Império e colônia são um fiasco!
Conversa Afiada, 25/01/2019
De Victor Farinelli, na Carta Maior:
Apesar do apoio de 16 países à declaração argentina na reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos), para reconhecer e expressar o “pleno respaldo” da entidade e seus membros ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, a proposta foi rejeitada, graças a 15 votos contrários e 3 abstenções.
Votaram a favor da declaração países como Argentina, Bahamas, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Haiti, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana. Os 18 que não apoiaram a proposta (Antígua e Barbuda, Barbados, Belize, Bolívia, Cuba, Dominica, El Salvador, Granada, Guiana, Jamaica, México, Nicarágua, Santa Lúcia, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago e Uruguai) se dividiram entre rejeições e abstenções, mas foram decisivos para que não houvesse a maioria necessária de dois terços (um total de 23 votos) para que a resolução fosse aprovada.
A representante venezuelana na reunião, Asbina Ixchel Marin Sevilla, denunciou um golpe de Estado orquestrado pelos Estados Unidos e seus aliados regionais. “Nenhum dos atos de hoje terá validade para o governo da nossa nação”, afirmou a embaixadora, que logo completou: “a Venezuela está sendo ameaçada externamente por países que agora pretendem justificar suas investidas aqui na OEA”.
Gustavo Tarre, representante designado pela oposição venezuelana, não compareceu à sessão, e espera que os países aliados consigam oficializar sua designação.
México solicita esclarecimento da OEA sobre status jurídico de Guaidó
O governo do México solicitou à Secretaria Geral da OEA um esclarecimento sobre o status jurídico do líder opositor venezuelano Juan Guaidó, reconhecido como “presidente interino” da Venezuela pelo organismo interamericano e alguns chefes de Estado da região.
Durante a reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA, o embaixador do México, Jorge Lomónac, solicitou um informe e explicou que as resoluções adotadas pela organização devem “constituir soluções de carácter político que reflitam uma preocupação por parte dos Estados membro sobre a situação da Venezuela, particularmente com respeito à segurança, à prosperidade e o respeito aos direitos humanos”.
O representante mexicano se referiu às resoluções da Assembleia Geral em junho de 2018 (sobre a falta de legitimidade do processo eleitoral da Venezuela) e a do Conselho Permanente em janeiro de 2019, sobre o não reconhecimento da legitimidade do mandato assumido por Nicolás Maduro no último dia 10 de janeiro.
Entretanto, o diplomata afirmou que a posição do governo do México de não se pronunciar sobre o reconhecimento que sim foi expressado pelos governos de outros Estados é uma prática baseada na experiência histórica e nos princípios de sua política exterior.
“Consideramos que outra postura poderia afetar a soberania dos Estados e propiciar um clima tenso, adverso aos esforços necessários para resolver a grave situação da Venezuela”, justificou Lomónac.
O embaixador também reiterou que seu país mantém uma “profunda preocupação sobre o que ocorre no país, onde vem se deteriorando de forma significativa a situação económica e social, e a proteção e respeito pelos direitos humanos”. Mas, ao mesmo tempo, expressou que o Estado mexicano “reconhece o legítimo direito do povo venezuelano de eleger seu sistema político, econômico e social, sem intervenções nem pressões de nenhum tipo”.
Estados Unidos enviará 20 milhões em ajuda humanitária para a Venezuela
Mike Pompeo, secretário estadunidense responsável pela política exterior, instou a OEA e todos os seus países membros a reconhecer e respaldar Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
“Os Estados Unidos têm orgulho em dizer que Juan Guaidó é o presidente interino, é hora de que a OEA faça o mesmo, e que todos os Estados assinantes da Carta Democrática Interamericana reconheçam o novo presidente da Venezuela”, disse Pompeo, durante a sessão permanente da OEA que discutiu a situação venezuelana.
O funcionário disse em sua intervenção que “o regime de Maduro é incompetente, não tem a capacidade de melhorar a situação econômica e está em bancarrota moral”, além de assegurar que todas as declarações e ações de Maduro são inválidas.
Pompeo pediu às forças de segurança da Venezuela que defendam o presidente interino do país, e que não reprimam a transição democrática.
Com relação à crise que atravessa o país sul-americano, o secretário anunciou que seu país enviará ajuda humanitária à nação, no valor de 20 milhões de dólares.
Após a derrota da petição pelo reconhecimento de Guaidó no Conselho Permanente, Pompeo pediu aos colegas diplomatas que se realize outra reunião de chanceleres, para continuar com a discussão sobre a situação política da Venezuela.