido ainda se manteria o imóvel ou o devolveria com pedido de ressarcimento do valor investido.

Na segunda-feira, questionado sobre o fato de que dona Marisa já pegou as chaves, o Instituto Lula se recusou a comentar e informou apenas que continuaria valendo a nota que publicou em seu site na última sexta.

“Neste processo, todos os cooperados puderam optar por pedir ressarcimento do valor pago ou comprar um apartamento no empreendimento. À época, Dona Marisa não optou por nenhuma destas alternativas esperando a solução da totalidade dos casos dos cooperados do empreendimento. Como este processo está sendo finalizado, ela agora avalia se optará pelo ressarcimento do montante pago ou pela aquisição de algum apartamento, caso ainda haja unidades disponíveis. Qualquer das opções será exercida nas mesmas condições oferecidas a todos os cooperados”, escreveu o Instituto Lula na sua segunda nota sobre o caso.

Apesar disso, porém, moradores do prédio já tinham dito que o casal vem fazendo obras no local. Ontem, um dos funcionários do condomínio disse, sob anonimato, que o imóvel de Lula não só já teve as chaves entregues como também passou por reformas.

— Construíram até um elevador privativo para o apartamento do Lula — disse o funcionário.

Lenir e Heitor fizeram questão de dizer que não tiveram privilégio algum pelo parentesco com Gushiken.

A nota em que o Instituto Lula diz que o casal ainda não decidiu se ficará ou não com o imóvel foi recebida com estranheza por Marcos Migliaccio, da Associação das Vítimas da Bancoop:

— A nota nos chama atenção porque, com a incorporação da OAS, não foi dada a ninguém a possibilidade de esperar cinco anos pelo término das obras para depois então escolher o que fazer. Não havia possibilidade de se esperar por uma solução da totalidade dos casos, como foi dito na nota, pois a aquisição da unidade era especificada desde o inicio da obra em 2010. Teve caso em que a OAS moveu ação de imissão de posse para desalojar quem era cooperado da Bancoop e já estava morando no prédio inacabado.

Contramão da História!

Essa moça está na contra-mão da História! de Anézio Ribeiro sobre o posicionamento favorável de Rachel Sheherazade ao pronunciamento desrespeitoso do deputado federal Jair Bolsonaro a Maria do Rosário e consequentemente a todas as mulheres, no Congresso Nacional.

Sorte demais!

Banco espera inflação de 2014 abaixo da meta

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, mostrou otimismo em relação à taxa de inflação ainda neste ano, quando, mesmo sob pressão, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar abaixo do teto da meta de 6,5%.

Jornal do Brasil, 16/12/2014, de Brasília
“Cuidamos para que efeitos secundários não tornem inflação resistente e se propaguem nos preços”, diz Tombini

“Esperamos um declínio da inflação acumulada que nos leve, em 2016, para o centro da meta de 4,5%. Cuidamos para que efeitos secundários não tornem a inflação resistente e se propaguem nos preços”, ressaltou, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

Quanto à política fiscal, o presidente do BC não quis fazer comentários sobre propostas dos novos colegas da equipe econômica, Joaquim Levy, no Ministério da Fazenda, e Nelson Barbosa, no do Planejamento. Entretanto, tentou mostrar confiança nas medidas que serão adotadas. Tombini lembrou que a política monetária, que é do Banco Central, é independente, mas não deixa de ser complementar.

“Quero dizer, porém, que, quanto mais apertada a política fiscal, mas facilitada a política monetária. Temos uma conjuntura, que não é das mais benignas no cenário internacional. Devemos fortalecer a confiança tanto dos consumidores quanto dos empresários”, disse ele.

O presidente do BC voltou a citar o cenário internacional como um dos problemas para a consolidação do crescimento brasileiro e destacou as medidas adotadas pela Rússia, que subiu a taxa básica de juros de 10,5% para 17%, na tentativa de estabilizar o rublo, moeda do país. Segundo ele, a medida mostra a persistência da crise e, agora, os impactos da acentuada queda do preço do barril do petróleo, que atingiu várias moedas.

Tombini destacou ainda a venda de ativos nos mercados emergentes. Para ele, quem tem colchões de liquidez, com reservas internacionais, como o Brasil, terá condições de buscar a estabilização monetária. “Por isso, é importante que se tenha um politica clara e ajustada para dar uma boa sinalização ao mercado.”

Durante a audiência, aprovados no concurso do Banco Central mostraram um cartaz no plenário perguntando quando tomariam posse. Bem-humorado, o presidente da CAE, Lindberg Farias (PT-RJ), fez referência aos manifestantes, mas informou que o assunto deverá ser definido por Joaquim Levy, que assumirá o Ministério da Fazenda e terá de adotar medidas severas na área fiscal.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A pergunta que não quer calar

Quais são os pré-candidatos a prefeito de Itaituba, nas eleições de 2016? Como estão financeiramente, já que alguns politiqueiros criaram a cultura da compra de votos - leia-se corrupção - abraçada por grande parte do eleitorado local?

Vereador denuncia cartel de empreiteiras em Itaituba



Não é apenas na Petrobras que há esquema de favorecimento a empreiteiras. Aqui em Itaituba a prefeitura também beneficia empreiteiras, disse na manhã de hoje, na Câmara Municipal, o vereador Peninha. Hoje existe um cartel das empresas de construção civil, em Itaituba, que foi montada pela Prefeitura Municipal, para beneficiar pessoas que financiaram a campanha da então candidata a prefeita Eliene Nunes, prosseguiu em seu discurso o vereador. Qualquer leigo vê, porque é publico e notório o direcionamento das obras. Tanto é verdade, que as obras que o município vem executando ou que realiza licitação são as mesmas empresas que sempre ganham.

As obras que foram ganhas pela empresa R.A.Serviços de Construção e  Comércio Ltda EPP como a construção da Escola de Moraes Almeida, da Quadra Polivalente e do Posto de Saúde, obras estas que nunca foram concluídas, foram através de Tomada de Preço, conforme cópias de atas de abertura e julgamento, apresentadas por Peninha. Também esta empresa ganhou a licitação para a construção da Unidade de Saúde Básica do Garimpo Agua Branca, onde até a presente data existe apenas uma placa fixada no local, ressaltou Peninha. A firma já recebeu o pagamento de varias parcelas destas obras, que estão paradas há quase um ano.
Esta empresa também ganhou outras licitações, frisou o edil, como Centro Infantil, reforma de escolas, mas não concluiu as obras. A obra de revitalização e reforma da Praça do Congresso, no valor de R$ 140.000,00, já tem quase dois anos e até hoje não foi concluída.

Outra empresa que faz parte do esquema é a GMX-Terraplenagem, Construções e Comercio – ME. Esta empresa, ganhou as licitações para a construção da Unidade de Saúde do Residencial do Piracanã, e concluiu, agora, o CEUs – Centro de Artes e Esporte Unificados, estas obras estão paradas, e até para serviços de terraplenagem a GMX ganhou licitação, sem possuir maquinários, lembrou Peninha.

A Empresa Fernandes & Silva Transportes e Comunicações Ltda-ME é outra que tem os bônus do esquema. Ganhou várias licitações para reformar, construir escolas e quadras polivalentes, disse Peninha. Esta empreiteira ganhou a licitação para construção da Unidade de Saúde do Bairro da Paz e deveria está concluída dia 9 de Novembro passado.

A Construtora D’Almeida Ltda, ganhou a licitação para coleta do lixo na cidade, pavimentação em bloketes de ruas da cidade, recuperação de estradas vicinais, construção do Centro Especializado em Reabilitação – CER III (Física, Visual e Intelectual) no Conjunto Buriti, revelou Peninha. A placa fixada ali, não consta o nome da empresa. Entretanto, o engenheiro responsável pela obra, SAINT Clair Tolentino de Sousa Filho, é esposo da engenheira responsável pela medição das obras da prefeitura, que também é filha do dono da Construtora D’Almeida, Ivan D’Almeida, afirmou o vereador.


A empresa Construtora D’Almeida Ltda. assumiu a conclusão das obras de construção do Centro de Educação Infantil Pró-Infância Tipo B, que estava quase pronta no governo passado. Ao assumir o mandato em janeiro de 2013, a prefeita Eliene Nunes mandou cancelar todos os contratos com as empresas que estavam executando as obras e direcionou para as empresas apadrinhadas, pessoas que lhe ajudaram na campanha eleitoral de 2012, continuou Peninha. 

Para beneficiar o esquema, o município chegou a fazer a rescisão de contratos com varias empresas, entre elas com a empresa Lobato & Araújo Comércio e Serviços Ltda, que ganhou as licitações no mandato passado para a Construção de Creches, pro-infância, quadras polivalentes e de escolas, disse o edil. Após anular as licitações, o município realizou novas licitações, direcionando as obras para as empresas do esquema.

Outra empresa que já está fazendo parte do Cartel é a CONSTRUMAZ. Já aparece ganhando licitações para reforma e ampliação de obras municipais. Ganhou a licitação para reformar a Unidade de Saúde do Garimpo do Crepurizinho. Efetuou recentemente a reforma da Unidade Básica do Distrito Municipal de Miritituba, ressaltou o vereador.

Também a empresa Monteiro e Lobato está no rol das empresas que fazem parte do esquema de simulação para participar de licitações, com isso ganhando algumas obras. Esta empresa está Construindo a Unidade Básica de Saúde da Nova Miritituba e construindo o Centro de Educação Infantil Pró-Infância do Bairro da Liberdade.


De acordo com o vereador as empresas podem negar o esquema, mas basta acessar as informações oficiais do município, para comprovar que as mesmas que participam das licitações e que fazem simulação entre elas no momento da licitação. Só estas empresas participam das licitações. Verifique, quais são as empresas que estão executando as obras da prefeitura em Itaituba.

Além do esquema entre a prefeitura e as empresas, ainda as obras., quase todas, estão com o prazo de conclusão inspirado e este atraso deve-se ao não pagamento para estas empreiteiras, concluiu Peninha.

Fonte: Blog do Peninha, 16/12/14

Três anos após o plebiscito, o que mudou no Pará?

por Henrique Branco (*)

Há exatos três anos, o estado do Pará passava por um marco em sua história. Estava sendo realizado um plebiscito para saber se a dimensão territorial paraense se manteria ou seria desmembrada em mais duas unidades federativas: Carajás e Tapajós no sudeste e oeste paraense, respectivamente.

Há exatos dois anos, escrevi sobre a questão. Completava naquele momento um ano da consulta popular. E eu já me perguntava, refletia e provocava sobre o que estava sendo feito para atenuar as assimetrias regionais paraenses.

Sem esforço se percebia que nada. Várias promessas de integração regional foram levadas pelo vento.
Tapajós e Pará: separatismo

O próprio governador Simão Jatene, que um dia após o plebiscito, concedeu entrevista a um canal de televisão, apresentou as possíveis ações por parte do Estado para amenizar e atender as demandas das regiões mais afastadas da capital. Balela palaciana. Nada mudou.

Nos últimos dias se completou três primaveras ou se preferir, verões ou invernos amazônicos e nada foi feito. Pelo contrário, aprofundou-se as diferenças.

A RMB (Região Metropolitana de Belém) continua cada vez mais isolada do resto do território paraense, rodeada por “muros” invisíveis, sem a devida conexão com o restante do território. O Pará parece feito de feudos, aos moldes da Idade Média.

Como mudar isso? Não tem fórmula mágica ou ações extraordinárias. O Estado precisa repensar o modelo de gestão, buscar a descentralização da máquina, equilibrar o orçamento, sobretudo na questão de investimentos. Isso se espera ou se esperava do governo Jatene.

Nada disso foi feito em seu primeiro mandato, o segundo na história no Palácio dos Despachos. Agora, através das urnas, Jatene terá o terceiro mandato, o segundo consecutivo, sendo o único a chefiar por três vezes o executivo paraense. O que esperar para os próximos quatro anos?

A última disputa eleitoral parece ter deixado cicatrizes fundas no Palácio dos Despachos. Conscidência ou não, as regiões em que o governador perdeu nas urnas, no novo orçamento enviado à Alepa, perderam investimentos, parte do bolo orçamentário.

O volume de recursos que o governo Jatene terá em 2015 chegou a R$ 20 bilhões. A RMB levou mais da metade desse volume bilionário. Houve cortes nos recursos destinados as regiões de Carajás (sudeste paraense) e Tapajós (oeste paraense), bem consideráveis em relação ao atual orçamento em vigor.

Fica claro que o discurso de integração regional ficou sem sentido. Como integrar? Desenvolver? Com menos recursos? Essa alquimia só pode ser conhecida pelo próprio governador.

Jatene vem lardeando aos ventos, e a quem quiser ouvir que irá criar os centros administrativos. Serão duas unidades: em Marabá e Santarém, as duas maiores cidades das regiões sudeste e oeste, respectivamente.

Qual perfil de atuação teriam esses centros? Seriam órgãos independentes, que terão autonomia de gestão? Ou meros cabides de empregos para aliados regionais? Como criar essa estrutura administrativa com menos recursos?

A disputa em 2011 entre o SIM e o NÃO, mostrou-se apenas ser um processo eleitoral. A confirmação de um estado dividido, com pretensões diferentes e com desejos opostos.

O plebiscito confirmou, via processo democrático de consulta popular, que a divisão do território paraense é algo inevitável. O NÃO venceu por reunir a maior quantidade de eleitores, ter o maior colégio eleitoral. Em termos numéricos o resultado não foi surpresa.

Certo mesmo que após três anos do plebiscito, o Pará continua desigual e dividido. A cada eleição essa separação territorial parece mais forte. As quatros gestões do PSDB e uma do PT não conseguiram diminuir essa divisão.

O retalhamento do território paraense parece ser inevitável, algo que está sendo postergado, mas é um caminho sem volta. Questão de tempo e organização para que ocorra. O Pará já está dividido.

* É professor de Geografia concursado da rede municipal de ensino de Parauapebas. Tem especialização em Geografia da Amazônia: sociedade e gestão dos recursos naturais.

Fonte:Blog do Jeso, 16/12/14

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Petrobras assinou contrato em branco com empresa holandesa

Agência O Globo, 15/12/14

O contrato de construção da P-57 que chegou à CPMI não contém “informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito© Foto: Agência Petrobrás

Bruno Chabas resolveu atualizar a correspondência quando viu um recado de Zoe Taylor-Jones, advogado da SBM, empresa holandesa que possui US$ 27,6 bilhões em contratos de navios e plataformas marítimas com a Petrobras. Eles lideravam a equipe que há meses revolvia os arquivos da diretoria recém-demitida. Rastreavam pagamentos de US$ 102,2 milhões em propinas a dirigentes da Petrobrás, intermediados pelo agente da companhia no Brasil Julio Faerman.

“Cavalheiros, sinto muito, mas esta é a última cereja do bolo”, ele escreveu a Chabas, presidente da SBM, e a mais quatro diretores, acrescentando: “Nós pagamos também a conta de telefone e de internet de Faerman”. Anexou uma fatura pendente de R$ 1.207,00 da operadora Sky.

Era 1h35m da madrugada de terça-feira, 17 de abril de 2012. Com a agenda da manhã seguinte sobrecarregada pela auditoria, Chabas mandou uma resposta irônica antes de dormir: “Essa relação nunca pára de me surpreender”.

Mais surpreendidos ficaram, dias atrás, os auditores e advogados do Tribunal de Contas da União, da Receita Federal e do Banco Central que analisaram para o Congresso a documentação dos negócios da Petrobrás com a SBM.

Comprovaram, por exemplo, que a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco para a construção do navio-plataforma P-57. Isso aconteceu na sexta-feira 1º de janeiro de 2008.

O contrato de construção da P-57 (nº 0801.0000032.07.2), que chegou à CPMI, não contém “informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Na cláusula específica (“Quinta — Preço e Valor”), os campos simplesmente não foram preenchidos. Ficaram assim:

“5.1 O valor total estimado do presente CONTRATO é de R$ xxxxx (xxxx), compreendendo as seguintes parcelas:

5.1.1 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos serviços objeto do presente CONTRATO, sendo R$ _____ ( ) referente a serviços com mão-de-obra nacional e R$ _____ ( ), referente a serviços com mão de obra não residente;

5.1.2 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos reembolsos contratualmente previstos”.

QUASE UM ANO DEPOIS

Somente 207 dias depois — ou seja, passados sete meses — é que “esses valores foram ‘preenchidos’”, registraram os assessores da CPMI.

O “Aditivo nº 1” foi assinado na terça-feira 26 de agosto de 2008, mas ainda sem especificar os valores completos dos serviços nacionais e estrangeiros.

A plataforma P-57 foi vendida por US$ 1,2 bilhão à Petrobras. Por esse negócio, a SBM pagou US$ 36,3 milhões em propinas — o maior valor entre seus casos de corrupção no Brasil, como admitiu, em acordo de leniência com a promotoria da Holanda e o Departamento de Justiça dos EUA.

A empresa holandesa confessou ter distribuído US$ 102,2 milhões em subornos a dirigentes da Petrobras, entre 2005 e 2011. Assim, obteve 13 contratos de fornecimento de sistemas e serviços à estatal. Foram suas operações mais relevantes no país, durante os últimos cinco anos da administração Lula e no primeiro ano do governo Dilma Rousseff.

As propinas foram “para funcionários do governo brasileiro”, constataram a Receita e o Ministério Público da Holanda. Os pagamentos, segundo eles, fluíram a partir de empresas criadas pelo agente da SBM no Rio, Julio Faerman, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Faerman controlava três (Jandell Investiments Ltd., Journey Advisors Co. Ltd. e Bien Faire Inc.) e partilhava outra (Hades Production Inc.) com o sócio carioca Luis Eduardo Barbosa da Silva.

Quem assinou o contrato da P-57 foi Pedro José Barusco Filho, que, na época, era gerente executivo da Diretoria de Engenharia e Serviços, comandada por Renato de Souza Duque.

No mês passado, Barusco se apresentou à procuradoria federal. Entregou arquivos, contas bancárias e se comprometeu a fazer uma confissão completa em troca da atenuação de penalidades. Informou possuir US$ 97 milhões guardados no exterior, dos quais US$ 20 milhões na Suíça já estão bloqueados. Duque foi preso e depois liberado. Agora, enfrenta acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência com políticos do Partido dos Trabalhadores. Ele nega tudo.

A comissão parlamentar de inquérito identificou outros sete funcionários da Petrobrás envolvidos no processo de compra da P-57. Eles são: Márcio Félix Carvalho de Bezerra; Luiz Robério Silva Ramos; Cornelius Franciscus Jozef Looman; Samir Passos Awad; Roberto Moro; José Luiz Marcusso e Osvaldo Kawakami.

Um ano depois da assinatura do contrato, a P-57 entrou no projeto de propaganda eleitoral do governo. Foi em outubro de 2009, quando Lula preparava Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, para disputar a eleição presidencial de 2010.

O então presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que é filiado ao PT, formatou um calendário de eventos. Escolheu o período entre o primeiro e o segundo turnos, em outubro de 2010, para o “batismo” da plataforma, sob a justificativa do 57º aniversário da estatal.

Era preciso, no entanto, garantir a entrega antecipada do equipamento. O diretor Duque e seu gerente Barusco recorreram ao agente da SBM no Rio. Faerman informou ser possível, mas a custos extras. Seguiu-se uma negociação com os funcionários Mario Nigri Klein, Ricardo Amador Serro, Antonio Francisco Fernandes Filho e Carlos José do Nascimento Travassos.

Em abril de 2010, Duque aprovou a despesa extraordinária pela antecipação da entrega da plataforma, apoiado por Barusco e outro gerente, José Antônio de Figueiredo.

Lula comandou o “batismo” da plataforma em comício em Angra dos Reis (RJ), na quinta-feira 7 de outubro. A antecipação da entrega para o evento, em meio à disputa presidencial, custou à Petrobras um extra de US$ 25 milhões. A SBM enviou US$ 750 mil líquidos para empresas de Faerman nas Ilhas Virgens Britânicas.

Tendo trabalhado por seis anos na estatal, nos anos 60, o agente da SBM no Rio conhecia como poucos os chefes, suas carreiras e as áreas de decisão na sede da Avenida Chile, no Centro. Mantinha encontros semanais com alguns.

Havia um padrão de abordagem, relata um engenheiro da Petrobras, evitando citar nomes. Iniciante na estatal, nos anos 90, passou a receber sucessivos elogios de um executivo da SBM no Rio, por seu desempenho nas avaliações dos projetos de afretamento de sondas e plataformas, etapa decisiva na rotina pré-contratual.

— Fiquei empolgado. Afinal, era um simples funcionário, estava começando e já recebia elogios de executivo de empresa de porte — contou. Um dia foi convidado para um jantar na Zona Sul.

A conversa suave, regada a vinho, derivou para seu trabalho na seção de custos de afretamentos. Depois de escolher o prato, o funcionário da Petrobras escutou uma proposta do representante, conhecido como o “homem forte” da SBM:

— Quero compartilhar com você parte da minha comissão — disse-lhe, apontando o dedo indicador para o alto, em alusão a eventuais lucros.

O incômodo à mesa é inesquecível:

— Não dormi naquela noite. Depois me convidaram várias vezes para trabalhar, até que desistiram.

No início de 2012, quando rastreava propinas pagas no Brasil, o advogado da empresa holandesa Zoe Taylor-Jones perguntou a Faerman sobre sua rotina de contatos, presentes e propinas a funcionários da Petrobrás. Ele negou, dizendo que se limitava a “enviar cartões de Natal”.

É certo que o agente da SBM no Rio mantinha uma rede de informantes no centro de decisões da estatal. Em junho de 2009, enviou a um dos chefes da companhia holandesa o projeto da Petrobras para criação de estações de liquefação de gás em alto-mar. “É informação muito confidencial nesse estágio e tem implicações muito sérias se alguma coisa vazar”, advertiu.

A cúpula em Amsterdã recebeu, também, uma cópia do “Plano Diretor do Pré-Sal”, classificado como “confidencial”, um mês antes de sua aprovação pela diretoria-executiva da Petrobras. O documento foi copiado com a senha “SG9W”, pertencente a Jorge Zelada, diretor Internacional. Ele admitiu, em audiência no Congresso, a propriedade, mas negou o repasse do plano do pré-sal.

— A senha é como uma assinatura digital — lembrou o gerente de segurança da estatal, Pedro Aramis, em outra audiência.

Neste domingo, a Petrobrás divulgou nota lembrando que, há dez meses, “tem se empenhado em apurar todas as relações entre representantes da empresa e representantes da SBM Offshore, buscando evidenciar eventuais desvios de conduta”. Acrescentou que, nesse período, “uma Comissão Interna investigou todos os empregados que tiveram participação direta ou indireta nos processos de contratação com a SBM, independente da posição gerencial ou técnica, passada ou presente, na companhia”.

“Mesmo sem encontrar evidências de suborno” — prossegue — recomendou-se a continuidade da apuração “de indícios de atos impróprios”. As informações obtidas “foram encaminhadas às autoridades”, conclui a Petrobrás.

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