quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Rui: candidato não precisa ser do PT

Governador da Bahia critica Moro e MP

Conversa Afiada, 14/02/2018
No Morro do Juramento no Rio, Murrow não sobe (Reprodução)

O Conversa Afiada reproduz trechos da entrevista do governador da Bahia, Rui Costa (PT), à Fel-lha:

(...) Qual sua opinião sobre a condenação de Lula?
Em nenhum país desenvolvido ele teria sido condenado. Não há prova, mensagem de celular, bilhete, registro de cartório. Ele nem sequer dormiu uma noite no apartamento. O juiz o condenou dizendo que estava convencido de que ele aceitaria o apartamento.

O que estão fazendo é uma perseguição histórica. Algo semelhante só ocorreu com Getúlio Vargas. Isso vai ficar mais claro na campanha.

Na medida em que se impeça o Lula, vai aumentar a insatisfação da população com esse sistema, que é seletivo, e com o Judiciário.

Está cada vez mais expressa a militância político-partidária daqueles que não deveriam ter preferência nem militância na política, como os procuradores e juízes.

Fernando Haddad e Jaques Wagner já foram citados como possíveis substitutos de Lula em uma candidatura à Presidência. Há nomes no partido com força suficiente para assumir essa candidatura?
Há sim. E o nome não precisa ser do PT. Pode ser uma pessoa que tenha a mesma concepção de distribuição de renda e desenvolvimento.

O senhor poderia citar algum nome como exemplo?
Não, prefiro não dar nenhum nome.

Houve um debate dentro do PT após as ações da Lava Jato e a perda de grande parte do eleitorado?
Eu diria que não só dentro do PT. Espero que a gente consiga fazer, com um novo presidente, uma reforma política. Que país democrático tem hoje 40 partidos? Nenhum. Tudo vira um balcão de negócios, em que cada um vende seu tempo de TV e rádio para fazer um fundo partidário. 

Cada pessoa pode fundar o partido que quiser, mas isso não deveria assegurar tempo de TV e fundo partidário.

O senhor acredita na união de partidos da esquerda nesta eleição?
Espero que consigamos unir as pessoas em torno da apresentação de um projeto para o Brasil, muito além da esquerda. Precisamos de estabilidade a longo prazo, firmada e pactuada em valores republicanos. (...)

Globo fez com Vandré em 68 o que faz hoje com Tuiti


"O boicote da Globo à Paraiso do Tuiti é uma medida tão escandalosa como o veto à música 'Caminhando' no Festival Internacional da Canção, organizado pela Globo, em 1968", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247.

"Há 40 anos, conforme o executivo Walter Clark, a emissora cedeu à ditadura militar e impediu que a música de Geraldo Vandré ganhasse o primeiro lugar. Em 2018, depois de desempenhar um papel único e insubstituível na sabotagem da democracia, a emissora usa desfile de Carnaval para proteger um regime de exceção que ajudou a colocar de pé", diz PML.

Paraíso now


"Quem vai ganhar o desfile de 2018? E isso tem alguma importância? Nós ganhamos! Nós, o povo, já ganhamos um dos melhores carnavais da história desse país. Os quase vinte milhões de desempregados podem soltar um sorriso, mesmo que de 'canto de boca'.

Os precarizados podem se abraçar. Os aposentados e os que querem se aposentar tomem uma cervejinha bem gelada... Ganhamos essa!", escreve o colunista Ângelo Cavalcante, sobre o desfile da Paraíso do Tuiuti.

"E para os golpistas de plantão, aos que bateram panelas, que dançaram suas coreografias patéticas, que se vestiram de CBF vejam o inacreditável, se assustem, se espantem, tenham medo... Isso se chama POVO e para vossos pecados e arrependimentos, ele está mais vivo do que nunca!"

Globo paga o preço da aliança com o golpe


Marcado pelo 'Fora, Temer' e pelo 'volta, Lula', o carnaval de 2018 também entra para a história como o que mais constrangimento gerou para a Globo, que foi uma das peças centrais no golpe de 2016.

Além da desmoralização sofrida no desfile da Tuiuti, em que seus apresentadores se calaram diante dos "manifestoches" e do "Temer vampirão", vários repórteres da Globo foram zoados em transmissões ao vivo, como aconteceu com Leilane Neubarth, que teve que ouvir 'vai dar PT'.

A Globo tentou se redimir em matéria no JN com 24 horas de atraso, mas acabou passando recibo do arrastão moral que levou.

É o que dá apoiar um golpe que derrubou uma presidente honesta e instalou uma quadrilha no poder.

DCM: por que Leilane acusou o golpe ao ser criticada por Leonardo Boff


Jornalista Kiko Nogueira, editor do DCM, comentou a irritação da jornalista Leilane Neubarth, que foi alvo de uma "pegadinha" de sambistas no carnaval e não suportou quando o teólogo Leonardo Boff disse ter pena dela.

"Leilane acaba apanhando por personificar a odiada emissora em que trabalha. Ela não é o Merval ou a Cristiana Lôbo. Não é o Waack. Ela é um Cid Moreira. Por isso a bofetada de Boff doeu-lhe. Leilane não estava perdida apenas naquela transmissão. Ela vive assim, surfando nessa nuvem de desinformação mascada, dando suas cacetadas", disse Nogueira.

Só Joesley e Wesley foram presos por informação privilegiada no Brasil


Presos preventivamente há mais de cinco meses, os irmãos Wesley e Joesley Batista, do grupo JBS, são os únicos a terem ido para a cadeia por insider trading (uso de informação privilegiada) no Brasil.

Previstos em lei há 17 anos, os crimes contra o mercado de capitais são desvios praticamente sem pena na Justiça brasileira, apesar do aumento de indícios encontrados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e de condenações no âmbito administrativo.

Mais uma comunidade se levanta por Lula


"É cedo para saber mas talvez o Carnaval do desagravo democrático proporcionado pelo desfile da escola Paraíso do Tuiuti vá se tornar um divisor de águas. Talvez depois dele tudo volte ao normal mas é possível que esteja havendo um despertar, que o povo tenha se cansado de engolir sapos e safanões e vá começar a reagir", diz a colunista Tereza Cruvinel, que destaca a faixa de apoio ao ex-presidente Lula e contra a parcialidade do juiz Sergio Moro, que foi também levantada no Morro do Juramento.

'Carnaval de protestos' reúne sambódromo e blocos contra políticos

Temer, Crivella e Cabral foram alvo dos foliões; em SP, tom engajado foi mais tímido

Folha,14.fev.2018 às 2h00

Michel Temer, Marcelo Crivella, Sérgio Cabral, corrupção, patos da Fiesp.

O “Carnaval do protesto” uniu sambódromo e folia de rua pelo país, com críticas contra políticos, Judiciário e políticas públicas em escolas de samba do Rio e blocos de Salvador, Recife e Belo Horizonte. Já em São Paulo as críticas foram mais tímidas, mas também existiram.

No Rio, a escola Beija-Flor traçou paralelo entre “Frankenstein”, de Mary Shelley, com o momento do Brasil.

Ratos representaram políticos e sobraram críticas à criminalidade, ao sucateamento das redes de saúde e educação e à corrupção.

Um dos carros encenou a violência cotidiana do Rio. Em uma encenação, alunos foram baleados; em outras apareciam crianças em caixões e policiais mortos.

Houve alusão à “farra dos guardanapos”, jantar de luxo em Paris que reuniu o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), outros políticos e empresários —nove foram presos e outros são investigados.

“A gente tem que mudar isso. Vamos reagir, Brasil”, disse a funkeira Jojo Todynho após o desfile da agremiação, na madrugada de terça (13).


Paraíso de Tuiuti criticou a reforma da Previdência AFP

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), foi alvo do desfile da Mangueira no dia anterior. Ele cortou verbas das escolas de samba e de festas de rua na cidade. 

Um dos carros da escola trouxe a frase “Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval”. Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal.

Houve também um boneco com a imagem do político, com corda no pescoço. 

Em nota, a gestão municipal chamou o protesto de “intolerância religiosa”. Afirmou ainda que conseguiu dar apoio ao Carnaval, mesmo em condições de “crise excessiva e retração econômica”.

A Paraíso do Tuiuti apresentou o presidente Michel Temer como vampiro no último carro alegórico —e temas como racismo, escravidão e leis trabalhistas foram contemplados no enredo. 

Uma das alas teve patos amarelos como parte das alegorias —semelhantes ao que ficava em frente à Fiesp nos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) na avenida Paulista. Foliões desfilaram como fantoches.

Com baixa popularidade, o prefeito Crivella e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), não compareceram ao sambódromo.

Assim como na Marquês de Sapucaí, Temer e Crivella foram alvos de protestos em blocos no Rio. No centenário Cordão da Bola Preta, funcionários da UFF (Universidade Federal Fluminense) carregavam balões com a expressão “Fora Temer”, enquanto médicos levantavam cartazes com a inscrição “Saúde em pânico com Crivella”, sobre salários atrasados de médicos e enfermeiros nas clínicas da família da cidade.
MALA

Temer foi alvo ainda de protestos de foliões na passagem do bloco Mudança do Garcia, em Salvador. Os participantes trouxeram cartazes contra a reforma da Previdência e a classe política.

No Recife, blocos contaram com foliões fantasiados com a inscrição “Fora Temer” no corpo. “Todo dia é dia de protesto”, disse a foliona Sheyla Santos, que fez o protesto com a filha, Yolanda, nas ruas da capital pernambucana.

Com o cartaz “Alô, alô, Gilmar, eu tô em cana, vem me soltar”, o folião Roberto Ferreira, 40, fantasiado de presidiário, criticou o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), nas ruas de Belo Horizonte.
PANELAS

No desfile em São Paulo, a Império de Casa Verde trouxe o enredo “O Povo: A Nobreza Real”, sugerindo revolução social que livraria o povo de dominação. Integrantes da escola da zona norte bateram panelas, o que pode ser visto como referência aos protestos que culminaram com o impeachment de Dilma. 

“Na alma da gente/ a esperança continua/ vem pra rua”, dizia também o samba. “Vem pra rua” é expressão que se popularizou em protestos nos últimos anos no Brasil.

“Demos a mensagem”, afirmou o carnavalesco da Império, Jorge Freitas. “Queríamos falar sobre como poucos têm muito e muitos têm pouco, algo que a humanidade não conseguiu resolver.”

Nos megablocos da 23 de Maio, principal novidade do Carnaval paulistano, protestos políticos não foram marcantes. Em outros locais da capital paulista, como em Pinheiros (zona oeste), houve algumas manifestações.

Colaboraram: Marcelo Toledo, Luiza Franco, Kelly Lima, Isabella Menon, João Pedro Pitombo, Carolina Linhares, Luiza Franco, Paula Passos, Lucas Vettorazzo e Luis Costa.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

"Doutor" e "Excelência" não serão obrigatórios! Oohh, que legaaal!!... Mas eram?

Comentários ao PLS 332/2017

Publicado por João Ralph Castaldi, em Jusbrasil, 12/02/18

Não precisaremos mais chamar os arrogantes servidores públicos de "Doutor" ou "Excelência", poderemos acabar com o ego deles chamando-os apenas de "você" ou "tu"! "Senhor" apenas se eu respeitar a idade dos anciãos! Chega de pisotearem meu ego! E ái do servidor que me fizer qualquer exigência ou que eu sinta qualquer desrespeito vindo dele, ainda que ele não demonstre isso!! E tudo isso ~graças~ ao PLS 332/2017! Viva!

E vamos esperar que em breve seja estendido aos advogados e médicos! Chega desses "doutores" sem doutorado! Chega de termos que nos rebaixar a chamar esse ~povinho~ por títulos que não detém!! Pronome de tratamento nunca mais!! Hip hip, urra!

Desconsiderando a horrenda redação do Projeto de Lei 332/2017... ohhh, que legaaaal!!! Não precisaremos mais nos rebaixar com pronomes de tratamento xiqs, maravilha certo? Mas, desde quando temos a obrigação de chamar alguém por "excelência" ou por seu título acadêmico? Existe alguma legislação nesse sentido? Se eu não chamar de "excelência" um funcionário público, ou por "doutor" alguém que recebeu seu título de "doutorado", estarei incorrendo em alguma conduta civilmente ilícita? Ou mesmo criminalmente tipificada?

Não! Ninguém é obrigado à chamar ninguém de excelência, doutor, senhor, mestre, milorde, sanctus dominus, amo, alteza, majestade, eminência, magnificência, vossa onipotência (essa eu particularmente nem conhecia) etc.

Não existe legislação que obrigue a utilização de pronome de tratamento, LOGO, não há ilícito civil ou infração penal em deixar de chamar alguém por pronome de tratamento ou título acadêmico. Simples assim. Sério.
...

MAS POR QUE HÁ QUEM EXIJA SER CHAMADO POR PRONOMES OU SEUS TÍTULOS ACADÊMICOS!?

Particularmente penso que apenas profissionais da área da psique teriam propriedade para explicar tal comportamento. Poderiam ser disfunções cognitivas ou desvios comportamentais associados à autoestima, mas não possuo licença para diagnosticar.

MAS JÁ VI JUIZ PROCESSANDO POR ISSO!!

Qualquer um pode ajuizar uma ação contra qualquer um por, qualquer razão, porém, os efeitos de tal conduta são variados, a depender do teor da exordial, poderá o autor ser responsabilizado civil e criminalmente.

Porém, como todos sabem, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada senão em virtude de lei (art. , II, CF/88), assim sendo, repita-se, não há ilícito civil ou infração penal em deixar de chamar alguém por pronome de tratamento,

Seria verdadeira afronta aos objetivos, fundamentos e princípios da república, bem como ofensa à dignidade da justiça obrigar alguém a fazer alguma coisa pelo torpe motivo de satisfazer o próprio ego.

Aliás, a depender da forma como se dera a exigência, pode configurar crime de extorsão, concomitantemente das penalidades administrativas e civis (ex.: "me chame deste pronome de tratamento ou irás preso por desacato").

Pode parecer chocante, mas, qualquer um pode ser criminoso, independente de possuir cargo público ou privado, sendo a hierarquia irrelevante (para o cometimento, não para eventuais sanções).

Ué... quer dizer que o projeto, além de malfeito, é completamente inútil?

Pelo contrário. O projeto nos mostra, entre outras coisas, ao menos i) o assunto de preocupação de nossos ~representantes~ legislativos; ii) a (falta de) atenção aos detalhes na criação de novas legislações; iii) como o dinheiro da arrecadação de nossos impostos estão sendo (mal) investidos; e iv) como o orgulho pode ser prejudicial para a sociedade civilizada.

Sobre o polêmico título concedido aos bacharéis de medicina e direito, fica para outro artigo.

Revolução brasileira: por Lula, o morro vai descer