terça-feira, 14 de outubro de 2014

Marina ao decidir apoiar Aécio, pode acabar com dois partidos de uma só vez

A adesão de Marina Silva a Aécio Neves o seu caminho convencional, mas, para formular os argumentos vazios que invocou, não precisava de tantos dias, bastavam minutos. Além disso, Marina já tem convivência bastante com a política para saber que nenhuma condição exigida de Aécio tem valor algum: se eleito e por ela cobrado, no esqueceria o velho refrão político "as circunstâncias mudaram". Ao espichar as atenções por mais uns dias, no entanto, Marina instalou a implosão em dois partidos. Um feito, sem dúvida.

A demora de Marina proporcionou tempo para que uma ala do Partido Socialista Brasileiro, com o estandarte da viúva de Eduardo Campos, articulasse o abandono da linha tradicional do partido, de centro-esquerda, e a necessária derrubada dos dirigentes mais identificados com o PSB. Novo rumo: adesão a Aécio.

Em termos partidários, como se o PSB fosse extinto, com uma descaracterização que preserva apenas o nome e a sigla. Não de todo, aliás, com o humor já se referindo ao "novo PV": não de Partido Verde, mas Partido da Viúva.

O manifesto "A favor da nova política" tem argumentos consideráveis e reúne, em corrente própria, os que se integraram Rede Sustentabilidade, partido de Marina, para construir novos modos de fazer política. E consideram a adesão a Aécio, decidida por Marina, "grave erro" e contrária ao "projeto original da Rede Sustentabilidade", ao torná-la "parte da polarização PT x PSDB". A adesão agrava-se porque Aécio, diz o manifesto, tem "integração orgânica desconstituição de direitos, aos ruralistas e ao capital financeiro", três frentes a que a Rede se ope por princípio.

Para contornar a reação de correligionários valiosos, Marina Silva precisará de argumentos melhores do que lhe bastaram para aderir ao candidato do PSDB, em vez de "rejeitar as duas candidaturas". Rede se remenda. O PSB, não.

Fonte: Iberoamerica, Jânio Freitas, 14/10/14

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