sexta-feira, 21 de junho de 2019

O caso Moro

Acontece que não foram apenas meras conversas, foram diretrizes de comportamento e de atuação. Até quem deveria estar presente durante um depoimento foi tratado. Foi uma parceria para atender um desejo em comum, a condenação do réu a qualquer preço


21 de junho de 2019, 09:17 h



O que assistimos pela TV durante o depoimento de Sergio Moro, não foi nada mais do que a tentativa de relativizar transgressões graves cometidas por ele quando juiz da Lava Jato.

De acordo com a Wikipédia, o relativismo é o conceito de que os pontos de vista não têm uma verdade absoluta ou validade intrínsecas, mas eles têm apenas um valor relativo, subjetivo, de acordo com diferenças na percepção e consideração.

Devo esclarecer de que este é o comportamento de uma pessoa culpada, aquela que tem plena consciência de que cometeu uma ilicitude. O inocente sabe que não fez nada de errado, de que não cometeu um crime. Ele normalmente vai negar e argumentar com provas. Pode aceitar as razões que o levam a ser um suspeito, mas consegue explicar as razões que o eliminam da suspeição. Não foi o que vimos.

Vamos deixar de lado a questão de como foram obtidas as conversas e o que mais ainda está por vir. Tratemos do que realmente importa.

Moro procurou atacar as provas, segundo ele, obtidas de forma ilegal em dissonância com o interesse público, e que foi uma prática criminosa contra ele e as instituições brasileiras. Depois disse que não poderia se lembrar de conversas acontecidas há dois anos. Também afirmou que tudo poderia estar sendo editado. Explicou se tratar de uma tentativa de desestabilizar a Lava Jato, e que o resultado seria a libertação dos condenados e a devolução do dinheiro recuperado. 

Questionado sobre o que de fato estava sendo mostrado, ou seja, o conluio entre ele e o MP, as cobranças sobre a investigação, o desdém com a defesa etc, nada disso tem importância diante do que foi obtido pela sua atuação na Lava Jato. Tudo é sensacionalismo de fatos corriqueiros de quem conhece os meandros da justiça. Em outras palavras, tudo é relativo.

O que ele tentou nos dizer é o seguinte: quem conhece a política sabe que o caixa 2 sempre existiu, era praticado por todos os partidos e por todos os postulantes a cargos eletivos. Então não seria uma prática ilegal, mesmo que a lei dissesse o contrário.

Quem conhece a justiça sabe que juízes conversam com as partes fora do processo. Nem todos, é verdade, mas acontece mais do que deveria. Neste caso, esta prática também não seria ilegal, mesmo que lei diga o contrário.

Acontece que não foram apenas meras conversas, foram diretrizes de comportamento e de atuação. Até quem deveria estar presente durante um depoimento foi tratado. Foi uma parceria para atender um desejo em comum, a condenação do réu a qualquer preço. O que aconteceu escancarou uma verdadeira quadrilha “judicial” com todos os seus elementos devidamente qualificados que agiram de comum acordo para cometer um crime.

Moro pode tentar relativizar seus atos, mas isso não muda os fatos. O que aconteceu provavelmente não encontra precedentes na nossa história. Não foi um descuido, não foi o uso de um meio mais moderno para tratar de assunto corriqueiro. Foram combinações, instruções, comentários jocosos sobre a outra parte. Nada disso encontra previsão legal. E nem poderia, pois não existe sistema jurídico no mundo que aceite este comportamento de parte de um juiz.

Na minha profissão trabalho com a mentira há muitos anos. Já vi muita coisa e ainda não vi tudo. O Caso Moro, como provavelmente virá a ser conhecido, é um marco histórico, isso não tenho dúvidas. Será matéria de estudo em todos os cursos de direito do país, e talvez de muitos outros países. Será uma lição dos limites de atuação de um magistrado.

Aprendi muita coisa e deixo aqui uma lição que costumo passar para meus alunos. Qualquer semelhança com a vida real, não é mera coincidência.

Os 10 mandamentos para se contar uma mentira convincente:

1. Planeje sua mentira. Faça com que seja plausível demonstrando fluência e conhecimento de sua audiência. Tenha uma segunda mentira pronta.

2. Mantenha a mentira de tamanho pequeno e simples. Nunca inclua outras pessoas na mentira, a menos que seja estritamente necessário – elas sempre vão estragar tudo. Afinal de contas a mentira é sua e não delas.

3. Baseie a mentira em fatos remotos, fatos que nunca possam ser checados, como ações realizadas por pessoas imaginárias. Mas complete a mentira com fatos reais em detalhes, especialmente se a audiência souber que eles são verdadeiros ou puder checá-los.

4. Minta de forma vigorosa e confidente, acredite em si mesmo. Acima de tudo, olhe para eles diretamente nos olhos quando estiver mentindo.

5. Diga apenas a quantidade de mentira que você necessita. Não se deixe levar pela emoção.

6. Repita a mentira. Se a audiência for suspeita, mas permitir que você prossiga, volte a mentira no futuro. Lembre-se que você nunca sabe quando irá precisar mentir para a mesma audiência novamente.

7. Jogue o ônus da prova para eles. Faça com que eles provem que você está mentindo: não permita com que eles façam você provar que está dizendo a verdade.

8. Apele para o mal-entendido. Explique que eles não compreenderam bem suas palavras, sentimentos, intenções ou maneira de falar. Lembre-se de que a menos que exista um gravador no recinto, ninguém pode provar o que você disse há 5 minutos atrás.

9. Chute o balde. Se eles estão determinados a provar que você é um mentiroso, faça com que paguem caro por isso. Muitas pessoas irão preferir aceitar quietos uma mentira a enfrentarem o constrangimento social necessário para demonstrar a mentira. Se eles o jogarem para fora da curva, siga o mandamento seis.

10. Se tudo der errado, admita você tentou mentir, peça desculpas, elogie a audiência por sua percepção – então conte a segunda mentira!

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Santos Cruz: governo é 'show de besteiras' e ataques contra mim foram 'guerra de baixarias'

Demitido na semana passada da Secretaria de Governo da Presidência da República, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz diz que o governo Bolsonaro precisa parar de perder tempo com “bobagens” para focar no que é importante. “Tem de parar de criar coisas artificiais que tiram o foco”

247 - Após uma polêmica demissão da Secretaria de Governo da Presidência da República na semana passada - cujo motivo passa por sua resistência a financiar blogs da direita alimentados por fake news - o general Carlos Alberto dos Santos Cruz critica o governo em entrevista ao repórter Bruno Abbud, da revista Época.

Para ele, o governo Bolsonaro precisa parar de perder tempo com “bobagens” para focar no que é importante. “Tem de parar de criar coisas artificiais que tiram o foco”, diz. Sobre as críticas das quais foi alvo por parte de Olavo de Carvalho, avaliou que há um limite: "discordâncias são normais, mas atacar as pessoas em sua intimidade, isso acaba virando uma guerra de baixarias”.

“Tem de aproveitar essa oportunidade para tirar a fumaça da frente para o público enxergar as coisas boas, e não uma fofocagem desgraçada. Se você fizer uma análise das bobagens que se têm vivido, é um negócio impressionante. É um show de besteiras. Isso tira o foco daquilo que é importante. Tem muita besteira. Tem muita coisa importante que acaba não aparecendo porque todo dia tem uma bobagem ou outra para distrair a população, tirando a atenção das coisas importantes. Tem de parar de criar coisas artificiais que tiram o foco. Todo mundo tem de tomar consciência de que é preciso parar com bobagem”, disse Santos Cruz.

“Não é porque você tem liberdade e mecanismos de expressão, Twitter, Facebook, que você pode dizer o que bem entende, criando situações que atrapalham o governo ou ofendem a pessoa. Você discordar de métodos de trabalho é normal, até publicamente. Discordâncias são normais, de modo de pensar, modo de administrar, modo de fazer política, de fazer coordenação. Mas, atacar as pessoas em sua intimidade, isso acaba virando uma guerra de baixarias”, acrescentou.

Glenn: Moro mentiu e sabe que temos as provas. O que mais ele pode fazer?

O jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept, voltou ao twitter para dizer que o ex-juiz Sergio Moro, que fraudou o processo judicial contra o ex-presidente Lula, e agora aparece no topo das redes sociais como mentiroso, não tem saída a não ser se demitir imediatamente do cargo


247 – O jornalista Glenn Greenwald cobra abertamente a demissão do ex-juiz Sergio Moro, que fraudou a acusação contra o ex-presidente Lula e ontem mentiu no Senado.

 "Porque o @SF_Moro - ao contrário do que ele disse ao Senado ontem por 9 horas - comandou a força-tarefa do LJ em violação das regras éticas: não em casos isolados ou ocasionalmente, mas continuamente. Ele era o promotor-chefe quanto fingia ser juiz neutro: uma fraude enorme", escreveu Glenn. 

"Em outras palavras, muito pouco do que o ministro Moro disse ao Senado ontem foi verdade. E ele sabe disso, e é por isso que fingiu ter uma memória defeituosa. Ele sabe o que ele fez, e ele sabe que temos todas as provas disso. O que mais ele pode fazer?", questionou.

Globo mente, no Jornal Nacional, e Glenn fica indignado: como eles mentem assim?



Leandro Demori, editor do Intercept, também apontou novas falhas da cobertura da Globo no escândalo da Vaza Jato. Estratégia da Globo é circunscrever as denúncias ao Intercept e não citar a colaboração de outros jornalistas e veículos, como Reinaldo Azevedo e a Band.

domingo, 16 de junho de 2019

Manuela D'Ávila: Bolsonaro comete crime ao pretender armar milícias


A ex-candidata a vice-presidente na chapa PT-PC do B em 2019, Manuela D'Ávila, afirmou que o desejo manifestado por Jair Bolsonaro neste sábado (15) de armar as milícias para promover a violência política no país é um crime de responsabilidade: "Bolsonaro fez uma afirmação gravíssima. Disse que a população deveria estar armada para se defender de um golpe. Ele incorreu em um crime de responsabilidade".

Bolsonaro defende armar a população para ações politicas

Coisa de quem sofre de suas faculdades mentais!

"Nossa vida tem valor, mas tem algo com muito mais valoroso do que a nossa vida, que é a nossa liberdade. Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o nosso povo, para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta", disse Jair Bolsonaro em Santa Maria (RS). Segundo a jornalista Hildegard Angel, na prática, Bolsonaro defendeu golpes com os populares armados.

Advogados pedem ao STJ a prisão de Moro, Dallagnol e outros três da Lava Jato



Segundo a petição apresentada pelo coletivo Advogados e Advogadas pela Democracia, Moro, Dallagnol e os demais procuradores da Lava Jato estão manipulando a imprensa e podem estar destruindo provas para encobrir crimes como o de formação de organização criminosa, corrupção passiva, prevaricação e violação de sigilo funcional, além de crimes contra o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito.

sábado, 15 de junho de 2019

intercept indica que próxima bomba da Vaza Jato será contra a Globo


"A imprensa séria virou contra Sergio Moro e Deltan Dallagnol em uma semana. O Estadão pediu a renúncia de Moro e o afastamento dos procuradores. A Veja escreveu um editorial contundente. 

A Folha está fazendo um trabalho importante com os diálogos, publicando reportagens de contexto absolutamente necessárias. Mas existe uma força disposta a mudar essa narrativa", aponta a newsletter do site de Glenn Greenwald. 

"Por enquanto nós vamos chamar só de mau jornalismo, mas talvez muito em breve tudo seja esclarecido", aponta o texto.

Nassif alerta: Moro pode usar a PF para atacar o intercept


"As diligências no âmbito de uma possível operação policial incluem medidas como busca e apreensão, prisão preventiva e condução coercitiva – tudo que está no menu da Lava Jato, como o Brasil inteiro bem sabe há alguns anos", diz o jornalista Luis Nassif, editor do GGN, que vê risco de uma ação policial contra o meio de comunicação que desmascarou o papel de Sergio Moro e Deltan Dallagnol na Lava Jato.

Glenn avisa: Vaza divulgará áudios de Moro, um mentiroso sociopata


O jornalista Glenn Grenwald concedeu uma entrevista ao canal norte-americano Democracy Now na qual avisou: serão divulgados áudios, com mensagens de voz trocadas entre Moro e a membros da Lava Jato.

Greenwald afirmou que Moro "mente de forma sociopata" e que há muito material a ser divulgado "o mais rapidamente possível".