quinta-feira, 7 de julho de 2016

“Manipularam e distorceram o impeachment”, diz a jornalista inglesa que discutiu com o dono da Folha em Londres

Fonte: DCM, 05 Jul 2016
Sue Branford

Jornalista inglesa com 16 anos de experiência na BBC World Service, entre 1986 e 2002, Sue Branford trabalha há seis anos no site Latin America Bureau, LAB, como voluntária.

Teve experiência como correspondente no Financial Times e na Economist, morando em diferentes países latino-americanos. Ocasionalmente publica textos no Guardian.

Sue participou de um evento chamado Brazil Forum UK 2016 entre os dias 17 e 18 de junho. Numa mesa com o diretor editorial do jornal Folha de S.Paulo, Otavio Frias Filho, ela criticou a cobertura da grande mídia no golpe contra a presidente Dilma Rousseff.

Citou a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas famílias no Brasil, a quantidade substancial de notícias que prejudicaram deliberadamente o governo, falou do Manchetômetro, além de mencionar Mino Carta.

De maneira grosseira, Frias disse que os argumentos de Sue Branford pareciam “com os de uma petista” e que ele sentia falta de um “representante do PSDB na mesa” para supostamente equilibrar o debate.

O diretor da Folha afirmou que foi pessoalmente contra o impeachment, apesar da posição de seu jornal. O DCM conversou com Sue Branford sobre o Brasil:

DCM: O que você achou do dono da Folha chamá-la de petista?

Sue Branford: Eu fiquei surpresa com a resposta de Otavio Frias. A base das minhas críticas à grande imprensa brasileira está em estudos cuidadosos de instituições como Repórteres Sem Fronteiras, que denunciou o caráter partidário dos proprietários dessas mídias. Por isso, Frias não tinha base para me desqualificar como jornalista profissional.

Só posso deduzir que ele foi até Londres esperando um evento de relações públicas, para divulgar o jornal dele, e que não esperava críticas. No entanto, o evento ocorreu dentro da London School of Economics, uma das maiores universidades no mundo. Ele deveria saber que seria desafiado ali.

DCM: Como assim?

SB: Eu realmente tenho a intuição de que ele não está acostumado a ser criticado. E eu tenho a percepção que os brasileiros são respeitosos demais com as pessoas com poder.

DCM: Você acha que a opinião de Otavio Frias Filho é particular ou reflete a grande mídia em geral?

SB: Acredito que a cobertura do impeachment feita por toda grande mídia no Brasil foi tendenciosa. Essas empresas e suas famílias de fato tentaram manipular a opinião pública. Quando o canal GloboNews estava cobrindo a votação do impeachment na Câmara, eles colocaram analistas toda vez que um deputado pró-Dilma discursava contra.

Isso dá a impressão falsa que todos os políticos são favoráveis ao impedimento. No começo deste ano, viajei no rio Iriri no estado do Pará. A única fonte de notícias local deles é o Jornal Nacional da Globo, depois da novela das 8. Foi chocante o alto nível de hostilidade deles ao ex-presidente Lula.

Vendo as notícias desses grupos, temos a impressão de que o PT é mais corrupto que os demais partidos, o que não é verdade.

DCM: As 5 maiores famílias da mídia, incluindo Frias, Marinhos, Civitas e Mesquitas, vão perder a concentração da publicidade com a internet?

SB: No longo prazo, eles estão condenados, mas o país precisa de bons jornalistas investigativos independentes e não está claro quem vai financiá-los. Quando vivi no Brasil pela primeira vez, entre os anos 70 e 90, os repórteres especiais da grande imprensa escreviam bem sobre a Amazônia e a seca do nordeste.

Esses profissionais não ganham o mesmo destaque em parte pela crise de financiamento da mídia. Este é um problema presente no Reino Unido e não temos uma resposta clara para isso.

DCM: A imprensa internacional cobriu bem o impeachment de Dilma?

SB: A maior parte da mídia global cobriu bem esta crise. Eu destaco o Jonathan Watts do Guardian, o Glenn Greenwald do Intercept, além da Stephanie Nolen do The Globe and Mail. Eles reportaram o debate se está ocorrendo de fato um golpe no Brasil ou não.

Esses assuntos não são discutidos de maneira adequada pela mídia brasileira. Ela não discute se há golpe em curso ou não. E a imprensa ajuda as pessoas a darem muita importância ao que é dito lá fora. A grande mídia brasileira é muito mais interessada em saber como o país é visto em comparação com outros países que conheço.

DCM: Você já viu alguma crise como a atual no Brasil?

SB: Eu cobri o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello e foi empolgante, com milhões de pessoas protestando nas ruas. Mas aquilo foi diferente, o país não estava dividido e a maioria era favorável ao impedimento. Collor perdeu o mandato numa situação mais favorável.

O que torna a crise atual perigosa é que ela foi fabricada pela direita política para golpear Dilma. Ninguém realmente acredita que ela sofrerá impeachment pelas “pedaladas fiscais”. É aceito por muitos da direita este argumento como pretexto para derrubar o mandato.

Isso coloca em xeque a base da democracia no Brasil, que é recente. Basta ver como ela surgiu em 1985. A direita no Brasil não aceita a vitória de Dilma em 2014, então eles encontraram outro meio de tirá-la do governo. A situação abre um precedente perigoso.

DCM: É importante para a mídia internacional criticar a brasileira?

SB: Não acredito que é função da imprensa global criticar os grupos do Brasil. Só fiz isso porque era o tema do painel que participei com Otavio Frias em Londres. Afirmei o que muitos brasileiros já sabem.

DCM: Temos saídas para a grande imprensa brasileira?

SB: Claro que existem alternativas. Há um novo centro de jornalismo independente em grupos como Agência Pública, Mídia Ninja, Fluxo, Nexo, Revista Fórum e muitos outros. Surgem novas iniciativas toda hora. O crescimento das redes sociais no Brasil também facilita novas formas de se informar. O que falta são formas de sustentar tudo isso.

Falta a esses veículos mudar a agenda do país, enquanto a Globo ainda faz isso com uma cobertura de qualidade muito ruim.

Não sou contra a audiência que a grande mídia tem. O que eu condeno é a manipulação e a distorção do noticiário. Temos que ser honestos nas reportagens, o que significa dar destaque ao que não apreciamos.

DCM: A Inglaterra é um exemplo de regulação de mídia?

SB: Na verdade eu acho que não. Nós temos muitos problemas também. Temos bons jornais como Financial Times, Guardian e muitos outros. Entretanto a mídia de boatos do império Murdoch, como o Sun e o Daily Mail, é terrível. Eles não manipulam com tanta influência e abertura quanto a Globo, mas também divulgam mentiras e distorções. Esforços são realizados para regular a mídia, mas ainda não tivemos todo o sucesso esperado.

DCM: BBC é um bom modelo?

SB: Sim, a BBC é um verdadeiro modelo de TV pública, com independência real. Trabalhei com eles por mais de 10 anos e a única vez que vi intervenção do governo foi durante a Guerra das Malvinas na Argentina. A redação resistiu. Os conservadores ingleses querem privatizá-la e isso seria um grande erro. Assim como foi equivocado da parte dos governos do PT no Brasil não ter criado uma televisão do calibre da BBC para os cidadãos de seu país.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

O direito de todos ao juiz imparcial



"O direito a ser julgado por um juiz imparcial é um princípio democrático tão importante quanto a presunção da inocência e o direito à ampla defesa. Quem é privado do julgamento justo por juiz imparcial está sendo despojado do preceito democrático fundamental: todos são iguais perante a lei", afirma Tereza Cruvinel.

A jornalista destaca que "esta é base doutrinária do pedido apresentado pela defesa do ex-presidente Lula para que ele não seja julgado pelo juiz Sergio Moro, por ter ele demonstrado mais de uma vez que tem juízos pré-concebidos sobre suposta culpa do ex-presidente em casos como a propriedade de um apartamento e de um sítio que Lula nega possuir. O apartamento ele sustenta que tentou comprar e desistiu".

Temer limita viagens de Dilma e a oposição que proibir vaquinhas para essa finalidade. Pode?

Em outras palavras, para eles Dilma tem que ficar quietinha e "prisioneira" de seus caprichos

A presidente Dilma Rousseff publicou em seu Facebook, na noite desta segunda-feira, 04/07, trecho da entrevista que concedeu ao programa do DCM na TVT no qual fala sobre o crowdfunding, que já arrecadou R$ 600 mil para que ela possa viajar o país para denunciar o golpe. 

"Está um sucesso. Agradeço a participação das pessoas e, sobretudo, das minhas companheiras, que compartilharam o presídio Tiradentes comigo [quando ficamos presas durante a Ditadura], e que estão organizando", afirmou Dilma.

Até às 19h42 desta segunda-feira, a "vaquinha" virtual já tinha arrecadado R$ 613,6 mil, sendo que os primeiros R$ 500 mil (que eram a meta do crowdfunding) foram alcançados em 48 horas - um recorde.

"O governo ilegítimo, interino e provisório me tirou os aviões. Quem vai me dar os aviões é esta arrecadação, para que a gente possa viajar o Brasil inteiro. É um financiamento bem claro. Tem prestação de contas, é de absolutamente transparência", ressaltou.

A oposição quer frear vaquinhas para pagar os voos de Dilma, ou seja, quer proibir as viagens da presidente 

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República, nesta terça-feira (5), questionando a legalidade da vaquinha virtual promovida para angariar fundos que banquem o custeio das viagens da presidente eleita Dilma Rousseff. 

Para Caiado, a “vaquinha” tem “motivação político-partidária” e sua logística (de “crowdfunding”) impede que seja checada a origem e a legalidade das verbas arrecadadas.

“É gravíssimo o fato de que, não obstante a evidente finalidade político-partidária das atividades que estão sendo custeadas pelos valores arrecadados por esse sistema, tudo leva a crer que a Justiça Eleitoral, órgão constitucionalmente responsável pelo controle das contas partidárias, restará impedida de apurar a origem e, por conseguinte, a própria licitude dos recursos financeiros doados”, diz a representação de Caiado.

A "Jornada pela Democracia" já arrecadou mais de R$ 662 mil

É oportuno perguntar a Caiado: qual motivação do impeachment já que os técnicos do Senado concluíram que ela não praticou as chamadas pedaladas fiscais?

Casa Civil proíbe Dilma de viajar a outros Estados com aviões da FAB

Presidente afastada mencionou a limitação de deslocamentos em Porto Alegre, onde participou de dois atos políticos nesta sexta-feira

Na Capital para atos "a favor da democracia", a presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que o governo interino a proibiu de usar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a outros Estados do Brasil. Dilma disse que só haveria permissão para deslocamentos a Porto Alegre, onde tem residência. 

— Hoje houve uma decisão da Casa Civil, ilegítima, provisória e interina, cujo objetivo é proibir que eu viaje. Vocês tem de ficar alegres porque o meu direito de viagem é só de Brasília a Porto Alegre, mas vocês não podem ficar alegres, porque isso é um escândalo. A troco de quê? Por que isso? Isso é grave — exclamou a presidente afastada.

A Casa Civil confirmou a decisão. Segundo assessores do Palácio do Planalto, foi estipulada uma limitação do uso de aviões da FAB, autorizando viagens de Dilma entre Brasília e Porto Alegre, somente. Nos bastidores, o governo interino avalia que a presidente afastada estaria usando as aeronaves para atos políticos e que o custeio dos deslocamentos deveria correr por conta do Partido dos Trabalhadores. 

A decisão foi com base em parecer da Subchefia de Assuntos Jurídicos, assinado em 30 de maio. A seção é comandada por Gustavo do Vale Rocha, ex-advogado do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). 



terça-feira, 5 de julho de 2016

Esquema em Pernambuco tem outro cadáver

Valente mostra fraude em importação de pneus

Fonte: Conversa Afiada, 05/07/2016

Corpo de Paulo César Morato foi encontrado em motel de Olinda (PE), no dia 22 de junho (Crédito: Flávio Japa/Folha-PE)

O Conversa Afiada reproduz matéria de Rubens Valente, na Fel-lha:


A morte suspeita do empresário Paulo César de Barros Morato, 47, em um motel em Olinda (PE), não foi a única no mesmo grupo de investigados na Operação Turbulência, deflagrada no último dia 21. Há 11 anos, outro empresário ligado aos mesmos pivôs do esquema agora apurado também foi encontrado morto em um suposto suicídio que nunca foi confirmado nem afastado pela perícia da Polícia Civil do Recife (PE).

O empresário Rodrigo Arce tinha 43 anos em 7 de dezembro de 2005 quando despencou do oitavo andar do edifício em que morava no bairro de Boa Viagem, na capital pernambucana. Seu corpo foi encontrado no fosso do sistema hidráulico e telefônico do prédio.

Documentos obtidos pela Folha mostram que os peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil não chegaram a uma conclusão sobre o que ocorreu. Citando "ação suicida" como mera "possibilidade", os peritos reconheceram que "não dispõem de elementos suficientes para afirmar a natureza jurídica de sua morte", ou seja, definir se houve suicídio ou homicídio.

Os peritos apontaram que o local foi "descaracterizado", isto é, outras pessoas apareceram antes da perícia e alteraram pontos importantes da cena, como a tampa de vidro que protegia o fosso. Ela foi encontrada "fora do caixilho", em situação "de improviso". Exames na peça não conseguiram separar impressões digitais, pois houve "sobreposição de impressões, formando borrões".

Outras dúvidas residem em pequenas manchas de sangue encontradas na parede do corredor que dava acesso ao fosso e um fio de cabelo achado preso na proteção da abertura. Os peritos não conseguiram concluir se eles pertenciam a Arce ou foram produzidos "por outra pessoa lesionada na ocorrência ou não".

Além da ausência de bilhete suicida, também restou inexplicado o fato de Arce ter optado pelo fosso, embora seu apartamento dispusesse de varanda.

ALVO

Ao morrer, Arce também era alvo, a exemplo de Paulo Morato, de uma investigação do Ministério Público Federal. O caso nasceu de uma auditoria feita pela Receita Federal nas contas de uma série de empresas importadoras de pneus da Ásia e que constituíam um grupo, o Alpha. Os auditores apontaram fraude tributária quando o grupo deixou "de escriturar e oferecer à tributação receitas de sua atividade, com o intuito de suprimir o pagamento de tributos" de 1997 a 2000. Foi lavrado um auto de infração de R$ 72 milhões em 2003, ou R$ 152 milhões em valores atualizados.

A Procuradoria da República no Recife afirmou à Justiça Federal que fora descoberto "um esquema extremamente engenhoso forjado pelos denunciados, os quais construíram organização criminosa com sede nesta cidade e ramificações operacionais em várias unidades da Federação, entre elas Brasília (DF), Salvador (BA) e Fortaleza (CE), e ainda na cidade de Miami", nos EUA.

A reportagem localizou duas firmas offshore geridas em Miami por Rodrigo Arce, que era casado com uma norte-americana e tinha três filhos.

Entre 2002 e 2005, antes de morrer, Rodrigo Arce foi denunciado e tornou-se réu no mesmo processo ao lado dos empresários Apolo Santana Vieira, 53, e de Matteo Bologna, 56.

Vieira e Bologna foram alvos importantes da Operação Turbulência, deflagrada pela PF e Ministério Público para investigar uso de diversas empresas de fachada para financiamento eleitoral ilícito.

Vieira foi preso preventivamente e Bologna, de nacionalidade italiana que nasceu em Caracas e teve um passaporte expedido por Palermo, na Itália, foi alvo de condução coercitiva, além de ter os endereços revistados pela PF.

Em uma denúncia sobre o grupo feita em 2009 por sete procuradores da República, Rodrigo Arce, que já havia morrido quatro anos antes, foi descrito como um dos "diretores" do grupo empresarial que operou entre 1997 e 2000, ao lado de Vieira, Bologna e de um irmão de Rodrigo, Marco Arce, nascido nos EUA, naturalizado brasileiro e que na época também se tornou réu ao lado dos outros acusados.

Localizado pela Folha por telefone, Marco não levantou a tese de que seu irmão foi assassinado, mas reconheceu: "Pelo que me lembro, não foi constatado nem suicídio nem 'não suicídio'. Ficou uma coisa em dúvida, ninguém sabe exatamente o que aconteceu. Mas não existe nenhum mal estar com relação à família de saber o que aconteceu. Aconteceu um acidente, ou proposital ou não proposital, e ele faleceu". Indagado se na época Arce sofreu alguma ameaça, o irmão repetiu que "aconteceu um acidente" e que "a família não tem dúvidas".

Na denúncia anterior à Turbulência, os procuradores apontaram que ao longo de dez anos o grupo operou uma série de "mudanças societárias e constituição de novas pessoas jurídicas" com "o claro intuito de dificultar o trabalho do fisco, da polícia judiciária, do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário". "Também é sinal das manobras fraudulentas a larga utilização de empregados e ex-empregados das empresas como sócios ostensivos de outras delas."

CENÁRIO SEMELHANTE

Paulo Morato, que foi encontrado morto no motel, aparece na Turbulência como suspeito de operar um cenário semelhante ao identificado anteriormente. Segundo a PF, Morato era dono da empresa Câmara & Vasconcelos, que recebeu R$ 18,8 milhões da construtora OAS e comprou um avião usado na campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB-PE) em 2014. O avião caiu em agosto daquele ano, matando Campos e os outros ocupantes.

OUTRO LADO

Marco Arce afirmou que "todos os casos e investigações" abertos pelo Ministério Público sobre eventuais crimes tributários foram encerrados, com o arquivamento das acusações. "Não somos mais réus, já acabou tudo", disse.

A reportagem localizou decisões judiciais que determinaram a extinção de processos porque o Judiciário considerou que as investigações partiram de uma "quebra de sigilo" feita pela Receita Federal, o que foi considerado ilegal.

Os advogados de Vieira e Bologna, procurados ao longo da semana passada, não foram localizados.

Tijolaço: juiz peita Toffoli e fecha o PT

A decisão não se deu sobre provas, mas sobre suposições

Fonte: Conversa Afiada, 05/07/2016

O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, no Tijolaço:


O juiz federal Paulo Bueno de Azevedo decretou o bloqueio de R$ 102,678 milhões do Partido dos Trabalhadores, do ex-ministro Paulo Bernardo e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por uma razão muito evidente.

Está “peitando” a decisão do ministro Dias Toffoli de mandar soltar, por habeas corpus, o ex-ministro Paulo Bernardo.

Avisou nos autos que o faria, “com a devida vênia”.

A decisão não se deu sobre provas, mas sobre suposições, as mesmas que levaram às prisões.

Nas sete páginas de sua ordem, Paulo Bueno usa 64 vezes a palavra “teria”, 18 vezes “seria” e mais quatro “receberia”. Em compensação, as palavras “depósito”, “comprovante” e “extrato” não são usadas uma única e mísera vez.

Por uma razão muito simples, não tem evidência de depósitos, aplicações e outros valores que pudessem ser oriundos do suposto desvio de recursos.

Que entra também no condicional: “superariam os cem milhões de reais”

Seria, em circunstâncias normais, decisão que cairia com um peteleco.

Até porque bloquear os recursos de um partido político, na prática, significa impedi-lo de funcionar e, portanto, de existir. É algo tão grave que só se pode fazer mediante evidências incontestáveis.

Mas há um evidente movimento político no Judiciário e no Ministério Público, ao ponto de promotores da Lava jato publicarem artigo debochando da decisão do STF.

Que não pode reclamar, já disse aqui.

Deu asa a cobras.

Lula pede suspeição de Moro para julgá-lo


A defesa do ex-presidente Lula protocolou, nesta terça-feira, pedido para que o juiz Sergio Moro se declare suspeito para julgá-lo.

Entre os motivos, os advogados apontam "arbitrariedades" como a condução coercitiva de Lula e o vazamento de conversas que deveriam ser protegidas por sigilo.

"A 'exceção de suspeição' também se baseia no fato de Moro, em documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, ter acusado doze vezes o ex-Presidente de atuar com 'o propósito de influenciar, intimidar ou obstruir a justiça'", diz a nota.

Por fim, os advogados Roberto Teixeira, Cristiano Martins e José Roberto Batochio afirmam que é direito de qualquer cidadão ser julgado por um juiz imparcial.

"O estrago deles em dois meses faz a gente temer"


A presidente Dilma recebeu nesta terça um grupo de juristas contra o impeachment no Palácio da Alvorada, onde discursou duro contra as medidas econômicas do "governo interino provisório e usurpador" de Michel Temer.

"O estrago deles em dois meses faz a gente temer por um tempo maior. Faz a gente ter um medo imenso. Porque você destrói as políticas", disse Dilma.

Segundo ela, a política "da austeridade pela austeridade", aplicada por Temer, vem dando errado. "Estão gastando no curto prazo para quem mais ganha no governo brasileiro", criticou.

"Eles pensam muito mais em se manter para executar o que querem. Daí porque a questão jurídica é muito importante. Porque para fazer isso, eles não têm o menor pudor", acrescentou a presidente, que agradeceu o apoio dos juristas nesse momento político.

Kátia Abreu: “Impeachment é obra do Sr. Eduardo Cunha”


Senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) saiu em defesa da presidente Dilma e disparou críticas contra o processo de impeachment no Twitter.

"Dilma não quebrou o país. E estão pegando pêlo em ovo sim. Castigar alguém por ações que foram praticados por todos os ex é preconceito", postou.

"Qual partido neste país não está envolvido em denúncias e delações?Muitos que hoje criticam Dilma eram seus ministros até 2 meses atrás", alfinetou.

Kátia destacou ter "convicção" de que está "do lado certo". "Ela não é corrupta", afirmou.

Temer veio para tirar os pobres do orçamento


O colunista do 247 Marcelo Zero destaca que "os governos do PT colocaram os pobres no orçamento" e que isso "deu certo, muito certo", mas que "o governo Temer/Cunha não engana ninguém. Ele não veio simplesmente para tirar Dilma Rousseff do poder. Ele veio para tirar os pobres do orçamento".

"O governo do golpe coloca a culpa na crise nos pobres. Com efeito, o governo golpista vê o investimento nos pobres como 'gasto'. Gasto excessivo e inútil. O ministro Meirelles já afirmou que o Brasil andou 'gastando muito' com Educação e Saúde. Parece piada, mas não é. É trágico", afirma.

Zero denuncia ainda que "o governo golpista não quer mexer no 'andar de cima'. Não tem interesse em combater a sonegação e a evasão fiscal. Não quer mexer nas contas suíças" e nem "deseja incluir os ricos na arrecadação".

MPF cobra devolução de R$ 1 mi de presidente do DEM


Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte ingressou nessa segunda-feira, 4, com uma ação civil pública contra o senador e presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (RN), pedindo a devolução de cerca de R$ 1 milhão por acúmulo ilegal de rendimentos no Senado e pensão.

Segundo o MPF, além do salário de R$ 33.763 do Senado, Agripino tem direito, desde 1986, a uma pensão vitalícia especial por ter exercido o cargo de governador no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 30.471,11.

Os dois rendimentos somam R$ 64.234,11, 90,2% a mais do teto constitucional para vencimentos, que atualmente é de R$ 33.763.