segunda-feira, 10 de maio de 2021

Lula avança rumo à frente com o centro

"O road show de Lula em Brasília na semana passada, por exemplo, avançou bem mais do que se imagina na formação de uma frente das esquerdas com parte do centro para 2022", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Brasil 247, 10/05/2021, 11:08 h Atualizado em 10/05/2021, 11:58
 (Foto: Ricardo Stuckert)

Por Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Enquanto a platéia se distrai com a CPI e as aglomerações e arreganhos de Jair Bolsonaro, os movimentos políticos mais importantes vão se desenrolando em modelo iceberg – a gente vê a ponta, mas não tem ideia do tamanho das coisas abaixo da superfície, e nem de seu alcance. O road show de Lula em Brasília na semana passada, por exemplo, avançou bem mais do que se imagina na formação de uma frente das esquerdas com parte do centro para 2022.

Nas conversas com caciques de partidos desse campo, como Gilberto Kassab (PDS), Rodrigo Maia (em transição do DEM para o PDS), José Sarney (MDB), Eunício Oliveira (CE) e outros, Lula acenou com o que interessa: o PT vai abrir mão de candidaturas a governos estaduais onde seus futuros parceiros tiverem nomes fortes, em troca de seu apoio nacional. Isso deve acontecer em dois dos três principais colégios eleitorais do país, o Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Com isso, o petista abre diálogo tanto com forças de esquerda, como o PSOL e o PSB, que tendem a se aglutinar em torno de Marcelo Freixo para governador do Rio e avança muitas casas no jogo para conquistar o PSD de Gilberto Kassab. Em Minas, o candidato deverá ser o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Em Pernambuco, o acordo é com o PSB, e em outros estados do Nordeste, com o MDB. Por enquanto, nenhum desses partidos admite abertamente a aliança. Kassab diz que lançará candidato a presidente. Mas, se as coisas continuarem nesse rumo, PSD e MDB vão desembocar na candidatura do petista.

Nesses entendimentos, o PT pode ficar com a candidatura ao Senado, com as vices ou até mesmo com a possibilidade de eleger chapas fortes para a Câmara dos Deputados. Depois de tantos anos no poder, Lula está convencido da importância de eleger maioria no Congresso para governar no presidencialismo à brasileira.

Também Jair Bolsonaro trabalha para 2022 – aliás, só trabalha. Ainda sem partido, e na perspectiva de se filiar a uma legenda nanica para chamar de sua, o presidente tenta consolidar o apoio de partidos médios e grandes do Centrão que podem lhe garantir tempo de TV na campanha: PP e Republicanos, sobretudo. Além de postos no governo, Bolsonaro tem feito farta distribuição de verbas e emendas para parlamentares dessas legendas e fim de manter sua fidelidade.

Mas há controvérsias se o Centrão estará mesmo no palanque do presidente da República se a sua popularidade despencar muito até lá. Aí vem o outro lado da estratégia: manter o discurso radical e ativar suas milícias nas redes. A guerra mal começou.

Renan: 'Governo não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI'

"O Brasil virou o cemitério do mundo. O fato de terem transformado o Brasil nisso não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI", afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid

Brasil 247, 10/05/2021, 15:17 h Atualizado em 10/05/2021, 15:56
Senador Renan Calheiros (MDB-AL) (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que o governo Jair Bolsonaro e senadores aliados estão equivocados ao dizer que as investigações da comissão vão "dar em nada".

"Os fatos falam por si. O Brasil virou o cemitério do mundo. O fato de terem transformado o Brasil nisso não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI", afirmou o parlamentar, de acordo com relatos publicados pela coluna de Mônica Bergamo.

De acordo com o emedebista, "se houver provas sobre os morticínios, haverá, sim, responsabilização". "A CPI não é uma briga de governo e oposição. Nem de grupos ideológicos. Ela quer mostrar a verdade. E vai mostrar o que aconteceu e o que fizeram para salvar, ou não salvar, vidas", disse.

Na plataforma Worldometers, que disponibiliza dados globais sobre a pandemia, o País tem a segunda maior quantidade de mortes (422 mil) provocadas pela Covid-19 - só fica atrás dos Estados Unidos (595 mil).

O Brasil tem o terceiro maior número de infectados (15,1 milhões), atrás de Índia (22,9 milhões) e EUA (33,4 milhões).

Pazuello tentará fugir da CPI pela segunda vez e está com medo de ser preso

Ex-titular da pasta da Saúde estaria temendo ser preso por seguir determinações de Bolsonaro para propagandear cloroquina, atrasar compra da vacina contra o novo coronavírus e também por negligenciar o colapso da saúde em Manaus

Brasil 247, 10/05/2021, 11:54 h Atualizado em 10/05/2021, 11:54
(Foto: ABr | Reuters)

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello teme a qualquer momento ser preso e tenta, pela segunda vez, fugir de seu depoimento na CPI da Covid-19 no Senado que apura irregularidades da gestão federal no combate à pandemia.

Segundo reportagem do portal Correio Braziliense, parlamentares relatam que a estratégia seria conseguir um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o depoimento como testemunha. Nestas situações, o depoente se compromete a falar a verdade e, caso minta, pode responder por crime.

O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, disse à reportagem que se trata de um "artifício jurídico" para obter o adiamento ou a mudança na condição de testemunha. "Pazuello pode querer usar um artifício jurídico para driblar a CPI, dizendo que hoje ele é investigado num Inquérito Criminal deflagrado pelo Aras e que, nessa condição, não pode prestar compromisso de dizer a verdade, para não produzir prova contra si ou ainda tentar um habeas corpus no STF para não comparecer", afirma Randolfe.

O maior temor de Pazuello é a comprovação de que ele seguiu ordens de Jair Bolsonaro para propagandear cloroquina, atrasar compra da vacina contra o novo coronavírus e também por negligenciar o colapso da saúde em Manaus em janeiro, no momento em que o governo já sabia da falta de insumos na capital.

General Pazuello contratou defensor de milicianos como advogado na CPI da Covid, escreve jornalista Luciano Martins Costa

Estratégia do general Pazuello para enfrentar interrogatório na CPI da Covid será preparada por advogado defensor de milicianos

Brasil 247, 10/05/2021, 04:44 h Atualizado em 10/05/2021, 05:03
  Eduardo Pazuello (Foto: Reprodução)

“O general Eduardo Pazuello contratou o advogado carioca Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo, que foi seu assessor no Ministério da Saúde, para preparar sua estratégia no enfrentamento da CPI da Covid”, escreve o jornalista Luciano Martins Costa no Facebook.

“Zoser Hardman, como é conhecido, tem vasta experiência como defensor de milicianos no Rio de Janeiro, entre eles o PM Daniel Santos Benitez Lopez, condenado por envolvimento no assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido em 2011 e o ex-vereador Cristiano Girão, condenado por ligação com a milícia e que já foi apontado como mandante da morte da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018.

A estratégia a ser provavelmente adotada pelo general, segundo o noticiário, será pedir habeas-corpus para garantir o direito de se manter calado diante dos senadores da comissão.

Pode até funcionar, mas essa manobra não vai ocultar o fato mais relevante. A imprensa hegemônica se concentra no acompanhamento da CPI, mas, subjacente à análise das responsabilidades pelo desastre sanitário, está evidente a contaminação do governo pelo crime organizado.

A leitura de um livro recém-lançado pela Editora Unesp, "Máfia, poder e antimáfia", do jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, ilumina fortemente esse fenômeno: a tolerância com os grupos criminosos chefiados por policiais no Rio leva o crime organizado para dentro do Estado.

Respaldado por um dos mais sólidos currículos no estudo de organizações criminosas em todo o mundo, Maierovitch descreve didaticamente como se processa esse envenenamento.

O fato de o ex-ministro, general da ativa do Exército brasileiro, ter abrigado em sua pasta um cidadão com tantas relações no submundo do crime, ainda que como advogado, não deveria passar despercebido pelo escrutínio dos jornalistas, porque evidencia como as milícias se infiltraram no núcleo do poder federal.

Não é absurdo supor que, por contato imediato de sua farda com tais elementos, Pazuello também transmite essa nódoa ao Exército brasileiro.

Essa circunstância coloca sobre os membros da CPI no Senado uma responsabilidade ainda maior: não se trata apenas de apontar os culpados que, por negação ou omissão, patrocinaram as mais de 420 mil mortes da pandemia; trata-se principalmente de obstruir o projeto criminoso de poder que ameaça a República”.

Codevasf é a estatal usada por Bolsonaro no "bolsolão", o esquema de compra de deputados com recursos desviados do orçamento

Governo desviou R$ 3 bilhões para os parlamentares por meio da compra de tratores em valores superfaturados. Por isso, o esquema é também chamado de "tratoraço"

Brasil 247, 10//05/2021, 06:33 h Atualizado em 10/05/2021, 06:33
  Jair Bolsonaro (Foto: Reuters/Ueslei Marcelino)

O jornalista Breno Pires, do Estado de S. Paulo, revela nesta segunda-feira mais detalhes sobre o "bolsolão", esquema também conhecido como "tratoraço". que consiste no desvio de verbas do orçamento federal para a compra de deputados federais. A estatal utilizada no esquema é a Codevasf, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco.

"O esquema de um orçamento secreto montado pelo presidente Jair Bolsonaro para garantir apoio no Congresso atropela a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e posições assumidas por ele na campanha e já no exercício do mandato. Na liberação sigilosa de R$ 3 bilhões para serviços de obras e compras de tratores e máquinas agrícolas indicados por um grupo escolhido a dedo de deputados e senadores, no final do ano passado, o governo atropelou ao menos três exigências da legislação", informa o jornalista.

"No que tange à LDO de 2020, as autorizações de repasses de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional deixaram de estabelecer critérios para definição das localidades beneficiadas e não apresentaram indicadores socioeconômicos ao distribuir os recursos. Além disso, não priorizaram a continuidade de obras iniciadas", prossegue. "Do total de repasses previstos, R$ 271,8 milhões foram destinados à aquisição de máquinas pesadas por preços até 259% acima dos valores da tabela de referência do governo válida para 2021. O esquema ficou conhecido como 'tratoraço'”.

Às vésperas de depor na CPI, Wajngarten é hostilizado pelo Planalto e pode ser uma 'bomba' contra o governo

O ex-poderoso chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) irá à CPI na quarta: espera-se um depoimento explosivo

Brasil 247, 9/05/2021, 17:35 h Atualizado em 9/05/2021, 17:55
 Fabio Wajngarten e a CPI da Covi (Foto: ABr | Jefferson Rudy/Agência Senado)

A poucos dias de se sentar diante dos senadores na CPI da Covid, na quarta-feira (12), Fabio Wajngarten virou persona non grata no Palácio do Planalto, segundo o colunista Lauro Jardim.

A avaliação é que o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) “falou demais sobre suas estranhas tratativas para comprar vacinas” e atacou o ex-ministro da Saúde, general Henrique Pazuello, de forma que fragilizou o governo.

Nas duas últimas semanas, Wajngarten andou procurando alguns ministros. Foi ignorado. Segundo o colunista Ricardo Noblat, “é tal a irritação do general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil, com o publicitário Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo, que a ele só se refere como ‘idiota, imbecil’”.

De personalidade explosiva, Wajngarten é visto como alguém que poderá perder os limites na CPI, ao contrário do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e comprometer-se e ao governo.

Os senadores avaliam a possibilidade de o ex-chefe da Secom ser o primeiro a ter o sigilo bancário quebrado na CPI.

Bolsonaro festeja barbárie e felicita polícia do Rio pelo banho de sangue no Jacarezinho

Jair Bolsonaro postou um tuíte na noite deste domingo parabenizando a polícia do Rio pela chacina na favela de Jacarezinho. No texto, Bolsonaro trata os moradores da favela mortos no massacre como "traficantes que roubam, matam e destroem familías", ocultando que 9 dos 28 assassinados não tinham processos criminais

Brasil 247, 9/05/2021, 21:30 h Atualizado em 9/05/2021, 21:45
  (Foto: ABR | Reuters)

Uma pesquisa realizada na noite deste sábado (08) pelo jornal O Estado de S.Paulo aponta que nove dos 28 mortos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho, na última quinta-feira (06), não eram investigados por algum crime ou foram denunciados à Justiça.

O levantamento desmente informação da polícia na tarde do sábado de que dos 27 civis mortos, 25 tinham “antecedentes criminais” e que haveria provas de que os outros 2 também eram ligados ao tráfico. A corporação não apresentou nem deu detalhes das fichas criminais. A OAB contestou a versão policial logo depois da divulgação e agora a versão oficial é posta em xeque.

A investigação dos jornalistas foi feita no portal do Tribunal de Justiça do Rio. Não foi encontrada qualquer acusação em nome de Cleyton da Silva Freitas de Lima, Natan Oliveira de Almeida, Ray Barreiros de Araújo, Luiz Augusto Oliveira de Farias, Marlon Santana de Araújo, John Jefferson Mendes Rufino da Silva, Wagner Luiz Magalhães Fagundes, Caio da Silva Figueiredo e Diogo Barbosa Gomes.

De acordo com reportagem, não foram encontrados processos de tribunal de júri e recursos em segunda instância no nome de nove dos 28 mortos. Apenas três dos 28 mortos eram alvos de mandados de prisão na operação policial.

Alguns desses processos constam como arquivados - temporária ou definitivamente. A pesquisa foi feita no período de 2001 a 2021.

Temendo CPI, apoiadores de Bolsonaro apagam 385 vídeos do YouTube

Pesquisa realizada por empresa especializada em dados comprova que desde o anúncio da CPI da Covid em abril, canais de apoio a Bolsonaro no YouTube apagaram 385 vídeos que faziam menção à cloroquina

Brasil 247, 9/05/2021, 21:22 h Atualizado em 9/05/2021, 21:45
  Jornalista Alexandre Garcia (Foto: Reprodução)

Um estudo realizado pela empresa especializada em dados Novelo Data constatou que 34 canais de apoiadores de Bolsonaro apagaram ou podem ter ocultado, 385 vídeos da plataforma YouTube entre os dias 14 de abril e 6 de maio de 2021 relacionados ao tema “tratamento precoce”. Os vídeos simplesmente sumiram do ar. A pesquisa foi encomendada pelo site Congresso em Foco.

De acordo com o sócio-fundador da Novelo Data, Guilherme Felitti, não é possível apontar se os vídeos foram efetivamente apagados ou meramente ocultados no site. Ele diz ainda que o número de vídeos pode ser maior, já que os algoritmos do próprio YouTube podem fazer essa limpeza.

A CPI da Covid vai investigar se esses influenciadores podem ter recebido, através da Secretaria de Comunicação, financiamento de propaganda.

Veja mais em Congresso em Foco.

Baixo Clero: Falas de Bolsonaro são estratégia para criar realidade paralela.

Gabriel Toueg, Colaboração para o UOL, em São Paulo, 08/05/2021 04h00

A colunista do UOL Maria Carolina Trevisan diz que as falas aparentemente desconexas da realidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como uma em que ele voltou a responsabilizar a China pela "criação" do novo coronavírus, fazem parte de uma "estratégia" do mandatário. A declaração foi feita durante o programa desta semana do Baixo Clero, podcast de política do UOL, que vai ao ar agora aos sábados.

Ao comentar uma declaração do deputado Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, sobre o comentário de Bolsonaro sobre o país asiático, Trevisan disse que se trata de "uma estratégia de criar realidades paralelas, da qual seus seguidores mais fervorosos se sentem parte" (assista a partir do minuto 36:41 no vídeo acima). Segundo ela, Bolsonaro cria um caos para conseguir trabalhar. "Aí [o presidente] recua um pouco e fica parecendo razoável, mas na verdade ele não tem sido razoável em nenhum momento", disse.

A colunista do UOL Maria Carolina Trevisan diz que as falas aparentemente desconexas da realidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como uma em que ele voltou a responsabilizar a China pela "criação" do novo coronavírus, fazem parte de uma "estratégia" do mandatário. A declaração foi feita durante o programa desta semana do Baixo Clero, podcast de política do UOL, que vai ao ar agora aos sábados.

Ao comentar uma declaração do deputado Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, sobre o comentário de Bolsonaro sobre o país asiático, Trevisan disse que se trata de "uma estratégia de criar realidades paralelas, da qual seus seguidores mais fervorosos se sentem parte" (assista a partir do minuto 36:41 no vídeo acima). Segundo ela, Bolsonaro cria um caos para conseguir trabalhar. "Aí [o presidente] recua um pouco e fica parecendo razoável, mas na verdade ele não tem sido razoável em nenhum momento", disse.


Sem citar nominalmente a China ou apresentar provas, Bolsonaro disse na quarta-feira (5) que o vírus pode ter sido criado em laboratório. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado", declarou. "Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", sugeriu Bolsonaro. "Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês", afirmou. Entre as maiores economias, a China foi o país cujo PIB (Produto Interno Bruto) mais cresceu em 2020.

Em resposta, o deputado Pinato disse suspeitar de "grave doença mental" de Bolsonaro. Ele chegou inclusive a publicar nas redes sociais uma nota sugerindo "desvio de personalidade" e dizendo que o presidente "confunde realidade com ficção". Para o deputado, "estamos diante de um caso em que recomenda-se a interdição civil [de Bolsonaro] para tratamento médico".

Para Diogo Schelp, também colunista do UOL, as declarações de Bolsonaro dão a impressão de que ele é louco. Mas, segundo ele, "pode ser simplesmente um método político" (assista a partir de 33:26).

"Eu sempre comparo [Bolsonaro] com o [ditador venezuelano] Hugo Chávez. Mas a verdade é que Chávez era muito parecido, ele tinha sua própria live, na verdade uma transmissão em cadeia nacional aos domingos. [...] Ele ficava horas falando as maiores 'abobrinhas' que você pode imaginar, como a 'abobrinha' que Bolsonaro disse na live dele na quinta-feira dizendo que ele toma Coca-Cola para indisposição intestinal e que talvez tenha sido graças à Coca-Cola que ele tenha sobrevivido à facada do Adélio [Bispo da Silva]", disse.

Para Schelp, as falas do venezuelano eram uma forma de fazer uma conexão com as pessoas. "[Era uma maneira] de se apresentar, até no caso do Bolsonaro, uma forma de dizer assim: 'Oolha, eu defendo a cloroquina, mas é que eu sou ignorante, mesmo, é justificado, não podem me acusar de nenhum crime'", explicou o colunista.

"Talvez a Coca-Cola, meu bucho todo corroído, me salvou da facada do Adélio. Deem porrada em mim amanhã, Folha de S.Paulo, Globo, Estadão, IstoÉ, UOL. Deem porrada em mim!", disse o presidente, aproveitando para fazer novo ataque à imprensa.

Frigideira Tradicional quadro do Baixo Clero, a Frigideira desta semana teve nomes de fora do Planalto, pela primeira vez em algumas semanas.

Para o colunista Diogo Schelp, seu personagem quase passou despercebido: "O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), no depoimento do [ex-ministro da Saúde Luiz Henrique] Mandetta, fez uma ode à cloroquina bem mais enfática do que a que fez, por exemplo, o senador Eduardo Girão (PODE-CE)", lembrou o colunista, ao mencionar os debates na CPI da Covid (assista a partir de 39:08).

"Heinze fez uma defesa da cloroquina, diante do Mandetta, de um caso no interior de Santa Catarina em que prescreveram cloroquina, deu tudo certo. E foi patético, vergonhoso, porque o Mandetta, que já tinha explicado que a cloroquina não pode ser considerado remédio [contra covid], que não vai resolver a pandemia, deu uma resposta bastante irônica, dizendo que 'a cidade encontrou a fórmula, mas tem que testar, tem que testar'", contou Schelp, lembrando que é preciso fazer estudos científicos. "Não é a situação anedótica de que 'conheço alguém que tomou' e pronto", disse.

Maria Carolina Trevisan contou que pensou em colocar Bolsonaro na Frigideira de novo, mas acabou fazendo a escolha pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que assumiu depois que Wilson Witzel sofreu impeachment no fim de abril. "Ele é o responsável pela Polícia Civil e pelas operações policiais", lembrando da desastrosa ação policial na comunidade do Jacarezinho, na quinta-feira (6), em que ao menos 28 pessoas morreram (assista a partir de 41:41).

"O que ele sinalizou não é razoável, de que [o desfecho da operação] é uma política de segurança pública, e na verdade uma chacina policial não é política de segurança pública, é uma violência que perpetua mais violência e que fortalece facções e milícias e não ajuda a população", disse Trevisan.

Segundo a colunista, o novo governador fluminense está sendo ainda mais letal que o antecessor, "que dizia que tem que mirar na cabecinha".

Schelp lembrou que a chacina ocorreu um dia depois de Castro ter se encontrado com Bolsonaro. "Não estou dizendo que uma coisa tem relação com a outra, mas o efeito é que a chacina acaba se sobrepondo às outras notícias que estão dominando o Brasil", disse o colunista, em referência à pandemia.

"Afirmava-se que [o número de mortos] estava em queda, já vemos números em alta novamente, o país caminhando para meio milhão de mortos, há estudos mostrando que já passamos desse número", cita, se referindo a números que consideram casos que não chegam aos hospitais.

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição de áudio. Você pode ouvir Baixo Clero, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e Youtube —neste último, também em vídeo.

Assista o video referente: https://youtu.be/YwmDhxdc1fI?t=772

domingo, 9 de maio de 2021

Levantamento desmente Polícia Civil: 1/3 dos mortos na chacina do Jacarezinho não tinha processos criminais

Pesquisa aponta que nove dos 28 mortos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho na última quinta-feira (06) não eram investigados por algum crime nem haviam sido denunciados à Justiça

Brasil 247, 9/05/2021, 15:10 h Atualizado em 9/05/2021, 15:54
   (Foto: REUTERS/RICARDO MORAES)

Uma pesquisa realizada na noite deste sábado (08) pelo jornal O Estado de S.Paulo aponta que nove dos 28 mortos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho, na última quinta-feira (06), não eram investigados por algum crime ou foram denunciados à Justiça. O levantamento desmente informação da polícia na tarde do sábado de que dos 27 civis mortos, 25 tinham “antecedentes criminais” e que haveria provas de que os outros 2 também eram ligados ao tráfico. A corporação não apresentou nem deu detalhes das fichas criminais. A OAB contestou a versão policial logo depois da divulgação e agora a versão oficial é posta em xeque.

A investigação dos jornalistas foi feita no portal do Tribunal de Justiça do Rio. Não foi encontrada qualquer acusação em nome de Cleyton da Silva Freitas de Lima, Natan Oliveira de Almeida, Ray Barreiros de Araújo, Luiz Augusto Oliveira de Farias, Marlon Santana de Araújo, John Jefferson Mendes Rufino da Silva, Wagner Luiz Magalhães Fagundes, Caio da Silva Figueiredo e Diogo Barbosa Gomes.

De acordo com reportagem, não foram encontrados processos de tribunal de júri e recursos em segunda instância no nome de nove dos 28 mortos. Apenas três dos 28 mortos eram alvos de mandados de prisão na operação policial.

Alguns desses processos constam como arquivados - temporária ou definitivamente. A pesquisa foi feita no período de 2001 a 2021.