segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Por que a Globo está atacando Lula com tanta fúria?



Vale tudo contra Lula

Valentemente, assim que os donos determinaram, os jornalistas da Globo pararam de falar no impeachment de Dilma.

Um deles, Erick Bretas, tratou até de trocar a foto de perfil de seu Facebook. Ele tinha colocado a inscrição “gave over” (fim de jogo), por ocasião de uma manifestação anti-Dilma, para a qual conclamara seus seguidores.

Trocou-a, com a nova orientação patronal, por uma bandeira do Brasil.

Agora, com a mesma valentia com que recuaram instantaneamente, os editores, colunistas e comentaristas da Globo avançam, novamente sob ordens patronais, contra Lula.

Todas as mídias da Globo vêm sendo usadas para investir contra Lula, por conta, naturalmente, de 2018.

Tevê, jornal, rádio, internet – são os Marinhos e seus porta-vozes contra Lula.

A novidade aí parece ser a substituição da Veja pela Época na repercussão dos sábados à noite do Jornal Nacional.

Nem para isso mais a Veja serve. Nem para servir de alavanca para o Jornal Nacional. É uma agonia miserável e solitária a da revista dos Civitas.

Lula, em seus anos no Planalto, nada fe para enfrentar a concentração de mídia da Globo, algo que é um câncer para a sociedade pelo potencial de manipulação da opinião pública.

E agora paga o preço por isso.

Verdade que, acertadamente, ele decidiu não ficar “parado”. Pássaro parado, disse Lula, é mais fácil de ser abatido.

E então Lula decidiu reagir.

Pelo site do Instituto Lula, ele tem rebatido as agressões dos Marinhos, minuciosamente.

E tem anunciado processos quando se sente injustiçado – um passo fundamental para colocar alguma pressão nos caluniadores e, também, nos juízes complacentes.

Há um tributo involuntário no movimento anti-Lula da Globo. É um reconhecimento, oblíquo que seja, de sua força.

É assim que o quadro deve ser entendido.

Quem pode ser o anti-Lula em 2018? Aécio, Alckmin e Serra, os nomes do PSDB, seriam provavelmente destruídos ainda no primeiro turno.

Imagine Lula debatendo com cada um deles.

Fora do PSDB, é um deserto ainda maior. De Marina a Bolsonaro, os potenciais adversários de Lula equivalem ao Vasco da Gama no Brasileirão.

Neste sentido, o boneco de Lula, o Lulão, surge mais como desespero da oposição do que como uma gesto criativo dos analfabetos políticos de movimentos como o Brasil Livre de Kim Kataguiri.

A Globo vem dando um destaque de superstar ao Lulão, como parte de sua operação de guerra.

E Lula tem respondido como jamais fez. No desmentido da capa da edição do final de semana da Época, ele citou um aporte milionário de 361 milhões de reais do BNDES na Globo, em 2001, no governo FHC.

Ali se revelou outra face dos sistemáticos assaltos da Globo ao dinheiro público: o caminho do BNDES. Não são apenas os 500 milhões de reais em média, ao ano, de propaganda federal. São também outros canais, como o BNDES.

Não é exagero dizer que a Globo, como a conhecemos (não como o jornaleco de província a que se resumiu por décadas) é fruto do dinheiro público.

Como Lula, caso volte à presidência em 2018, tratará a Globo?

É essa pergunta que atormenta os Marinhos, já suficientemente atordoados com o florescimento da internet em oposição à decadência da tevê.

E é isso que explica a heroica valentia patronal dos jornalistas da Globo.

Fonte: DCM, 31/08/2015

Ministro da Justiça rebate Gilmar Mendes: "Um equívoco histórico"

Cardozo afirma que o vice-presidente do TSE cometeu - em entrevista ao Correio publicada ontem - um equívoco histórico, "talvez motivado por uma paixão política". Magistrado disse que a corrupção no país é um método de governança

Denise Rothenburg

As afirmações do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes em entrevista publicada pelo Correio ontem enfureceram o governo e o PT, a ponto de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se prontificar a responder. “Ele comete um grave equívoco histórico, talvez motivado por uma paixão política que todos os cidadãos podem ter, mas não os juízes no exercício de suas funções”, rebateu Cardozo. O que mais irritou o governo, em especial a presidente Dilma Rousseff e os ministros, foi Mendes dizer que “o uso de recursos de estatais para atividade política não se trata de acidente, mas de um método de governança”.


Na entrevista ao Correio, Gilmar Mendes disse também que, na política, vivemos hoje uma hemorragia. Nas duas últimas semanas, ele pediu investigações sobre eventuais irregularidades no financiamento da campanha de Dilma. À reportagem, Mendes traçou um paralelo entre o mensalão e o petrolão. “A rigor, eles são irmãos gêmeos, é claro que o que se percebe no petrolão é que há uma abrangência muito maior.”

Para o governo, entretanto, Mendes ultrapassou todos os limites. “Um governo que tem como método a corrupção não se investiga nem cria mecanismos para essas investigações”, disse Cardozo. “Quem regulamentou as delações premiadas foi o nosso governo. Do governo Lula para cá não nomeamos engavetadores. Antes do governo Lula, tínhamos ausência efetiva de políticas e mecanismos de combate à corrupção, que, no Brasil, não nasceu hoje, é histórica.”

O ministro da Justiça afirmou ainda não se lembrar de um tempo em que o Supremo debatesse tantos casos de corrupção. “E não é que não tenha existido, e sim porque a maioria dos processos nem chegava lá. Eram engavetados antes”, comentou. Quanto à análise que o ministro Mendes faz das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff, Cardozo mencionou que os advogados do partido “entendem que Gilmar não poderia agir nesse caso até por decisões anteriores”. “Mas não vou me pronunciar sobre isso. Não tenho por hábito comentar manifestações de juízes, até por respeito à separação dos Poderes, mas, quando um magistrado envereda pelo campo da discussão política, como cidadão, me sinto autorizado a colocar a minha discordância. E ela se prende à análise política feita pelo cidadão Gilmar Mendes e se vê que a paixão distorce a realidade dos fatos”, afirmou.

Apoios

Os tucanos, por sua vez, aplaudiram Mendes. “O ministro do STF traduz um sentimento que está na sociedade. Vivemos um vendaval positivo de intolerância à corrupção. Assustou a dimensão do que se descobriu a partir da Lava-Jato, uma escala industrial, organizada e orgânica”, disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). “Isso tem a cara do Zé Dirceu (ex-ministro da Casa Civil, preso em Curitiba) que é disciplinado e centralizador, vem da escola das organizações que ele frequentou”, completou Pestana.

Cardozo não comentou o arquivamento pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, do pedido do ministro Gilmar Mendes para investigar a gráfica VTPB, suspeita de ser uma empresa de fachada. A VTPB recebeu nas últimas eleições R$ 28 milhões, sendo R$ 16 milhões da campanha da presidente Dilma. A oposição considerou que o procurador estaria protegendo a presidente. Ontem, a própria procuradoria divulgou uma nota de esclarecimento para explicar que arquivamento se referia a um procedimento de maio e que, “conforme análise, não foram constatadas irregularidades praticadas pela empresa no que diz respeito às esferas eleitoral e penal”. “Os fatos narrados não trazem indícios de que os serviços gráficos não tenham sido prestados nem apontam majoração artificial de preços. Por isso, a PGE manifestou-se pelo arquivamento do procedimento. Cabe destacar que outras representações continuam em andamento na Procuradoria-Geral da República”, diz o texto.

Na entrevista ao Correio, Mendes citou outra empresa que considera suspeita, a Focal, que trabalha com comunicação visual.O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) considera que “o governo do PT misturou partido com governo e governo com Estado”. “A Petrobras é uma empresa do Estado e não do governo”, disse, mas fez ressalvas às declarações de Mendes. “O ministro Gilmar até tem razão, mas vi uma contradição nas declarações dele. Ele está segurando a proposta que acaba com o financiamento de empresas para campanhas políticas. A empresa não é cidadã. Cidadãos são os eleitores. Ele, ao mesmo tempo em que fala em método de governança e aliança espúria, deveria liberar logo o voto dele”, cobrou Cristovam. O senador se referia ao voto de Mendes numa ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que deseja restringir as doações de campanha às pessoas físicas. Cristovam esteve com Mendes em junho, antes do recesso justamente para pedir que o ministro liberasse o voto sobre o tema. “Ele prometeu para logo, agosto, passou, chegamos a setembro e o voto não veio”, lembrou.

Ao Correio, Mendes disse que levaria seu voto ao plenário do Supremo em breve e que não pretendia esperar a decisão do Congresso sobre a reforma política. O ministro não antecipou seu voto, mas técnicos do Tribunal Superior Eleitoral já o alertaram para o risco de as doações de pessoas físicas dificultarem a fiscalização. Nada impede que os partidos façam uma verdadeira “caça aos CPFs”, ou seja, obtenham os recursos via caixa dois e procurem CPFs para legalizar essas doações. Colaborou Eduardo Militão

Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2015

Carlos Araújo: agenda de Dilma é sair da crise

Ex-marido e conselheiro informal de Dilma Rousseff, Carlos Araújo diz que a presidente ficou abalada com a crise econômica e com a queda na popularidade, mas permanece tranquila por acreditar na recuperação do apoio ao governo com a volta do crescimento.

Segundo ele, apesar do “ajuste severo”, Dilma não vai embarcar em uma agenda conservadora que defenda a flexibilização dos direitos dos trabalhadores: “A agenda de Dilma é sair da crise”, afirma.

domingo, 30 de agosto de 2015

Obama sobre Lula : ” Adoro esse cara. É o político mais popular da terra “

Barack Obama diz que Lula "é o cara" em reunião do G20 


No encontro do G20, no dia 02 de Abril de 2009, em Londres, Obama troca um aperto de mãos com o presidente brasileiro, olha para o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, e diz, apontando para Lula: “Esse é o cara! Eu adoro esse cara!”.

Em seguida, enquanto Lula cumprimenta Rudd, Obama diz, novamente apontando para Lula : “Esse é o político mais popular da Terra”.

Rudd aproveita a deixa e diz : “O mais popular político de longo mandato”.

“É porque ele é boa pinta”, acrescenta Obama.

Fonte: Br29, 29/08/2015

Chegou a hora e a vez do respeito

Nenhuma autoridade, seja de que partido for, de que governo for, não pode ser desrespeitada, achincalhada por ignorantes, independente de suas colorações partidárias, ideologias ou vontades políticas. Mas, infelizmente, de vez em quando, os meios noticiosos divulgam fatos nada agradáveis relacionados a esse aspecto. 

A oposição pode e deve ser trabalhada sempre no campo das idéias, mas nunca no campo do desrespeito velado ao contrário.

A ofensa, a agressão, a violência cria um estado de animosidade extremamente prejudicial as nossas relações sociais. Os governos, os partidos políticos passam, a sociedade continua.

Chegamos a um ponto que não dá mais para ficar calado. Governo e pessoas que votaram em Dilma diariamente são ofendidas, reduzidas a seres que não pensam. Isso ocorrem de forma mais clara nas redes sociais, onde os ignorantes de plantão acusam, processam, julgam e condenam, como se fossem os donos da verdade. 

O ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, surpreendido e vaiado por um grupo de manifestantes contrários ao governo, na cidade de São Paulo, disse: “Eu acho que passa um pouco do ponto, ou passa muito do ponto, do ponto de vista de se fazer imputações à honra de autoridades. As pessoas devem criticar. É legitimo que critiquem, que manifestem suas posições, mas há certas questões que são ofensivas, que atingem a imagem e a honra, acho que isso não se coloca de bom tom numa democracia que custamos tanto para conquistar”.

Pessoas que não conhecem a história, que não tem capacidade de discutir e entender o mínimo do processo político e administrativo, devem ter cuidado com o que dizem e o que fazem.

Uma coisa é certa, pessoas que não sabem ser oposição, não sabem respeitar os contrários, não entendem que não pode haver julgamento e condenação sem provas e sem o amplo direito a defesa e através da Justiça, são alienadas, reacionárias e colocam a nossa jovem democracia em risco. 

Questionar, se opor, manifestar sua contrariedade, apresentar proposta, é um direito que todo cidadão tem, sem esquecer que o meu direito termina onde começa o direito do outro.



Impasse fiscal exige acordo político


"O recuo da CPMF foi correto pois, diante do furor das reações, o governo estaria apenas cavando mais uma derrota política no Congresso. Mas sem os estimados R$ 80 bilhões que o tributo garantiria, não há como apresentar uma proposta sem déficit", diz a colunista Tereza Cruvinel, que prevê como consequência a perda do grau de investimento.

Segundo ela, "num país de elites responsáveis, teria chegado a hora do entendimento". Tereza argumenta que caberá ao Congresso encontrar uma solução para o rombo fiscal. "Politicamente seria muito ruim para o governo entregar o abacaxi para o Congresso descascar mas talvez possa vir por este caminho a construção de uma saída fiscal, quem sabe em torno da própria CPMF".

Enquanto Lula volta a voar, a Globo volta a bater

Considerando que o canal de televisão não pode ser contra este ou aquele governo ou partido e o fato de ser uma concessão do Estado, está na hora de colocar a Globo no seu devido lugar

No mesmo dia em que o ex-presidente Lula, ao lado do líder uruguaio José Pepe Mujica, abriu suas asas e disse que "voltou a voar", o grupo Globo, da família Marinho, apontou todas as suas armas contra ele. 

Na edição de ontem do Jornal Nacional, foram nada menos que seis minutos de reportagem, num tom claramente agressivo, que criminaliza as gestões de Lula para que o Brasil financiasse o Porto de Mariel, em Cuba, que foi construído pela Odebrecht.

Em entrevista a uma rádio mineira, Lula anunciou que concorrerá à presidência da República em 2018, caso seja necessário. Ele também mandou um recado aos adversários: “Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho. Se ele voar, fica difícil. Eu voltei a voar outra vez”. 

Em nota do Instituto Lula questiona os ataques da Globo.

Fonte: Brasil 247, 29/08/2015

Ouve, Senhor, meu clamor e minha oração!


Acusação contra Aécio: pau que bate em Chico bate em Francisco?

Acusação a Aécio Neves foi completamente ignorada pelos jornais

No caso de Aécio Neves, o silêncio da imprensa ensurdece

Na batalha de Itararé, confronto inexistente, em que se transformou sua sabatina no Senado, o procurador-geral Rodrigo Janotrecorreu a um surrado ditado para jurar isenção e senso republicano: “Pau que bate em Chico bate em Francisco”. Foi uma resposta às provocações inúteis do senadorFernando Collor, denunciado no escândalo da Petrobras por Janot, a quem chama de Janó.

Reconduzido a mais dois anos de mandato por 59 votos a 12, o procurador negou um acordão com o Palácio do Planalto para denunciar Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e assim liquidar uma pedra no sapato do governo. Na longa sessão, driblou a oposição, ainda em busca de elementos para tentar derrubar Dilma Rousseff, e escapou dos petistas que reclamaram da seletividade do Ministério Público nas denúncias, pois próceres oposicionistas implicados no esquema têm sido solenemente ignorados, caso do senador tucano Aécio Neves.

No dia anterior, em depoimento à CPI da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef voltara a afirmar que o presidenciável do PSDB recebia propina de Furnas, estatal do setor elétrico, conforme lhe relatara o falecido José Janene, ex-deputado do PP, compadre do contraventor e sócio no esquema. Youssef foi bem detalhista: seriam 150 mil reais por mês, repassados à irmã de Aécio Neves. É um relato muito mais preciso do que as referências ao ex-presidente Lula e a Dilma. Nesses casos, o doleiro afirmou acreditar que, dadas as circunstâncias e a magnitude da roubalheira, eles deveriam saber do esquema.

Ao menos em relação ao comportamento dos meios de comunicação, está provado: pau só dá mesmo em Chico, nunca em Francisco. Se as ilações contra Lula e Dilma mereceram extensa cobertura midiática às vésperas das eleições do ano passado, a acusação contra o tucano foi completamente ignorada pelos jornais. Silêncio ensurdecedor.

Fonte: Carta Capital, 29/08/2015

Globo ataca Lula, criminaliza suas ações, vive na Guerra Fria e inferniza o Brasil

Pedalada no Senado prejudica Petrobrás

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acolheu pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA) e encerrou a comissão especial que teria 45 dias para debater o projeto de lei de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que derruba a exigência de a Petrobrás atuar como operadora única dos campos do pré-sal. Com isso, o texto segue para votação no plenário, como desejavam os parlamentares entreguistas, favoráveis ao fim da exigência de participação mínima de 30% da companhia nessas áreas.
Renan Calheiros, sono proposital

Os governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, foram à Brasília participar da sessão, mas, pela terceira vez consecutiva, a reunião foi cancelada por falta de quorum. Com o fim da exigência de participação mínima da Petrobras nos campos do pré-sal, empresas privadas que atuam no setor poderiam também ser operadoras (líderes de consórcios).

O vice presidente da AEPET, Fernando Siqueira, alerta para o alto risco que a Petrobrás está correndo. “O PMDB já convidou o Serra para ser o candidato pelo partido em 2018. Portanto, apoia o projeto Serra. Já Renan, entregando o pré-sal e o País, fica bem com o cartel e com a mídia”, resume.

Fonte: Rogério Lessa/AEPET, 27/08/2015

sábado, 29 de agosto de 2015

Pixuleco e a humanização dos desalmados

Acordo com uma enorme vontade de fazer nada. abro a janela e o mar me convida. lá embaixo, estranhos pedestres.

O meu vizinho, grave e sisudo, destes que não dão bom dia, sempre com uma gravata a enforcá-lo, atravessa a rua com chinelos de dedo, bermudão e camiseta branca. 

Lépidamente.

Lelê Teles
Articulista
A filha pequena brinca com o cãozinho; a esposa, sempre elegante - chapéu enorme - carrega uma bolsa de palha de coco: imagino o que vai dentro: cangas, protetor, livro, baldinho e pá para coletar os excrementos do shitzu. 

Sorriem como gente humana. 

É sempre assim. nos finais de semana, aquelas máquinas burocráticas voltam a ser gente. 

Pisam na areia, gargalham, compram fuleiragens dos ambulantes para a filhinha e sorriem até para aqueles vendedores de queijo sapecado na brasa.

Olho pro meu pranchão, olho pra mesa do escritório, tem lá uma caneca de chá fumegando e pão integral. 

Decido ler e escrever. 

A praia que se dane, que se danem aqueles humanos de fim de semana.

Abro o note e vejo uma foto linda, mas muito linda mesmo da cartunista Laerte, sentada num sofazão, ao lado do neurocientista dread Carl Hart.

Sorrio.

Corro a minha timeline e, pelas barbas de Bin Laden, pululam imagens de Pixuleco. 

Há uma espetacular, o âncora da Globo fecha as persianas para que o Boneco Inflado não apareça, mas o sacana bota a cabecinha por trás do ombro do cabra.

Gargalho.

Fico sabendo, olhos ainda com remela, de que uma jovem estudante mitou ao desinflar aquele acinte. 

Um furico e Pixuleco desabou na frente dos retardados online.

Lembrei-me de Merval Pereira. 

Quando atacaram o Instituto Lula - reparem que a casa leva o nome do cabra - o imortal desumanizou o ato. disse que se tratava de um mero artefato inócuo que provocara apenas um furico numa parede externa do edifício.

Lembrei, na crônica que escrevi sobre o caso, que bastava um mero furico na testa de Merval e ele deixaria de ser imortal.

Antes de começar a escrever esta crônica, vejo esse print no site do Azenha. o print dizia exatamente o que eu pensava em escrever. 

Para a moçada do Globo, Pixuleco não era somente um bonecão abjeto que mostrava Lula como um prisioneiro; era o próprio Lula cativo, sob a guarda dos Retardados Online. 

Por isso as expressões superlativas: esfaqueou, armaram uma emboscada, polícia pericia...

Por incrível que pareça, os Revoltados, sempre altivos, estavam de cabeça baixa, tristes, olhando para o boneco murcho, como se chorassem a morte do único Lula que aprenderam a amar, um suposto Lula prisioneiro.

Essa era uma espécie de humanização daquela aberração. todo mundo precisa de um Lula para chamar de seu.

No entanto, o Lula de Manu era outro. carne e ossos. mas que também tinha suas representações simbólicas.

Manu era do tipo que sabia que abraçar o Instituto Lula era como dar um abraço no ex-presidente. e atacar o Instituto era atacar o seu homônimo.

Por isso, Manu desejou a morte simbólica daquela aberração. porque ela ia se impondo na mídia marrom, a substituir o Lula real. 

Ao "matar" Pixuleco, Manu desumanizou o godzila da direita. era como se dissesse: vejam, isso é apenas um boneco inflado, não é Lula, Lula é esse que aparece sorridente comigo aqui no meu Facebook.

Fiquei com uma vontade danada de abraçar Manu. 

Olho para o meu pranchão, estico as canelas, alongo a espinha. é, acho que vou à praia. lá, fagueiro, abraçarei meus vizinhos agora humanos. 

E direi entre prantos e sorrisos:

Mataram Lula, Lula está vivo.

Fonte: Brasil 247, 28/08/2015

O dia em que um senhor de 80 anos reacendeu uma chama na esquerda

José Mujica, ex-presidente do uruguai, falando na Concha Acústica da UERJ

As nuvens cinza que se aglomeravam no céu carioca previam a vinda de uma chuva das fortes, na tarde desta quinta (27). Apesar disso, desde as 14h, a Concha Acústica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), um local sem cobertura, começava a se encher de pessoas. Até o fim da tarde, o espaço, que comporta seis mil pessoas, já estava lotado.

Os desavisados poderiam apostar que todo aquele público estava ali para ver uma celebridade internacional da música ou do cinema, mas não imaginariam que o motivo era político: quem apareceria era o ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

E o que nem mesmo as pessoas que estavam ali imaginavam era que, em pouco mais de uma hora, aquele senhor de 80 anos reacenderia uma chama na esquerda carioca.

Com jeito simples e olhar pacato, Mujica inflamava o público com suas falas, destoantes do clássico discurso político pré-moldado e decorado. Mujica falava de suas experiências de vida mais do que de práticas políticas. E falava de política, aplicada à vida.

O ex-guerrilheiro tupamaro aplicava em seu discurso a verdadeira práxis revolucionária teorizada por Marx. “Nunca vamos ter um mundo melhor se não lutarmos para mudar a nós mesmos”, “temos que viver como pensamos, porque, se não, acabamos pensando que vivemos” dizia Mujica.

O público, formado majoritariamente por militantes de movimentos de esquerda, ouvia atentamente cada fala, preenchendo suas pausas com aplausos ou palavras de ordem. Ouviu-se seis mil vozes gritarem “não à redução”, “não vai ter golpe” e “se cuida imperialista, a América Latina vai ter toda socialista”.

Assim, em uma única noite, o ex-presidente de um país centenas de vezes menor que o Brasil conseguiu unir diversos movimentos e mostrar a força da esquerda quando unida e ciente de suas pautas. Todos ali presentes gritavam por pautas específicas e convergentes. Todos gritavam contra a redução da maioridade penal, a favor da democracia, pelo fim da guerra às drogas e, acima de tudo, por uma sociedade mais humana e menos materialista, por uma alternativa à selvageria que o capitalismo impõe.

A água da chuva, por fim, não veio. O que surgiu ali foi fogo. Pepe Mujica se despediu com um pedido: “eu não quero aplausos. Quero apenas manter a chama da luta acesa em todos vocês. Lutem, porque a vida é luta”.

Abaixo, algumas das falas de Mujica:

"O alimento para o desejo permanente de transformação da alma vem de dentro da gente".

"Queridos, a nossa crise é de valores e se queremos mudança precisamos mudar a cultura. Não há mudança sem que mudemos a cultura da ética e da economia".

"Não vale a pena viver para pagar contas. Vivam para que possam beijar e caminhar com os seus filhos".

“Não há homem imprescindível, há causa imprescindível. Sem a força coletiva não somos nada”.

“Esta democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”.

“Meus queridos, ninguém é melhor do que ninguém. Tenho que agradecer a sua juventude pelas recordações de tantos e tantos estudantes que foram caindo pelos caminhos de nossa América Latina. Vocês têm que seguir levantando a bandeira. Na vida, temos que defender a liberdade. E ela não se vende, se conquista. Fazendo algo pelos outros. Isto se chama solidariedade. E sem solidariedade não há civilização.”

"Não devemos deixar de nos ver brasileiros, mas temos de nos entender como latino-americanos".

“Temos que pensar como espécie não só como país. Os pobres da África não são da África, são também nossos.”

“Não temos que imitar a Europa ou ao Japão. Não podemos querer o desenvolvimento com dor e angústia, desenvolvimento com felicidade para todos. A generosidade é o melhor negócio para a humanidade e o pior dos negócios são os bancos.”
“Essa etapa da sociedade capitalista tem que ter uma cultura que permita o seu desenvolvimento. Não podemos confundir o consumo com felicidade.”
“Eu creio que estão em crise os valores da nossa civilização. Essa etapa do capitalismo não gera puritanos, mas gera corrupção. Não estamos numa idade de aventura, mas uma idade de sepultura.”
“Os únicos derrotados no mundo são os que deixam de lutar, de sonhar e de querer! Levantem suas bandeiras, mesmo quando não puderem levantar!”.
Fonte: O Cafezinho, 28/08/2015

Política econômica do Levi só beneficia os bancos

Miguel do Rosário
Miguel do Rosário
Blogueiro
Se Dilma não mudar o espírito de seu governo, se não fizer uma grande mudança na comunicação de governo, se não mudar essa política econômica completamente esquizofrênica, baseada num ajuste fiscal que provoca, ao contrário do que ele busca, um déficit fiscal crescente, na qual apenas os grandes bancos, e só eles, aumentam seus lucros, ela não será derrubada por tucanos golpistas, e sim por seus próprios eleitores.

As grandes fortunas, a CPMF e a batalha da comunicação

Após uma década de avanços, a economia brasileira corre risco, segundo Marcelo Neri

Um dos maiores especialistas do país em distribuição de renda, o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, diz que o Brasil vive um "filme dramático" após uma década de avanços. "Nossa trajetória positiva dos últimos anos está em risco."

Ex-ministro e economista da
FGV, Marcelo Neri
Ex-presidente do Ipea e ex-ministro da SAE/PR, Neri diz que os mais pobres vinham "bombando" por conta do mercado de trabalho até o governo Dilma 2, que agora entra em uma espiral de rápido aumento do desemprego.

"Quando analisamos os motivos de a renda ter crescido e a desigualdade caído, não é tanto por causa do Bolsa Família ou do impacto do salário mínimo sobre a Previdência. O principal foi o peso da renda do trabalho, formal e informal", afirma.

O quadro nesta página mostra o peso da renda do trabalho e de outras fontes entre 2001 e 2013. A renda do trabalho foi preponderante entre os 40% mais pobres e na média da população.

"O pobre da última década não foi uma cigarra consumidora. Mas um trabalhador que teve grande evolução em sua renda por meio do seu esforço." Leia a entrevista:

Folha - Entre 2003 e 2013, o PIB per capita no Brasil cresceu 30% e a renda média, 58%. As chamadas classes A, B e C incorporaram cerca de 56 milhões de pessoas. Para este ano há uma projeção de queda de 2% do PIB e de 0,15% em 2016, com perspectiva de baixo crescimento no futuro. Qual o impacto disso sobre os avanços conquistados?

Marcelo Neri - Nesse período da última década houve uma combinação de elementos que a tornaram especial. Não foi tanto o crescimento do PIB, mas o fato de ele ter crescido de maneira relativamente contínua, o que não acontecia há muito tempo.

O segundo componente é que a renda das pessoas cresceu bem mais do que o PIB. O terceiro é que esse crescimento se deu mais forte na base da distribuição, com a redução da desigualdade.

A combinação dessas três coisas por um longo período gerou esse boom social. É o que a gente pode chamar de um "caminho do meio". Não foi só crescimento, mas houve redução da desigualdade e aumento do bem-estar.

Quando analisamos os motivos de a renda ter crescido e a desigualdade caído, não é por causa do Bolsa Família, que foi importante, mas significou menos de 20% de efeito sobre a desigualdade. Também não foi por causa do impacto do salário mínimo sobre a Previdência, que desempenhou algum papel. O principal foi a renda do trabalho, formal e informal.

O que é mais surpreendente é que desde 2011, quando o PIB parou de crescer, a renda média das pessoas continuou subindo acima do PIB, de maneira até mais forte.

O ano de 2012 foi o do Pibinho. Enquanto a renda per capita subiu 7,5%, o PIB per capita cresceu menos do que 1%. No biênio 2012 e 2013, a renda cresceu 5,5% per capita ao ano, já descontando a inflação, enquanto o PIB andou bastante de lado.

Estamos no final desse ciclo. Vamos voltar para trás agora? Certamente, mas não voltaremos para o começo nem para o meio do caminho, espero. Teríamos que passar por uma crise muito forte, com desajustes crescentes.

Entramos na crise com uma taxa de desemprego bem menor do que em outros momentos ruins, como em 2003 e 1999. Com mais empregos formais e mais gastos sociais. Isso impedirá que a desigualdade aumente drasticamente?

Exatamente. É verdade que a taxa de desemprego está subindo muito rapidamente. Voltamos cinco anos nesse item. Foi uma reversão muito rápida, que veio acompanhada de redução de salários, o que teve um impacto maior na queda da renda.

A fotografia de hoje é mais ou menos a de 2010, quando se cogitava se iríamos entrar ou não em uma situação de pleno emprego. E estamos indo para o outro lado, passando por uma reversão grande e rápida. Mas, levando em conta os níveis das séries, ainda não é muito ruim. O problema é se entrarmos em uma situação de crise crônica.

Estamos vivendo um filme dramático, com reversão de tendências muito rápidas.

Mas ainda temos uma fotografia razoável. É como se o sujeito achasse que tinha ganho na loteria e descobrisse que não, que os números sorteadores eram outros. Ele achou que tinha ido para o céu, mas continua na terra. Não é que ele tenha ido parar no inferno.

O problema é que renda e emprego são os fundamentos da segurança familiar. E estão caindo. Ir do céu à terra pode parecer, para alguns, como ir da terra para o inferno.

Muitos economistas afirmam que a geração da nova classe média foi baseada em mais renda e consumo. Mas que o aumento do crédito foi o grande combustível do processo, que se esgotou agora.

O crédito ajudou nesse ciclo de expansão, mas houve aumento na renda das pessoas. É aquela brincadeira: classe C de "crédito"? De "consumo"? É muito mais de "carteira de trabalho assinada", que foi o que segurou as pessoas. Esse processo continuou até 2014, com alguma flutuação. Vale lembrar que a renda em dezembro de 2014 ainda crescia 2,5% per capita reais (acima da inflação).

Além do aumento da renda entre os mais pobres e da sua melhor distribuição, o que mais houve de avanços nesses 13 anos?

Houve outras mudanças. Em 2000, 45% dos municípios brasileiros tinham um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) abaixo de 0,5. Em 2010, estavam perto de 0,6 (quanto mais próximo de 1, melhor). Houve, portanto, uma transformação profunda. E não é só renda.

Há mais expectativa de vida, mais crianças na escola, etc. Essas mudanças incluíram trabalho formal também. E essa é uma característica fundamental, além da redução da desigualdade com crescimento.

Mas em termos de produtividade o Brasil não fez seu dever de casa. Essa é uma agenda fundamental e é consenso entre os economistas que precisamos dar saltos de produtividade para crescer.

O Brasil também precisa de uma série de reformas, macro e microeconômicas. Outra agenda que encontra muita resistência é da poupança. No Brasil não se acredita muito nas virtudes da poupança. E perdemos uma grande oportunidade de que a crise fosse menos sentida pela população por conta disso. A poupança brasileira hoje equivale a um quarto da das famílias chinesas.

O sr. ainda estava no governo durante a campanha eleitoral de 2014. Ficou claro que houve uma fraude eleitoral, já que Dilma fez tudo ao contrário do que prometeu. Qual sua avaliação?

Não gostei da campanha e isso foi particularmente duro para quem estava lá dentro. Houve um erro na campanha. Até mesmo da própria ótica de quem quer se manter no governo. Não vejo sentido em anunciar que você vai ser expansionista e depois virar conservador de uma hora para outra. Você acaba não ganhando nada com isso. O resultado foi o pior dos mundos.

Entramos em uma grande armadilha. E o problema é que agora estamos em um momento diferente de um debate acalorado e violento de uma campanha eleitoral, que tem uma duração limitada. Ainda faltam três anos e meio até o final do mandato e isso me preocupa muito.

Vai depender das expectativas e da capacidade das pessoas de perceberam que, se não for achada uma solução conjunta, a gente pode acabar perdendo muito mais tempo do que deveria.