domingo, 19 de novembro de 2017

A Lava Jato levou o Reitor Cancellier ao suicídio

André Singer reconstitui a carreira da delegada Erika

Conversa Afiada, 18/11/2017

"Inebriada com o poder... (passou) ao exercício do puro arbítrio" (Reprodução/Blog do Marcelo Auler)

O Conversa Afiada reproduz da Fel-lha trechos de inspirado artigo de André Singer que trata, entre outros crimes, dos safados da Assembléia Legislativa do Rio que absolveram os ladrões da quadrilha Picciani:

(...) O impulso, compreensível, da sociedade é, então, o de se mobilizar em favor da Lava Jato e abominar os institutos de representação. Só que tal conduta acaba por levar a outro problema. Já está patente que o sucesso da Lava Jato resultou em excessos incríveis, como os que levaram ao suicídio, no mês passado, o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier.

De acordo com extenso relato da revista "Veja" (15/11), insuspeita de esquerdismo, o então reitor permaneceu, em setembro, 30 horas numa cela da penitenciária de Florianópolis, após ter sido algemado, ter os pés acorrentados e, nu, ser submetido a revista íntima.

As razões da prisão, ligadas a um obscuro processo que corria na UFSC antes da eleição de Cancellier, eram tão incompreensíveis que, no dia seguinte, uma juíza a revogou e escreveu: "No presente caso, a delegada da Polícia Federal não apresentou fatos específicos dos quais possa defluir a existência de ameaça à investigação e futuras inquirições".

A delegada em questão havia sido coordenadora da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Tudo indica que, inebriados com o poder obtido graças à aprovação geral, alguns delegados, procuradores e juízes passaram ao exercício do puro arbítrio. Dezoito dias depois do episódio, Cancellier se matou.

Como escapar das garras da corrupção sem cair na tirania dos funcionários? A operação iniciada no Paraná teve, entre outros, o mérito de expor graves problemas dos Legislativos no país. Mas é uma ilusão achar que, fora deles, isto é, eliminando-se a representação, avançaremos.

(...)

Em tempo: o delegado Segóvia, novo DG da PF pretende designar a delegada Erika para que humanitárias atribuições? Ou vai iniciar um processo para expulsá-la da PF? - E o delegado Grillo, que destruiu a agro-pecuária brasileira, com a "Carne Fraca", e reclamou que se tinha perdido o "timing" para encarcerar o Lula ? Ainda está em atividade? - PHA

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