quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

João Santana é um preso político


"Deixa ver se eu entendi: a Polícia Federal e o juiz Sergio Moro afirmaram, textualmente, que a prisão de João Santana não tem nada a ver com as campanhas do PT e mesmo assim a imprensa e a oposição fazem ilações de que vai sobrar para a presidente Dilma?", questiona Alex Solnik, colunista do 247.

"Por que então prenderam João Santana? Para que voltem a bater panelas, como voltaram? Para reacender a brasa adormecida do impeachment, como reacendeu? As três perguntas têm a mesma resposta: sim", afirma o jornalista.

"Quer dizer, então, que é uma prisão com fins políticos. Prisão política. E quando o caldeirão de cultura do golpe estiver fervilhando ele será solto", acrescenta.

O que deu errado no crime perfeito da dupla FHC e Globo

FHC e a Globo cometeram um crime quase perfeito.

Tiraram Mírian Dutra de cena numa operação ganha-ganha. FHC ganhou a presidência. A Globo ganhou o controle sobre um presidente que reinou oito anos.

Roberto Marinho celebra um feito do companheiro FHC
Alguém pode imaginar o que significa esse controle? Num país cujas verbas publicitárias federais são brutalmente altas, é a garantia de dinheiro fácil e farto para uma emissora.

E o acesso ao dinheiro do BNDES? Um presidente nas mãos da Globo abriria os cofres do BNDES. Mírian tocou nisso em sua entrevista ao DCM. É repulsiva a foto na qual FHC e Roberto Marinho estão abraçados na inauguração de uma supergráfica do Globo financiada pelo BNDES, no final dos anos 90.

A descarada confraternização mostrava que as duas partes estavam certas de que o crime era perfeito.

E foi – até aparecer uma coisa chamada internet.

A internet rompeu o monopólio da mídia nas informações que chegam aos brasileiros.

Não fosse isso, Mírian não teria como publicar sua história. Bater na Folha? Esqueça. Na Veja? Conte outra piada. No Estadão? Hahaha.

Mas a barreira do silêncio não vigora na internet. E uma modesta revista digital, a Brazil com Z, se incumbiu de dar voz a Mírian.

Era tão forte o que ela tinha a dizer que a mídia foi obrigada a correr atrás – com vergonhoso atraso.

O pretexto usado por mais de vinte anos para não tocar no assunto era o triunfo da hipocrisia: era uma “questão privada”.

Ora, era privada apenas porque ninguém investigou o assunto.

Quem acredita que um pacto entre um presidente e a Globo é questão privada acredita em tudo, para usar a celebrada frase de Wellington.

A Globo protegeria FHC por simpatia e amizade?

Ora, ora, ora.

A Globo vendeu caro seu apoio aos militares em plena ditadura. Num livro com os documentos de Geisel, Roberto Marinho surge a certa altura cobrando novas concessões da ditadura com o argumento de que era seu “melhor amigo” na imprensa.

No livro o que se vê é um Roberto Marinho paranoico, para o qual uma empresa que não cresce logo declina.

Se com os generais foi assim, como terá sido com um presidente fraco?

FHC viveu o bastante – 83 anos agora – para ver a lama enfim emergir e lhe roubar a possibilidade de continuar a posar como um moralista perante brasileiros ingênuos e desinformados.

Quanto à Globo, o caso mostra quanto é ruim para uma empresa ser mimada com privilégios e vantagens infames.

A Globo jamais teve que ser competente. Caiu tudo para ela no colo.

Fosse competente, continuaria a pagar o mensalão de Mírian Dutra até o final de sua vida.

É monstruoso o preço da economia de custo que algum burocrata da Globo vislumbrou com a supressão do salário de Mírian.

A Globo é uma história de muita esperteza e pouca inteligência.

Mas, como diz o provérbio, a esperteza quando é demais come o dono.

Neste caso, comeu não só a Globo como FHC.

Fonte: DCM, 21/02/2016

E só buscar os anais da História pra saber disso

Lição do dia
















Pergunta que não quer calar

Se todos são iguais perante a lei, por que os petistas são tratados de modo diferente pela "Justiça"?

A ditadura do Poder Judiciário

O “erro” de datas ligando a Odebrecht ao Instituto Lula obedece a um padrão da Lava Jato: a mentira e o espetáculo midiático



A Polícia Federal está produzindo, na Lava Jato, um arsenal de ilações e acusações que, com freqüência cada vez maior, atropelam os fatos. Um relatório da nova fase, cujo ápice foi a prisão do marqueteiro João Santana e da mulher, diz que Lula deve ser investigado por causa do “possível envolvimento em práticas criminosas”.

Quais práticas? A Odebrecht teria financiado a “construção e o planejamento” da sede do Instituto Lula no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Foi recolhida uma planilha de uma mulher que mantinha “vínculo empregatício” com a empreiteira, denominada ”Posição Programa Especial Italiano”.

Ali está a anotação “Prédio (IL)” e um número (12.422.000). No relatório policial, lê-se que “pode ser uma alusão ao Instituto Lula”. Mais: no celular de Marcelo Odebrecht havia uma menção a “prédio novo” em 22 de outubro de 2010.

O delegado Filipe Hille Pace aponta no documento que “é importante que seja mencionado que a investigação policial não se presta a buscar a condenação e a prisão de ‘A’ ou ‘B’. O ponto inicial do trabalho investigativo é o de buscar a reprodução dos fatos.”

Na verdade, o objetivo é outro e, se os fatos não estiverem de acordo, que sejam distorcidos. Em 2010, o Instituto Lula não existia. Foi fundado em 2011 no lugar onde ficava um certo Instituto Cidadania. O sobrado é de 1991.

A equipe de vazamentos da Lava Jato sabe que contar com a mídia amiga é fundamental. Não é preciso muito esforço para provocar o efeito desejado. Basta juntar as palavras Odebrecht e Lula para fazer as manchetes. Inclua uma cifra, ou algo que pareça uma cifra, e uma vontade irrefreável de aparecer, e o serviço está pronto.

Não foi a primeira vez e não será a última em que coisas simples como datas não batem. Você precisa ser muito inocente para acreditar que é um erro casual. A ideia é fazer caber na narrativa que Moro está criando, com a ajuda dos suspeitos de sempre.

Há poucos meses, o pedido do Ministério Público Federal na operação que resultou na prisão do pecuarista José Carlos Bumlai declarava, textualmente, o seguinte:

“Em 3/02/2005, pouco tempo depois de BUMLAI auxiliar na obtenção de empréstimo em favor do Partido dos Trabalhadores, quando ainda estava inativa, a SÃO FERNANDO AÇUCAR E ALCOOL LTDA (CNPJ Nº 05.894.060/0001-19) recebeu R$ 64.664.000,00 de crédito do BNDES . A empresa voltaria a obter créditos do BNDES em 12/12/2008, quando recebeu investimentos de aproximadamente R$ 388.079.767.”

Trocando em miúdos, fala-se de um empréstimo em 2005, pouco tempo depois de Bumlai dar dinheiro ao PT.

Acontece que os 64 milhões são de 2009. Por que o “deslize” de situar o caso em 2005? Para fazer caber na história de que Lula estava por trás das maracutaias no auge do mensalão.

“Os personagens são basicamente os mesmos do mensalão, José Dirceu e Pedro Correa. E agora temos essa tipologia de concessão de empréstimos que jamais são quitados”, disse o procurador Diogo Castor de Mattos na tradicional coletiva.

Os dados estavam disponíveis no site do BNDES, neste link. Por que ninguém checou?

Porque não se trata de checar nada, mas de juntar peças de um quebra cabeça que, frequentemente, não se encaixam. O importante é que se forme, no final das contas, o monstro de duas cabeças chamado Lula e Dilma.

Fonte: DCM, 23/02/2016

Como é o sítio de Alckmin, para onde ele e família vão em aeronaves do governo?

O escândalo da merenda em SP vai sumir sem ninguém bater panela por isso

merenda

Aproximadamente uma hora e meia antes do programa do PT ir ao ar na noite de ontem, havia terminado mais uma reunião na Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP) em que estudantes, professores e pais de alunos estavam presentes na expectativa de que seja aberta uma CPI para apurar o esquema de propinas na distribuição de merendas escolares que envolve o alto escalão do governo Geraldo Alckmin.

Quando Lula surgiu na tela da TV durante o programa do partido, deu-se o costumeiro panelaço nos bairros chiques de diversas cidades. Por que não se ouve batucada igual pela rapinagem na merenda escolar?

São algumas as razões. A primeira delas é que ninguém dos bairros chiques está nem aí para a educação pública, saúde, transporte, enfim nada que seja público. Depois, essa mesma audiência qualificada não terá tomado conhecimento da reunião na ALESP através da mídia tradicional. Nem antes nem depois. Curioso é que para colocar tensão quando lhe é interessante, a mesma mídia praticamente convoca manifestantes.

Por último, essas grandes emissoras apostam que trata-se de uma bobagem, uma perda de tempo pois a reivindicação é nati-morta. Afinal, qual a probabilidade de sucesso de instalação de uma CPI quando a presidente da mesa é uma deputada do partido envolvido no escândalo?

A deputada Analice Fernandes (PSDB) presidiu nesta terça-feira a sessão permeada pela esperança dos populares presentes nas galerias de que fosse aceito um pedido de abertura de CPI baseada nas denúncias feitas na operação Alba Branca que tem o presidente da ALESP, Fernando Capez (PSDB) como um dos suspeitos.

Foi um show de horrores. De início foi concedida a palavra ao Coronel Telhada (PSDB) que de imediatamente despejou gasolina na fogueira. Provocou os movimentos sociais ao dizer que ele não estava ali a troco de pão e mortadela. Mandou que ‘calassem a boca’, ameaçou fazer-se valer da força policial para esvaziar as galerias. Tudo muito bem arquitetado para inflamar a povo. Conseguiu.

Em suma, no primeiro orador do dia já foi feito um pedido de suspensão da sessão pela presidente tucana Analice Fernandes.

Telhada deu seu show e depois desapareceu. Quem tomou seu papel nessa palhaçada foi o deputado Campos Machado (PTB) que a todo momento repetia a mesma estratégia. Interrompia os deputados que estavam se manifestando a favor da instalação da CPI, pedia a palavra, fazia provocações. Assim, do nada, sem mais nem menos, pegava o microfone já exaltado: “Assim, não dá. Com essa baderna não é possível”. E tome vaia. Obvio, uma grande parte ali era de adolescentes. Treze, catorze, quinze anos. Caiam na provocação e a presidente da mesa, cúmplice no jogo de cena, ordenava a suspensão.

Com seu jeitão de jurado do programa Silvio Santos, Machado deve ter se achado muito inteligente, um gênio estrategista que derrota adolescentes. Repetiu este circo cinco vezes. “Presidente, sou interrompido a toda hora. Veja, eu preciso concatenar as ideias e não consigo.”

E assim foi, de suspensão em suspensão, interrupções patéticas com a finalidade exclusiva de tumultuar a sessão até que os trabalhos fossem encerrados em virtude do horário. Segundo o deputado João Paulo Rillo (PT), “Há três semanas estamos assim. Quando chega na ‘ordem do dia’, levanta-se (encerra) a sessão para evitar o debate sobre este assunto”.

Até então, apenas 23 deputados assinaram favoráveis à abertura da comissão de inquérito parlamentar. São necessárias pelo menos 32 assinaturas mas a pauta estava esvaziada pela ausência de governistas e base aliada. Além de Telhada e Campos Machado, apenas mais três ou quatro estavam no plenário.

Com os trabalhos encerrados e mais uma vez o assunto merenda escolar engavetado, o que restou evidente foi, além da forma jocosa como a base aliada de Alckmin tratou professores e estudantes, que a ALESP não está habituada com a participação popular. A ‘casa do povo’ tentou impedir que estudantes entrassem no plenário, tentou impedir que se manifestassem, confiscou apitos e escalou um contigente ostensivo de policiais militares.

Como bem definiu o deputado Carlos Giannazi (PSOL) a ALESP tornou-se uma extensão, um puxadinho do Palácio do Governo. Portanto, grandes TVs e jornais silenciarão a respeito do assunto e as panelas, para este tema, permanecerão no armário embaixo da pia.

O que está em pauta é a educação, pilar de uma sociedade, mas uma classe política que age como se estivesse num espetáculo de telecatch tal o seu grau de falsidade, e uma camada da sociedade alienada e co-responsável pela bandalheira deseja manter as coisas como elas sempre estiveram.

Fonte: DCM, 24/02/2016

Tristeza e depressão são coisas diferentes

A primeira afeta emoções básicas. A segunda dura pelo menos duas semanas e inclui outros sintomas. Entenda, em detalhes, a diferença entre tristeza e depressão

Raquel Rivera, El País

Para que nos sintamos tristes, é preciso vivermos experiências dolorosas, frustrantes, infelizes, estressantes: a perda de um familiar, um divórcio, o desemprego, uma doença grave, o rompimento de uma amizade…. Mas, para nos sentirmos deprimidos, não é necessário passar por algum fato dramático, lamentável ou doloroso. A depressão é resultado da interação entre vários fatores: genética, mudanças neurobiológicas e causas ambientais. “A tristeza é uma emoção básica, que experimentamos por causa de situações negativas: quando morre uma pessoa querida, quando expectativas pessoais são frustradas… É como o medo, a raiva, o nojo”, explica Luis Caballero, conselheiro da Sociedade Espanhola de Psiquiatria.

“Por outro lado, a depressão é uma doença, no sentido psiquiátrico, em que há uma tristeza patológica que é intensa e mais duradoura, associada a outros sintomas. São eles a anedonia (incapacidade de sentir prazer), a abulia (notável falta de energia), a perda de peso e apetite, os transtornos do sono, a fadiga, as dificuldades de concentração, o sentimento de culpa reiterado, a preocupação excessiva com a saúde e as fantasias suicidas”, acrescenta o especialista.

A depressão pode ser desencadeada pelos fatos traumáticos citados inicialmente, mas também pode surgir sem uma causa externa que a justifique. “Pode aparecer numa vida normal, sem que a pessoa passe por situações estressantes”, explica Caballero, que é também chefe do serviço de psiquiatria e psicologia clínica do grupo espanhol HM Hospitais CINAC.

Um aspecto para diferenciar a tristeza da depressão é a duração. O estado de ânimo depressivo, com perda de interesse e esgotamento, dura pelo menos duas semanas.

As mudanças químicas do organismo influem no estado de ânimo, e em alguns casos os processos associados ao pensamento e a fatores biológicos contribuem para a depressão. Dependendo da intensidade, trata-se de um transtorno que, segundo José Ángel Arbesú, coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde Mental da Sociedade Espanhola dos Médicos de Atendimento Primário, pode afetar o funcionamento familiar e social da pessoa que o sofre.

Na opinião do especialista, “banalizou-se a palavra depressão”, entre outros motivos porque ela é confundida com outros problemas de saúde mental, como o transtorno adaptativo. “É um processo de tristeza que dura uns seis meses e que apresenta sintomas depressivos, mas não é realmente uma depressão, como acontece com a tristeza que sentimos ao perder um trabalho ou um ser querido.”

Existem sinais sutis que podem ajudar a identificar a depressão, de acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês), como a perda de identidade ou de autoestima.

Predisposição genética

Há influência genética no aumento das consultas por quadros depressivos? “Pode haver quadros mistos de ansiedade e depressão em pessoas predispostas, porque a depressão sempre se produz pela interação de vários fatores, genéticos e externos”, observa Caballero.

E como incide o fator genético? “Ele deixa uma pessoa vulnerável perante situações adversas”, aponta Arbesú. Existe também a depressão endógena, em que o componente biológico e genético pesa tanto que o transtorno pode se tornar crônico e mais profundo.

A depressão afeta entre 4 e 5% da população espanhola, e as mulheres, em relação aos homens, têm o dobro de propensão a sofrer um episódio, devido a fatores sociais e hormonais.

Outra diferença em relação à tristeza são os sinais orgânicos. Segundo Caballero, a doença às vezes fica mascarada por sintomas que são a ponta do iceberg. De fato, há ocasiões em que, por engano, “trata-se um quadro de perda de peso, fadiga crônica ou cólon irritável, mas não se aborda a depressão, que é o problema de fundo”, alerta o médico.

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Identificar as causas que conduzem à depressão é o primeiro passo para tratá-la, com ajuda profissional e a esperança de uma luz no fim do túnel. Quando o inimigo é a tristeza, há estratégias mais simples, como ligar para um amigo quando bater aquele desânimo numa tarde de domingo.

Fonte: Pragmatismo Político, 24/02/2016