segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Complexo Hidrelétrico do Tapajós estaria no maior distrito aurífero do mundo

No território da bacia hidrográfica do Tapajós está inserida a chamada Província Mineral do Tapajós (PMT), com 100 mil quilômetros quadrados, considerada uma das maiores áreas de mineração e o maior distrito aurífero do mundo. Empresas nacionais e internacionais estão articuladas para explorar e expropriar, com o aval e financiamento do Estado, o potencial de riqueza no interior das terras indígenas. O ouro na região foi descoberto no início de 1950 e a sua exploração por garimpeiros tem sindo constante ao longo dos últimos 50 anos.

“A Brazilian Gold pretende usar os recursos da venda para avançar no desenvolvimento de seus projetos na região Norte, onde detém oito áreas na província mineral do Tapajós e duas na província aurífera de Alta Floresta, nas imediações de Tapajós.” Fonte: AGECO15/04/2011

Estima-se que tenham saído da PMT – oficial e ilegalmente – até hoje, cerca de 800 t de ouro, equivalente a 16 vezes a produção total de Serra Pelada. Isso significaria perto de US$ 2 bilhões, mas nos números oficiais só constam que foram produzidos, até 2006, aproximadamente 194 t[1].

Há presença maciça de garimpos na região, confirmados pela quantidade de pistas de pouso – 300 no Tapajós, 170 em Parima e 185 em Alta Floresta. O Projeto Província Mineral do Tapajós – Projeto PROMIN-TAPAJÓS foi criado em 1995 para buscar um nível confiável de conhecimento geológico e incentivar a pesquisa de depósitos de ouro e novos empreedimentos.

O ouro, aliado aos projetos hidrelétricos no Tapajós e Jamanxim que, coincidentemente, estão sobre a província mineral, vai pavimentar definitivamente a ocupação predatória da região.

Só a simples perspectiva de implantação de projetos hidrelétricos nas bacias do rio Tapajós e Teles Pires já é suficiente para induzir a ocupação de áreas protegidas da Amazônia. A extração de minério, garimpo do ouro e as novas concessões de direitos minerários trarão consigo outro ciclo de exploração madeireira. Novos impactos atingirão os territórios indígenas.

Na outra ponta, a extração vegetal do açaí e da castanha-do-pará que ocorre em todos os municípios da bacia do Tapajós, com destaque para Santarém e Jacareacanga estará ameaçada. Há ainda grandes desafios a serem superados: baixo retorno financeiro, desequilíbrio entre oferta e demanda, falta de políticas públicas e limitada capacidade de suporte da natureza. A construção de hidrelétricas não corrigirá essas deficiências e não conduzirá ao desenvolvimento sustentável da região.

O extrativismo mineral clandestino continua num ritmo acelerado. Também não há fiscalização da garimpagem livre do ouro nos rios dentro ou fora das terras indígenas. Mineração ilegal é caminho certo na direção da degradação ambiental e da contaminação dos recursos hídricos. No Departamento Nacional de Produção Minerária (DNPM) tramitam 17.408 processos minerários em análise, a caminho da exploração.

Os municípios da região da bacia do rio Tapajós foram recompensados com a riqueza natural das reservas florestais e minerais, recursos hídricos, estoque pesqueiro, exuberância cênica e vocação turística. O governo federal entende erroneamente que para agregar valor aos produtos primários da região e fortalecer a economia local e regional deve estimular um desenvolvimento artificial. Encabeçando a lista de prioridades para atingir seu objetivo está o incentivo à exploração do potencial hidrelétrico com um conjunto de usinas nos rios Tapajós e Teles Pires e Juruena.

Grandes grupos mineradores, incentivados pelas facilidades concedidas pelo governo federal aos projetos hidrelétricos na Amazônia – usinas do Madeira e Belo Monte, já disputam espaço na exploração das reservas minerais. De olho nessa riqueza, se prepara a abertura das terras indígenas à mineração com um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados[2].

Empresas nacionais e internacionais pretendem aumentar sua capacidade de produção explorando as terras indígenas. Aumenta a demanda global por recursos minerais.

O Complexo do Tapajós vai catalisar a ocupação da região e dar força, também, ao avanço da fronteira agrícola sobre os ecossistemas. Infelizmente, a escolha do governo ao favorecer a construção de grandes e pequenas hidrelétricas visa favorecer o agronegócio, o comércio exterior de soja e a industrialização na região, a qualquer custo.

O projeto da hidrovia Tapajós – Teles Pires, na esteira das hidrelétricas, é predatório e vai servir só para facilitar o escoamento da produção agropecuária e minerária da região. O projeto excluiu qualquer possibilidade de consulta aos povos indígenas. As hidrelétricas em sequência nos rios Tapajós e Teles Pires e a construção de eclusas vai permitir a navegação de grandes comboios. Os reservatórios e os derrocamentos do leito do rio (retirada das pedras) visam superar as barreiras naturais dos trechos encachoeirados desses rios.

A transposição de desnível será possível para as embarcações. Espécies de peixes, no entanto, como a “matrinxã” e várias outras não adaptadas para viverem em lagos, serão extintas em toda a extensão do rio Teles Pires. Na hidrelétrica Sinop, no rio Teles Pires, está prevista a construção de uma grande eclusa com largura superior à de Tucuruí, recém-inaugurada.

Outro setor que pressiona a construção de complexos hidrelétricos na região da bacia do Tapajós é o das indústrias eletrointensivas. Em Juruti, extremo oeste do Pará, a Alcoa teve aprovada a licença de instalação de mineração de bauxita para construir uma planta de beneficiamento, um porto fluvial e uma ferrovia.

Grandes indústrias cujo principal insumo é a energia buscam locais em que há planos de construção de usinas hidrelétricas. A implantação dessas indústrias traz impactos significativos às regiões onde se instalam. Com os projetos vem o aumento das receitas dos municípios, mas traz consigo a migração, a pressão sobre a infra-estrutura, serviços públicos, recursos naturais e o recrudescimento dos conflitos fundiários.

Telma Monteiro

Fonte: EcoDebates, 11/08/11

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aumenta o número de ligações clandestinas de energia elétrica

No País da malandragem tudo é possível. Inclusive, segundo os bastidores, a existência de "empresas" para fazer as ligações clandestinas de energia elétrica  ou os famosos "gatos". Também é voz corrente na cidade de que funcionários da própria Rede Celpa fazem "gatos"

Em todo o Pará as ligações clandestinas se avolumam, causam problemas a todos os usuários e a conta dos que não fazem "gatos" ficam mais caras. Quando não, é a empresa concessionária de energia elétrica que "quebra", vai a falência. É o que está acontecendo com a Rede Celpa, que segundo se comenta foi vendida por um real!

Outro complicador é a constante baixa de voltagem, que queima aparelhos e implica em outros problemas. Além deste, outro possível indicador da gataria é a falta de energia elétrica.

Enquanto os bons usuários pagam preços absurdos pelo consumo do período, os "ladrões de energia elétrica" pagam alguns reais para funcionar vários aparelhos de ar condicionado e outros eletrodomésticos que consomem bastante.  

A que ponto chegamos! Valha-nos quem?

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A dívida externa brasileira cada vez aumenta mais


O Governo Lula, como afirmam muitos, não pagou nossa divida externa e sim a do FMI. A nossa dívida externa, para quem não sabe, corresponde à soma dos débitos externos do Brasil.  

A posição estimada da dívida externa total em fevereiro de 2011 registrou US$271 bilhões. Para efeito de comparação, esse valor era de US$ 214,93 bilhões no ano de 2003, quando Lula assumiu a Presidência da República.

Dizer que o Brasil não tem mais dívida externa é mentir descaradamente para a população!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Explosão demográfica de Itaituba


O município de Itaituba tem hoje, segundo o IBGE, cerca de 103 mil habitantes. Com o advento da construção das hidrelétricas e de mais 14 portos graneleiros, saltará para estimadamente 283 mil habitantes. Some-se esses projetos desenvolvimentistas os da iniciativa privada, que se instala nos espaços abertos pelo governo.

A construção das cinco hidrelétricas com recursos do PAC, segundo dados do Governo Federal vai gerar 25 mil empregos diretos e 50 empregos indiretos. Dos diretos, Itaituba ficará, na melhor das hipóteses com 2 mil empregos, porque tem pouca mão-de-obra qualificada. Portanto, de fora virão 23 mil trabalhadores; dos 50 mil empregos indiretos, cerca de 15 mil serão de Itaituba e 35 mil, de fora. A construção dos portos gerará cerca de 10 mil empregos.

Ora, a soma dos trabalhadores vindos de fora é igual a 68 mil, destes cerca de 34 mil, têm famílias, que em média é composta por mais 3 pessoas( o cônjuge e 2 filhos) , o que implica em mais 102 mil pessoas. Não é difícil pensar que pelo menos 10 mil marginais virão no faro da "dinheirama" que vai circular por aqui.

Na prática, a população vai triplicar dentro de 6 a 8 anos a partir do início dos grandes projetos e haja políticas públicas para atender as muitas demandas oriundas dessa explosão demográfica!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Justiça bloqueia licença para Usina São Luiz do Tapajós


Da Agência Brasil

Brasília – A Justiça Federal em Santarém (PA) proibiu a concessão de licença ambiental para a Usina São Luiz do Tapajós, localizada no Rio Tapajós, no Pará, enquanto os índios afetados não forem ouvidos e não houver avaliação ambiental integrada dos impactos de todas as usinas planejadas para a bacia fluvial.

A decisão atende ao pedido do Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA), que informa que a obra afetará a Terra Indígena Munduruku, onde vivem mais de 10 mil indígenas, além de unidades de conservação ambiental, comunidades quilombolas, cidades e reservas extrativistas.

Segundo o MPF, o juiz José Airton de Aguiar Portela fixou multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência à proibição. “O poder público não pode negligenciar regras que ele próprio instituiu, por mais urgentes que sejam as demandas energéticas do país”, informa trecho da decisão.

Edição: Fábio Massalli
Fonte:Jornal Correio do Brasil, 20/11/12

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Transamazônica está interditada

Agricultores fecham a rodovia para cobrar direitos historicamente negados

Cerca de 500 agricultores trancaram na madrugada desta segunda-feira (19) a rodovia Transamazônica e BR 163 na altura do Km 140 (Ponte Grande), município de Rurópolis, oeste do Pará. O objetivo é negociar com o governo as demandas históricas da região, sempre abandonada pelo poder público.
Os agricultores exigem o asfaltamento das  rodovia Transamazônica (Rurópolis ao Km 30) e da Cuiabá/Santarém, acesso à energia elétrica, regularização fundiária e revisão das unidades de conservação que sobrepõem assentamentos já existentes, além de políticas públicas nas áreas de educação, saúde e segurança.
A ocupação da região foi incentivada pela Ditadura Militar nas décadas de 70 e 80, sob o lema “Integrar para não entregar”. Muitos “colonos” de diversas regiões país, como nordeste e sul, foram incentivados a se instalarem no local com a promessa de desenvolver a região. No entanto, após 30 anos, o que se vê é o completo abandono da região pelo Governo Federal e Estadual.
Neste momento, a região vive mais um ciclo de desenvolvimento econômico impulsionado por mega projetos do capital internacional e nacional e gerenciado pela política do Governo Federal, entre eles: o agronegócio, construção de portos e hidrelétricas. Como contrapartida para a população regional, no governo Lula foi criado o Plano de Desenvolvimento Sustentável da BR 163, que lamentavelmente nunca saiu do papel.
“As conquistas que tivemos são fruto de muita luta, de muitas pessoas que se doaram, de manifestações, então estamos retomando esse processo, reunindo os trabalhadores para começar uma nova etapa de lutas”, afirma Marcelino Lira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Rurópolis.
A manifestação deverá prosseguir até que seja aberto um processo de diálogo e negociação com representantes de órgãos do Governo Federal e Estadual, como MDA, INCRA, MME, Terra Legal e Comitê Gestor Estadual do Programa Luz para Todos.
Participam da mobilização os trabalhadores organizados nos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Rurópolis, Itaituba, Trairão e Aveiro, além de movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comissão Justiça e Paz e associações de agricultores.
Fonte: Comissão Organizadora, 19/11/12

sábado, 17 de novembro de 2012

Ibama apreende madeira nobre retirada ilegalmente de floresta no oeste do Pará

17/11/2012 12:33,  Por Redação, com ABr - de Brasília


No local, que fica às margens do Rio Curuatinga, os  fiscais ainda encontraram uma uma balsa com 70 toras de madeira que seriam levadas para abastecer empresas na capital do estado
Fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama) apreenderam 915 toras de madeiras nobres, como maçaranduba, ipê e jatobá, durante ação montada para desarticular um esquema de exploração ilegal de madeira no oeste do Pará. A poucos quilômetros de Santarém, os agentes ambientais, que chegaram de helicóptero em uma área isolada da floresta, flagraram os madeireiros em atividade durante o dia e conseguiram apreender um caminhão e dois tratores.
No local, que fica às margens do Rio Curuatinga, os fiscais ainda encontraram uma uma balsa com 70 toras de madeira que seriam levadas para abastecer empresas na capital do estado.
De acordo com os agentes ambientais, essa região do Rio Curuatinga é alvo constante de ações ilegais de extratores de madeira que vêm de Santarém e de municípios como Prainha, Uruará e Medicilândia. Como é uma região extensa e de difícil acesso, os criminosos conseguem escoar facilmente a madeira pelo Rio Amazonas até Belém, de onde é exportada para a Europa e os Estados Unidos.
Segundo informações dos fiscais do Ibama, muitas madeireiras que estão sediadas em Santarém financiam o crime ambiental. O chefe de Fiscalização do Ibama na capital paraense, Tiago Jara, explicou que depois que a madeira é retirada da floresta, os infratores “esquentam” o produto com documentos fraudados, antes mesmo dela ser entregue nos pátios dessas empresas.
No local de extração ilegal, os agentes do Ibama ainda encontraram áreas de estocagem espalhadas na mata ao longo do rio. Representantes do órgão na cidade, garantiram que as margens serão monitoradas de helicóptero até a retirada das toras apreendidas, que serão usadas em obras sociais.
Fonte:Jornal Correio do Brasil, 17/11/12

Questionamento sobre as obras da Cuiabá/Santarém e Transamazônica

A recuperação e asfaltamento das  rodovias Transamazônica e Cuiabá/Santarém, estava acontecendo de forma acelerada. De repente, um série de denúncias de corrupção no DNIT, acenderam o sinal vermelho no Governo Federal. O que não se consegue entender é, se a sangria dos cofres públicos foi estancada, por que as obras estão devagar, quase parando?