sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Mesmo fora do MPF, Deltan Dallagnol recebeu R$ 207 mil de verba extra

COMPORTAMENTO

Parceiros de Dallagnol na Lava Jato, como Diogo Castor e Januário Paludo, também tiveram contracheque bem gordo em dezembro. MPF diz que pagamento foi legal

Brasil 247, 20/01/2022, 17:58 h Atualizado em 21 de janeiro de 2022, 10:41
Deltan Dallagnol (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Mesmo depois de se demitir, Deltan Dallagnol teve rendimentos brutos extras de R$ 207 mil do Ministério Público Federal em dezembro.

Ele não foi o único da Lava Jato contemplado com um contracheque bem mais gordo no último mês de 2021.

O notório Januário Paludo teve acréscimo de R$ 306 mil brutos em seu salário. Isabel Cristina Groba Vieira, que exigiu que Lula a chamasse de doutora em um dos depoimentos do ex-presidente a Moro, teve vencimentos brutos acrescidos de R$ 174 mi.

Orlando Martello, que Dallagnol considerava um dos estrategistas da Lava Jato, teve um extra de R$ 158 mil.

Letícia Pohl Martello, esposa dele, que como coordenadora da área criminal do MPF de Curitiba criou com Dallagnol a força-tarefa, teve rendimentos brutos a mais de R$ 105 mil.

Diogo Castor de Mattos, que teve a pena de demissão aplicada pelo Conselho Nacional do Ministério Público pelo caso do outdoor que envolve crime de falsidade ideológica, teve um extra bruto de R$ 158 mil.

Outros membros da Lava Jato e de todo o Ministério Público Federal também foram contemplados com essas verbas extras, cujo pagamento foi autorizado pelo procurador-geral, Augusto Aras.

O maior rendimento extraordinário foi pago ao procurador Mário Lúcio de Avelar, da Procuradoria da República de Goiás: R$ 471 mil brutos, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo — que, no entanto, não citou os lavajatistas.

Depois da reportagem, Aras explicou a razão do pagamento dos extras.

"Trata-se da quitação de dívidas da União para com membros do MPF, tais como licença-prêmio, abonos e indenizações de férias não usufruídas. Parte dessas dívidas é antiga (algumas da década de 1990) e foi reconhecida por decisões judiciais, que determinaram a respectiva quitação. Referem-se, portanto, a direitos previstos em lei, reconhecidos e disciplinados pelos órgãos superiores e de controle, caso do CNMP”, disse, por meio de nota oficial.

Dallagnol pediu demissão do MPF em novembro e se filiou ao Podemos em dezembro, para disputar um cargo nas próximas eleições, possivelmente o de deputado federal, que tem salário menor do que a média do Ministério Público.

Castor de Mattos tem tentado adiar a pena aplicada pelo CNMP e, portanto, como membro ativo da instituição, continua a usufruir dos mesmos direitos que os demais.

Ele e outros procuradores da força-tarefa estão sendo investigados pelo Tribunal de Contas da União por conta de diárias que receberam ao longo do funcionamento da Lava Jato, mesmo possuindo residência em Curitiba.

Alguns procuradores embolsaram mais de R$ 700 mil ao longo de sete anos a título de diárias.

Nesse caso, há indícios de irregularidades e até mesmo de ilegalidades. Já o contracheque de dezembro, a julgar pelo esclarecimento de Aras, não é ilegal. Mas, em tempo de pandemia e consequente restrição orçamentária, é inegavelmente imoral.

Para quem quiser conferir os valores extras que cada procurador embolsou, clique aqui.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

PoderData aponta possibilidade de vitória de Lula no 1º turno. Ex-presidente bate qualquer adversário no 2º turno

ELEIÇÕES DE 2022


Empresa de pesquisa ligada ao site Poder360 registra possibilidade de vitória do ex-presidente no 1º turno. Soma de adversários é 45%

Brasil 247, 20/01;2022, 19:48 h Atualizado em 20 de janeiro de 2022, 20:34
Lula (Foto: Ricardo Stuckert | Reprodução Poder 360)

A empresa de pesquisas PoderData divulgou na noite desta 5ª feira a primeira pesquisa pré-eleitoral de 2022. Lula, o ex-presidente do PT que tentará o 3º mandato, tem 42% das intenções de voto no 1º turno. Em segundo lugar, distante, vem Jair Bolsonaro (PL), com 28%. O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), declarado suspeito e parcial pelo Supremo Tribunal Federal, tem 8%. Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, tem 3% e é o quarto colocado. João Doria (PSDB), governador de São Paulo, tem 2% – mesmo percentual obtido por André Janones (Avante), um obscuro deputado. Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB) obtiveram 1% cada um. A soma de todos os adversários é 45%. Dessa forma, dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, é possível, segundo a área técnica do PoderData, que há um cenário de vitória de Lula em 1º turno.

A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-02137/2022 e foi realizada em parceria pelo site Poder360 e pelo Grupo Bandeirantes. Os dados foram coletados por entrevistas telefônicas entre os dias 16 e 18 de janeiro de 2022. Foram contabilizadas 3.000 entrevistas em 511 municípios de todos as unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

“É a 2ª vez a pesquisa PoderData registra um empate técnico entre Lula e a soma de todos os outros nomes testados. A 1ª foi em julho de 2021, quando o petista tinha 43% contra 44% de uma lista menor de adversários”, registrou o Poder360 no texto de divulgação do levantamento.

Segundo o levantamento, Lula vence com larga margem no Nordeste, Sudeste e Sul e também entre mulheres e em todas as faixas de renda e de escolaridade. Bolsonaro só vence no Norte (46% x 37% de do ex-presidnete). No Centro Oeste os dois principais candidatos estão empatados ( 36% x 35%). Bolsonaro vence entre eleitores homens – 41% a 35%.

Em ensaios de 2º turno, no levantamento do PoderData, Lula vence todos os candidatos por margem mínima de 22 pontos percentuais (Lula, 54% x 32% Bolsonaro) e máxima de 32 pontos – Lula, 48% e Doria 16%.


graf2

Lula é convidado para palestrar em associação da Universidade de Cambridge

LULA VAI PALESTRAR NOS EUA

O ex-presidente será o primeiro líder latino a discursar no local onde já palestraram Winston Churchill, Margaret Thatcher, Bill Gates e Stephen Hawking

Brasil 247, 20/01/2022, 10:00 h Atualizado em 20 de janeiro de 2022, 10:43
Lula (Foto: Reprodução/Cambridge Union Society)

Revista Fórum - Após o giro na Europa e agendamentos para discursar no México e EUA, Lula (PT) deve voltar ao velho continente a convite da Câmara da Cambridge Union Society, associação estudantil da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

Liderando as pesquisas de intenção de votos, o ex-presidente será o primeiro líder latino-americano a discursar na associação, que foi fundada em 1815 e já recebeu Winston Churchill, Margaret Thatcher, Bill Gates, Stephen Hawking e Bernie Sanders.

“É uma honra para nós receber o presidente Lula que, sucedendo a visita de Michelle Bachelet na condição de Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, será o primeiro líder latino-americano a palestrar na Câmara”, afirmou a Cambridge Union em carta.

Biden celebra 1º ano de mandato e historiadora alerta: há risco real de guerra civil nos EUA

RISCO DE GUERRA CIVIL NOS EUA

A jornalista Lúcia Guimarães, correspondente nos EUA, escreve sobre novo livro de Barbara F Walter: “Como um Guerra Civil começa”

Brasil 247, 20/01/2022, 08:25 h Atualizado em 20 de janeiro de 2022, 08:25

"Como seria uma guerra civil em solo americano neste século 21? Essa pergunta faz sentido? O assunto não é simples, mas as respostas são assustadoras e podem ser encontradas em um livro lançado neste mês”, escreve provocativamente a jornalista Lúcia Guimarães em sua coluna no jornal Folha de S Paulo nesta 5ª feira. E prossegue: “A historiadora Barbara F. Walter estuda guerras civis no mundo há mais de 30 anos. Nunca se debruçou sobre a instabilidade política nos EUA. Até recentemente, seu país era o primeiro nas listas de democracias mais antigas do mundo. Não é mais, especialmente depois da tentativa de golpe de Estado com a invasão do Capitólio.”

Em 2018, a historiadora americana, professora da Universidade da Califéornia, iniciou a coleta de material e os estudos para o livro "How Civil Wars Start: And How to Stop Them" (como as guerras civis começam: e como detê-las)”. Barbara Walter havia sido recrutada pela CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA, órgão de Estado) com a missão específica de “não estudar os Estados Unidos”. O objetivo seria analisar outras Nações que teriam a Democracia em risco.

Contudo, “A experiência convenceu a historiadora, bem antes do 6 de Janeiro, de que seu país já tinha avançado para o segundo estágio considerado propício a uma guerra civil. Os estágios podem ser encontrados online, já que a CIA publicou a atualização de seu Guia da Insurgência”, diz a brasileira Lúcia Guimarães em seu texto sobre o livro lançado este mês nos EUA e ainda sem data de chegar ao Brasil (disponível por e-book em inglês na plataforma Amazon).Segundo Walter, “o primeiro estágio (de uma guerra civil) é organizacional —extremistas se reúnem em torno de causas—, e a eleição de Barack Obama, em 2008, foi uma bonança para a formação de milícias brancas”. A partir daí, a historiadora elenca uma sucessão assustadora e progressiva de fatos que terminaram por ocorrer nos Estados Unidos: “No segundo (estágio), grupos começam a se armar, e episódios de violência são tratados pelo governo como incidentes isolados. O ataque ao Capitólio fez alguns analistas americanos especularem se o país já tinha passado para o terceiro estágio, o da insurreição aberta”. Para Barbara Walter, de acordo com o texto de Lúcia Guimarães, “ainda não chegamos lá”.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Bancada do Podemos se rebela contra candidatura de Moro e ameaça com desfiliação em massa

ELEIÇÕES DE 2022

Dos onze parlamentares do partido, ao menos sete são contrários à candidatura do ex-juiz suspeito Sergio Moro

Brasil 247, 18/01/2022, 14:45 h Atualizado em 18 de janeiro de 2022, 14:45
Lula Marques / Fotos Públicas (Foto: Lula Marques / Fotos Públicas)

A pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro, declarado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) parcial e suspeito nos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato, abriu uma crise no interior do Podemos que poderá resultar em uma debandada por parte da bancada do partido no Congresso. De acordo com a Carta Capital, dos onze parlamentares do partido, ao menos sete são contrários à candidatura de Moro.

Segundo a reportagem, os parlamentares alegam que Moro possui perfil individualista e que “a campanha majoritária irá dizimar a bancada federal. Os motivos vão desde os arranjos regionais à divisão do fundo eleitoral de 229 milhões. Pesam ainda o desempenho mediano de Moro nas pesquisas e o pouco tempo de televisão”. A pressão da bancada de deputados federais do Podemos partido é para que o ex-juiz migre para o União Brasil ou se candidate ao Senado pelo partido.

“Diante disso, deputados federais avisaram a Moro e a presidente do partido, Renata Abreu, que irão se desfiliar caso uma solução não seja encontrada”, destaca a Carta Capital. Atualmente, a maior parte bancada do Podemos é dividida entre bolsonaristas (cerca de 80% votam com o governo) e lulistas, com ao menos dois deputados, Bacelar (BA) e Ricardo Teobaldo (PE), mais próximos da esquerda em seus estados.

“É possível que alguns deputados não queiram devido aos acordos regionais, mas quem não quiser ir com o Sergio Moro pode sair e, a partir daí, o partido fecha a questão”, disse o senador Oriovisto Guimarães (PR) sobre o assunto.

Temer, que liderou o golpe contra Dilma, agora sai em sua defesa: 'é um equívoco ignorá-la, porque ela tem presença'


GOLPE DE 2016

Michel Temer foi questionado em entrevista sobre a possível ausência de Dilma na campanha de Lula

Brasil 247, 18/;01/2022, 18:00 h Atualizado em 18 de janeiro de 2022, 18:28
Dilma Rousseff e Michel Temer (Foto: Ederson Casartelli/247 | Reuters)

Revista Fórum - O ex-presidente Michel Temer (MDB), que assumiu o governo após golpear a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), decidiu sair em defesa da ex-mandatária nesta terça-feira (18). Temer disse que Dilma deve participar da campanha eleitoral do ex-presidente Lula (PT).

“Ela foi presidente da República, ela tem seus adeptos. Acho que ela pode colaborar com a campanha. Vou dar um palpite aqui com muito cuidado, mas acho um equívoco ignorarem, porque ela [Dilma] tem uma presença”, afirmou Temer em entrevista à jornalista Kelly Mattos em podcast do grupo RBS. “É uma presença nacional que pode ser utilizada, não tenho dúvidas disso”, completou.

Continue lendo na Fórum

Bolsonaro teve reuniões secretas com ex-presidente golpista presa na Bolívia

RELAÇÕES SUSPEITAS

O possível encontro com Jeanine Añez pode ser a ponta de uma meada onde conspirações, fugas clandestinas de ministros e talvez entrega de armas se enredem

Brasil 247, 18/01/2022, 12:19 h Atualizado em 18 de janeiro de 2022, 12:19
Jair Bolsonaro e Jeanine Áñez (Foto: Alan Santos/PR | Reuters/Marco Bello)

Por Dario Pignotti Garcia, no Página 12 - Jair Bolsonaro reconheceu ter se encontrado com a ex-presidente boliviana Jeanine Añez, confirmando as suspeitas sobre o apoio brasileiro ao golpe que derrubou o presidente Evo Morales. O possível encontro pode ser a ponta de uma meada onde conspirações, fugas clandestinas, fuga de ministros e talvez entrega de armas se enredem. Em um ato aparentemente involuntário, o capitão e presidente aposentado afirmou: "a ex-presidente da Bolívia, Jeanine... Eu estive com ela uma vez, ela é uma pessoa legal que está na prisão". Para depois acrescentar, com raiva, "você sabe qual é a acusação contra ela? (ter cometido) atos antidemocráticos". Como até o momento não há notícias de nenhuma cúpula oficial entre os dois, essa conversa ocorreu secretamente.

Segundo essa declaração, para Bolsonaro, atacar instituições é algo que não deve ser punido com a prisão da ex-presidente, que permanece detida em um presídio em La Paz, onde se prepara para enfrentar um novo julgamento. O que Bolsonaro não disse é quando e onde ocorreu o encontro com a mulher que governou de fato entre novembro de 2019 e dezembro de 2020, quando o presidente Luis Arce tomou posse. Nesse período de pouco mais de um ano, o avião presidencial boliviano, que só pode decolar com autorização do chefe de Estado ou com ele a bordo, voou com frequência e clandestinidade para o Brasil.

A confissão

Em alguns canais bolsonaristas do YouTube, eles aparentemente perceberam a gravidade das declarações do presidente sobre sua nomeação com Añez e as retiraram do ar. O comentário presidencial, ou melhor, a confissão, poderia ser levado à consideração do tribunal, que a partir desta semana começará a julgar Añez junto com os ex-chefes militares e de polícia no processo denominado "Golpe de Estado II".

Uma ex-alto funcionário de Morales e diplomata que atualmente trabalha fora de seu país analisou, em diálogo com a condição de anonimato, a conexão Brasília-La Paz e os elementos que ela pode contribuir para o iminente novo julgamento. "Acredito que a declaração do presidente Bolsonaro é importante para este julgamento porque é mais uma prova de que o governo de Evo Morales foi atacado por uma organização internacional, isso significa que foi dada ajuda do exterior para um golpe de estado." Devemos esperar a evolução deste julgamento oral, propõe o ex-funcionário, mas "se Añez aceitar que houve essa reunião, ela terá que explicar por que não a denunciou".

"A senhora Añez está sendo investigada por não ter chegado ao poder constitucionalmente, usando o caminho da violência. O povo boliviano quer que ela seja investigada pelas mortes ocorridas para que ela chegue ao poder", continuou o diplomata.

Añez, bem-vindo

A nomeação secreta de Bolsonaro e Añez está em consonância com o apoio público dado por Brasília ao movimento que depôs Morales. Na manhã de 13 de novembro de 2019, horas após a posse de Añez, o Brasil foi o primeiro país da região a parabenizar o novo governo "constitucionalmente" surgido. Añez chegou ao Palacio del Quemado junto com o líder de Santa Cruz de la Sierra, Fernando Camacho, apelidado de "Bolsonaro da Bolívia", que em meados de 2019 havia sido recebido pelo então chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Após a conversa, Camacho e Araújo foram fotografados ao lado da deputada Carla Zambelli, de ardente linhagem bolsonarista.

Vale ressaltar que o golpe boliviano não foi do novo tipo "soft", seja parlamentar ou via "lawfare", como os que derrubaram Dilma Rousseff em 2016 e o ​​ex-presidente paraguaio Fernando Lugo em 2012. O da Bolívia estava no clássico moldes com a participação de policiais e militares, guardando alguma semelhança com aqueles que levaram às ditaduras dos anos 60 e 70 até hoje defendidas pelo presidente brasileiro.

O apoio brasileiro ao regime cívico-militar de La Paz continuou em 2020 com o objetivo de construir uma hegemonia regional de direita, incluindo o apoio aos candidatos Keiko Fujimori no Peru e Antonio Kast no Chile. Para tanto, era preciso impedir o retorno do Movimento Morales ao Socialismo através da candidatura de Luis Arce, que finalmente venceria por larga margem em outubro de 2020. Nesse caso, o Brasil foi o último país importante que manifestou seu desejo de libertar Arce, ex-ministro da Economia e Finanças durante os governos de Morales.

Voos

A página 12 publicou em junho de 2020, quando Añez estava no Palácio del Quemado há seis meses, um artigo assinado por Felipe Yapur sobre os "voos suspeitos e repetidos" do avião presidencial da Força Aérea Boliviana 001, o FAB001, com destino ao Brasil. A investigação é baseada em informações da empresa de rastreamento de voos dos EUA FlightAware.

Na lista de viagens ao Brasil estão várias a Brasília onde poderia ter ocorrido o encontro entre Bolsonaro e Añez, ao qual o ex-capitão se referiu durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais ocorrida meses atrás, quando acusou seu rival, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores para "apoiar a volta do povo de Evo Morales na Bolívia".

O primeiro voo do FAB001 foi em 11 de novembro de 2019 “após a queda do presidente Morales e antes da assunção de Añez”, diz a fonte boliviana consultada por este jornal. "Minha percepção é que a movimentação do avião no dia 11 de novembro é extremamente estranha, não sabemos se foi para levar algo ou trazer algo do Brasil. Sou diplomata de carreira, quando um presidente sai do país ele tem que avisar e deixar o vice-presidente, e isso não aconteceu."

Senador Carvalho

O senador brasileiro Rogério Carvalho, do PT, não tem dúvidas sobre a participação brasileira na trama contra Morales. "De zero a dez, a chance de Bolsonaro apoiar o golpe é dez." Questionado por este jornal, o deputado afirmou que "Bolsonaro dá seu total apoio a qualquer governo que seja antidemocrático ou a forças políticas antidemocráticas".

Segundo Carvalho, o Congresso poderia tomar providências sobre o assunto e descobrir como eram as relações de Bolsonaro com Añez e outras possíveis conexões.

Uma área cheia de perguntas sem resposta é a fronteira entre os dois países, com mais de 3.400 quilômetros de extensão, por onde teriam passado recursos para o movimento sedicioso de 2019 e que poderia ter servido como zona de fuga em 2020 para funcionários de Añez. Luis Fernando López e o Ministro do Governo Arturo Murillo.

Armas?

O diplomata e ex-funcionário de Morales lembra que Murillo, depois de passar pelo Brasil, foi preso nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e outros crimes relacionados à compra de armas. E suspeita que o ex-chefe da Defesa, López, possa estar escondido no Brasil. A nossa fonte, que entrevistamos em agosto e voltamos a consultar brevemente no domingo, refere-se novamente às viagens clandestinas da FAB001 e destaca a realizada no final de dezembro de 2020.

A data desse voo coincide com a de um documento do Ministério da Defesa boliviano no qual se menciona que uma carga de armas deve ser retirada em 30 de dezembro. Dezembro? ? Sim", "Existe algum documento com papel timbrado do Ministério da Defesa do Estado Plurinacional da Bolívia que diga que haveria entrega de armas no Brasil? Sim. É possível que as armas sejam entregues em um aeroporto no Brasil para outro país. Isso é normal?" pergunta o ex-funcionário boliviano.

E conclui propondo que sejam investigados os pontos de “contato” que relacionam “Bolsonaro dizendo que se encontrou com Añez” com a possível “saída do país do ex-presidente” e a suposta “entrega de armas no Rio”.

"Espero que termine esse governo Bolsonaro o quanto antes", diz FHC

GOVERNO BOLSONARO

Articulador do golpe que levou Bolsonaro ao poder, FHC critica a política externa do governo e diz que estragos ainda podem ser revertidos: "é fácil"

Brasil 247, 18/01/2022, 09:51 h Atualizado em 18 de janeiro de 2022, 10:34
(Foto: Reuters | PR)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que articulou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, abrindo caminho para a eleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018, agora quer que o atual governo termine "o quanto antes".

A declaração foi dada em uma entrevista ainda inédita à Cebri Revista, publicação trimestral que o think tank de relações internacionais fundado há 23 anos está lançando em fevereiro.

Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, FHC se refere à política externa de Bolsonaro. De acordo com o tucano, os estragos causados pelo atual governo ainda podem ser revertidos. "Espero que termine esse governo Bolsonaro o quanto antes, antes que o estrago seja muito grande. A volta não é difícil".

O ex-presidente afirmou que o Brasil precisa voltar a dialogar comos países vizinhos para reforçar sua imagem diante das grandes potências. "É fácil voltar porque um país como o Brasil tem um peso específico e colocando seu peso a favor da integração, ou melhor, do diálogo com esses vários países (vizinhos), sua voz será mais forte. Será mais ouvida. Ouvida por quem? Pela Europa, pelos EUA, pelo Japão, pela China, os que realmente têm poder no mundo. Se nós falamos por um conjunto, temos muito mais poder do que falando sozinhos. Eu acho que é uma lógica caipira: 'vamos nos isolar porque é melhor e estamos vivendo entre nós"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

PT foi o partido que mais ganhou filiados em 2021

PARTIDOS BRASILEIROS

PSL foi a legenda que mais perdeu apoiadores

Agência O Globo|31/12/2021 15:05
Felipe Freitas/iG

Os partidos brasileiros perderam, juntos, mais de meio milhão de filiados no último ano. Entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, o número de cidadãos formalmente vinculados a alguma das 36 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) caiu de 16.654.826 para 16.090.180.

A sigla que mais sofreu com a debandada de adeptos, de acordo com os dados oficiais da Justiça Eleitoral, foi o PSL, que até 2019 abrigava o presidente Jair Bolsonaro. Nesse período, seu contingente de filiados caiu de 462.861 para 76.776. Já o PT, do ex-presidente Lula, foi o partido que mais ganhou membros: 62.693 mil ao longo de um ano.

O MDB, agremiação com maior número de correligionários do Brasil, também amargou um encolhimento de seus quadros. Os registros oficiais apontam uma redução de 2.166.048 filiados em 2020 para 2.128.305 em 2021 — uma queda de 37.743 inscritos. Ainda assim, a legenda contabiliza 13,227% do total de eleitores filiados hoje.

As siglas que integram o chamado centrão — consideradas menos ideológicas e que formam a base de apoio do governo — também contabilizaram saídas, à exceção do Republicanos, que ganhou filiados. O PL, por exemplo, partido presidido pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto e que neste ano passou a abrigar Bolsonaro, viu seu contingente cair de 761.640 para 774.205 pessoas. O PP, liderado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, perdeu 26.450 nomes, assim como o PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que tem menos 26.558 inscritos em comparação aos dados do ano passado.

Na direção contrária, o PT saltou de 1.544.532 eleitores filiados em 2020 para 1.607.225 no ano seguinte. A presidente da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), atribui o crescimento de 4,059% a um esforço para aumentar o número de inscritos e ao momento político pelo qual passa o país, a pouco menos de um ano da eleição presidencial, marcada para outubro de 2022.

"Lançamos este ano uma campanha de filiações ao PT que tem sido bem-sucedida, principalmente pelo resgate dos direitos políticos do presidente Lula. A expectativa em torno de sua candidatura está estimulando a participação política, especialmente da juventude e do povo mais pobre, que vê nele a esperança de mudar o país", afirmou ao GLOBO.

A marca alcançada pelos petistas, segundo divulgou o próprio partido, representa um recorde no número de filiados. Hoje, de acordo com os números do TSE, a legenda detém 9,989% de todos os brasileiros vinculados a alguma sigla do país.
Continua após a publicidade

Outra legendas que nesse período registraram crescimentos — porém mais tímidos — foram o Psol, PTC e Avante, além do Republicanos.

Ao analisar o movimento de perda de filiados nos partidos como um todo, o vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, disse entender que essas reduções fazem parte do fluxo de migração de políticos entre as legendas. "Acho que é natural, seguindo um movimento dos próprios candidatos: quando os deputados saem, levam seus filiados", observou.

No caso específico do partido que ele comanda, Rueda alega que não houve uma debandada, mas um equívoco. Ele atribui a queda drástica a um erro no preenchimento dos dados por parte da própria legenda.

"Em 2019, houve uma filiação em massa na ocasião da eleição de Bolsonaro. Mas a atual queda não significa que houve uma desfiliação em massa. Trata-se de um erro material, que será corrigido em abril", disse Rueda, argumentando que a queda é menor do que disponível na base de dados da Justiça Eleitoral.

O GLOBO aguardou por dois dias que o PSL enviasse o número de desfiliados que considera correto, mas não os recebeu até o fechamento desta reportagem.

Leia também

O TSE afirma que o preenchimento desses dados é de responsabilidade de cada legenda. De acordo com a lei dos partidos políticos, as siglas devem informar a lista com os dados dos filiados sempre na segunda semana dos meses de abril e outubro. De fato, por vezes, os partidos apresentam dificuldades para fazer a atualização da relação de filiados, mas sobretudo para retirar nomes de pessoas que morreram ou se desligaram da legenda naquele período. O GLOBO apurou que, embora algumas imprecisões sejam frequentes, dificilmente há grandes discrepâncias entre as informações reais e as disponíveis no TSE.

Descrédito na política

Para a ex-desembargadora eleitoral e integrante da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) Jamile Coelho, a perda de filiados e o esvaziamento dos partidos são um termômetro preciso do crescente descrédito que atinge a classe política há tempos.

"As siglas têm sido cada vez mais vistas como desnecessárias no cenário político e nas ações que atingem diretamente o cidadão. A flexibilização da fidelidade partidária, por exemplo, corrobora essa situação, assim como a crescente onda para se tentar legalizar a candidatura avulsa, o que hoje não é permitido", apontou.

Brasil, que era 3º destino global de investimentos com Dilma, cai para 10ª posição com Bolsonaro

ECONOMIA

Em 2021, o Brasil estava na oitava posição, na frente de Canadá e Austrália, que agora ultrapassaram o país

Brasil 247, 17/01/2022, 16:38 h Atualizado em 17 de janeiro de 2022, 16:44
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O Brasil caiu para a 10ª posição nos destinos de investimentos globais, revela consultoria PwC, que faz pesquisa anual com presidentes de grandes companhias de todo o planeta. É o resultado do golpe de Estado e do governo Jair Bolsonaro. Em 2013, antes do golpe e durante o governo Dilma Rousseff (PT), o Brasil ocupava a terceira posição.

Segundo a consultoria, entre os entrevistados, apenas 5% colocaram o País como um dos seus mercados com maior potencial. Em 2021, o Brasil estava na oitava posição, na frente de Canadá e Austrália, que agora ultrapassaram o país. A preferência dos investidores são Estados Unidos, China e Alemanha.

O presidente da PwC, Marcos Castro, o Brasil tem caído no ranking diante da pobreza da população e da falta de perspectivas de crescimento, diante das inúmeras crises. Por isso, a valorização do dólar frente ao real, que poderia estimular investimentos estrangeiros, não tem grande influência para os investidores.

“O País continua sendo uma aposta de consumo, mas já não está mais como prioridade nos investimentos”, afirma Castro. O Brasil é o 6º país mais populoso do mundo, atrás de China, Índia, EUA, Indonésia e Paquistão.