segunda-feira, 5 de abril de 2021

Mais um financista da Faria Lima cobra autocrítica da elite por voto em Bolsonaro

“Na ânsia de evitar o PT, muita gente séria acabou votando em Bolsonaro ainda no primeiro turno. Está aí a origem do desastre que vivemos”, disse Ricardo Lacerda, da BR Partners

Brasil 247, 4/04/2021, 06:57 h Atualizado em 4/04/2021, 09:36
  (Foto: FGV/Divulgação)

Depois de Luis Stuhlberger, mais um empresário da Faria Lima, o financista Ricardo Lacerda, do banco BR Partners, fez sua autocrítica por ter votado em Jair Bolsonaro. “Na ânsia de evitar o PT, muita gente séria acabou votando em Bolsonaro ainda no primeiro turno. Está aí a origem do desastre que vivemos”, afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Lacerda critica analistas de mercado e faz acenos ao ex-presidente Lula. “Comprou o discurso liberal do Bolsonaro, ainda que seu comportamento em três décadas de Congresso tenha sido exatamente o oposto”, diz ele. “Se voltar o Lula de 2002, cercado de pessoas competentes, mantendo as alas ideológicas e fisiológicas do PT mais afastadas, abraçando uma agenda de equilíbrio fiscal, podemos ter um cenário benigno”, diz o banqueiro.

Brasil saiu dos trilhos e Bolsonaro pode ser afastado, diz chefe da Eurasia Group

Ian Bremmer, chefe da maior consultoria de risco do mundo, diz que Jair Bolsonaro não tem condições de governar um país como o Brasil e deve sofrer impeachment

Brasil 247, 5/04/2021, 06:49 h Atualizado em 5/04/2021, 07:28
   Ian Bremmer Eurasia (Foto: Richard Jopson/CC)

Por Ian Bremmer, na Time – Em meio a uma pandemia global, é difícil determinar qual país está se saindo pior. Mas qualquer lista curta neste momento deve incluir o Brasil.

Na segunda-feira, o exaltado presidente brasileiro Jair Bolsonaro tomou a decisão de derrubar seu gabinete, substituindo seis ministros. Algumas das saídas não foram surpreendentes, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um aliado próximo de Bolsonaro, cuja abordagem combativa aos assuntos internacionais despertou fogo devido às lutas do Brasil para obter vacinas no exterior. Mas outras demissões pegaram muitos desprevenidos, principalmente a do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que falou com carinho sobre a ditadura militar anterior do país (bem como sobre líderes autoritários em geral), recrutou muitos generais ativos e aposentados para ingressar em seu governo. Azevedo foi um deles.

Mas desde que Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, a preocupação tem crescido entre os chefes militares de que as ações de Bolsonaro podem corroer a independência militar da política além dos limites aceitáveis, um sentimento compartilhado pelo deposto Azevedo. Na terça-feira, os chefes da Marinha, do Exército e da Força Aérea foram demitidos pelo presidente depois de ameaçarem demitir-se em protesto contra a pressão de Bolsonaro para que as Forças Armadas defendessem politicamente sua administração. Para os detratores militares de Bolsonaro, o conforto crescente de Bolsonaro com os militares não é apenas uma ameaça à capacidade do país de funcionar como uma democracia adequada, mas à própria posição dos militares. A preocupação é que ele acabe com a reputação dos militares, uma reputação que eles passaram décadas reconstruindo desde o fim da junta militar em 1985.

O cenário do juízo final para a liderança militar?

Bolsonaro perde a próxima eleição presidencial em 2022 ou enfrenta o impeachment nesse ínterim, o condena como ilegítimo e tenta forçar os militares a apoiá-lo em suas reivindicações. A boa notícia desta semana é que os principais líderes militares enviaram a ele uma mensagem forte: eles escolherão a democracia em vez de defender seu governo a todo custo.

Infelizmente para o Brasil, há muito mais. Em meio à pior crise financeira do Brasil em décadas, Bolsonaro também tem jogado jogos econômicos. A última gira em torno do orçamento de 2021 que o Congresso brasileiro conseguiu aprovar na semana passada. Para ultrapassar a linha final e ainda permanecer abaixo do limite de gastos, os legisladores reservaram bilhões a mais para gastos discricionários, esvaziando artificialmente despesas “obrigatórias” como previdência social e desemprego para que pudessem direcionar mais fundos para seus projetos preferidos. Há meses, Bolsonaro acolhe propostas pouco ortodoxas para financiar diversos tipos de projetos de infraestrutura de seus assessores, assim como do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Esta foi sua última tentativa de fazer isso, e provavelmente veio com a bênção não oficial de Bolsonaro.

Menos entretidos com essas propostas estão os membros tecnocráticos da equipe econômica do Bolsonaro, liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Embora a legislação aprovada cumpra formalmente o limite de gastos, a realidade é que o crescimento das despesas obrigatórias em meio a uma pandemia fará com que os gastos totais disparem além dos limites estabelecidos pela constituição. E de acordo com a legislação brasileira, esses consultores econômicos seriam legalmente responsáveis ​​se isso acontecesse e eles assinassem. Isso levou a rumores de que membros de sua equipe econômica estavam se preparando para usar a ameaça de um fechamento do governo, e até mesmo sua renúncia, para garantir que Bolsonaro não daria luz verde às medidas sem mudanças significativas.

Uma paralisação do governo ou a aprovação de um orçamento falso é improvável neste momento - deixando de lado o drama político recente, Bolsonaro é politicamente responsável caso esta legislação seja aprovada como está. Sua antecessora, Dilma Rousseff, foi cassada por não cumprir as leis de responsabilidade fiscal, e Bolsonaro se abre para o mesmo destino ao aprovar a legislação. É improvável que Bolsonaro ou sua equipe interna tenham entendido isso antes que a equipe econômica começasse a reagir, e um projeto de lei suplementar provavelmente viesse para desfazer o pior dos danos. Mas a decisão de Bolsonaro de segunda-feira de nomear uma legisladora centrista com laços estreitos com o presidente da Câmara como seu ministro do governo (a pessoa que gerencia as relações do governo federal com os legisladores) mostra que ele reconhece sua necessidade de mais aliados no Congresso para evitar o pior.

E o pior está chegando. A taxa de mortalidade diária da Covid-19 no Brasil é agora a maior do mundo, com mais de 3.100 (com base em uma média de sete dias) e o país acaba de ultrapassar 325.000 vítimas da Covid no total. De acordo com a Reuters, a capacidade da UTI atingiu 90% ou mais em 15 estados do Brasil (de um total de 26). Tudo isso seria trágico o suficiente, mas a tragédia é agravada pela minimização consistente de Bolsonaro da Covid-19 e exortações anteriores de que o povo brasileiro "pare de choramingar". Em vez de lutar para proteger a saúde da população brasileira, ele demonstrou mais interesse em lutar contra os governadores que anunciaram novas medidas de bloqueio à medida que seus sistemas de saúde pública entram em colapso. Só recentemente Bolsonaro adotou um programa de vacinação em massa.

Tudo isso significa que a sorte do Bolsonaro está à mercê da trajetória do Covid-19 do país. A situação tanto para o Brasil quanto para Bolsonaro vai piorar nas próximas semanas, mas se a febre então passar e a situação de saúde começar a melhorar, as chances de Bolsonaro de reeleição melhoram dramaticamente, o que significa menos drama político como o que vimos nos últimos dias. Mas se a situação não melhorar significativamente no início do verão, o Brasil se encontrará em uma crise de saúde e uma crise política, já que Bolsonaro toma medidas cada vez mais desesperadas para apoiar sua candidatura à reeleição e evitar uma possível moção de impeachment.

2021 parece ser pior do que 2020 para o Brasil. Isso é realmente incrível.

Ian Bremmer é chefe da Eurasia Group.

domingo, 4 de abril de 2021

Governador de Pernambuco rebate Bolsonaro: “Em lugar de disseminar fake news, porque não assumir suas verdadeiras atribuições”

 “Em lugar de disseminar fake news, por que não assumir suas verdadeiras atribuições e fazer parte do enfrentamento à pandemia?”, questionou o governador Paulo Câmara, rebatendo o tuíte de Jair Bolsonaro


Brasil 247, 4/04/2021, 17:40 h Atualizado em 4/04/2021, 17:44
    Paulo Câmara (Foto: Hélia Scheppa/SEI)

Metrópoles - O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), criticou a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que reproduziu em sua conta no Twitter, neste domingo (4), um vídeo em que o apresentador de TV Sikêra Jr. faz críticas ao socialista.

“Em lugar de disseminar fake news, por que não assumir suas verdadeiras atribuições e fazer parte do enfrentamento à pandemia?”, questionou o gestor estadual.

No vídeo, o apresentador provoca Câmara ao citar números que ele atribui a repasses do governo federal. “Paulo Câmara, esse dinheiro não é teu, é para salvar vidas”. “Senhores governadores, criem vergonha na cara. Digam ao seu povo quanto receberam para cuidar das vidas, e não tomar essas vidas, não matar as pessoas”, acrescenta o apresentador.

Em resposta, Paulo Câmara disse: “Difícil acreditar que em um dia como hoje, domingo de Páscoa, sejamos obrigados a nos deparar com novas atitudes lamentáveis do Presidente da República”, postou.

Confira a reportagem completa no Metrópole.

Luiz Felipe Pondé prega voto em Lula contra Bolsonaro: "muito mais inteligente"

 Filósofo neoconservador, que serviu de linha auxiliar para a eleição de Bolsonaro, Pondé diz que Lula será o "candidato conservador" em 2022: "Só ignorantes pensam que Bolsonaro é um conservador"


Brasil 247, 4/04/2021, 15:24 h Atualizado em 4/04/2021, 15:41
   Carta Aberta a Luiz Felipe Pondé

Portal Forum - Linha auxiliar do neoconservadorismo brasileiro, que ajudou a eleger Jair Bolsonaro, o filósofo Luiz Felipe Pondé pregou voto em Lula em um possível segundo turno contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 em artigo na Folha de S.Paulo neste domingo (4).

“Lula faz acordos melhor do que Bolsonaro. Tem uma tendência apaziguadora e é muito mais inteligente. Provavelmente aprendeu um tanto nesses anos e pode querer imitar Mandela: nada de vinganças. Bolsonaro é um zumbi”, escreve Pondé, resistindo ainda um tanto a dar o braço a torcer, dizendo, a exemplo de FHC, que Lula é o “menos ruim”.

Em entrevista à Jovem Pan – uma das mídias liberais que ecoa seu discurso – em junho de 2020, Pondé disse não se sentir culpa em ajudar a eleger Bolsonaro com sua defesa do “politicamente correto”.

Leonardo Boff questiona Nunes Marques: o dízimo vale mais do que a vida?

"O dízimo vale mais que a vida?”, questiona o ecoteólogo Leonardo Boff ao condenar a decisão do ministro do STF Nunes Marques em reabrir igrejas no momento mais grave da pandemia do Brasil

Brasil 247, 4/04/2021, 13:38 h Atualizado em 4/04/2021, 13:38
  Leonardo Boff (Foto: Valter Campanato/ABr)

“O dízimo vale mais que a vida?”, questiona o ecoteólogo Leonardo Boff em suas redes sociais ao condenar a decisão do ministro do STF Nunes Marques em reabrir neste domingo (4) igrejas em todo o país, no momento mais grave da pandemia do Brasil.

“O Ministro Kassio Nunes,evangélico,ao permitir abrir as igrejas,num momento em que há 325 mil mortos,cometeu um pecado grave:contra o amor ao próximo-indivíduo,expondo-o ao perigo letal;e contra o amor ao próximo-social,por falta de solidariedade.O dízimo vale mais que a vida?”, disse Boff.

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou neste sábado (3) a realização de cultos e celebrações religiosas presenciais em todo o País, no momento em que o Brasil atinge o pior momento da pandemia do novo coronavírus, com sucessivos recoredes de mortes e contaminações diárias.

O ministro atendeu a ação movida ainda em 2020 pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos. Nunes Marques determinou que sejam aplicados protocolos sanitários nos espaços religiosos, limitando a presença em cultos e missas a 25% da capacidade do público.

“Reconheço que o momento é de cautela, ante o contexto pandêmico que vivenciamos. Ainda assim, e justamente por vivermos em momentos tão difíceis, mais se faz necessário reconhecer a essencialidade da atividade religiosa, responsável, entre outras funções, por conferir acolhimento e conforto espiritual”, observou o ministro em sua decisão.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Depois de um ano de charlatanismo, Bolsonaro decide se vacinar

Vacina deve ser aplicada neste sábado, depois que Jair Bolsonaro estimulou aglomerações, fez pouco caso da ciência e propagandeou remédios ineficazes, como a cloroquina

Brasil 247, 2/04/2021, 20:02 h Atualizado em 2/04/2021, 20:02
   Bolsonaro corre atrás de ema com cloroquina (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Jair Bolsonaro, acusado de genocídio no Brasil e de charlatanismo pelos principais publicações internacionais, por ter minimizado a pandemia da covid-19 e propagandeado remédios ineficazes, como a cloroquina, decidiu se vacinar. É o que informa o Valor Econômico. "O Palácio do Planalto sinalizou nesta sexta-feira ao Ministério da Saúde que o presidente Jair Bolsonaro pretende receber amanhã a primeira dose da vacina contra a covid-19. A aplicação seria feita no próprio ministério ou em um posto de saúde. O local ainda está sendo definido pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI)", aponta a reportagem.

"A partir deste sábado, podem ser vacinadas no Distrito Federal pessoas com mais de 66 anos, idade que o presidente completou há duas semanas. Devido ao perfil de Bolsonaro, ninguém se arrisca a cravar que a vacinação irá, de fato ocorrer. De qualquer forma, técnicos da pasta foram orientados a organizar a aplicação", aponta ainda o texto.

Washington Post, jornal mais influente dos Estados Unidos, pede impeachment de Bolsonaro

“O Brasil de Bolsonaro não conseguiu impedir a covid-19. Agora ele pode estar visando a democracia”, diz o editorial de um dos maiores jornais dos Estados Unidos, que pede seu afastamento

Brasil 247, 2/04/2021, 17:10 h Atualizado em 2/04/2021, 17:32
   Joe Biden e Jair Bolsonaro (Foto: White House | PR)

Editorial do jornal The Washington Post - O BRASIL ESTÁ vivendo um dos piores picos de infecções por covid-19 que o mundo já viu. Na quarta-feira, ele registrou 3.869 mortes, um recorde que representou quase um terço de todas as mortes por coronavírus no mundo naquele dia. Não há fim para a onda à vista: graças à impressionante incompetência do presidente Jair Bolsonaro e seu governo, apenas 2 por cento dos brasileiros foram totalmente vacinados e as medidas de bloqueio necessárias para retardar novas infecções, incluindo de uma variante virulenta que surgiu no Brasil, são praticamente inexistentes.

Em vez de lutar contra o coronavírus, Bolsonaro parece estar preparando as bases para outro desastre: um golpe político contra os legisladores e eleitores que poderiam removê-lo do cargo. Com alguns no Congresso ameaçando impeachment, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emergindo como um potente adversário nas eleições do ano que vem, Bolsonaro despediu o ministro da Defesa nesta semana e os principais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica saíram juntos de suas posições.

Não foram dadas explicações, mas o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, era conhecido por seu tratamento à distância de um presidente que se referiu às Forças Armadas no mês passado como “meus militares”. O Sr. Bolsonaro escolheu seu ex-chefe de gabinete para substituir o Sr. Azevedo e Silva e nomeou um policial próximo à sua família como o novo ministro da Justiça. As medidas foram suficientes para levar seis prováveis ​​candidatos à presidência a emitir uma declaração conjunta alertando que "a democracia do Brasil está ameaçada". “O claro plano de apoio do Bolsonaro”, escreveu o editor-chefe Brian Winter no Americas Quarterly, “é ter tantos homens armados do seu lado quanto possível no caso de um impeachment ou um resultado adverso na eleição de 2022”.


Embora as instituições democráticas do Brasil sejam relativamente fortes após mais de três décadas de consolidação, há motivos para preocupação. Bolsonaro expressou abertamente sua admiração pela ditadura militar que governou o país nas décadas de 1960 e 1970. Admirador de Donald Trump, ele adotou a tática do ex-presidente dos EUA de alertar sobre fraude nas próximas eleições e exigir que os sistemas de votação eletrônica sejam substituídos por cédulas de papel. Ele apoiou as alegações de Trump sobre fraude eleitoral, e seu filho, um legislador que visitou Washington, D.C., na véspera de 6 de janeiro, expressou consternação porque o ataque ao Capitólio não teve sucesso.

O Congresso brasileiro pode propor o impeachment de Bolsonaro por sua péssima gestão da pandemia, incluindo minimizar sua gravidade, resistir às medidas de saúde pública e promover curas charlatanescas. Mas as democracias dos Estados Unidos e da América Latina devem prestar atenção à medida que as eleições do próximo ano se aproximam - e deixar claro para Bolsonaro que uma interrupção da democracia seria intolerável. O presidente brasileiro já contribuiu muito para o agravamento da pandemia covid-19 em seu próprio país e, por meio da disseminação da variante brasileira, pelo mundo. Ele não deve ter permissão para destruir uma das maiores democracias do mundo também.

Governo Bolsonaro paga R$ 3,2 milhões à Record para exibir novela religiosa na TV pública

Em mais um crime, governo Bolsonaro usa recursos públicos para favorecer empresa de mídia de Edir Macedo, desvirtuando os princípios da EBC

Brasil 247, 2/04/2021, 16:01 h Atualizado em 2/04/2021, 16:36
  Edir Macedo e Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

O governo Jair Bolsonaro destinou R$ 3,2 milhões da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) à TV Record para viabilizar a exibição de duas temporadas da novela bíblica "Os dez mandamentos" na TV pública, segundo Guilherme Amado, da Época.

A atitude caracteriza mais um crime de Bolsonaro, que se utilizou de recursos públicos para favorecer a empresa de seu amigo pessoal, o pastor e empresário Edir Macedo.

O contrato foi firmado entre a EBC e a Record no último dia 15 e tem duração até setembro de 2022, às vésperas das próximas eleições presidenciais. O motivo para a empresa transmitir a novela, no entanto, não foi explicado.

A obra passa a ser transmitida na EBC a partir de segunda-feira (5).

Lula mostrou que o infortúnio brasileiro tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro

"Em pouco mais de uma hora, fez reacender a esperança. Conseguiu nos retirar da decepção de um governo que só fez acumular fracassos para mostrar a possibilidade auspiciosa de um outro país. Bem diferente do anarcocapitalismo criminoso, genocida, implantado por Guedes, com o beneplácito de Jair", escreve Ricardo Bruno

Brasil 247, 2/04/2021, 16:36 h Atualizado em 2/04/2021, 16:36
  Reinaldo Azevedo e Lula (Foto: Reprodução)

A entrevista do ex-presidente Lula a Reinaldo Azevedo restabeleceu confiança e credibilidade na ação de líderes políticos nacionais como fator determinante para definição de políticas públicas críveis e eficazes. Em oposição ao estilo insensato de Jair, o ex-presidente fez uma análise crítica da conjuntura brasileira e nos mostrou como poderia ser diferente, caso o país não estive nas mãos de um tresloucado com pendores autocráticos.

Ao citar as entrevistas que tem concedido à imprensa internacional, Lula reportou os recados que tem mandado para os principais líderes mundiais no sentido de construção de saídas conjuntas para a crise. Mostrou estatura e altivez como ator político global ao sugerir a pauta de um encontro emergencial dos países do G 20 . Fez referências a Joe Biden, Macron, Merkel e Ji Xiping sobre a necessidade da convocação com a sobriedade e a naturalidade inatas ao líder. Sem sabujices tampouco submissão. À altura de representante da oitava economia nacional.

Imerso no fanatismo ilógico dos adoradores de Jair, o Brasil adoeceu; perdeu referências, subtraiu sensatez do debate político. A despeito de nossa importância mundial estratégica, passamos a ser tratados como rebotalhos da civilização contemporânea, palco dos desatinos de um mandatário que só faz crescer o descontrole da pandemia a ponto de nos tornarmos o epicentro mundial da propagação do vírus. Não por acaso. Não por fatalidade. Não por desígnio. Para além dos conflitos ideológicas, o Brasil está pagando um altíssimo preço por ter eleito um mentecapto.

A entrevista de Lula possibilitou o cotejo entre a realidade caótica do Brasil atual e a possibilidade de um país com um destino diferente, pautado pelo equilíbrio, pela capacidade de interlocução, pelo diálogo. Mostrou que o Brasil, não por acaso, vive a sua mais aguda tragédia social. Que não estamos atavicamente fadados ao fracasso. Que o infortúnio brasileiro tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro.

O ex-presidente trouxe equilíbrio ao debate político. A ponderação de suas posições em si é um vigoroso contraponto ao atrabiliário Jair. Mostra ainda que Lula, ao contrário de seus críticos, não exibe qualquer radicalismo, não se opõe a Bolsonaro pela simples troca de sinais ideológicos. Em síntese, hoje, Lula é o equilíbrio. Bolsonaro, o desatino.

O vento virou: Lula ressuscitado pelo STF muda todo o cenário para 2022

     Com a devolução dos seus direitos políticos pelo STF, Lula voltou com a corda 
     toda para viajar pelo país e devolver a esperança ao povo
     Imagem: Reprodução / Internet

Ricardo Kotscho, Colunista do UOL
02/04/2021 16h26

Nem Lula esperava a virada do vento que, de uma hora para outra, o devolveu ao protagonismo do cenário político, após os recentes julgamentos favoráveis no STF, mas o velho guerreiro já voltou com a corda toda.

Emendou uma entrevista atrás da outra aos principais veículos da mídia internacional, e não saiu mais do celular e do computador, para conversar com todo mundo, de todos os setores da sociedade, sobre os rumos do país e seus projetos de reconstrução nacional, no pós-pandemia e a hecatombe bolsonarista.

Nem Lula esperava a virada do vento que, de uma hora para outra, o devolveu ao protagonismo do cenário político, após os recentes julgamentos favoráveis no STF, mas o velho guerreiro já voltou com a corda toda.

Emendou uma entrevista atrás da outra aos principais veículos da mídia internacional, e não saiu mais do celular e do computador, para conversar com todo mundo, de todos os setores da sociedade, sobre os rumos do país e seus projetos de reconstrução nacional, no pós-pandemia e a hecatombe bolsonarista.

Nunca vi Lula tão animado com a vida em mais de 40 anos de convívio. Tenho falado com ele quase todos os dias e o encontro sereno, centrado, refeito do trauma da prisão, disposto a começar tudo de novo, mas ele sabe que não é hora de falar sobre eleições agora.

De posse novamente dos seus direitos políticos, em meio à grande tragédia brasileira, o ex-presidente tem como prioridade absoluta se empenhar na luta pela vacinação em massa da população para salvar vidas e o que resta da economia esfacelada.

A partir de agora, qualquer conjectura sobre a sucessão presidencial de 2022, de um jeito ou de outro, vai ter o ex-presidente no centro das discussões políticas sobre o futuro do país.

É isso que explica os movimentos desesperados de Bolsonaro para retomar as rédeas do seu governo, ao sentir que o projeto de reeleição _ o único que o capitão tem _ está indo para o ralo, com inesperada celeridade, como mostram todas as últimas pesquisas.

Foi também o que mobilizou rapidamente os presidenciáveis do chamado "centro", o nome de fantasia da nova direita, que se apressou esta semana em lançar um manifesto em defesa da democracia para formar uma aliança contra Bolsonaro e Lula, a chamada "terceira via", que naufragou em 2018.

Curioso é que dos seis signatários Doria, Ciro, Huck, Amoedo e Eduardo Leite (quem?) _ cinco votaram em Bolsonaro e fizeram a campanha de 2018 aliados a ele contra o PT.

A novidade foi a inclusão neste bloco do nome de Ciro Gomes, que votou nele mesmo, e agora desitiu de disputar a hegemonia na esquerda com o PT, caminho que lhe foi fechado com a volta de Lula. Ex-tucano, ex-socialista e agora neo-brizolista, o ex-ministro dos governos Itamar e Lula decidiu fazer uma opção preferencial pela direita em busca de um novo nicho de mercado.

Ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro não entrou no bloco porque agora é um homem de negócios e não quer prejudicar a empresa multinacional americana onde trabalha.

De repente, todos querem se livrar de Bolsonaro, que virou uma espécie de Geni da política, mas sabem que o único capaz de derrotar o capitão é Lula, por um motivo muito simples: o povo vivia muito melhor nos governos dele e tem saudades daquele tempo. Isso ninguém tem como negar.

Lula sente que o astral das pessoas com quem conversa já mudou. Elas voltaram a ter uma fresta de esperança de que o país possa novamente sair do buraco em que se meteu dois anos e pouco atrás.

Podem tirar tudo do povo, menos a esperança e o direito de sonhar com dias melhores após todas essas desgraças que se abateram sobre nós.

Antes, as pessoas podiam trabalhar, estudar, comer, viajar, fazer planos, sem medo do amanhã. Agora, não podem nem morrer porque não há mais vagas nos cemitérios.

Uma pequena amostra da diferença do sentimento e do interesse em relação a Bolsonaro e Lula foi dada na quinta-feira.

Enquanto Lula falava para 271.435 ouvintes em entrevista a Reinaldo Azevedo na BandNews FM, apenas 13.031 devotos assistiam à inacreditável live semanal do capitão.

Apesar do chega pra lá que levou esta semana dos generais, Bolsonaro voltou a falar em "meu Exército brasileiro", defendeu o tratamento precoce e atacou os governadores e o isolamento social, em sua campanha suicida a favor do vírus.

"Estamos vivendo um genocídio causado pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio", disse o ex-presidente a Azevedo. E deu um conselho ao presidente em exercício:

"Fecha a boca, Bolsonaro.. Não adianta ficar falando bobagem. Deixa o médico falar por você. Da mesma forma que você não sabe falar de economia, não sabe falar de saúde. Deixa de ser ignorante, presidente. Para de brigar com a ciência. Para de falar para seus milicianos, fale para 212 milhões de brasileiros".

Com o discurso bem afiado, em poucos dias Lula tomará a segunda dose da vacina e logo irá começar a fazer outra vez o que mais gosta: viajar em caravanas pelo país para ver de perto como os brasileiros estão vivendo, ouvir suas queixas e seus sonhos, animar os desalentados, falar de planos para o futuro.

Aos 75 anos, Lula já foi dado várias vezes como morto politicamente, mas sempre ressurgiu mais forte, calejado pelas derrotas e pelos tombos da vida, com o ânimo redobrado, até para casar de novo com a namorada Janja, assim que a pandemia permitir.

Lula ainda é o maior animador deste grande auditório chamado Brasil.

Vida que segue.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL