terça-feira, 5 de julho de 2016

Esquema em Pernambuco tem outro cadáver

Valente mostra fraude em importação de pneus

Fonte: Conversa Afiada, 05/07/2016

Corpo de Paulo César Morato foi encontrado em motel de Olinda (PE), no dia 22 de junho (Crédito: Flávio Japa/Folha-PE)

O Conversa Afiada reproduz matéria de Rubens Valente, na Fel-lha:


A morte suspeita do empresário Paulo César de Barros Morato, 47, em um motel em Olinda (PE), não foi a única no mesmo grupo de investigados na Operação Turbulência, deflagrada no último dia 21. Há 11 anos, outro empresário ligado aos mesmos pivôs do esquema agora apurado também foi encontrado morto em um suposto suicídio que nunca foi confirmado nem afastado pela perícia da Polícia Civil do Recife (PE).

O empresário Rodrigo Arce tinha 43 anos em 7 de dezembro de 2005 quando despencou do oitavo andar do edifício em que morava no bairro de Boa Viagem, na capital pernambucana. Seu corpo foi encontrado no fosso do sistema hidráulico e telefônico do prédio.

Documentos obtidos pela Folha mostram que os peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil não chegaram a uma conclusão sobre o que ocorreu. Citando "ação suicida" como mera "possibilidade", os peritos reconheceram que "não dispõem de elementos suficientes para afirmar a natureza jurídica de sua morte", ou seja, definir se houve suicídio ou homicídio.

Os peritos apontaram que o local foi "descaracterizado", isto é, outras pessoas apareceram antes da perícia e alteraram pontos importantes da cena, como a tampa de vidro que protegia o fosso. Ela foi encontrada "fora do caixilho", em situação "de improviso". Exames na peça não conseguiram separar impressões digitais, pois houve "sobreposição de impressões, formando borrões".

Outras dúvidas residem em pequenas manchas de sangue encontradas na parede do corredor que dava acesso ao fosso e um fio de cabelo achado preso na proteção da abertura. Os peritos não conseguiram concluir se eles pertenciam a Arce ou foram produzidos "por outra pessoa lesionada na ocorrência ou não".

Além da ausência de bilhete suicida, também restou inexplicado o fato de Arce ter optado pelo fosso, embora seu apartamento dispusesse de varanda.

ALVO

Ao morrer, Arce também era alvo, a exemplo de Paulo Morato, de uma investigação do Ministério Público Federal. O caso nasceu de uma auditoria feita pela Receita Federal nas contas de uma série de empresas importadoras de pneus da Ásia e que constituíam um grupo, o Alpha. Os auditores apontaram fraude tributária quando o grupo deixou "de escriturar e oferecer à tributação receitas de sua atividade, com o intuito de suprimir o pagamento de tributos" de 1997 a 2000. Foi lavrado um auto de infração de R$ 72 milhões em 2003, ou R$ 152 milhões em valores atualizados.

A Procuradoria da República no Recife afirmou à Justiça Federal que fora descoberto "um esquema extremamente engenhoso forjado pelos denunciados, os quais construíram organização criminosa com sede nesta cidade e ramificações operacionais em várias unidades da Federação, entre elas Brasília (DF), Salvador (BA) e Fortaleza (CE), e ainda na cidade de Miami", nos EUA.

A reportagem localizou duas firmas offshore geridas em Miami por Rodrigo Arce, que era casado com uma norte-americana e tinha três filhos.

Entre 2002 e 2005, antes de morrer, Rodrigo Arce foi denunciado e tornou-se réu no mesmo processo ao lado dos empresários Apolo Santana Vieira, 53, e de Matteo Bologna, 56.

Vieira e Bologna foram alvos importantes da Operação Turbulência, deflagrada pela PF e Ministério Público para investigar uso de diversas empresas de fachada para financiamento eleitoral ilícito.

Vieira foi preso preventivamente e Bologna, de nacionalidade italiana que nasceu em Caracas e teve um passaporte expedido por Palermo, na Itália, foi alvo de condução coercitiva, além de ter os endereços revistados pela PF.

Em uma denúncia sobre o grupo feita em 2009 por sete procuradores da República, Rodrigo Arce, que já havia morrido quatro anos antes, foi descrito como um dos "diretores" do grupo empresarial que operou entre 1997 e 2000, ao lado de Vieira, Bologna e de um irmão de Rodrigo, Marco Arce, nascido nos EUA, naturalizado brasileiro e que na época também se tornou réu ao lado dos outros acusados.

Localizado pela Folha por telefone, Marco não levantou a tese de que seu irmão foi assassinado, mas reconheceu: "Pelo que me lembro, não foi constatado nem suicídio nem 'não suicídio'. Ficou uma coisa em dúvida, ninguém sabe exatamente o que aconteceu. Mas não existe nenhum mal estar com relação à família de saber o que aconteceu. Aconteceu um acidente, ou proposital ou não proposital, e ele faleceu". Indagado se na época Arce sofreu alguma ameaça, o irmão repetiu que "aconteceu um acidente" e que "a família não tem dúvidas".

Na denúncia anterior à Turbulência, os procuradores apontaram que ao longo de dez anos o grupo operou uma série de "mudanças societárias e constituição de novas pessoas jurídicas" com "o claro intuito de dificultar o trabalho do fisco, da polícia judiciária, do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário". "Também é sinal das manobras fraudulentas a larga utilização de empregados e ex-empregados das empresas como sócios ostensivos de outras delas."

CENÁRIO SEMELHANTE

Paulo Morato, que foi encontrado morto no motel, aparece na Turbulência como suspeito de operar um cenário semelhante ao identificado anteriormente. Segundo a PF, Morato era dono da empresa Câmara & Vasconcelos, que recebeu R$ 18,8 milhões da construtora OAS e comprou um avião usado na campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB-PE) em 2014. O avião caiu em agosto daquele ano, matando Campos e os outros ocupantes.

OUTRO LADO

Marco Arce afirmou que "todos os casos e investigações" abertos pelo Ministério Público sobre eventuais crimes tributários foram encerrados, com o arquivamento das acusações. "Não somos mais réus, já acabou tudo", disse.

A reportagem localizou decisões judiciais que determinaram a extinção de processos porque o Judiciário considerou que as investigações partiram de uma "quebra de sigilo" feita pela Receita Federal, o que foi considerado ilegal.

Os advogados de Vieira e Bologna, procurados ao longo da semana passada, não foram localizados.

Tijolaço: juiz peita Toffoli e fecha o PT

A decisão não se deu sobre provas, mas sobre suposições

Fonte: Conversa Afiada, 05/07/2016

O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, no Tijolaço:


O juiz federal Paulo Bueno de Azevedo decretou o bloqueio de R$ 102,678 milhões do Partido dos Trabalhadores, do ex-ministro Paulo Bernardo e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por uma razão muito evidente.

Está “peitando” a decisão do ministro Dias Toffoli de mandar soltar, por habeas corpus, o ex-ministro Paulo Bernardo.

Avisou nos autos que o faria, “com a devida vênia”.

A decisão não se deu sobre provas, mas sobre suposições, as mesmas que levaram às prisões.

Nas sete páginas de sua ordem, Paulo Bueno usa 64 vezes a palavra “teria”, 18 vezes “seria” e mais quatro “receberia”. Em compensação, as palavras “depósito”, “comprovante” e “extrato” não são usadas uma única e mísera vez.

Por uma razão muito simples, não tem evidência de depósitos, aplicações e outros valores que pudessem ser oriundos do suposto desvio de recursos.

Que entra também no condicional: “superariam os cem milhões de reais”

Seria, em circunstâncias normais, decisão que cairia com um peteleco.

Até porque bloquear os recursos de um partido político, na prática, significa impedi-lo de funcionar e, portanto, de existir. É algo tão grave que só se pode fazer mediante evidências incontestáveis.

Mas há um evidente movimento político no Judiciário e no Ministério Público, ao ponto de promotores da Lava jato publicarem artigo debochando da decisão do STF.

Que não pode reclamar, já disse aqui.

Deu asa a cobras.

Lula pede suspeição de Moro para julgá-lo


A defesa do ex-presidente Lula protocolou, nesta terça-feira, pedido para que o juiz Sergio Moro se declare suspeito para julgá-lo.

Entre os motivos, os advogados apontam "arbitrariedades" como a condução coercitiva de Lula e o vazamento de conversas que deveriam ser protegidas por sigilo.

"A 'exceção de suspeição' também se baseia no fato de Moro, em documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, ter acusado doze vezes o ex-Presidente de atuar com 'o propósito de influenciar, intimidar ou obstruir a justiça'", diz a nota.

Por fim, os advogados Roberto Teixeira, Cristiano Martins e José Roberto Batochio afirmam que é direito de qualquer cidadão ser julgado por um juiz imparcial.

"O estrago deles em dois meses faz a gente temer"


A presidente Dilma recebeu nesta terça um grupo de juristas contra o impeachment no Palácio da Alvorada, onde discursou duro contra as medidas econômicas do "governo interino provisório e usurpador" de Michel Temer.

"O estrago deles em dois meses faz a gente temer por um tempo maior. Faz a gente ter um medo imenso. Porque você destrói as políticas", disse Dilma.

Segundo ela, a política "da austeridade pela austeridade", aplicada por Temer, vem dando errado. "Estão gastando no curto prazo para quem mais ganha no governo brasileiro", criticou.

"Eles pensam muito mais em se manter para executar o que querem. Daí porque a questão jurídica é muito importante. Porque para fazer isso, eles não têm o menor pudor", acrescentou a presidente, que agradeceu o apoio dos juristas nesse momento político.

Kátia Abreu: “Impeachment é obra do Sr. Eduardo Cunha”


Senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) saiu em defesa da presidente Dilma e disparou críticas contra o processo de impeachment no Twitter.

"Dilma não quebrou o país. E estão pegando pêlo em ovo sim. Castigar alguém por ações que foram praticados por todos os ex é preconceito", postou.

"Qual partido neste país não está envolvido em denúncias e delações?Muitos que hoje criticam Dilma eram seus ministros até 2 meses atrás", alfinetou.

Kátia destacou ter "convicção" de que está "do lado certo". "Ela não é corrupta", afirmou.

Temer veio para tirar os pobres do orçamento


O colunista do 247 Marcelo Zero destaca que "os governos do PT colocaram os pobres no orçamento" e que isso "deu certo, muito certo", mas que "o governo Temer/Cunha não engana ninguém. Ele não veio simplesmente para tirar Dilma Rousseff do poder. Ele veio para tirar os pobres do orçamento".

"O governo do golpe coloca a culpa na crise nos pobres. Com efeito, o governo golpista vê o investimento nos pobres como 'gasto'. Gasto excessivo e inútil. O ministro Meirelles já afirmou que o Brasil andou 'gastando muito' com Educação e Saúde. Parece piada, mas não é. É trágico", afirma.

Zero denuncia ainda que "o governo golpista não quer mexer no 'andar de cima'. Não tem interesse em combater a sonegação e a evasão fiscal. Não quer mexer nas contas suíças" e nem "deseja incluir os ricos na arrecadação".

MPF cobra devolução de R$ 1 mi de presidente do DEM


Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte ingressou nessa segunda-feira, 4, com uma ação civil pública contra o senador e presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (RN), pedindo a devolução de cerca de R$ 1 milhão por acúmulo ilegal de rendimentos no Senado e pensão.

Segundo o MPF, além do salário de R$ 33.763 do Senado, Agripino tem direito, desde 1986, a uma pensão vitalícia especial por ter exercido o cargo de governador no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 30.471,11.

Os dois rendimentos somam R$ 64.234,11, 90,2% a mais do teto constitucional para vencimentos, que atualmente é de R$ 33.763.

‘Dilma poderá voltar se assumir compromisso com plebiscito’


Senador Telmário Mota (PDT-RR) afirmou que os fatos desencadeados desde o afastamento só reforçaram que não há crime de responsabilidade da presidenta Dilma e que o impeachment se trata de um golpe.

"Sinto que vários senadores estão constrangidos, outros não estão satisfeitos e querem uma alternativa plausível para que possam encaminhar uma votação diferente daquela que foi feita no impeachment. Seria desastroso a aprovação do impeachment. Isso é um golpe que deram o nome de impeachment", disse Telmário em entrevista ao Portal Vermelho.

Temer tem estratégia inspirada em Maquiavel


O interino Michel Temer deixou claro que age como uma raposa política e segue os conselhos do pensador italiano Maquiavel, ao prometer "medidas impopulares a partir de um certo momento"; a lógica é clara: na interinidade, gastança e "pacotes de bondades"; após a eventual aprovação do impeachment, arrocho fiscal; o erro de Temer, no entanto, é abrir suas cartas, revelando ao público a lógica de sua ação política; para Fernando Brito, editor do Tijolaço, Temer deixou claro que comete um estelionato, gastando agora o que terá que gastar depois; "O Brasil é o único país do mundo onde a mídia aceita – quando não aplaude – um estelionato anunciado", diz ele.

‘Não há imputação que justifique afastamento de Dilma’, diz Unasul


Secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, defendeu "que a presidenta tenha o direito de legítima defesa" e afirmou que "não há uma imputação que razoavelmente possa levar a pensar hoje que se justifica sua desvinculação permanente do Poder Executivo".

Segundo ele, o resultado do impeachment afetará a região; "O Brasil é um ator muito poderoso na região, pesa muito, e seria ingênuo desconhecer que o que acontece no Brasil não vai, de alguma forma, afetar para o bem ou para o mal o que acontece na região. E isto não é uma exceção".