Historicamente é possivel dividir a economia da região do Tapajós em três ciclos ou momentos. O primeiro, chamado de ciclo da borracha, o segundo de ciclo do ouro e o terceiro de ciclo da madeira, com características similares: a exploração desordenada e até criminosa da extração desses recursos naturais, bem como a desvalorização do trabalhador e até a existência de trabalho escravo, em situações localizadas.
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Na época do ciclo da borracha, tinhamos na Amazônia espaço físico, terreno e clima apropriado para esta cultura. existiam os chamados seringais nativos e começava no mercado mundial uma demanda cada vez mais crescente em torno do látex, matéria-prima para produzir pneus. Políticas do Governo Federal, direcionadas a ampliação da produção, não surtiram efeito. O contrabando de sementes, através de ingleses, fez surgir, crescer e consolidar uma plantação significativa no continente asiático e o Brasil, viu o seu valioso produto, perder preço, qualidade e o pior, a procura. Como resultado do ciclo ficaram inúmeros investimentos. No Amazonas, marcou muito a construção do Teatro Amazonas, com materiais caríssimos importados da Europa. O requinte, a beleza e o estilo da grandiosa obra chama a atenção dos mais exigentes nomes da área. Na região do Tapajós, como consequência da época, ficaram as histórias relacionadas não só a extração da borracha mas, também, a extração do pau-rosa, do qual se retira uma essência que dá origem ao perfume francês, segundo se comenta.
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O ciclo do ouro, que marcou época no tempo do Brasil Colônia, principalmente nas terras das Minas Gerais, que fez de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um mártir, estimulou corações e mentes na direção da Independência do Brasil. No Pará, a história da extração do ouro de Serra Pelada, é algo envolvente, triste e questionável, dada a origem, a apropriação e a forma como o governo se comportou no episódio. Nas terras tapajoaras, o sonho de enriquecimento traduzido em bamburro, se mistura com o brefo e a malária, que ceifou tantas vidas. Personagens da vida real (Zé Arara e Nilçon Pinheiro) armazenavam e transportavam o valioso produto em latas de querosene. O primeiro vivia do garimpo e para o garimpo. O segundo vivia da venda de produtos para ribeirinhos e no retorno, trazia ouro e recolhia o sernambi, como pagamento dos que recebiam seus produtos, principlamente alimentícios, roupas e tecidos.
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O ciclo da madeira, trouxe investimentos de grande monta para a região do Tapajós, identificados com despesas com pessoal, caminhões, tratores, serrarias, equipamentos e outras máquinas. A irresponsabilidade do governo na avaliação e aprovação dos projetos de manejos, caracteriza o período e apresenta-se como estímulo a atividade ilegal. Por outro lado, percebe-se todo tipo de malandragem da parte dos madeireiros, desde o pagamento de salários baixíssimos aos trabalhadores, pagamento de valores irrisórios por árvores cortadas nos lotes de posseiros da região, até a compra de notas adulteradas e suborno aos fiscais do IBAMA e policiais. Se o governo fizesse uma fiscalização rigorosa descobriria que de muitas áreas manejadas não se cortou uma árvores; que de outras, de acordo com os dados levantados, parece que alguém a muitos anos teve o cuidado de fazer uma plantação de cedros e outras madeiras nobres, adivinhando a supervalorização desses tipos.
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Hoje, as autoridades governamentais e o setor produtivo, bem como os demais atores regionais, cenarizando as necessidades do mercado, a captação de recursos e o chamado desenvolvimento sustentável, devem elaborar políticas que apontem para um maior e mais racional aproveitamento dos recursos naturais, incluindo aí a agregação de valor. Na agricultura, as terras férteis, com orientação de profissionais da área, devem ser utilizadas como a implementação de mandalas. Na zona garimpeira, os garimpos, que comprovadamente dão lucros, além da observância da legislação atual, sejam através da lavra manual ou com a utilização de tecnologia de ponta, nunca podem esquecer de priorizar o menor impacto ambiental possível. O turismo, requer investimentos públicos na infraestrutura, para atrair o investimento privado. Enquanto isso não acontece, cada município, onde os locais com apelos turísticos existam, devem dispor de uma Secretaria de Turismo, Meio Ambiente e Cultura - uma vez que são atividades afins -, montar e organizar uma equipe de trabalho, observando o conhecimento e a capacidade técnica; fazer um levantamento circunstanciado da demanda; visualizar as fontes de recursos, fazer e cadastrar os projetos, elaborar os planos de trabalho pertinentes e envolver todos aqueles que tenham a ver a atividade econômica, defender com entusiamo a proposta e, materializada as ações, ficar feliz com a criação de cerca de 6 mil novos empregos. Paralelamente o açaí, o cupuaçu, a castanha-do-pará, o pescado, etc, servirão para envolver a família e captalizá-la.
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