segunda-feira, 20 de março de 2017

Não sei se estarei vivo em 2018, mas se for candidato, é para ganhar, disse Lula


Lula discursa em 'inauguração popular" da transposição do rio São Francisco | Credito das fotos: Beto Macário/UOL

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (19), em Monteiro (PB), que os seus opositores "rezem" para que ele não seja candidato à Presidência em 2018. Em clima de campanha, o petista disse que querem evitar sua volta ao poder.

"Nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, mas sei que o que eles querem é tentar evitar que eu seja candidato. E está longe para decidir candidatura. Só quando tiver convenção do partido", disse.

"Agora, Ricardo [Coutinho (PSB), governador da Paraíba], quero olhar para sua cara, olhar na cara desse povo, olhar na tua cara, Dilma [Rousseff], e dizer: eles [que] peçam a Deus para eu não ser candidato! Porque se eu for, é para ganhar (...) Porque sei colocar o povo para sonhar com emprego e a salário. Pelo amor de Deus, não prejudique o povo brasileiro ", declarou.

Ao lado de Dilma, de governadores, senadores e deputados que o apoiam, Lula fez a "inauguração popular" do eixo leste da transposição do rio São Francisco, que fora inaugurado oficialmente pelo presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 10.

A paternidade da obra, que começou a sair do papel em 2007, no primeiro governo Lula, virou tema de debate nos últimos dias.

Em se discurso hoje, o petista voltou a dizer que é vítima de perseguição política e judicial. "Vocês estão vendo o que querem fazer com esquerda, o que fizeram com a Dilma e o que estão tentado fazer comigo também. Só queria avisar, dar o recado para eles. De que, se eles quiserem brigar, vão brigar na rua para que o povo possa na verdade ser o senhor da razão nessa disputa", afirmou, sendo interrompido em vários momentos pelo público que o saudava.

Lula é réu em cinco processos e correr o risco de ficar inelegível em 2018 caso seja condenado em segunda instância. Ele também foi citado nas delações da Odebrecht, mas o conteúdo ainda não foi divulgado.


Multidão acompanha discursos dos ex-presidentes Lula e Dilma | Credito das fotos: Beto Macário/UOL

"Digo todo santo dia: eu estou à espera de um empresário me denunciar. Que eles digam se tem um real na minha conta. Eu duvido que algum deles seja melhor ou igual a mim. Duvido! Aprendi a andar de cabeça erguida, de pescoço esticado, não por arrogância. Quero dizer para eles se querem me prejudicar criem vergonha", discursou.

Ao falar antes de Lula, Dilma afirmou que um "segundo golpe" está sendo articulado para impedir a candidatura do ex-presidente.


Dilma disse que "segundo golpe" está sendo articulado | Credito das fotos: Beto Macário/UOL

"Estou aqui para dizer, assim como vieram aqui e contaram mentiras da transposição, eles contarão mentiras para que não tenhamos eleições livres, abertas, amplas. Impedirão? Não! O povo desse país não suporta um segundo golpe. Esse segundo golpe é impedir que os candidatos populares sejam colocados à disposição do povo. O Lula é um desses. Vamos nos encontrar com a democracia. É o único jeito da gente lavar a alma do povo", disse Dilma.

Os dois ex-presidentes também receberam a medalha Epitácio Pessoa, que é a mais alta comenda da Assembleia Legislativa da Paraíba.

Antes, os dois passaram por Campina Grande, também na Paraíba, que será uma das cidades beneficiadas com as águas da transposição.
Paternidade da transposição 
 
O ex-presidente também cobrou a paternidade da obra de transposição. "Eles dizem agora que a obra não tem paternidade. Pois eu não tenho vergonha. Dilma, eu, Ricardo [Coutinho] e muitos outros temos orgulho de dizer: somos pai, irmão, tio, primo e sobrinho da transposição das águas do rio São Francisco. Temos orgulho."

"O eixo norte está parado desde que essa companheira [Dilma] foi golpeada. É preciso retomar as obras. É preciso que os 5% que faltam do eixo leste sejam feitos para gente não ver nordestino ir para São Paulo por conta da seca, tem que ir passear", afirmou o petista.

Lula ainda voltou a falar sobre a reforma da Previdência e disse que sabe a fórmula para evitar mudanças na legislação.

"Esse governo que está aí não tem noção do que significa a aposentadoria rural para o povo do Nordeste (...) Se eles quiserem ouvir e resolver, só tem uma saída [para a Previdência]: é gerar emprego e dar aumento do salário, e assim tornar a Previdência superavitária. Se eles doutores não sabem, me peçam conselho que eu sei como é que faz", declarou.

Para Lula, o pobre é a "solução". "A matemática é simples. Já provamos que, no primeiro mandato, que um pobre não é problema, é a solução. É problema quando ele não tem dinheiro para comprar um quilo de feijão, um chinelo, um pão, um caderno para o filho", finalizou.

Carlos Madeiro Colaboração para o UOL, em Monteiro (PB)

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