quarta-feira, 11 de maio de 2016

Para Marcelo Coelho, as pedaladas foram só pretexto para tirar Dilma


    Membro do Conselho Editorial da Folha, Marcelo Coelho aponta claros sinais de mau funcionamento das instituições democráticas, de limites rompidos, de algo próximo ao vale-tudo contra o governo de Dilma Rousseff.

    “O próprio impeachment. Para quase todos os participantes, a favor ou contra, o caso das pedaladas e dos decretos serve mais ou menos como um pretexto. Pouca gente acredita com sinceridade que as trapalhadas contábeis de Dilma foram de fato decisivas na crise econômica ou na vitória do PT nas eleições”.
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Senado vai afastar Dilma nesta quarta


Sessão extraordinária para votar a instauração do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff no Senado começa às 9h desta quarta-feira (11).

Com voto de maioria simples, parlamentares deverão afastar Dilma pelo prazo máximo de 180 dias pela acusação de crime de responsabilidade.

A defesa do governo diz não haver base jurídica no processo, aponta golpe em curso e diz que vai judicializar o caso até o fim.

O vice Michel Temer (PMDB) assume assim que for notificado da decisão.

A votação será aberta no painel eletrônico: "Meu papel como presidente do Senado é conversar com todos os atores, ajudar a dirimir dúvidas, levar informações. Com bom senso, com responsabilidade e equilíbrio, encaminhar o desfecho para a situação de impasse que está apavorando o Brasil", afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre a votação.

Esse impeachment é uma farsa


"Querem efetivamente cancelar o futuro de quem representa o povo neste país. Foi assim com Getúlio Vargas, João Goulart e agora com o mandato popular de Dilma, que é continuidade do projeto inclusivo iniciado por Lula. A elite deste País mais uma vez quer chegar ao poder sem votos", diz a senadora Gleisi Hoffmann, que desmonta os pretextos jurídicos do golpe.

"Falta à elite deste país um projeto de Nação. Por não ter generosidade para elaborar um projeto que contemple o povo e conquiste os votos na urna escolheram o atalho de tomar o poder por via indireta. Falta a seus líderes políticos o mínimo de paciência para respeitar o calendário eleitoral estabelecido de forma consensual e democrática".

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O impeachment de Dilma é um jogo de cartas marcadas

O impeachment de Dilma é um jogo de cartas marcadas e o pior, com trapaças durante todo o seu percurso.

Um processo totalmente maculado e que envergonha no Brasil no contexto internacional. Salta aos olhos a que interesses servem esse processo.

A decisão de afastar Cunha também faz parte do script. Primeiro se prepara o ato de afastamento da presidente Dilma e depois, pra dar uma satisfação a sociedade, retira-se o Cunha do cenário. Pra completar, dá-se um jeito e também se atinge o Lula para retira-lo da disputa de 2018.

É preciso desenhar?

Cardoso pedirá a anulação do golpe de Cunha


O advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira 5 que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal a anulação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff com base na decisão que afastou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"Nós já estamos pedindo e vou pedir. A decisão do Supremo mostra clarissimamente. Indiscutível. Eduardo Cunha agia em desvio de poder", afirmou Cardozo.

Segundo ele, o afastamento de Cunha é uma prova "muito importante" de que o peemedebista usava o cargo para finalidades estranhas ao interesse da função.

Neste momento, Cardozo apresenta a defesa da presidente no Senado.

Alckmin pedalou. Vão cassá-lo?


Enquanto a presidente Dilma Rousseff vem sendo alvo de um golpe parlamentar sob a acusação de ter usado recursos de bancos oficiais para pagar programas sociais, ressarcindo depois as instituições federais, há um caso muito mais grave em São Paulo.

No principal estado governado pelo PSDB, Geraldo Alckmin usou recursos do Metrô e depois, simplesmente, deu calote de R$ 333 milhões na empresa.

Quem denuncia a "pedalada" é o jornal O Globo.

Até recentemente, Alckmin dizia que a presidente não deveria ser afastada pelo que chamava de "motivo fútil", pois, segundo ele, todos os governadores e prefeitos estariam ameaçados.

Depois, Alckmin mudou de ideia e passou a apoiar o golpe.

A questão é: ele também será cassado?

Cunha caiu. Agora falta derrubar o seu golpe


Com atraso, o Supremo Tribunal Federal decidiu agir em relação ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, na condição de presidente da Câmara, levou adiante um pedido de impeachment sem base legal.

Chamado de "delinquente" pelo procurador-geral Rodrigo Janot, Cunha instaurou o processo contra a presidente Dilma Rousseff por vingança, ao ter negados três votos contra a sua cassação no Conselho de Ética.

Esse mesmo Cunha que sabotava o governo Dilma com sua pauta-bomba, que provocou recessão e desemprego, negociava apoio e pedia cargos ao vice-presidente Michel Temer.

A questão, agora, é: se um "delinquente" sequestrou o parlamento, o seu golpe ainda deve ser levado adiante?

Chico Lopes defende anulação de atos ilegais de Eduardo Cunha


Para o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), decisão sobre afastamento do presidente da Câmara pode representar uma grande reviravolta contra a tentativa de golpe.

Na avaliação do parlamentar, todos os atos praticados por Eduardo Cunha nesse período devem ser anulados, inclusive a votação do impeachment.

Chico Lopes afirma ainda que o STF deve explicações a todos os brasileiros em função da demora em tomar essa medida, causando graves prejuízos à democracia.

Dilma diz à BBC que, se sair, voltará ao governo


"Eu acho que nós vamos continuar lutando para voltar ao governo. O que nós iremos fazer é resistir, resistir e resistir. E lutar para quê? Para ganhar no mérito e retornar ao governo", disse a presidente Dilma Rousseff, em entrevista concedida à BBC, na qual já antevê uma provável derrota no Senado, no próximo dia 11 de maio.

"O que vem acontecendo na América Latina e não só no Brasil? Vem ocorrendo a substituição de golpes militares, das décadas de 60 e 70, por golpes parlamentares. O que acontece num golpe parlamentar? Na prática, geralmente, são feitos por aqueles que não têm votos suficientes e, portanto, legitimidade suficiente, nem aprovação, nem popularidade suficientes".

Dilma definiu o vice Michel Temer como "usurpador".

Para historiadora da Sorbonne o Brasil comete suicídio político


Para a historiadora Juliette Dumont, do Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina (Iheal), da universidade parisiense Sorbonne Nouvelle, o provável afastamento da presidente Dilma Rousseff "vai fragilizar o Brasil e prejudicar, durante muitos anos, a credibilidade do país no cenário internacional".

"O Brasil cometerá um suicídio político", se o Senado aprovar o pedido de impeachment de Dilma, diz.