terça-feira, 19 de maio de 2015

Fora da lei é governo Jatene que não cumpre acordo com a Justiça

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) vem a público manifestar-se sobre a greve dos trabalhadores estaduais da educação e os fatos que motivaram notas públicas da Associação dos Magistrados do Estado do Pará (Amepa) e do Poder Judiciário.

Dentre os motivos de deflagração da greve, que já dura mais de 50 dias, destaca-se o não pagamento do valor correto do piso salarial profissional, previsto na Lei Federal nº 11.738/2008, por parte do governo Jatene|Helenilson (PSDB), que deveria ter sido efetivado com valor atualizado de, no mínimo R$ 1.917,78, a partir de janeiro deste ano, porém somente foi atualizado em maio/2015, deixando uma dívida confessada de mais de R$ 100 milhões aos profissionais do magistério.

Esse governo também reduziu abruptamente as “aulas suplementares” dos professores, causando-lhes prejuízos de aproximados R$ 2 mil por mês, violando o direito adquirido e o princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos.

A Lei nº 7.442/2010, que instituiu o PCCR dos profissionais da educação, determinava ao governo que enviasse projetos de lei sobre o Sistema Modular de Ensino (SOME) até dezembro/2010; sobre aulas suplementares e abonos pecuniários até janeiro/2011; e sobre PCCR unificado até maio de 2011. Nenhum dos prazos foi cumprido, mesmo após acordo judicial que estabeleciam novas datas para tais determinações legais. O PCCR unificado e abonos pecuniários ainda nem saíram do papel.

Portanto, quem descumpre a lei e desrespeita o Poder Judiciário é o Governo Jatene!

A Lei Estadual nº 7.855/2014, que instituiu a eleição direta para Diretor e Vice-Diretor de escola, não está sendo cumprida. E a ação judicial impetrada pelo Sintepp em janeiro de 2015, questionando esse ato ilegal, ainda não foi julgada pelo TJE.

O governo não cumpre o PCCR, o Estatuto do Magistério e o Estatuto dos Servidores, ao não pagar a gratificação de titularidade, não efetuar a progressão funcional, não conceder licença prêmio, dentre outros direitos garantidos.

Além de descumprir a lei e desrespeitar o Poder Judiciário o governo Jatene não efetiva a pauta social

A situação das escolas estaduais é caótica, com prédios literalmente caindo na cabeça dos alunos, o que viola o princípio da dignidade da pessoa humana, situação admitida pelo próprio secretário de educação, Helenilson Pontes, que assume o processo de reforma de mais de 400 escolas, embora isso não se constate.

Toda essa situação de desprezo com a educação e seus trabalhadores por parte do Governo Jatene, levou a categoria a deflagrar greve na Rede Estadual de ensino no dia 25|03.

Greve é direito. Diga não à criminalização do movimento

Contra nosso movimento o Estado ajuizou ação declaratória da abusividade de greve,requerendo, ainda, o direito de descontar os dias parados. E de imediato, o Poder Judiciário concedeu liminar, determinado o retorno de 100% dos professores ao trabalho, sob pena de multa.

Por seu lado, a categoria deliberou pela continuidade da greve, assumindo o ônus legal de sua decisão, fato que descaracteriza o crime de desobediência de ordem judicial.
E mesmo sem decisão judicial declarando a ilegalidade e abusividade da greve, o governo Jatene resolveu descontar os dias parados dos grevistas. O Sintepp ingressou com ação judicial para evitar essa medida; porém, o Poder Judiciário negou a liminar requerida pelo sindicato.

Arbitrariamente, o governo promoveu o corte dos dias parados e reduziu jornada de trabalho dos professores, incluindo os educadores que estavam de licenças médica, aprimoramento e maternidade. E ameaça mais cortar 30 dias do ponto.

Sem ser recebida pelo governo, a categoria resolveu acampar no Centro Integrado de Governo (CIG) e lá permaneceram pacificamente. E em menos de 24 horas, o Poder Judiciário, atendendo ação judicial promovida pelo governo Jatene, concedeu liminar para sua imediata desocupação, sob pena de multa.

Portanto, diante desse quadro de extrema fragilidade e ausência de respostas positivas do Judiciário, de alto estresse coletivo, que os trabalhadores em educação têm expressado publicamente sua insatisfação com a atuação de parcela do Poder Judiciário.

E assim, ao “destruir” simbolicamente a decisão (uma vez que permanece intangível sua eficácia) pretendeu parte da categoria demonstrar sua insatisfação com o governo Jatene. E, embora mantenhamo-nos críticos à atuação de alguns magistrados, não tivemos a intenção de desrespeitar o Poder Judiciário, inclusive, o juiz prolator da decisão.

O Sintepp sempre pautou sua atuação na valorização de um estado democrático de direito, e, mesmo com seu reduzido quadro jurídico e limites orçamentários, tem atuado em praticamente todos os 144 municípios paraenses, além do próprio Estado, na busca incessante dos direitos dos trabalhadores em educação, violados descaradamente por prefeitos e governadores, tanto que possuímos mais de cinco mil processos em tramitação.
E nessa atuação, deparamo-nos com a ineficiência estrutural do Poder Judiciário paraense, demonstrada também pela ausência de juízes em diversas comarcas de municípios. Disso resultam centenas de processos sem julgamentos há mais de 10 anos, consequência da real morosidade do Poder Judiciário. Embora reconhecendo o comprometimento individual da maioria dos magistrados com a Justiça.

Por todo o exposto, o Sintepp reitera o respeito que possui ao Poder Judiciário, contudo, não aceitará qualquer tentativa de criminalização da categoria dos educadores que honradamente representa.

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